Discurso durante a 77ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Esclarece que o afastamento da diretoria do Instituto de Resseguros do Brasil não implica em qualquer prejulgamento em relação às denúncias veiculadas na imprensa. Defende a instalação da CPI, desde que seja com fato determinado. Denuncia o aumento do contrato de obras do rio Tietê em São Paulo.

Autor
Aloizio Mercadante (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Aloizio Mercadante Oliva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT). ESTADO DE SÃO PAULO (SP), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Esclarece que o afastamento da diretoria do Instituto de Resseguros do Brasil não implica em qualquer prejulgamento em relação às denúncias veiculadas na imprensa. Defende a instalação da CPI, desde que seja com fato determinado. Denuncia o aumento do contrato de obras do rio Tietê em São Paulo.
Publicação
Publicação no DSF de 08/06/2005 - Página 18237
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT). ESTADO DE SÃO PAULO (SP), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • COMENTARIO, NOTA OFICIAL, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), RECONHECIMENTO, CAPACIDADE TECNICA, DIRETORIA, INSTITUTO DE RESSEGUROS DO BRASIL (IRB), ESCLARECIMENTOS, ACEITAÇÃO, AFASTAMENTO, AUSENCIA, ANTECIPAÇÃO, JULGAMENTO, VINCULAÇÃO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, OBJETIVO, DEMONSTRAÇÃO, TRANSPARENCIA ADMINISTRATIVA, OPINIÃO PUBLICA.
  • ELOGIO, INDICAÇÃO, DIRETOR, INSTITUTO DE RESSEGUROS DO BRASIL (IRB), REGISTRO, TRAMITAÇÃO, CAMARA DOS DEPUTADOS, PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR (PLP), INICIATIVA, EXECUTIVO, REGULAMENTAÇÃO, RESSEGURO, PAIS.
  • DEFESA, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), CONDICIONAMENTO, RESPEITO, CONSTITUIÇÃO FEDERAL, SUGESTÃO, ROBERTO JEFFERSON, DEPUTADO FEDERAL, ESCLARECIMENTOS, CORREGEDORIA, CAMARA DOS DEPUTADOS, ENTREVISTA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), AUMENTO, CUSTO, OBRA PUBLICA, DESPOLUIÇÃO, RIO TIETE, DENUNCIA, IRREGULARIDADE, TRIBUNAL DE CONTAS.
  • CRITICA, GOVERNADOR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), OBSTACULO, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), GOVERNO ESTADUAL, CONTRADIÇÃO, APOIO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, AMBITO, GOVERNO FEDERAL, QUESTIONAMENTO, SITUAÇÃO, IRREGULARIDADE, OBRA PUBLICA, RIO TIETE.

O O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, primeiramente vou voltar a esclarecer, pois o Senador Arthur Virgílio não estava neste plenário, sobre o IRB.

O Ministério da Fazenda divulgou uma nota à imprensa, nesta terça-feira, afirmando que o Ministro Antonio Palocci aceitou o afastamento do Presidente e da Diretoria do Instituto de Resseguros do Brasil, IRB. No lugar de Luiz Apolonio Neto, que vinha ocupando a Presidência do Instituto, entre o ex-Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Marcos Lisboa.

            Na nota, o Ministro Palocci agradece a colaboração da antiga equipe do IRB e afirma que Apolonio Neto foi um profissional de reconhecida capacidade técnica, e que a aceitação do pedido de afastamento não implica qualquer prejulgamento em relação às denúncias veiculadas na imprensa.

            “Trata-se de uma atitude de desprendimento da Diretoria, com vistas a permitir uma apuração mais rápida, isenta e de maior transparência junto à opinião pública.”

Portanto, foi a providência correta, de forma correta. Não se trata de prejulgamento, nem se pode interpretar dessa forma.

O exemplo de Hargrives, no passado, deveria ser uma referência na vida pública. Quando há qualquer tipo de suspeição - e é necessário que se averigúe e se apure -, é muito correto que as pessoas peçam o afastamento, aguardem a apuração e, então, possam reassumir suas funções, se, de fato, depois da devida apuração, não houver nada que os impossibilite de voltar a desempenhá-las.

Em segundo lugar, fico satisfeito com o reconhecimento em relação à indicação do Sr. Marcos Lisboa, mesmo porque temos um projeto de lei complementar, de autoria do Executivo, e que está tramitando na Câmara, cujo objetivo é redefinir a regulação do mercado de Resseguros no Brasil para permitir o aumento da competitividade e da eficiência desse setor, mesmo porque para alguns setores é indispensável a possibilidade de seguros em nível internacional.

Então, esse é um passo importante para modernizar e, seguramente, será feito com competência pelo Sr. Marcos Lisboa. E essa atitude, tanto nos Correios quanto no IRB, é a que a sociedade e o Governo esperam. Os diretores que puseram o cargo à disposição ajudam o País e permitem que a investigação seja feita com toda a transparência, com mais agilidade e, portanto, esse é um gesto bastante positivo.

            Eu gostaria de ler as palavras que o Senador Arthur Virgílio proferiu ontem desta tribuna:

Esperamos que o Presidente diga quem não serve para o seu Governo e para o seu partido. Se fizer isso, Lula tem a palavra do PSDB. Pode nos convocar para ajudarmos no projeto de governabilidade para o País. Não é desafio e sim uma proposta.

Creio que essa matéria que está publicada hoje, no jornal O Globo, num artigo da jornalista Adriana Vasconcelos, é o que me fez dialogar com V. Exª hoje. Creio que ela é oportuna, correta, madura, como madura é a decisão da Bancada do PT, de apoiar uma CPI, desde que ela seja o fato determinado, como estabelece a emenda daquele texto. Ela terá o nosso apoio, e essa é a recomendação que fizemos aos nossos parceiros na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, que não caminhassem no sentido da inconstitucionalidade, mas que aceitassem a tese de uma CPI com fato determinado. Parece-nos que esse é o caminho mais correto.

V. Exª, que tantas vezes no passado, junto com outros Senadores que aqui estão, argüia a impossibilidade de CPI por falta de fato determinado, tem que se somar, neste momento, àqueles que sustentam que não é possível ter na ementa uma CPI dos Correios e, no texto, uma divagação que permite qualquer tipo de investigação. Não existe CPI sem fato determinado. É o que está na Constituição e é o que deve ser praticado pelo Congresso Nacional. Portanto, queremos uma CPI com fato determinado.

Em segundo lugar, a nossa sugestão à Câmara é para que a Corregedoria daquela Casa chame imediatamente o Sr. Deputado Roberto Jefferson para apresentar a sua denúncia, para que apresente provas daquilo que ele disse ao jornal Folha de S.Paulo. E se, de fato, essas provas forem consistentes, que se estabeleça imediatamente um processo investigatório. Se for necessária a CPI, ela já tem o nosso apoio para que ela seja instalada para investigar essa suposição, essa ilação em relação às mensalidades.

Por último, menciono o caso do Estado de S. Paulo, quer dizer, o que está no jornal de ontem para hoje: “Contrato para obra do Tietê sobe 148%”. De R$688,3 milhões para R$1,07 bilhão, e esses dois contratos, o Projeto Executivo e o Apoio de Gerenciamento de Serviços, já foram julgados irregulares pelo Tribunal de Contas do Estado.

V. Exª diz: “Não esperava que o Senador Mercadante fosse discutir os problemas de São Paulo”. Primeiro, sou Senador por São Paulo; segundo, o Governador Alckmin engavetou 44 CPIs e tem se manifestado, todos os dias, a favor de uma CPI em Brasília. Por que não se instala uma CPI para investigar um fato como esse? Não estamos falando de R$3 mil, estamos falando de uma diferença de contrato de milhões de reais! Uma diferença de R$930 milhões, de R$1,07 bilhão, com dois contratos que já foram julgados irregulares pela turma do TSE.

Portanto, apoiar uma CPI no Estado vai de encontro ao que o Governador diz em seu pronunciamento. Ele falou: “A Assembléia é um Poder independente. É verdade. Existe uma tática na política antiga que é o acusado acusar o vizinho”. Essa é uma coisa passada. O homem público deve ter coragem para assumir responsabilidades. Tem de dizer ‘estou com problemas e devo satisfação à sociedade’ e não ficar tergiversando, querendo passar responsabilidade para terceiros”.

Portanto, sob o ponto de vista do Congresso Nacional, é fácil o Governador se manifestar favoravelmente a uma CPI, mas S. Exª iria de encontro a suas palavras, que estão hoje publicadas no Globo on-line e na Folha de S. Paulo, se apoiasse, na Assembléia Legislativa, a primeira CPI de seus 11 anos de governo.

É evidente que essa é uma obra de grande vulto, com um volume de recursos bastante substantivo. Que se apure com isenção, com tranqüilidade, com seriedade, com profundidade e com o mesmo empenho que a Oposição quer investigações em Brasília! Sem reciprocidade e coerência, fica difícil sustentarmos essa discussão, e isso vale para todas as instâncias.

Se dois contratos foram feitos sem licitação, se a turma do Tribunal de Contas do Estado julga que está irregular - o representante do Tribunal de Contas do Estado foi absolutamente duro na manifestação sobre essa matéria - e se, de fato, houve aditivo de contratos que não correspondem à Lei de Licitações, permita-se a investigação e esclareça-se a sociedade paulista, como queríamos que fosse feito no mesmo episódio, com relação ao Rodoanel e a outros fatos relacionados ao Estado de São Paulo.

Era o que tínhamos a dizer, Sr. Presidente.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/06/2005 - Página 18237