Discurso durante a 81ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações ao pronunciamento da Senadora Ideli Salvatti.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EXPLICAÇÃO PESSOAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).:
  • Considerações ao pronunciamento da Senadora Ideli Salvatti.
Publicação
Publicação no DSF de 14/06/2005 - Página 19436
Assunto
Outros > EXPLICAÇÃO PESSOAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).
Indexação
  • ESCLARECIMENTOS, AUSENCIA, VONTADE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), IMPEACHMENT, PRESIDENTE DA REPUBLICA, JUSTIFICAÇÃO, PROXIMIDADE, ELEIÇÃO.
  • COMENTARIO, PERDA, CONFIANÇA, OPINIÃO PUBLICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, CAMPANHA ELEITORAL.
  • CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, TENTATIVA, MANIPULAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), PREJUIZO, INVESTIGAÇÃO.
  • REGISTRO, NOTICIARIO, IMPRENSA, CORRUPÇÃO, PARTIDO POLITICO, NECESSIDADE, INVESTIGAÇÃO, SITUAÇÃO, AUSENCIA, MANIPULAÇÃO, GOVERNO FEDERAL.

            O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR) - Já que é desejo do Senador Pedro Simon, ele acaba de ser citado. Pensar no Senador Pedro Simon para buscar sua inspiração, fruto de larga experiência, sobretudo de conduta ética na política, é uma necessidade de todos nós. V. Exª tem razão, eu tinha pensado em V. Exª para dizer que pena que o exemplo do Senador Pedro Simon não pode servir de orientação para o Governo Lula, para o Presidente Lula, para a base aliada no Congresso Nacional.

            Não falamos em impeachment. Não entendo por que a insistência da Senadora ao imputar ao PSDB esse desejo. Não é esse o nosso desejo.

Lamentamos com muita tristeza e estamos empenhados em investigar os fatos, atendendo a esta conclamação nacional: 86% do povo brasileiro quer a CPI. Mas não podemos, Sr. Presidente, desperdiçar essa oportunidade. Repito: eu não imaginava, vendo o Brasil a deriva, com uma crise moral se abatendo sobre o Congresso, sobre as instituições, sobre os partidos políticos, repito, eu não imaginava que pudéssemos perder essa oportunidade de construir um novo rumo para o nosso País, com respeito à sociedade brasileira.

O PSDB não vai liderar nenhum movimento pró-impeachment porque não haveria tempo. Teremos uma eleição. O processo eleitoral começa daqui a um ano, com as convenções partidárias para escolha das candidaturas, e certamente a discussão do impeachment exigiria um tempo maior.

O que queremos agora é que esse discurso do Presidente da República... Aliás, o Presidente perde credibilidade, perde autoridade, perde liderança exatamente por não cumprir os compromissos da campanha eleitoral. Foram compromissos ignorados, as promessas foram desrespeitadas e, por isso, mais uma vez, damos razão a Winston Churchill: as promessas da campanha se constituem sepulcro do estadista.

Não há como, Sr. Presidente, agora, no momento crucial para a credibilidade das instituições, admitir o Presidente da República falando em apurar, em investigar, em cortar na própria carne e, ao mesmo tempo, manipulando a CPI, impondo nome de relator, de presidente, sinalizando para o desejo de acobertar os fatos que deram origem ao escândalo de corrupção que desenha essa relação de promiscuidade entre o Executivo e o Legislativo.

Aliás, Senador Arthur Virgílio, seria impossível mesmo divulgar tudo o que a imprensa noticiou nesse final de semana; a gráfica do Senado seria incapaz, jornais, revistas, páginas inteiras de denúncias, enfim, não é esse o caso. O que passa exatamente neste cenário, com a liberdade de imprensa prestando esse serviço à Nação: passa a imagem de que partido político hoje no Brasil é uma ferramenta a serviço da corrupção. O partido se organiza para assumir parte do poder e dele se beneficiar com o chamado caixa dois, arregimentando recursos para atender a interesses das siglas e dos seus integrantes. Essa é a imagem que fica, é com essa imagem que não podemos compactuar, é para mudar essa imagem que temos que investigar para valer, e o Governo não pode cometer esse crime contra o próprio processo democrático, maculando-o dessa forma, manipulando uma comissão parlamentar de inquérito, obstruindo para impedir que os resultados finais sejam aqueles que atendem às expectativas da Nação.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/06/2005 - Página 19436