Discurso durante a 66ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Critica a politização da discussão em torno do Sr. Alexandre de Moraes, um erro danoso para a implantação do Conselho Nacional de Justiça.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA. JUDICIARIO. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Critica a politização da discussão em torno do Sr. Alexandre de Moraes, um erro danoso para a implantação do Conselho Nacional de Justiça.
Publicação
Publicação no DSF de 24/05/2005 - Página 16083
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA. JUDICIARIO. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, NOTA OFICIAL, PRESIDENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), ESCLARECIMENTOS, POSIÇÃO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, REFERENCIA, CRITICA, PRESIDENCIA, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ASSUNTO, VOTAÇÃO, MEMBROS, CONSELHO NACIONAL, JUSTIÇA, ERRO, BANCADA, GOVERNO, REJEIÇÃO, NOME, JURISTA, PREJUIZO, IMPLANTAÇÃO, CONTROLE EXTERNO, REFORMA JUDICIARIA.
  • QUESTIONAMENTO, DECLARAÇÃO, LIDER, GOVERNO, RESULTADO, GOVERNO FEDERAL, CRIAÇÃO, EMPREGO, REGISTRO, DADOS, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE), CRITICA, ARTICULAÇÃO, EXECUTIVO, CONGRESSO NACIONAL.
  • REITERAÇÃO, POSIÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), DEFESA, INTERESSE NACIONAL, RESPONSABILIDADE, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), INVESTIGAÇÃO, EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pela ordem. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, antes de mais nada, peço a inserção nos Anais da Casa da nota oficial assinada pelo Senador Eduardo Azeredo, Presidente Nacional do PSDB, deixando bem clara a posição do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso diante das observações do Presidente do PT, Deputado José Genoíno, e reafirmando a posição do partido em defesa da legalidade constitucional e, sem dúvida alguma, de oposição ao Governo que aí está.

            Insisto em que não se discute aqui o direito de alguém votar a favor ou contra quem quer que seja, numa votação secreta ou aberta. E tem razão o Líder Mercadante pelo simples fato de que, se há votação, é porque se pode votar “sim” ou “não”. Refiro-me ao que para mim foi um erro absurdo, um erro extremamente danoso para a implantação do Conselho Nacional de Justiça este de terem politizado, partidarizado a discussão em torno do Sr. Alexandre de Moraes. Diferentemente, da votação “sim” ou “não” no Sr. Fantini ou no sr. beltrano de tal ou na drª fulana de tal. É um direito, sim, se votar contra o Sr. Alexandre de Moraes. Mas a própria discussão permanente e duradoura em torno disso, que, entendo, é um erro muito grave, mostra que esse não foi um gesto que tenha contribuído para a boa normalidade da relação institucional do Parlamento, porque foi um golpe, sim, e é preciso ter o modo e a forma de se contornar esse episódio. Foi um golpe, sim, na implantação do controle externo do Judiciário, que é um dos pilares da reforma desse Poder.

            Mas passo ao largo dessa discussão sobre 64, porque quero discutir muito o ano de 2005, quando temos um Governo que vive de retórica e vive de expressões, Senador Aloizio Mercadante, de certa forma falaciosas, como esta de V. Exª, que disse que este Governo gerou três vezes mais empregos do que o Governo anterior. Ela é falaciosa duas vezes. Primeiro, porque o Governo passado enfrentou sete crises internacionais sistêmicas; segundo, porque essa afirmação é desmentida pela PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar -, do IBGE, órgão supostamente dirigido pelo Presidente e pelo Governo que aí está, afeto que é às ordens do Ministro do Planejamento.

            A PNAD é que diz que a média de geração de empregos do Governo passado era algo em torno de 120 mil empregos/mês, e a média deste Governo é de 90 ou um pouco menos, 87 mil empregos/mês.

            Se formos ao Ministério do Trabalho, lá há uma pequena vantagem, segundo os alfarrábios do Ministério do Trabalho, para este Governo. Mesmo assim é alguma coisa em torno de 70 mil para este Governo, versus 58 mil - estamos tratando de uma conta que inclui empregos formais e informais; e a outra só empregos formais. No Ministério do Trabalho se diz que a diferença é de algo em torno de 12 mil a favor do Governo atual. Ou seja, jamais três vezes. Três vezes significariam 12 vezes três, o que resultaria em 36 mil; 72 vezes três significariam mais de 200 mil.

            Portanto, o que para nós salta aos olhos é que está na hora de o Governo fazer uma mudança de rumos muito clara na sua forma de lidar com o Congresso. O Governo tem uma base fisiológica que não o apóia, uma articulação política que não está funcionando de maneira adequada e uma agenda de votações na Câmara que é singela, que não justifica todo esse arcabouço parlamentar e que, na verdade, não funciona. É um verdadeiro exército de Branca Leoni. Tem tido no Senado Federal a compreensão nossa, do PSDB, do PFL e do PDT para aprovar os projetos que, a nosso ver, terminam resumindo, depois de discussões intensas, o interesse nacional. Se fôssemos de molde a boicotar o funcionamento do Governo que aí está, teríamos presenciado o Governo sofrer percalços enormes aqui, no Senado Federal.

            O Governo vai fazer a articulação política que lhe couber fazer, que souber e que entender fazer, mas estamos aqui estabelecendo uma conexão que, no meu entender, é perigosa: uma conexão entre um Governo respaldado por uma economia sustentada por uma economia internacional favorável, por acertos macroeconômicos que se estiolarão com o tempo, se não tiverem respaldo em realizações administrativas práticas e, ao mesmo tempo, Senador Mercadante, se o Presidente não tomar nas mãos a capacidade de dar uma grande reviravolta na questão ética neste momento. Ou toma nas mãos uma grande reviravolta, ou vamos ver o Presidente Lula, volto a dizer, num círculo vicioso, cada vez mais escravo de uma base que não o apóia e tendo que apoiar essa base à custa do seu capital político, acumulado ao longo de tanto tempo de sua vida. Isso tudo juntará, nesse círculo vicioso, o econômico e o político, para gerar aquilo que já se antevê como uma crise - que, se Deus quiser, não terá jamais contornos institucionais - que poderá complicar a vida do povo brasileiro.

            De minha parte, reafirmo a disposição de manter o PSDB trabalhando com conseqüência, afim e leal aos seus companheiros de Oposição, e fazendo aquilo que é o nosso dever: a Comissão Parlamentar de Inquérito, que é um fato.

            Ela será responsavelmente tratada por todos nós, Senador Eduardo Suplicy, e será instalada, sim, porque apenas a visão caolha e vesga do Governo não lhe permite perceber que apenas ele não vislumbra que a Comissão Parlamentar de Inquérito dos Correios é um anseio da Nação e espelha a indignação de todas as pessoas decentes deste País com o quadro que leva a esta capa da revista Veja, uma ratazana que pode simbolizar, quem sabe, uma parcela do segmento político brasileiro, mas que não pode ser aceita como simbolizando o segmento político como um todo.

            Não aceitamos isso e, portanto, queremos que se investigue qualquer fato e que se investigue, com muita expressão, esse que está aí, denunciado pela consciência da Nação, que é a rapina na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.

            Muito obrigado.

            Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/05/2005 - Página 16083