Discurso durante a 81ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Reflexões sobre o dia de amanhã na sessão da CPI dos Correios.

Autor
Sibá Machado (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Sebastião Machado Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).:
  • Reflexões sobre o dia de amanhã na sessão da CPI dos Correios.
Publicação
Publicação no DSF de 14/06/2005 - Página 19446
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).
Indexação
  • REGISTRO, HISTORIA, POLITICA EXTERNA, GOVERNO, GETULIO VARGAS, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, INFLUENCIA, POLITICA NACIONAL, CRISE, DEMOCRACIA.
  • DEFESA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), IMPORTANCIA, HISTORIA, FUNDADOR, EXPECTATIVA, EMPENHO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, EFICACIA, POLITICA EXTERNA, ALTERAÇÃO, POSIÇÃO, BRASIL, EXTERIOR.
  • ANUNCIO, COLABORAÇÃO, ORADOR, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), EXPECTATIVA, RESULTADO, INVESTIGAÇÃO, DEMONSTRAÇÃO, ETICA, GOVERNO FEDERAL.
  • DEFESA, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMENTARIO, AUSENCIA, REFORMA POLITICA, GOVERNO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, MOTIVO, DISPUTA, NATUREZA POLITICA, BANCADA, APOIO, GOVERNO FEDERAL.

O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, faço uma breve reflexão sobre o dia de amanhã, terça-feira. O País inteiro em expectativa, a imprensa, todo mundo. O que vai acontecer terça-feira, amanhã? Sempre vi, na História que pouco consegui ler e entender, o País preocupado em dois momentos: com sua relação externa e com sua administração interna, seus problemas internos.

Voltando a Getúlio Vargas, quando havia crise de liderança no mundo. De um lado, Stalin, lá no Kremlin; de outro, Roosevelt, na Casa Branca. Surgia, então, Mussolini, na Itália, e Hitler, na Alemanha. E o Presidente do Brasil, à época, Getúlio Vargas, ainda em dúvida sobre qual caminho tomaria no auge da Segunda Guerra Mundial, crise brasileira na democracia, efervescência do crescimento do pensamento comunista e uma série de outros problemas. Getúlio Vargas recusava-se a qualquer aproximação com o Kremlin, mas também dava sinal de que não queria se aproximar da Casa Branca. E é claro que se mostrava, em alguns momentos, próximo de Mussolini e de Hitler.

Depois, os sucessivos governos foram se aproximando, cada vez mais, da liderança do pós-guerra, os americanos, chegando à consolidação no Governo Militar. Considero que, naquele momento, ocorreu a aproximação com o grande líder mundial: os Estados Unidos. Mas era o fervor da Guerra Fria...

No Brasil, mais uma vez, a crise da democracia era tônica da política interna. E eu não tenho aqui elementos para discutir com profundidade esse assunto.

Finda essa parte: Governo de José Sarney. Começa ali um outro tipo de perfil. Blocos agora mais voltados a Norte e Sul, entre ricos e pobres. E o Governo de José Sarney voltado para a redemocratização do País. Essa é a principal tarefa. Mas, naquele momento, aponta o Brasil do futuro na sua relação externa, e que era a criação do Mercosul.

A experiência do Governo Collor, eu não quero nem discutir, Sr. Presidente.

Tivemos o Governo de Fernando Henrique Cardoso, cujo pano de fundo era o neoliberalismo no cenário mundial. Crise interna... Uma série de problemas nos mesmos moldes que tratamos aqui hoje. E o Brasil passou por isso.

Os grandes chamamentos da nossa população, Sr. Presidente. