Discurso durante a 79ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a escolha do Presidente e do Relator da CPI dos Correios.

Autor
Efraim Morais (PFL - Partido da Frente Liberal/PB)
Nome completo: Efraim de Araújo Morais
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).:
  • Considerações sobre a escolha do Presidente e do Relator da CPI dos Correios.
Aparteantes
Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 10/06/2005 - Página 19162
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).
Indexação
  • LEITURA, EDITORIAL, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), COMENTARIO, PROVIDENCIA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DEMISSÃO, DIRETORIA, EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), INSTITUTO DE RESSEGUROS DO BRASIL (IRB), EXPECTATIVA, CONTINUAÇÃO, INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO, AUSENCIA, MANIPULAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI).
  • EXPECTATIVA, ESCOLHA, RELATOR, PRESIDENTE, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), REVEZAMENTO, PARTIDO POLITICO.

O SR. EFRAIM MORAIS (PFL - PB) - Estou só querendo que V. Exª passe a ouvir nosso pronunciamento e espero que o assunto seja a decisão de o PT assinar a CPI Mista do Mensalão e a do caso dos Correios. Espero que seja esse o objetivo da reunião e que respeite a tradição desta Casa e da Câmara dos Deputados, dando oportunidade a que a CPI tenha participação, na Presidência e na Relatoria, de forças opostas. Espero que a reunião seja com esse objetivo.

Sr. Presidente, vou resumir minhas palavras ao editorial “Das palavras à prática”, da Folha de S.Paulo, que diz o seguinte:

Embora inexplicavelmente tardias, as respostas do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva às revelações sobre escândalos de corrupção em seu Governo foram na direção correta. Acertou o primeiro Mandatário ao exonerar as Diretorias dos Correios e do Instituto de Resseguros do Brasil, (IRB), e ao indicar para este último o caminho da privatização. Foi também tranqüilizador ouvir o primeiro Mandatário ressaltar a sua responsabilidade como guardião das instituições e associar a crise a um sistema político-partidário que está a exigir aperfeiçoamentos.

Resta saber se as palavras do Presidente Lula, que prometeu levar as investigações “até as últimas conseqüências”, encontrarão eco em sua base parlamentar, até há pouco pressionada a matar a CPI dos Correios.

A pergunta é se a reviravolta do Governo, forçada pelo agravamento do ambiente político, corresponderá a um compromisso real com o esclarecimento dos fatos, ou apenas a uma dissimulação com vistas a administrar a crise e salvar as aparências.

O que a sociedade brasileira espera - e esta Folha considera indispensável - é que tanto os casos dos Correios e do IRB quanto o do suposto “mensalão”, a que se referiu o Deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), sejam investigados no âmbito de uma ou duas CPIs. Se de fato o Governo, como afiançou o Presidente, dispõe-se a “cortar na carne”, a ocasião não pode ser desperdiçada.

O País está cansado dessa crônica combinação de corrupção com tergiversações, promessas vazias e inquéritos que não resultam em nada. Quanto a isso, aliás, soa como diversionismo a oferta do Tesoureiro do PT, Delúbio Soares, de abrir seu sigilo bancário, pois o que se deseja saber é se ele participou do esquema para pagar “mesadas” a Parlamentares - e, em caso afirmativo, qual a origem dos recursos.

            É bom lembrar que ele tem um salário de R$6 mil e pagava 30 a cada mensalista.

É preciso, portanto, que se realize uma investigação criteriosa, ampla e profunda. É verdade que existe a possibilidade de a CPI ser transformada em palanque eleitoral. Não há, porém, outra alternativa senão correr esse risco, esperando que as lideranças políticas do País entendam que o momento exige firmeza, espírito público e responsabilidade.

Esse é o editorial da Folha de S.Paulo.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o que esperamos é que o Presidente da República não se acompanhe de más companhias nessas CPIs. O que esperamos é que o Governo, que diz que vai cortar na própria carne, não se esconda por trás das cortinas, não venha tentar enganar a opinião pública, não venha a dizer no palanque o que não vai fazer na prática, não venha a fazer agora o que fez no passado, quando se candidatou a Presidente da República: prometeu acabar com a corrupção, e a corrupção aumentou no seu Governo; prometeu transparência, e não existe transparência neste Governo; prometeu ética, mas a ética acabou no seu Partido e no seu Governo. O que esperamos é que não venha este Governo, Sr. Presidente, a manobrar seus aliados no Congresso Nacional, sem dar oportunidade do debate entre o Governo e a Oposição. Sempre se tem adotado a seguinte regra: se o Governo tem a Presidência, a Oposição tem a Relatoria; se a Oposição tem a Relatoria, o Governo tem a Presidência.

O que não pode acontecer são propostas indecentes como aquelas feitas ontem ao PFL, ao PSDB, ao PDT, à Oposição, quando Lideranças do Governo chegaram ao ponto de dizer que aceitariam desde que escolhessem qual seria o nome a ser indicado da Oposição. É preciso respeito à Oposição. Queremos a verdade e entraremos na verdade, independentemente de haver relator ou presidente. Não se pode entender que Partidos como o PMDB, o PT e outros se escondam...

(Interrupção do som.)

 O SR. EFRAIM MORAIS (PFL - PB) - ...com medo do povo e da opinião pública.

Estamos aqui para fazer o que manda a democracia: atender a voz do povo, ouvir o povo nas ruas, não com baderna, não com quebradeira, não com caras-pintadas. Estamos aqui, sim, pela força do povo, pela escolha da sociedade.

Espero, sim, que o Governo Lula desça do palanque; ele promete nos microfones e na televisão, mas a sua base faz exatamente o contrário. O Governo promete, mas não cumpre.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Concede-me V. Exª um aparte?

O SR. EFRAIM MORAIS (PFL - PB) - Ouço V. Exª com prazer.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Falo em nome do MDB, do PMDB de Ulysses Guimarães, encantado no fundo do mar. Ele disse: “Ouça a voz rouca das ruas”; a voz rouca das ruas quer vergonha neste País.

O SR. EFRAIM MORAIS (PFL - PB) - Inclua esse PMDB, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/06/2005 - Página 19162