Discurso durante a 75ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Presença do nome da Senadora Heloísa Helena nas últimas pesquisas para a Presidência da República. Críticas ao Governo do Acre.

Autor
Geraldo Mesquita Júnior (PSOL - Partido Socialismo e Liberdade/AC)
Nome completo: Geraldo Gurgel de Mesquita Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. ESTADO DO ACRE (AC), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Presença do nome da Senadora Heloísa Helena nas últimas pesquisas para a Presidência da República. Críticas ao Governo do Acre.
Aparteantes
Marco Maciel.
Publicação
Publicação no DSF de 04/06/2005 - Página 17785
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. ESTADO DO ACRE (AC), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • COMENTARIO, PESQUISA, OPINIÃO PUBLICA, CANDIDATURA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, INDICAÇÃO, NOME, HELOISA HELENA, SENADOR, ELOGIO, INTEGRIDADE, VIDA PUBLICA, APOIO, ORADOR, RESPONSABILIDADE, COMPROMISSO.
  • ANALISE, ATUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE (PSOL), BUSCA, REGISTRO, JUSTIÇA ELEITORAL, APRESENTAÇÃO, ALTERNATIVA, LUTA, NATUREZA POLITICA, COMBATE, SUBDESENVOLVIMENTO.
  • SOLICITAÇÃO, INSTITUIÇÃO DE PESQUISA, SIMULAÇÃO, SEGUNDO TURNO, ELEIÇÃO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, INCLUSÃO, NOME, HELOISA HELENA, SENADOR.
  • CRITICA, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO ACRE (AC), CENSURA, IMPRENSA, MANIFESTAÇÃO, ORADOR, PERSEGUIÇÃO, SERVIDOR, ENTIDADE, MOTIVO, POLITICA PARTIDARIA, PREJUIZO, DEMOCRACIA, DENUNCIA, SUPERIORIDADE, VERBA, PUBLICIDADE, MANIPULAÇÃO, OPINIÃO PUBLICA.

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (P-SOL - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Alvaro Dias, ilustre representante do grande Estado do Paraná; Srª Senadora Heloísa Helena, Srs. Senadores, eu tencionava iniciar minha fala de hoje trazendo a este debate algo que me chamou muito a atenção. Nos últimos dias, os jornais de circulação nacional divulgaram pesquisas de intenção de voto para candidaturas à Presidência da República. E eu pretendia, como pretendo, fazer aqui uma abordagem acerca de como figura e como aparece nessas pesquisas uma pessoa que eu me habituei a chamar de rapadura, porque reúne duas qualidades: é doce e dura ao mesmo tempo, como a nossa rapadura produzida na querida Alagoas, no meu Ceará, no Nordeste. No meu Acre, também fazemos uma boa rapadura, não é, Senador Sibá Machado?

O Sr. Sibá Machado (Bloco/PT - AC) - Com castanha.

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (P-SOL - AC) - Com castanha, inclusive.

Quero falar de uma mulher forte e de como ela aparece nas pesquisas para a candidatura à Presidência da República.

Antes, porém, peço desculpas à população do meu Estado pela minha ausência neste final de semana. Obriguei-me a permanecer em Brasília, porque aqui se encontra outra mulher fantástica, a minha querida mãe, Dona Ivinha, que, amanhã, completará 82 anos de vida. Aqui permaneci, para, junto a alguns familiares, festejar a existência dessa mulher cearense, também brava e corajosa, que, há muito tempo, adotou o Acre como sua terra de coração e ajudou meu pai a criar cinco filhos, a ensinar-nos a ter vergonha na cara e a nos comportar na vida como pessoas decentes e dignas.

Eu queria, com a permissão de todos, mandar um beijo para a minha querida mãe e prestar-lhe esta singela homenagem.

Volto a falar daquela a que já me referi, a Senadora Heloísa Helena.

O Sr. Marco Maciel (PFL - PE) - Senador Geraldo Mesquita, V. Exª me concede um aparte?

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (P-SOL - AC) - Concedo um aparte ao Senador Marco Maciel.

