O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (P-SOL - AC. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Senador Garibaldi, prometo ser rápido.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estamos hoje ocupados neste Plenário a tecer considerações sobre declarações de um Parlamentar Federal de seis ou sete mandatos, a quem o Presidente Lula ao se referir, há poucos dias, disse com todas as letras que entregaria um cheque em branco assinado. Estamos falando de um Parlamentar Federal de seis ou sete mandatos a quem o Presidente Lula chamou de companheiro e disse que a esse tipo de companheiro não poderia faltar a solidariedade de ninguém.

O Senador Agripino, há poucos instantes, como eu disse, trouxe o Brasil real para este Plenário. Achei fantástica a descrição que S. Exª fez, andando no seu Estado, percorrendo alguns locais de São Paulo, conversando com as pessoas e colhendo, de forma unânime e barulhenta, inclusive, Senador Arthur Virgílio, o propósito, o desejo, o sentimento da população brasileira. Agora, neste final de semana, se alguma dúvida restava da necessidade da instalação da CPI dos Correios, essa dúvida foi por terra, esboroou-se nas publicações das revistas semanais e, notadamente, na publicação que o Jornal Folha de S.Paulo fez hoje, reproduzindo uma entrevista e declarações do Deputado Roberto Jefferson, Presidente do PTB, um dos Partidos aliados do PT neste Governo.

            Vou mais além. Creio que, como eu disse, não há mais dúvida. A população brasileira, indignada, a população brasileira, num misto de vergonha e revolta, exige investigações. Disse bem o Senador Agripino: se o Congresso Nacional não tomar a atitude que lhe é cobrada hoje pelo povo brasileiro, também eu, Senador Agripino, tenho certeza absoluta de que o povo brasileiro irá se mobilizar no sentido de fazer com que essa CPI seja instalada.

Palmas à Polícia Federal. Palmas, Senador Arthur Virgilio, pois ela tem cumprido com dedicação e seriedade sua missão institucional. Palmas à Polícia Federal. Agora, o Senador Agripino também, em sua clarividência, disse mais uma coisa que me chamou a atenção e, creio, chamou a atenção de todos os Senadores aqui presentes ao se referir ao que foi publicado hoje na Folha de S.Paulo.

Aqui quero antecipar um assunto. Aguardava até poucos instantes a chegada da minha Líder, Senadora Heloísa Helena - ela, inclusive, faz aniversário hoje -, porque pretendo submeter, no âmbito do meu partido, a proposição de requerermos mais uma CPI, a CPI do Mensalão. Creio que o Congresso Nacional não pode se omitir diante dessa necessidade, a CPI do Mensalão terá de ser instalada. Vou propor essa CPI no âmbito do meu partido para que, conversando com os demais partidos que compõem o Senado e o Congresso Nacional, possamos instalá-la.

Quero aqui lembrar o que disse o Senador Agripino. Se nós não instalarmos também essa CPI do Mensalão, Senador Marco Maciel, V. Exª poderá sofrer constrangimentos nas ruas de Recife ou no avião em que se deslocar para a sua capital; qualquer um de nós, Senador Heráclito, está, no mínimo, sob suspeição. Poderão pensar: “Será que o Senador Geraldo também não recebeu o “mensalão”? Será que o Senador Heráclito não o recebeu? E o Senador Sibá?” Por que não?

Até por isso, também, porque o assunto diz respeito a parlamentares, ao Congresso Nacional, digo que não podemos fugir dessa responsabilidade, sob pena de prevaricação, Senador Arthur Virgílio. Vou propor, sim, no âmbito do meu partido, a discussão sobre a instalação de mais essa CPI.

Governo que tem a prodigalidade de produzir fatos de tamanha gravidade como os que estamos observando, como os que estamos lendo, assistindo, vendo e ouvindo em nosso País nos últimos dias, não precisa nem de oposição, Senador Sibá. A mim causa vergonha, a mim causa repulsa, ao povo brasileiro, além da decepção, da mesma forma, Senador Marco Maciel, causa embaraço, causa constrangimento, causa vergonha.

Poderíamos estar a plena carga produzindo em nosso País, com o povo brasileiro feliz da vida envolvido em suas atividades, mas estamos envoltos em fatos que mancham, com certeza, a história deste País. Por isso, não há desculpas a quem, dessa forma indigna, vergonhosa, envolve todos nós nessa história rumorosa e indecente, Senador Marco Maciel. Tesoureiro de um partido como o PT, quem diria?

Para concluir, Sr. Presidente, não posso duvidar das palavras do Deputado Roberto Jefferson, porque o próprio Presidente da República, como disse no início, há poucos dias, afirmou, em claro e bom som, que a ele entregaria um cheque em branco assinado e que se tratava de um grande companheiro a quem não se deveria negar solidariedade naquele momento de dificuldade pelo qual ele passava.

O Congresso Nacional, o Senado Federal, não poderá fugir da responsabilidade, sob pena de ser visto pela população brasileira como um Congresso omisso e irresponsável, porque, do ponto de vista da atuação dos seus membros, não toma as providências necessárias para a apuração dos fatos cabal, resoluta e definitivamente.

Portanto, Senador Arthur Virgílio, Senador José Agripino, precisamos agir serenamente. Como disse a Senadora Heloísa Helena na semana passada, o Brasil não vai parar, o Congresso Nacional não vai parar, até porque, como ela bem lembrou, interrompem-se os trabalhos da CPI ao ter início a Ordem do Dia na Casa ou nas duas Casas. Há poucos dias, o Senador Sibá Machado chegou aqui preocupado porque a reunião da CPI da Terra continuava. O Senador Renan Calheiros determinou, imediatamente, a sua suspensão, e o Congresso voltou a funcionar normalmente. Assim, nada pode ser alegado no sentido de que estaremos tumultuando a vida do País ou conturbando o funcionamento das instituições. Essas duas CPIs deverão ser instaladas, sob pena de responsabilidade não só do Poder Executivo, mas também do próprio Poder Legislativo deste País.

Muito obrigado.