O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não é fácil enfrentar o Senador Sibá Machado depois que ele entrou na tropa de choque do Governo.

Hoje cabe repercutir o que aconteceu ontem, a partir das denúncias do Deputado Roberto Jefferson. O fato que surgiu primeiro, logo de manhã, diz respeito a uma nota oficial do PT que dizia o seguinte: “O PT nega as declarações do Deputado Roberto Jefferson, pois elas não têm o mínimo fundamento na realidade.” Declaração dada pelo Presidente José Genoíno que, infelizmente, depois foram completamente desmentidas.

Das personalidades citadas pelo Deputado Roberto Jefferson, como aqueles ministros ou mesmo o Presidente Lula, pessoas para quem ele mencionou o chamado “mensalão”, ou seja, o pagamento de mensalidades a deputados do PP e do PL, pelo menos a maioria confirmou que o Deputado Roberto Jefferson fez essa denúncia. O Ministro Ciro Gomes confirmou isso. O Deputado Miro Teixeira, ex-Ministro das Comunicações, também. O Deputado Miro Teixeira disse que Roberto Jefferson o procurou e fez essa denúncia. Ele achou que não tinha provas e por isso não levou a denúncia adiante. Ainda mais: o Deputado Miro Teixeira, à época Ministro das Comunicações, disse que Roberto Jefferson fez essa denúncia duas vezes e que não contou a história toda. Há coisas muito mais graves ocorridas dentro de um Ministério, mas que o Deputado não contou ainda. Portanto, eu achei a declaração do Deputado Miro Teixeira a mais grave de todas. 

Posteriormente, o Ministro Aldo Rebelo confirmou que o Deputado Roberto Jefferson, durante reunião, disse ao Presidente Lula que havia efetivamente o pagamento do tal “mensalão” e que Sua Excelência mandou que o Ministro Aldo Rebelo tomasse as providências, repassadas para o Líder do Governo, que, por sua vez, achou que a questão não tinha a gravidade devida. Portanto, todo mundo confirmou o que o Deputado Roberto Jefferson disse, menos o Ministro Antonio Palocci, que disse que o Deputado Roberto Jefferson nunca lhe falou sobre isso. O que, na realidade, não desmente nada do que o Deputado disse.

Há ainda a declaração do Governador Marconi Perillo, de Goiás, que também comunicou ao Presidente, em Goiás, que para retirar dois deputados do PSDB para o PP ou para o PL, não sei bem para qual partido, tinham lhe oferecido uma mensalidade R$40 mil - quase igual à de Rondônia, de R$ 50 mil - e mais uma espécie de bônus de R$1 milhão por ano. Quer dizer, aí passou Rondônia. E o Presidente Lula não fez nada, não tomou nenhuma providência e a coisa ficou como está.

Então, a Nação está estarrecida. São dezenas e dezenas de páginas de jornais, todas as emissoras de televisão dedicaram grandes programas a esse tema. E, hoje, somos surpreendidos com a decisão da Bancada do PT no Senado - Senadora Heloísa Helena, acho que V. Exª não se surpreendeu, eu me surpreendi - de querer agora não apenas uma CPI, mas duas. Ora, meus amigos, até ontem eu estava aqui, neste plenário, ouvindo os Senadores do PT dizerem que era um absurdo fazer uma CPI, que quem devia investigar era a Polícia Federal. Para que CPI se existe a Polícia Federal? Hoje, mudaram. Disseram: não, não queremos uma CPI; queremos duas. Eu acho que essa pode ser uma tentativa de não ter nenhuma. Antes não queriam nenhuma, agora querem duas. Senadora Heloísa Helena, praticamente, isso pode ser uma tentativa de não querer nenhuma. Nós, da Oposição, queremos agora uma CPI, a que já tem as assinaturas, que já foi lida e que pode ser instalada amanhã. Essa é a que nós queremos hoje. Amanhã nós faremos a outra, mas é preciso, na realidade, que se faça essa primeiramente.

Em segundo lugar, também achei interessante que a Bancada do PT, Senador Geraldo Mesquita Júnior, reúna-se sozinha. Antes, ela pedia a solidariedade de toda a Base do Governo. Vários Senadores aqui enfrentaram a opinião pública e não assinaram a CPI. Na hora em que assinaram, não perguntaram a ninguém. Eles decidiram sozinhos. É mais uma prova de que é muito difícil essa solidariedade entre o PT e seus aliados. Graças a Deus não somos aliados do PT e, portanto, não sofremos com essa falta de solidariedade.

Na realidade, a nossa idéia em relação à CPI é aquela história antiga: é melhor um pássaro na mão que dois voando. Temos uma CPI pronta para ser instalada. O PT agora nos oferece duas para começar. Então, são dois pássaros voando, Senador Alvaro Dias. Nós preferimos apenas um passarinho sozinho na nossa mão.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - Claro, Senador Eduardo Suplicy. Se eu tivesse que conceder um único aparte, seria a V. Exª, que foi o único que teve a coragem cívica de assinar a CPI na hora em que ela devia ser assinada.

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Senador José Jorge, nós ainda temos quatro Senadores inscritos para uma comunicação inadiável, que serão fortemente prejudicados se houver aparte a V. Exª.

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - Mas o Senador Eduardo Suplicy está acima de qualquer outro.

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Que S. Exª saiba que pode estar prejudicando quatro oradores na breve comunicação.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Então, 30 segundos, só para dizer que eu acredito que pode o PFL estar aliado ao PT em acordar sobre como essa CPI vai ser realizada, e, se forem duas, da maneira mais imparcial e serena, com determinação de apurar até o fim toda e qualquer irregularidade e desvio. Sobre isso eu tenho a convicção de que possamos chegar a um entendimento, inclusive agora, lá, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, na definição e delimitação do fato determinado que queremos.

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - Sr. Presidente, eu vou encerrar, agradecendo o aparte do Senador Eduardo Suplicy e dizendo apenas o seguinte: na verdade, nós queremos uma CPI responsável, competente, que veja quem é culpado e quem é inocente. Agora, nós queremos começar com uma CPI, com aquela CPI que a maioria da Câmara dos Deputados e do Senado Federal já aprovou. Posteriormente, se for necessário, se fazem duas, três, dez, mas, por enquanto, vamos fazer essa da melhor maneira possível.

O Sr. Efraim Morais (PFL - PB) - Senador José Jorge, V. Exª me concede um aparte?

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - Pois não.

O Sr. Efraim Morais (PFL - PB) - Os 30 segundos que restam a V. Exª são suficientes. Já que existe essa recaída no PT no que diz respeito a CPIs, eu acho que o PT deveria, pelo menos, zelar por esta Casa. Por que não, também, indicar os nomes para a CPI do Waldomiro antes que o Supremo Tribunal Federal determine? Então, eu queria lembrar ao PT: já que houve essa recaída, vamos fazer, também, a do Waldomiro. É uma sugestão.

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - É uma boa idéia. Vou aproveitar para encerrar, sugerindo ao Presidente, Senador Tião Viana, que lidere a Bancada do PT para que indique os membros da CPI do Waldomiro.

Muito obrigado.