O Sr. Marco Maciel (PFL - PE) - Eu gostaria de interromper o pronunciamento de V. Exª para dizer que tive a oportunidade de ser colega do seu pai no Congresso Nacional - eu como Deputado Federal e seu pai como Senador da República. Também tive a oportunidade de ser Governador do Estado de Pernambuco ao tempo em que seu pai governava o Estado do Acre. Então, é muito antigo o nosso relacionamento e sou admirador dele há muito tempo também. Quero aproveitar a ocasião para dizer que V. Exª pode orgulhar-se de seus pais e, de modo especial, do seu pai, excelente homem público que deixou uma boa imagem no seu trabalho à frente do Governo do Acre, como também demonstrou muita competência, seriedade e aplicação ao tempo em que esteve no Senado da República. Portanto, eu não poderia, ao ouvi-lo, deixar de fazer esse registro e pedir que V. Exª apresente meus cumprimentos a seus pais, que festejam 50 anos de casados. Isso é uma coisa muito bonita e rara nos dias atuais. Muito obrigado a V. Exª.

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (P-SOL - AC) - Agradeço-lhe, Senador Marco Maciel. V. Exª tem a simpatia e o apreço de toda a nossa família. Muito obrigado.

Volto a falar do tema “Pesquisa sobre Candidaturas à Presidência da República”.

Sr. Presidente, há uma coisa curiosa: a nossa Líder do P-Sol na Casa, a Senadora Heloísa Helena, essa guerreira que o Brasil inteiro já se acostumou a apreciar e a respeitar, tenho certeza absoluta disso, figura nessas últimas pesquisas. Digo que isso é curioso, porque o P-SOL prossegue na sua caminhada, em busca do seu registro, enfrentando dificuldades de toda sorte, com coragem e com bravura, em militância nas ruas. Ainda estamos no processo de coleta de assinaturas, para que obtenhamos o número mínimo, já ultrapassado. Estamos procurando colocar na Justiça Eleitoral o número suficiente, para que possamos requerer o nosso registro. E, aí, prosseguiremos com a nossa tarefa partidária de colocar à disposição do povo brasileiro, como sempre digo, um instrumento político-partidário que vai oferecer uma opção de luta e de transformação da realidade para a maioria do povo, que ainda sofre com a fome, a miséria e a penúria nos dias de hoje.

A Senadora Heloísa Helena, que, pelo que me consta, jamais anunciou a sua candidatura, recebe do povo brasileiro, carinhosamente, indicações significativas. Isso, para mim, só tem uma tradução: o povo brasileiro anda em busca de uma opção verdadeira, com a qual se possa identificar e que se reflita numa pessoa simples do povo que dirija este País com eficiência, com segurança no caminhar, apontando soluções simples.

O povo brasileiro sabe que a gestão dos assuntos públicos não tem essa complexidade de que se fala comumente na imprensa econômica e política. Não há essa complexidade toda. Isso é uma mistificação para, de certa forma, mostrar-se que pessoas que representam um Partido como o P-SOL não podem e não têm condição de assumir cargos tão relevantes e importantes como uma Presidência da República.

Senadora Heloísa Helena, pode-se preparar. Receba esse recado com humildade, com preocupação, mas com coragem. O povo brasileiro está mandando esse recado a V. Exª, ao P-SOL, aos Partidos que ainda se mantêm nessa resistência democrática, em busca de algo que corresponda ao sentimento popular brasileiro. V. Exª está sendo identificada por grande parcela da população brasileira como essa opção, que devemos encarar, cada vez mais, com responsabilidade e objetividade.

Quero-me juntar às milhões de pessoas que, hoje, vêem em V. Exª essa possibilidade, esse caminho que poderemos construir juntamente com a população brasileira.

Repito: pelo que me consta, V. Exª não tem anunciado por aí sua candidatura. Essa é uma daquelas coisas que acontecem em nosso País, aquela aproximação, aquele link que se estabelece quando as pessoas são autênticas, sérias, honestas.

Veja que há pessoas que já estão com candidaturas anunciadas. O Presidente da República acabou de assumir o Governo e já começou a trabalhar pela reeleição, mas a candidatura de V. Exª, que o povo brasileiro coloca de forma firme, está aí a mostrar o que podemos, sim, realizar.

Eu gostaria, respeitosamente, de cobrar dos institutos a simulação do segundo turno. Veja que V. Exª aparece em várias simulações para o primeiro turno, posicionando-se de forma bem significativa, mas, em nenhum momento, os institutos colocam V. Exª em simulação para o segundo turno, o que é estranho. Assim, respeitosamente, cobro que, numa próxima rodada, esses institutos atentem para esses aspectos e nos brindem, da mesma forma que fazem com os demais candidatos, com essa simulação.

Sr. Presidente, dificilmente consegue-se falar aqui no momento exato sobre algumas questões.

Anteontem, comemorou-se no País o Dia da Liberdade de Imprensa, Senadora Heloísa Helena. No Estado do Acre, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais patrocinou um pequeno seminário para debater um assunto tão caro para a sociedade acreana e para a sociedade brasileira. E, para minha surpresa...

