Discurso durante a 79ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apresentação de projeto de lei, que dispõe sobre implicações penais aos corruptos.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT). CODIGO PENAL. PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Apresentação de projeto de lei, que dispõe sobre implicações penais aos corruptos.
Aparteantes
Ana Júlia Carepa.
Publicação
Publicação no DSF de 10/06/2005 - Página 19319
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT). CODIGO PENAL. PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • CUMPRIMENTO, BANCADA, SENADOR, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), DECISÃO, ORIENTAÇÃO, ASSINATURA, REQUERIMENTO, CRIAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, INVESTIGAÇÃO, PROPINA, MESADA, CONGRESSISTA.
  • APOIO, DECLARAÇÃO, GOVERNADOR, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), ESTADO DO PARANA (PR), PREFEITO DE CAPITAL, CONFIANÇA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REPUDIO, UTILIZAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), MANIPULAÇÃO, FAVORECIMENTO, ELEIÇÕES.
  • JUSTIFICAÇÃO, PROJETO DE LEI, AUTORIA, ORADOR, PROIBIÇÃO, FIANÇA, PRESERVAÇÃO, PRAZO, CRIME, CORRUPÇÃO, OBRIGATORIEDADE, DEVOLUÇÃO, DINHEIRO, SETOR PUBLICO, SOLICITAÇÃO, TRAMITAÇÃO, REGIME DE URGENCIA.
  • ANUNCIO, PROXIMIDADE, VOTAÇÃO, SENADO, PROPOSTA, EMENDA CONSTITUCIONAL, COMPLEMENTAÇÃO, REFORMULAÇÃO, PREVIDENCIA SOCIAL, ACORDO, LIDER, ATENDIMENTO, REIVINDICAÇÃO, POPULAÇÃO.
  • APOIO, DECISÃO, COMISSÃO, SENADO, VISITA, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), PREVENÇÃO, DESPEJO, QUILOMBOS, ZONA URBANA.

O SR PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) - Senador Mão Santa, Srªs e Srs Senadores, em primeiro lugar, cumprimento a Bancada de Senadores do Partido dos Trabalhadores, que decidiu que seus Senadores deveriam , por ampla maioria, assinar a CPI mista, da Câmara e Senado, sobre o famoso Mensalão.

A Srª Ana Júlia Carepa (Bloco/PT - PA) - Senador Paulo Paim, peço trinta segundos a V. Exª.

O SR PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Cito a Senadora Ana Júlia Carepa - a quem concederei o aparte em seguida -, o Senador Eduardo Suplicy, a Senadora Serys Slhessarenko, o Senador Sibá Machado, o Senador Flávio Arns, o Senador Cristovam Buarque, este que vos fala, o Senador Tião Viana - que antes de viajar também mostrou sua posição, o Senador Roberto Saturnino. Enfim, eu poderia citar os treze Senadores. Ainda há os Senadores Antonio Carlos Valadares e João Capiberibe, que assinaram, somando assim o número suficiente para que a famosa CPI do Mensalão fosse aprovada.

Hoje recebi e-mail de um eleitor, Presidente Mão Santa, que dizia o seguinte: Senador Paulo Paim, a capacidade de um homem público se mede pelo número de CPIs que assina? Se é isso - acompanho o trabalho do senhor e de outros -, peço que assine uma, duas, três, quatro ou cinco e coloque no currículo: “sou o homem que mais assinou CPI”.

Penso que não é por aí. Por isso, vou assinar todas as CPIs que a Oposição entender. Só nesta semana, assinei quatro. Se houver mais alguma, procurem-me, que vou assinar.

Senadora Ana Júlia Carepa, concedo o aparte a V. Exª.

A Srª Ana Júlia Carepa (Bloco/PT - PA) - Obrigada, Senador Paulo Paim. Serei muito breve, até porque já recomeçou a reunião da CPMI. Realmente, a decisão foi acertada, mas também discutida coletivamente. Friso o acerto da discussão, da decisão e da ação, que foram coletivas. É interessante ver aqueles Partidos que ontem não deixaram que houvesse CPI. Aliás, não só ontem, Senador Paulo Paim, mas hoje também. Esta semana, no Estado do Pará, o Governador do PSDB não permitiu que houvesse CPI. Foi para a Comissão de Constituição e Justiça e impediu a CPI, que pretendia investigar a doação de R$16 milhões de uma cervejaria à campanha dele - que, aliás, está sendo investigada pelo Ministério Público Federal - em troca do perdão de R$47 milhões de dívida tributária e mais uma isenção fiscal de 95% por mais de 10 anos. Então, Senador, digo que temos coerência. Orgulho-me muito do nosso papel, da nossa Bancada, de V. Exª. Parabéns!

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Muito obrigado, Senadora Ana Júlia.

Então, para não ficar aqui falando de CPI para cá e CPI para lá, cumprimento três Governadores: a do Rio de Janeiro, o de Minas e o do Paraná, Rosinha Garotinho, Aécio Neves e Roberto Requião, respectivamente, que deixaram muito claro que são contrários a que CPI vire palanque eleitoral. S. Exªs e diversos Prefeitos de capitais depositaram confiança no Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Afirmaram: CPI é coisa séria.

