Discurso durante a 76ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre a gravidade das denúncias de corrupção envolvendo o governo Lula.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT). GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Considerações sobre a gravidade das denúncias de corrupção envolvendo o governo Lula.
Aparteantes
Heráclito Fortes, Sibá Machado.
Publicação
Publicação no DSF de 08/06/2005 - Página 18270
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT). GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, ENTREVISTA, JEFFERSON PERES, DEPUTADO FEDERAL, PUBLICAÇÃO, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), CONTINUAÇÃO, DENUNCIA, PAGAMENTO, GOVERNO FEDERAL, MESADA, CONGRESSISTA, ACUSAÇÃO, ANTERIORIDADE, INFORMAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MINISTRO DE ESTADO, GRAVIDADE, NEGLIGENCIA, COMBATE, CORRUPÇÃO.
  • COMENTARIO, DECLARAÇÃO, MIRO TEIXEIRA, EX MINISTRO DE ESTADO, DENUNCIA, SUBORNO, MINISTRO DE ESTADO.
  • GRAVIDADE, EXTENSÃO, CORRUPÇÃO, GOVERNO FEDERAL, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), REGIÃO AMAZONICA, COMENTARIO, NOTICIARIO, IMPRENSA, REITERAÇÃO, CONFIANÇA, IDONEIDADE, MARINA SILVA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE (MMA).
  • APRESENTAÇÃO, CONVITE, AUTORIDADE, DEPOIMENTO, COMISSÃO DE FISCALIZAÇÃO E CONTROLE, SENADO, DIREITO DE DEFESA, ESCLARECIMENTOS, DENUNCIA, CORRUPÇÃO.

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DISCURSO PROFERIDO PELO SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO NA SESSÃO DO DIA 06 DE JUNHO DE 2005, QUE, RETIRADO PARA REVISÃO PELO ORADOR, ORA SE PUBLICA.

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O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o assunto é sério. Ainda há pouco, perguntavam-me os jornalistas se eu havia incluído, no convite para depor na Comissão de Fiscalização e Controle, o Governador Marconi Perillo, que é uma das figuras mais relevantes e decisivas no meu partido. Disse-lhes: “Não estou aqui brincando de partido, estou tentando ajudar para que se chegue à melhor solução para o País, ou seja, à investigação de todos esses fatos”. Disse-lhes que havia incluído o Governador Marconi Perillo, sim, ao lado dos ministros, ex-ministros e de todos aqueles que foram citados. O Governador Marconi Perillo não foi citado, no entanto, como S. Exª teria dado uma entrevista a um jornal brasileiro há tempos, entendi que seria injusto e que enfraqueceria nossa posição de cobrança adotarmos qualquer atitude que parecesse abertura de exceção. Portanto, convidei-o e tenho certeza de que será dos primeiros, senão o primeiro, a apressar-se e vir à Comissão de Fiscalização e Controle para dar o seu depoimento sobre esse episódio.

A questão do mensalão é séria. O Deputado Miro Teixeira, do alto de sua responsabilidade e de sua respeitabilidade pública, falando para Felipe Recondo da Folha Online, de Brasília, disse hoje não acreditar que o Presidente Lula não soubesse do pagamento. Disse Miro: “Não tenho dúvida, o Presidente tomou conhecimento disso”, afirmou. Ou seja, passa a impressão de que era corrente a idéia de que havia o mensalão, mas que o Presidente da República não teria tomado conhecimento disso. Diz ainda Miro: “Recebo com reserva essa história de ele - ele, Roberto Jefferson - ter dito isso a Lula. O Presidente não pouparia ninguém”. Louvo a lealdade do ex-Ministro Miro Teixeira.

“Teixeira confirmou, no entanto, que recebeu Jefferson em seu gabinete no Ministério e ouviu as denúncias de pagamento de mesada aos Parlamentares. ‘Quando ele me relatou isso, eu disse “vamos ao Presidente da República agora. Isso é muito grave”’, palavras de Miro. ‘Mas ele não quis ir. Não dava para eu ir sozinho e dizer que tinha ouvido dizer que havia um esquema de mesada’, argumentou.

Quando voltou ao Congresso Nacional, o Deputado sugeriu ao Presidente do PTB que o esquema fosse revelado em plenário. ‘Seria uma denúncia mais ampla do que ele está descrevendo’, disse o Deputado sem detalhar se haveria novos fatos. No entanto, Roberto Jefferson teria negado novamente. ‘O fato é muitíssimo grave, muitíssimo grave.’”

Quem disse isso não sou eu, é o Deputado Miro Teixeira, ex-Ministro e ex-Líder deste Governo.

Para a GloboNews:

O Deputado Miro Teixeira (PT - RJ) disse, nesta segunda-feira, que já tinha sido avisado, pelo Deputado Roberto Jefferson (PTB - RJ), em 2003, sobre o suposto esquema de pagamento mensal de propinas a Deputados da base para que eles apoiassem o Governo no Congresso.

Aliás, sobre isso, pesa um processo da Câmara dos Deputados, movido pelo Deputado João Paulo, contra o Jornal do Brasil e contra o jornalista Paulo de Tarso Lira.

