Discurso durante a 78ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Explicações pessoais quanto ao pronunciamento do Senador Cristovam Buarque.

Autor
Demóstenes Torres (PFL - Partido da Frente Liberal/GO)
Nome completo: Demóstenes Lazaro Xavier Torres
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EXPLICAÇÃO PESSOAL.:
  • Explicações pessoais quanto ao pronunciamento do Senador Cristovam Buarque.
Publicação
Publicação no DSF de 09/06/2005 - Página 18729
Assunto
Outros > EXPLICAÇÃO PESSOAL.
Indexação
  • ESCLARECIMENTOS, DENUNCIA, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), VINCULAÇÃO, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), GUERRILHA, PAIS ESTRANGEIRO, COLOMBIA, REGISTRO, EXISTENCIA, PROVA.
  • ELOGIO, VIDA PUBLICA, CRISTOVAM BUARQUE, SENADOR, CRITICA, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, PRESIDENCIA, COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DEFESA NACIONAL.

O SR. DEMÓSTENES TORRES (PFL - GO) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, V. Exªs sabem da maneira apaixonada com que defendo o meu mandato. Sou realmente uma pessoa que, desde cedo até à noite, me preocupo com o meu mandato, com o meu Estado, com o Regimento, com uma série de problemas que enfrentamos aqui. O exemplo maior disso é o seguinte: em Brasília, eu moro com os meus assessores. Por quê? Porque acho que é uma maneira boa de continuar estudando à noite. Sou apaixonado pelo meu País, pelo meu Estado. Às vezes, há algumas altercações. E, no caso das Farc, realmente, acho que é um mal para o País; acho que é uma instituição guerrilheira, não é nem uma instituição, é um movimento guerrilheiro que tem problemas internamente no seu país; que é ligado ao narcotráfico, algo que, para mim, é terrível.

Houve a denúncia na revista Veja de que o Partido dos Trabalhadores recebeu recursos das Farc durante a campanha do Presidente Lula, para incentivar a campanha. E isso me parece até... Como não podemos revelar matéria de mérito relativamente ao que está acontecendo lá, até porque tratamos de matéria de segurança nacional, mas podemos dizer que fica evidente que o Partido dos Trabalhadores não recebeu o dinheiro, mas alguns membros podem ter recebido, e esse movimento, chamado PT pró-Farc, também pode ter recebido. A dúvida é essa.

Tenho lutado desde o início para que essas pessoas sejam ouvidas. Primeiro, teve o depoimento do General que é Ministro, que preside a chefia da segurança do Gabinete Institucional da Presidência; depois, teve o depoimento do Diretor-Geral da Abin. Posteriormente, houve novas matérias. Um espião foi ouvido e confirmou todas as informações da Veja. Depois, um coronel prestou informações, trouxe documentos, mostrou ser um homem de informação e também confirmou tudo isso, menos o fato de ter visto na Abin, ou nos arquivos da Abin, documentos que comprovavam o dinheiro. Diz ele que, ao contrário do que afirma a revista Veja - o único ponto destoante da matéria -, efetivamente esses documentos, esses recibos estavam nas mãos do Deputado Fraga e não nos arquivos da Abin. Mas ele reafirma, inclusive dando nomes de quem digitou documentos, que esses documentos existem. A importância era tal que foram atrás para que ele deixasse a sua atividade, para que eles pudessem investigar isso. Muito bem. Desde o início, tem havido manobras protelatórias terríveis, graves, alterações mesmo. Se não fosse o enfrentamento pessoal, até corajoso, isso já tinha sido arquivado há muito tempo.

O que eu quero como Senador? Que sejam respeitadas as instituições, porque quero descobrir a verdade. Não me interessa, a não ser pelo amor à verdade, que esses fatos sejam absolutamente esclarecidos.