Por isso, vamos fazer essas duas CPIs - se quiserem outras dezenas, vamos instalar - com seriedade e responsabilidade. A Comissão Parlamentar de Inquérito, Senador Amir Lando, é um instrumento muito importante da democracia. V. Exª foi Relator da CPI mais importante deste País, e, em homenagem a V. Exª, vamos fazer um trabalho sério e responsável. Fico muito feliz em que V. Exª esteja entendendo o recado que estou dando da tribuna, neste momento.

Senador Mão Santa, eu dizia antes e repito agora que gosto do Legislativo. Àqueles que fazem críticas digo que defendemos uma, duas CPIs e muitas mais que forem necessárias. Desde o primeiro momento, Senador Mão Santa - V. Exª é testemunha -, afirmamos que era um erro evitar aprovação das duas CPIs. Dizíamos: “Mais vale um gesto que mil discursos”, lembrando a figura de Gandi. Aquela imagem, mostrada na televisão, a imagem da corrupção nos Correios, sem sombra de dúvidas, está na mente da população e tem de ser investigada. E, para isso, é claro, tem de haver a CPI. A denúncia da Folha de S. Paulo tem de ser investigada, e a CPI é o instrumento para isso. Agora, se quiserem outras, nós que já estamos trabalhando nessa área as assinaremos também.

Sr. Presidente, reafirmo que apresentei à Casa um projeto de lei que torna inafiançável e imprescritível o crime de corrupção. Ainda que se passem dez ou vinte anos, o crime não prescreverá, e quem usar indevidamente o dinheiro público terá de devolvê-lo e irá para a cadeia, uma vez comprovado o delito. Sendo inafiançável o crime, quem o cometer ficará de imediato nas barras da cadeira, irá para a prisão!

Justifico, Senador Mão Santa, todo o meu projeto com os argumentos devidos e espero que lhe seja dado o regime de urgência. Enquanto a CPI faz seu trabalho - que tem de ser feito, deixo clara minha posição -, nós votaremos, Senador José Jorge - respeito muito V. Exª - os temas no plenário do Senado.

Sabem V. Exªs qual o principal eixo do meu gabinete, em matéria de demanda dos Estados, de todo o País? Recebo - já disse e repito - cerca de 2.500 correspondência por semana, Senador José Jorge, Senador Amir Lando, a respeito da PEC paralela. Noventa por cento são cobranças para que o Senado não entre em recesso antes de votá-la. Dizem: isso é palavra, isso é acordo, Senador, que todos os Senadores fizeram com a sociedade, quando aprovaram a PEC original, que tratou da reforma da Previdência.

Respondendo a essas expectativas...

(Interrupção do som.)

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - ... da população brasileira, posso dizer que já estou com a assinatura de todos os Líderes, para que, a qualquer momento, mediante acordo - estamos dialogando com o Senador Rodolpho Tourinho -, a matéria venha a voto.

Fala-se numa pauta positiva. Entendo que se faça uma pauta positiva. Já dizia o saudoso Ulysses Guimarães: “Vamos votar, Srs. Senadores e Srs. Deputados”. Senador Mão Santa, V. Exª é quem mais o lembra. Essa é a expectativa da população.

Saiu-se daquela panacéia interminável “instala-se ou não”: a CPI esta instalada; agora vamos voltar ao trabalho normalmente e produzir. O País quer respostas ao desemprego; os aposentados querem saber como ficam seus benefícios - tão defasados; o problema do Mercosul, dos arrozeiros, do trigo, da soja, do vinho, da produção na grande indústria, o problema dos juros. É esse o debate que a sociedade quer ver, e o combate à corrupção, com medidas concretas, prendendo, tirando o mandato, sim, de Deputado ou Senador que for comprovado que cometeu delito. Essa é a expectativa da sociedade.

É por isso, Sr. Presidente Senador Mão Santa, que tenho muito orgulho de ser Senador da República para debater todos os temas e não debater somente se instala ou não CPI. Por isso que, desde o primeiro momento em que a denúncia foi feita, pedi, lutei em todas as instâncias que pude: instalem de imediato a CPI e vamos voltar a produzir, porque é isso que a Nação espera do Senado da República e também da Câmara dos Deputados.

Presidente Senador Mão Santa, sem querer abusar do tempo, fiquei muito feliz com a posição tomada por V. Exª hoje de manhã. Liguei para o meu Estado, o primeiro quilombo urbano, o quilombo da família Silva, e informei que a Comissão que V. Exª preside junto com este Senador vai se deslocar do Senado para Porto Alegre com o intuito de evitar o despejo daquelas famílias que estão há um século naquela terra e que estão sendo agora ameaçadas. Faremos uma audiência na Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa. Já confirmou V. Exª, confirmou o Senador Flexa Ribeiro, confirmou o Senador Romeu Tuma. E tenho certeza de que outros Senadores também irão para lá, demonstrando que o Senado da República está trabalhando, está vigilante, está ao lado do conjunto do povo brasileiro, independente de ser negro ou branco. Por isso, os meus cumprimentos a V. Exª, Presidente Senador Mão Santa.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/06/2005 - Página 19319