Discurso durante a 75ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Manifesto entregue ao Ministro da Fazenda a respeito das dificuldades enfrentadas pelos setores sucroalcooleiro e de grãos. Divulgação da Carta Primavera, na qual o setor de grãos aponta suas dificuldades e propõe soluções. (como Líder)

Autor
Aelton Freitas (PL - Partido Liberal/MG)
Nome completo: Aelton José de Freitas
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA. POLITICA FISCAL.:
  • Manifesto entregue ao Ministro da Fazenda a respeito das dificuldades enfrentadas pelos setores sucroalcooleiro e de grãos. Divulgação da Carta Primavera, na qual o setor de grãos aponta suas dificuldades e propõe soluções. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 04/06/2005 - Página 17777
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA. POLITICA FISCAL.
Indexação
  • PARTICIPAÇÃO, ORADOR, SENADOR, COMISSÃO DE AGRICULTURA, CAMARA DOS DEPUTADOS, REUNIÃO, PRODUTOR RURAL, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), CRISE, FALENCIA, DIVULGAÇÃO, MANIFESTO, REIVINDICAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, BUSCA, SOLUÇÃO, BAIXA, DOLAR.
  • ELOGIO, TRABALHO, COMISSÃO DE AGRICULTURA, SENADO, AUDIENCIA PUBLICA, DEBATE, TRIBUTAÇÃO, SETOR, AÇUCAR, ALCOOL, ENCAMINHAMENTO, DOCUMENTO, REIVINDICAÇÃO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), ISENÇÃO FISCAL, CONTRIBUIÇÃO PARA FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS), PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL E PROGRAMA DE FORMAÇÃO DO PATRIMONIO DO SERVIDOR PUBLICO (PIS-PASEP), VENDA, ALCOOL HIDRATADO, REGULAMENTAÇÃO, LEGISLAÇÃO.

O SR. AELTON FREITAS (Bloco PL - MG. Pela Liderança do PL. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Tião Viana, Srªs e Srs. Senadores, ontem, quinta-feira, estivemos na cidade de Primavera do Leste, Mato Grosso, em companhia dos nobres Senadores Jonas Pinheiro, Augusto Botelho e Lúcia Vânia e da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, reunidos com mais de dez mil produtores rurais.

Esses produtores, Sr. Presidente, trabalham com alta tecnologia, em grande escala e com alta produtividade, mas estão quebrando. Trata-se de uma área da economia que é responsável por grande parte do superávit primário, que tem garantido a balança comercial do nosso País. É lamentável que os nossos produtores se encontrem nessa situação.

Ontem foi feita a Carta de Primavera, um manifesto para tentar sensibilizar o nosso Governo e a equipe econômica para acharmos uma alternativa urgente para esse segmento que, hoje, é um dos principais do nosso País. Trata-se de nos voltarmos não só para o agronegócio, mas de focarmos o nosso produtor rural, aquele que trabalha, que gera renda, que gera muitas e muitas divisas ao nosso País. Está insuportável sustentá-lo no campo.

Ainda no âmbito do agronegócio, venho registrar uma importante ação da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária da Casa relativamente a um segmento que se encontra bem, mas que, se não contarmos com a sensibilidade da equipe econômica, também pode enfrentar transtornos em um curto espaço de tempo: pretendo falar aqui do setor sucroalcooleiro.

Registro, a propósito, uma importante ação no âmbito da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, fruto de uma audiência pública que realizamos sobre questões tributárias, que afligem diretamente o setor sucroalcooleiro, um dos mais importantes da agricultura nacional no momento.

A partir da pauta debatida nessa audiência no último dia 18 de maio, estou encaminhando, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, juntamente com o Presidente da Comissão, Senador Sérgio Guerra, ao Ministro da Fazenda, Antônio Palocci, um manifesto de apoio às reivindicações tributárias do setor sucroalcooleiro, para o qual esperamos que o Ministro Palocci dispense atenção e muita sensibilidade.

O documento, Sr. Presidente, contém reivindicações de mudanças na tributação da atividade sucroalcooleira, por meio da edição de decreto que implemente a redução, para zero, das alíquotas de Cofins e de PIS/Pasep incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda do álcool etílico hidratado. Foram reivindicações construídas em conjunto com os presidentes dos sindicatos dos usineiros do álcool e do açúcar e associações representativas do setor, dentre eles o companheiro e conterrâneo Luiz Custódio Cota Martins, Presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação de Álcool do meu Estado de Minas Gerais (Siamig).

O que pleiteamos é que o Presidente da República assine um decreto regulamentando o art. 91 da Lei nº 10.833, já aprovada em dezembro de 2003 pelo Congresso Nacional. Diz o art. 91 que serão reduzidas a zero as alíquotas da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda de álcool etílico hidratado carburante realizada por distribuidor a revendedor varejista, desde que atendidas condições estabelecidas pelo Poder Executivo. Essa regulamentação será importante para combater prejuízos com a elevada informalidade na cadeia de comercialização do álcool, que tem levado a uma perda de arrecadação muito alta, estimada em R$1 bilhão por ano, pois cerca de 30% do comércio do álcool, infelizmente, encontram-se na clandestinidade. A regulamentação da lei ainda representa um incentivo ao combustível renovável e contribuirá para sanear o mercado de gasolina, coibindo a venda de combustível adulterado, algo vergonhoso em nosso País.

Defendemos também no manifesto, Sr. Presidente, que a tributação do álcool hidratado seja diferenciada por ser um produto menos poluente, de forte interesse social, por gerar emprego e fixar o homem no campo. O Governo reduzirá a tributação, mas sem abrir mão da arrecadação, que seria compensada pela redução da informalidade. Dessa forma, poderíamos resgatar boa parte desse R$ 1 bilhão que hoje é perdido por ano.

Ao encerrar esta breve comunicação, reitero que o nosso objetivo com esse manifesto, bem como dos nobres pares da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado Federal é, sobretudo, defender, junto ao Governo Federal, uma medida que fará a sociedade civil pagar menos impostos e comprar um combustível mais barato e de melhor qualidade.

Aguardaremos, Sr. Presidente, uma manifestação do ilustre Ministro Palocci, na expectativa de que o nosso Governo acolha as nossas sugestões e ajude-nos a estimular e aperfeiçoar essa atividade tão importante para o desenvolvimento econômico do nosso País, que é a cadeia produtiva do álcool e açúcar.

Sr. Presidente, aproveito esses segundos que me restam para convidar a Casa a refletir muito sobre o seguinte: na próxima reunião da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, discutiremos a situação dos produtores de grão, que, sem culpa, compraram insumos, matérias-primas e defensivos com o dólar a US$ 3.10 e hoje estão sendo obrigados a vender a sua produção, que foi prejudicada por muitos fatores - mesmo a produção em que se usam altas tecnologias e que não sofreram com as intempéries -, com o dólar a US$ 2.40 ou US$ 2.50. Essa situação é insustentável. Precisamos fazer a nossa parte porque o segmento já se mobiliza para, até o começo de julho, fazer um caminhonaço ou o que for possível e, inclusive, colocar em Brasília o dobro de pessoas que o MST colocou no mês passado.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/06/2005 - Página 17777