Discurso durante a 79ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Protestos contra as manobras do Governo para indicar o Presidente e o Relator da CPI dos Correios.

Autor
Heloísa Helena (PSOL - Partido Socialismo e Liberdade/AL)
Nome completo: Heloísa Helena Lima de Moraes Carvalho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).:
  • Protestos contra as manobras do Governo para indicar o Presidente e o Relator da CPI dos Correios.
Publicação
Publicação no DSF de 10/06/2005 - Página 19324
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).
Indexação
  • PARTICIPAÇÃO, ORADOR, REUNIÃO, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), COMPROMISSO, INDEPENDENCIA, INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO, GOVERNO BRASILEIRO, ATUALIDADE, ANTERIORIDADE, AUSENCIA, APOIO, CONLUIO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB).
  • REPUDIO, OMISSÃO, GOVERNO, CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
  • PROTESTO, ADIAMENTO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), TENTATIVA, MANIPULAÇÃO, ESCOLHA, RELATOR, PRESIDENTE, DESRESPEITO, TRADIÇÃO, REVEZAMENTO, PARTIDO POLITICO.

O SR. HELOÍSA HELENA (P-SOL - AL. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Esse Mão Santa é demais!

Sr. Presidente, Srs. Senadores, eu também quero comentar a reunião de instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito.

Sinto-me muito tranqüila nessa Comissão, porque eu não sou nem da panelinha do PSDB nem da panelinha do PT. Sinto-me muito tranqüila e agirei com muita serenidade e com a contundência que sempre fizeram parte da minha vida, no sentido de aprofundar as investigações sobre os delinqüentes de luxo e os saqueadores dos cofres públicos, sejam eles amigos, filiados, parceiros do Governo Fernando Henrique ou do Governo Lula, para que o povo brasileiro realmente possa entender e desvendar os mistérios sujos da corrupção no nosso País.

Fico num estado, Senador Mão Santa, ad nauseum permanente. Fico com vontade fisiológica de vomitar, quando ouço determinados pronunciamentos de lideranças importantes do atual Governo, que dizem: “Ora, se vai abrir a CPI da Corrupção agora, no Governo Lula, temos de abri-la em relação ao Governo Fernando Henrique”.

Passamos os oito anos do Governo Fernando Henrique - eu o fiz por quatro anos nesta Casa - batendo de manhã, de tarde e de noite no Governo Fernando Henrique, acusando aquele governo de crimes contra a administração pública.

Não tenho dúvida de que o Governo Fernando Henrique patrocinou crimes contra a Administração Pública, e o Governo Lula as acobertou. Isso é que é o pior! A fala do Líder do Governo hoje, na Comissão, foi absolutamente desprezível, assim como a fala no Senado.

Se o atual Governo identificou indícios de crimes contra a Administração Pública no Governo passado, por que não abriu um procedimento investigatório? Por que não mandou que fossem responsabilizados criminalmente os delinqüentes de luxo do Governo passado? E, agora, fica nesse jogo sórdido, quase num conluio desprezível, para dizer “não me investiguem, porque, assim, eu não te investigarei!” Isso é dito como se o espaço público, o patrimônio público fosse um negócio a ser administrado por corriolas de partidos, de quadrilhas, de amigos, de quem quer que seja. Isso é impossível!

A banalização da apropriação indevida do espaço público é algo realmente que tem de dar náusea permanente a qualquer pessoa honesta neste País.

Não consigo acreditar que escuto isso e que as pessoas o verbalizam, Senador Paulo Paim! As pessoas verbalizam que havia crimes contra a Administração Pública no governo passado, e eles os acobertaram. Ora, eles acobertaram crimes contra a Administração Pública do Governo Fernando Henrique, para que agissem em conluio agora, para que acobertassem os crimes de corrupção contra a Administração Pública no Governo Lula.

Realmente, não podemos deixar de registrar este protesto.

Durante toda a tarde, foi feita uma verdadeira marola, uma manipulação para impedir aquilo que é tradição da Casa. Não é constitucional, não é regimental, mas é tradição da Casa que um lado indique a Presidência, e o outro, a Relatoria. É uma política absolutamente desprezível, para fazer com que a CPI seja um sepulcro caiado. Infelizmente, é isso! É a articulação do Governo, com balcão de negócios sujos, com distribuição de cargos, de prestígio e de poder, com liberação de emendas, com “mensalão”, para simplesmente fazer com que a CPI seja um sepulcro caiado: bonitinha e democrática por fora, mas preservando toda a imundice por dentro.

Então, deixamos aqui o nosso protesto.

Estaremos na Comissão Parlamentar de Inquérito agindo com a mais absoluta independência, que é necessária, mas não podemos deixar de fazer este registro.

O conluio de um acobertar o outro é realmente algo absolutamente desprezível. É por isso que o povo brasileiro odeia político. É por isso que o povo brasileiro, se pudesse, certamente jogaria até uma bomba aqui - espero que avisem pelo menos os servidores, para que aqui não estejam no momento em que acontecer isso.

Realmente, ô classezinha desmoralizada é esta classe política! É claro que muitos de nós aqui vivemos de consciência tranqüila, porque não nos vendemos, não colocamos dobradiças nas nossas costas, não estamos parasitando a máquina pública. Mas ô classezinha desprezível! É por isso que ela é, cada vez mais, desmoralizada perante a opinião pública. É o velho sepulcro caiado das aparências, dos “acordões”, da pose, porque ô negócio para ter pose, que é o Congresso Nacional! É tudo uma farsa! Fingem ser do alto clero, quando a estatura moral deles é da ralé do clero, um acobertando o outro, num conluio sórdido e maldito. E o interesse público vai para a lata do lixo.

Fica aqui o nosso protesto. É claro que muitos da Casa têm a consciência tranqüila, graças a Deus, mas realmente esta é uma classezinha desmoralizada!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/06/2005 - Página 19324