Quero chamar a atenção para um fato. Temos de nos remeter ao jogo dialético. O Deputado Roberto Jefferson, hoje, está acossado por denúncias. Naquela época, o Deputado não estava, Senador Antonio Carlos Magalhães. Naquela época, o Deputado não estava com raiva de ninguém, não estava com nenhuma vendeta suposta a atirar contra ninguém. O Deputado Roberto Jefferson, nessa hora...

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - Era o parceiro leal.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Era o parceiro leal. Nessa hora, o Deputado falou, pura e simplesmente, supostamente escandalizado, que havia um esquema de “mensalão” com o qual não concordaria, segundo declarou a jornalista Lo Prete, editora do Painel da Folha de S.Paulo. Tenho a impressão de que temos que ir muito fundo nisso.

Alguém me perguntou: “Vamos pedir, então, a CPI do Mensalão?” Não creio que seja oportuno. Estamos pedindo a CPI dos Correios, isto sim. Alguém disse: “Mas fica pequeno, fica menor!” Não sei. Ficou menor, mas vamos pedir a CPI dos Correios. Esta é que está em jogo. Esta é que vai mostrar o discernimento e a lucidez do Governo na hora de demonstrar o seu perfil, a sua efetiva face.

Vemos aqui o Deputado Mira Teixeira admitindo o mensalão. Vemos aqui o Deputado Roberto Jefferson livre de qualquer pressão nesse momento. Senador José Agripino, o Deputado Roberto Jefferson, nesse momento, era o relevante Presidente do Partido Trabalhista Brasileiro, Partido que havia crescido tanto quanto cresceu o PP e o PL, a ponto de, em determinado momento, o meu Partido, que fora o segundo mais votado quando se conta sufrágio por sufrágio para Deputado Federal, nas urnas passadas, passou a ser o quarto. O mais votado foi o PT. O meu foi o segundo. O meu fez a quarta Bancada, atrás do PFL e do PMDB, embora tenha sido o segundo mais votado. De repente, meu Partido ficou em quinto? Não, ficou atrás do PTB. Ficou em sexto? Não, ficou atrás do PL. Meu Partido ficou em sétimo? Não, ficou atrás do PP. Ou seja, fizeram uma verdadeira cirurgia plástica no meu Partido, tiraram toda a gordura que desfibrava o meu Partido, levaram para o seio do Governo - e para criar problemas desse tipo para o Governo - todos aqueles Deputados que não tinham mesmo nenhuma contribuição a dar a uma luta de oposição.

Então, depurados por essa cirurgia plástica, musculosos outra vez, nós aqui estamos para dizer que este País não pode perder a oportunidade histórica que gerou aquela belíssima transição democrática, que gerou a expectativa belíssima do Governo Lula, que haverá de gerar perspectivas ótimas com o governo que vem por aí.

Temos que ser capazes de nos alçar ao mais elevado momento que a História brasileira pode cobrar de cada um de nós nesta Legislatura, temos que estar à altura do desafio histórico. E o desafio histórico nos diz: Presidente Lula, faça uma faxina no seu Governo! Presidente Lula, concorde com a investigação de toda essa podridão nos Correios e Telégrafos! Presidente Lula, investigue à exaustão essa história da mesada! Deputado não tem direito a receber mesada, Parlamentar não tem que receber nada a não ser os seus subsídios. Presidente Lula, defenda este País mais do que a sua biografia, que todos respeitamos! E defender este País é permitir que mergulhemos fundo na busca pela verdade, e a busca pela verdade não contempla tergiversação, ela, pura e simplesmente, dá-nos o caminho de “doa a quem doer”, aquele caminho de “quem for podre que se quebre”, aquele caminho, Senhor Presidente, que vai nos levar a vermos inocentes resguardados, culpados punidos e, sem dúvida alguma, um País que não perca a crença na sua sociedade, não perca a crença nas instituições.

Não é hora de tergiversação, não é hora de notas oficiais toscas, não é hora a não ser de respostas muito claras a serem dadas. 

O brado da Oposição é muito claro: Presidente Lula, se é verdade - e sei que Vossa Excelência nada tem contra as operações que a Polícia Federal faz - que Vossa Excelência é a favor da investigação no Ibama e onde quer que seja...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Senhor Presidente Lula da Silva, mostre que é capaz de fazer uma faxina no seu Governo. Livre-se dos indesejáveis do seu Governo e do seu Partido. Livre-se deles e retome a altura e elevação da possibilidade de dialogar com a Oposição sobre o País e de dialogar com a sociedade que sempre deveu respeito a Vossa Excelência, ainda que discordando muitas vezes de seus princípios e de seus pontos de vista. Como está, os piores conselheiros seus são aqueles que lhe darão, sem dúvida alguma, a mancha na biografia, os áulicos, os que na verdade bajulam, os que querem ver tudo cor-de-rosa, os panglossianos oficiais.

Senhor Presidente, na verdade, responda Vossa Excelência para a Nação, faça a faxina moral neste Governo, porque, fora disso, Vossa Excelência terá percalços e levará o Brasil a viver um momento cinzento e obscuro na história da democracia que temos que consolidar e preservar.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/06/2005 - Página 18270