O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, pretendia, na tarde de hoje, responder ao discurso feito ontem pelo Senador Teotonio Vilela Filho a respeito da transposição das águas do rio São Francisco.

Mas S. Exª não está presente e não vai nos dar a oportunidade de debatermos a respeito do que falou ontem sobre esse assunto. O Senador Teotonio Vilela Filho está bastante empolgado com os discursos que vem pronunciando, aos quais vem dando a seqüência de uma verdadeira novela: primeiro capítulo, segundo capítulo, terceiro capítulo. Eu, de maneira alguma, tenho o talento de novelista do Senador Teotonio Vilela Filho, mas vou procurar, de qualquer forma, dar uma resposta a S. Exª, para mostrar que é muito fácil, exuberantemente fácil, defender um projeto como a transposição das águas do rio São Francisco.

Não vou me deter nos argumentos do Senador Teotonio Vilela Filho, porque espero contar com a presença de S. Exª. Então, falarei mais sobre outros aspectos da própria transposição, levando em consideração que já abordei a questão da integração do rio São Francisco às bacias do Nordeste setentrional no último discurso, proferido no dia 25.

Sr. Presidente, utilizei como premissas, em defesa desse importante projeto, respostas a algumas indagações importantes, fazendo as seguintes constatações: o rio São Francisco, que se constitui na bacia doadora, possui água suficiente para fornecê-la às bacias do Nordeste setentrional. Em segundo lugar, essas mesmas bacias, por um processo de evaporação e vertimento, perdem em média 80% do seu conteúdo, exatamente por precisar armazenar quantidade substancial de água para os períodos secos. Ninguém desconhece isso. Todos os nordestinos sabem que apenas contamos com 20% das águas dos nossos reservatórios.

Essas bacias, que consistem em barragens e açudes, constituem-se em torno de 8% da água disponível no Nordeste. Sim, porque o rio São Francisco, só ele, se constitui em 80% desse manancial de águas. E esse manancial importante serve a uma população em torno de doze milhões de pessoas. Ontem - não há como agora, nesse aspecto, deixar de lembrar isto -, o Senador Teotonio Vilela Filho disse que seriam apenas nove milhões de pessoas.

Sr. Presidente, nove milhões ou doze milhões de pessoas já seria uma população relevante. Mas o problema é que esses doze milhões são justamente em função da projeção da obra. Quem foi Governador, quem foi Prefeito, quem foi do Poder Executivo, quem chefiou qualquer nível de poder, sabe que, ao se realizar uma obra, o empreendimento é feito não apenas para o momento atual e para aquela população, mas também para uma projeção da população. Foi o que aconteceu. A população a ser beneficiada em cerca de 20 anos será de doze milhões de pessoas. A população a ser beneficiada hoje, desculpe-me, será de nove milhões de pessoas.

Esse debate é difícil de esgotar, Sr. Presidente. Por isso, anteontem fui ao encontro do Ministro Ciro Gomes para dizer-lhe que o ideal seria que S. Exª viesse aqui para debatermos a versão final do projeto, já que as obras serão iniciadas em julho. Para que não se diga que em etapa nenhuma se deixou de debater esse projeto, falei com o Ministro Ciro Gomes, que prontamente aceitou o convite.

Apresentarei o requerimento, e peço que os Senadores contrários ao projeto o assinem para que possamos realizar esse debate aqui.

Por hoje, Sr. Presidente, para atender à solicitação de V. Exª, fico por aqui, mas encaminharei este requerimento juntamente com o Senadores César Borges, José Jorge, Teotonio Vilela Filho, Ney Suassuna e todos aqueles que querem assiná-lo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.