O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PL - RJ. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, senhores telespectadores da TV Senado, senhores ouvintes da Rádio Senado, a Nação está perplexa diante das terríveis denúncias envolvendo Parlamentares federais trazidas a público nessa segunda-feira.

As afirmações do Presidente do PTB, Deputado Roberto Jefferson, com a autoridade de um Parlamentar da base do Governo, estão levando milhões de brasileiros a concluírem que, na essência das relações entre Executivo e Legislativo, nada mais existe que negócios de interesse pessoal.

É a democracia brasileira que está em jogo neste momento. O Congresso Nacional é a instituição basilar da democracia, e não pode ser colocado sob suspeita por alguém que, como Presidente de um grande Partido da base do Governo, detém a credibilidade natural daqueles que, de alguma forma, partilham as decisões de poder.

Supõe-se que o que o Deputado Roberto Jefferson disse seja verdade, pelo menos até que seja desmentido de forma inequívoca. Uma ação mais decidida se impõe para que não se comprometam reputações injustamente.

Por isso, hoje, o Partido Liberal, por meio do seu Presidente e suas lideranças, entrou com um pedido na Corregedoria da Câmara para que se abra um processo de cassação contra o Deputado Roberto Jefferson, que fez acusações graves contra o meu Partido, dizendo que havia Deputados que recebiam o “mensalão”.

É intolerável que a pecha de desonestidade recaia sobre quem quer que seja do Congresso Nacional quando sabemos que a esmagadora maioria de mulheres e homens que aqui exercem seus mandatos o fazem de forma digna, honesta e muitas vezes com extrema coragem, contrariando interesses poderosos, sejam econômicos, sejam políticos. Aqui não distingo entre Parlamentares da base do Governo e da Oposição. Sou testemunha desse tipo de comportamento exemplar diariamente. Justamente por isso, tendo em vista a necessidade de separar o joio do trigo e evitar a contaminação dos bons pelos maus, o meu Partido, aqui no Senado Federal, foi o primeiro Partido da base a assinar a CPI dos Correios.

Faço este pronunciamento como um apelo aos Deputados do Partido Liberal que, num determinado momento, retiraram suas assinaturas para a abertura da CPMI dos Correios na Câmara dos Deputados, para que, em nome da transparência, da salvaguarda da nossa democracia e do nome de nosso Partido, assinem a CPMI dos Correios e façam também o apoiamento à CPI do “mensalão”, já que Parlamentares do PL, Deputados Federais, foram acusados pelo Presidente do Partido Trabalhista Brasileiro - PTB.

É, pois, em nome da preservação da credibilidade do Congresso como instituição fundamental da democracia e da República que, na qualidade de Líder do PL no Senado, faço esse apelo. É a forma de dissipar qualquer nuvem de suspeita que recaia sobre Deputados do PL, mencionados genericamente pelo Presidente do PTB em sua entrevista. As denúncias têm que ser apuradas e o PL tem a obrigação inelutável de concorrer para isso, já que foi citado nominalmente. Qualquer vacilação diante disso poderá ser entendida pela população brasileira como confissão de culpa.

Nossa responsabilidade, insisto, pois falo na qualidade de Líder do PL nesta Casa, é ainda maior quando temos, na condição de Presidente de Honra do nosso Partido, a figura inatacável do Vice-Presidente da República e Ministro da Defesa, José Alencar. Como é do conhecimento de todos, S. Exª se manifestou cristalinamente em favor da CPI dos Correios quando nenhum Parlamentar sequer havia assinado qualquer requerimento de apoiamento à instalação dessa Comissão. Foi S. Exª quem disse, em entrevista aos jornais, que “se Senador fosse, a assinaria, para que se investigassem as denúncias”. Portanto, o empenho de S. Exª na apuração cabal dos fatos é muito maior agora. Conversei com o Vice-Presidente hoje à tarde e, tendo em vista a extensão das denúncias que agora são apresentadas à imprensa, S. Exª reafirmou-me que sabia que os Senadores e os Deputados estariam prontamente apoiando qualquer tipo de investigação. Sim, vamos apoiar decididamente a CPI dos Correios e, se necessário, a do “mensalão” - e acho que é necessário.

É em nome da dignidade do nosso Partido, da dignidade do nosso Presidente de Honra e da dignidade de cada um de nós, membros do Partido Liberal, e, em última análise, da democracia e da República que faço, Sr. Presidente, este pronunciamento da tribuna do Senado Federal.

Gostaria de ouvir o Senador Aelton Freitas, meu companheiro de Bancada no Senado, que me solicita um aparte.

O Sr. Aelton Freitas (Bloco/PL - MG) - Parabenizo V. Exª, nobre Senador Marcelo Crivella, ao tempo em que faço coro com V. Exª. Estava ansioso, desde a manhã de hoje, aguardando o pronunciamento de V. Exª, como Líder, para dizer-lhe que estamos juntos em número, gênero e grau. Onde V. Exª estiver, pode ter a certeza que nós, Senadores do PL, também estaremos. Quando fomos assinar a CPI, V. Exª acabou de relatar que, primeiro, fomos consultar o Vice-Presidente da República e S. Exª deixou claro que, se fosse Senador, já a teria assinado. Portanto, Senador Marcelo Crivella, nosso Líder, onde V. Exª estiver, conte sempre comigo, Senador Aelton Freitas, em defesa e em nome do nosso Partido.

O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PL - RJ) - Muito obrigado, Senador Aelton Freitas.

Então, que fique claro à Nação, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que o Partido Liberal não teme qualquer investigação no que diz respeito à CPI dos Correios ou à do “mensalão”; que o Partido Liberal também não teme se, amanhã, tiver que cortar na própria carne e expurgar aqueles que não honraram a legenda da qual somos membros e que construímos com muito sacrifício, com o voto de cada um por este Brasil afora.

O Partido Liberal é o Partido da transparência, da democracia, do apoio ao Presidente Lula, que, sabemos, é um homem digno e honesto e não coaduna, de maneira nenhuma, com qualquer tipo de falcatrua, de roubalheira ou de qualquer sem-vergonhice neste País.

Muito obrigado, Sr. Presidente.