Não quero entrar em maiores altercações com o Senador Cristovam Buarque como as que já tivemos. Fui descortês com ele. Reconheço a minha descortesia. Deveria ter vindo aqui e falado o que estou falando agora, como eu disse que iria fazê-lo. Até disse para alguns colegas e para alguns jornalistas - e quero repetir aqui - que conheci o Senador Cristovam Buarque como um admirador: eu, uma pessoa de Goiânia, do Estado de Goiás, Secretário de Segurança Pública, Secretário de Justiça, chefe do Ministério Público do meu Estado e, depois, como Senador; ele, Ministro de Estado. Lamentei profundamente o fato de ele ser sido demitido por telefone, mas o que não esperava eu - e aqui vou revelar, embora isso possa depor em meu prejuízo -, mas vou repetir o que penso: acho que V. Exª não está fazendo o papel decente que a sua história reclama e que V. Exª acabou de reclamar ali. Talvez isso me custe alguma punição, mas tenho que falar o que penso. V. Exª não pode agir... E hoje V. Exª faltou com a verdade aqui: disse que esperou 40 minutos, V. Exª esperou 8 minutos, e V. Exª tinha a obrigação de esperar regimentalmente 15 minutos e mais 15 minutos aplicando subsidiariamente. V. Exª já alegou que não tinha Regimento para não tocar...

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Senador Demóstenes, mais dois minutos para concluir, improrrogáveis, a pedido inclusive de V. Exª, no dia de ontem, para o estrito cumprimento do Regimento. V. Exª criticou a Mesa e pediu isso.

O SR. DEMÓSTENES TORRES (PFL - GO) - Estamos vivendo um momento que houve realmente... Acho que V. Exª realmente tem manobrado. Certo? V. Exª marca fisioterapia para a hora da reunião; V. Exª marca palestra para a hora da reunião, ou não é verdade, Senador? V. Exª já desmembrou o depoimento do coronel.

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco/PT - DF) - Reivindico o art. 14 para falar.

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - O orador tem o tempo na tribuna. Após, V. Exª poderá usar o artigo.

O SR. DEMÓSTENES TORRES (PFL - GO) - Foi V. Exª que me mencionou. Então, acho mesmo que V. Exª não se tem portado, na minha opinião, à frente da Comissão de Relações Exteriores, com a dignidade da história que V. Exª tem. Perdoe-me. Talvez por isso eu tenha alterado com V. Exª; talvez por isso, não; foi por isso. Penitencio-me porque não é do jogo parlamentar que isso aconteça; não estou aqui para perder a paciência com V. Exª ou com quem quer que seja, mas acho que precisamos apurar essa história com dignidade. V. Exª já acusou, já disse lá que o coronel que foi ouvido tinha problemas mentais, e ele foi chefe...

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco/PT - DF) - Eu não disse isso! O senhor está mentindo!

O SR. DEMÓSTENES TORRES (PFL - GO) - Ele foi chefe...

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco/PT - DF) - O senhor está mentindo! Não tem direito a isso.

O SR. DEMÓSTENES TORRES (PFL - GO) - Não estou.

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Senador Cristovam, V. Exª terá a palavra assegurada após o orador.

Senador Demóstenes, V. Exª dispõe de mais um minuto, em função da interrupção.

O SR. DEMÓSTENES TORRES (PFL - GO) - Eu só queria lembrar que essa pessoa que V. Exª acusa de ser desequilibrado, de ser megalomaníaco, como outros membros também do seu partido o acusaram, foi chefe do serviço de inteligência de V. Exª. Então, Senador, eu tenho razões para duvidar da imparcialidade de V. Exª na condução desse processo.

Peço perdão a meus colegas porque realmente... Enfrento o Conselho de Ética, enfrento qualquer coisa. Agora, arrependido de dizer que V. Exª não se tem comportado - vou repetir - à altura da história de V. Exª, quero reiterar isso. A minha opinião é essa, ainda que os outros possam ter outra opinião. Acho realmente que V. Exª, nesse caso, não está levando adiante a averiguação que deveria levar. Poderíamos até ter encerrado esse caso. Se realmente não tem documentos lá, como todos dizem, vamos provar que não tem o documento e acabou.

(Interrupção do som.)

            O SR. DEMÓSTENES TORRES (PFL - GO) - Só para concluir, Sr. Presidente! (Pausa.)

            Agradeço a oportunidade.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/06/2005 - Página 18729