(Interrupção do som.)

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (P-SOL - AC) - Estou encerrando, Sr. Presidente.

Para minha surpresa, pontificou nesse seminário o Assessor de Comunicação do atual Governo do Estado do Acre, que brindou os presentes com a seguinte pérola: “Quem é governo manda, quem não é tem apenas o direito de estrebuchar”.

Trago esse assunto à consideração deste Plenário porque, curiosamente, esse cidadão é hoje considerado o censor-mor do Estado. Pessoalmente, fui vítima de sua sanha no campo da censura. Ele, de forma determinada, tempos atrás, mandou que um certo jornal da minha terra retirasse uma entrevista que eu havia dado, na qual fazia críticas honestas, sinceras a alguns aspectos da Administração local e da Administração federal.

No Estado do Acre, Sr. Presidente, há um clima que precisamos reverter. Senadora Heloísa Helena, no final de semana passado, para que pudessem me entrevistar, a pedido de alguns servidores públicos do Estado...

(Interrupção do som.)

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (P-SOL - AC) - Estou encerrando, Sr. Presidente.

Tive que voltar aos tempos da clandestinidade. Reuni-me com alguns servidores estaduais que queriam conversar comigo e juntar-se a esse movimento de resistência democrática que hoje alcança os corações dos acreanos, e eles estavam com medo, pois hoje o clima em nosso Estado é de medo, porque há retaliações de toda sorte.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, um dos servidores me revelou: “Senador, precisamos nos avistar, por enquanto, de forma reservada, porque tenho medo de ser transferido para Foz do Breu”. O medo das pessoas hoje, no meu Estado, se reflete na expressão desse servidor, cujo nome eu me reservo o direito de não revelar, para que ele não possa sofrer retaliações.

Mas queremos festejar esta data, o Dia de Liberdade de Imprensa, Para tanto, estamos programando a realização de um grande seminário no nosso Estado, no qual vamos tratar desse assunto com seriedade e objetividade, de forma democrática, partilhando com a sociedade acreana um assunto que incomoda absolutamente.

Senadora, estou censurado no meu Estado. Estou me valendo até dos blogs - hoje, na Internet, pessoas travam diálogos por meio dos blogs - para poder expressar o meu pensamento, para poder colocar a manifestação do meu mandato aqui, porque, na verdade, estou censurado no meu Estado. O Brasil precisa saber disto: o Acre, hoje, não é o paraíso da democracia que se prega e que se tenta mostrar. O Acre, hoje, é um Estado em que grande parte da imprensa está completamente manietada, Senadora. É uma vergonha isso. Grande parte da imprensa está manietada pelo controle econômico doentio por parte do Estado, que tem uma verba para publicidade enorme, três vezes maior do que a destinada para a saúde.

Houve uma manifestação do MPA, Movimento dos Pequenos Agricultores, há poucos dias, realizada na capital do meu Estado. Alguns pequenos produtores de um determinado assentado, de um determinado ramal existente lá, Espinhara, no Município do Bujari, numa reunião pública, apresentaram-se e reclamaram das condições precárias do ramal, que não dá acesso para que seus produtos sejam retirados dos locais de produção. Por conta da manifestação, o Governador do Estado virou-se para os manifestantes e disse: “Olhem, vocês, por conta daquela manifestação, vão ficar por último na programação” - parece que se tratava do Programa Luz no Campo. Eles ficariam por último por conta daquela manifestação. Isso para V. Exª verificar e avaliar o que está ocorrendo em nosso Estado: um clima de terror e de perseguição, com muitas pessoas apavoradas.

Colho nas ruas da minha cidade e do meu Estado, por onde ando, a manifestação de que essa prática tem que acabar, precisamos distender o clima lá. Tenho certeza absoluta de que o povo acreano está preparando uma mudança geral no que diz respeito à gestão pública no Estado. Há um sentimento generalizado. Por onde ando, as pessoas dizem: “Senador, como está, a coisa não pode continuar”. Precisamos mudar o nosso Acre para que ele volte a ser a terra gostosa e querida em que as pessoas, mesmo em face das divergências, possam conviver, ter uma vida tranqüila. E divergir. Claro! Por que não? Divergir e apoiar são da prática democrática. Não se pode admitir, Sr. Presidente, é que, do alto da gestão pública, se coloque toda uma população num clima de terror e de insegurança, que é o clima que vige hoje na minha terra, infelizmente.

Agradeço a condescendência de V. Exª.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/06/2005 - Página 17785