Discurso durante a 79ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à intervenção do PT na indicação do Presidente e o Relator da CPI dos Correios.

Autor
Heráclito Fortes (PFL - Partido da Frente Liberal/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).:
  • Críticas à intervenção do PT na indicação do Presidente e o Relator da CPI dos Correios.
Publicação
Publicação no DSF de 10/06/2005 - Página 19321
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).
Indexação
  • REPUDIO, ADIAMENTO, TRABALHO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, INVESTIGAÇÃO, EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), MOTIVO, TENTATIVA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), INDICAÇÃO, PRESIDENTE, RELATOR, DESRESPEITO, TRADIÇÃO, REVEZAMENTO, PROTESTO, AUTORITARISMO.
  • CRITICA, ALOIZIO MERCADANTE, LIDER, GOVERNO, REJEIÇÃO, NOME, CESAR BORGES, SENADOR, ALEGAÇÕES, INICIO, MANDATO PARLAMENTAR, DEMONSTRAÇÃO, APREENSÃO, INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é pena que a TV Senado, cumprindo o Regimento, esteja cobrindo o plenário do Senado neste instante. Se as câmeras estivessem voltadas para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios, que seria instalada nesta tarde, todo o Brasil iria presenciar um dos mais deprimentes espetáculos de que já tomei conhecimento nos meus mais de 25 anos de convívio neste Parlamento.

Estávamos hoje imbuídos da esperança de que, finalmente, a palavra do Presidente Lula de que a CPMI seria instalada e de que tudo seria apurado, doesse a quem doesse, realmente prevalecesse. A convicção de todos era a de que diante do “basta”, do “chega” do Presidente da República, o eco atingisse os ouvidos surdos, moucos, dos que fazem parte de sua Base de Apoio.

Pois bem, a CPI não foi instalada hoje, foi adiada para terça-feira. Brasileiros que assistem à TV Senado neste instante: o motivo principal é que o Partido do Governo, o PT, queria indicar o Relator ou o Presidente, o que coubesse à Base de Oposição. Não aceitou nenhum dos nomes constantes das indicações feitas pelos Partidos da Base. Queria pinçar um nome que nem indicado para a Comissão fora - não sei qual - para ser o Relator ou Presidente, como se a confiança do indicado não pertencesse ao partido que indica, mas a quem pensa que detém o poder absoluto.

Essa é mais uma mostra, Senadora Heloísa Helena, ao longo desses anos, de que toda vez que tem oportunidade o veio autoritário do PT se manifesta. Foi assim no tratamento com a imprensa, quando quiseram impingir legislação coercitiva, foi assim com as atividades culturais. Tentaram monitorar o teatro brasileiro, as atividades culturais. Tem sido assim. É deprimente ver o PT querer intervir na economia interna de um partido de oposição, querendo que a Oposição aceitasse um nome da sua indicação e concordasse com a farsa.

O Líder do Governo, um dos homens mais brilhantes do planeta, o Senador Aloizio Mercadante, vetou o nome do Senador César Borges, ex-Governador da Bahia, ex-Deputado Estadual, ex-Vice-Governador, Senador da República, sob alegação de que S. Exª está no primeiro mandato. Entretanto, o Senador não se lembra de que o seu Partido indicou para a CPMI do Banestado o Deputado José Mentor, em primeiro mandato, e que indicou para a CPMI da Terra o Deputado João Alfredo, também em primeiro mandato.

É triste ver isso, Sr. Presidente. É lamentável que o PT rasgue a cartilha de pregação com a qual enganou o Brasil durante vinte anos. Rasgou com o FMI, rasgou com a Alca, deixou a Igreja a ver navios quando assumiu compromissos conjuntos, rasgou com a imprensa, com as atividades culturais e, agora, quis rasgar a liberdade dos partidos do Congresso Nacional.

Ele preferiu adiar para terça-feira e deixar a Nação confusa e insegura, apenas pelo capricho de querer eleger um Presidente e um Relator da sua Base. Seria, portanto, Sr. Presidente, descaracterizar totalmente a CPMI, transformá-la em um conchavo, em uma ação entre amigos. Por fim, um outro argumento insustentável - e a Senadora Heloisa Helena está coberta de razões -, o PT carrega consigo um objeto de desejo, que é o Governo passado e o Presidente Fernando Henrique, e fazem a insinuação de que querem investigar Governos passados, como se fôssemos contra. Não! Acreditamos que onde há erros, onde há escândalo, deve ser apurado. Não como eles querem, na remissão dos fatos, começar de dez anos atrás para não se chegar nunca ao momento atual, mas aceitamos, sim; aceitamos apurar os fatos atuais, recentes, que estarrecem o Brasil. E vamos, na seqüência, podendo chegar tranqüilamente até Cabral, que não vai criar nenhuma dificuldade e nenhuma diferença para todos nós.

O que o Congresso Nacional e o que os brasileiros não podem é conviver com farsa dessa natureza ou mesmo apoiá-la. Esse adiamento demonstra o medo e o temor que a Base do Governo tem da apuração dos fatos por essa Comissão Parlamentar de Inquérito. O pânico a cada notícia de que o Deputado Roberto Jefferson fez ou vai fazer revelações é patente na face dos que defendem ou participam do Governo. Há um corre-corre geral pelos corredores e talvez ninguém queira nem sequer ouvir o Deputado carioca nesta Casa.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, infelizmente a reunião da Comissão Mista não foi transmitida para o Brasil agora. Mas, com certeza, à noite, haverá uma transmissão e peço aos brasileiros que vejam. Vejam como se comportam as pessoas, os farsantes que se vestem de democratas, mas que, na hora que precisam, agem como ditadores, que querem, com oportunismo, evitar que os fatos sejam apurados.

Sr. Presidente, essa CPMI envolve uma repartição que é de unidade nacional, com mais de 200 mil funcionários, os carteiros brasileiros que são o orgulho de todos nós; ela não pertence a Governo, ela não pertence ao PT, ela pertence ao Estado brasileiro. Por isso, tudo tem que ser apurado. Esses fatos não podem ir para baixo do tapete, até porque, neste momento, neste instante, não há tapete que suporte a tentativa de cobrir tantas dúvidas e tantas incertezas.

Portanto, finalizando, temos a certeza e a convicção de que na terça-feira, após esta semana de angústia que o Governo viverá, naturalmente com novos fatos lançados pela imprensa, com novas denúncias, o Governo vai reflitir e verá que, para o Brasil e para eles próprios, o melhor é a verdade.

Apelamos, portanto, para o bom-senso, com a tranqüilidade de que a Oposição está serena, a Oposição não quer caça às bruxas, a Oposição não quer derrubar Governo nem tampouco fazer dessa fato um palanque. O que a Oposição quer é ficar consciente com a Pátria, com o dever cumprido e, acima de tudo, com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, representada pelos carteiros, pelos funcionários de baixo escalão, que não tem nada a ver com esse mar de lama.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/06/2005 - Página 19321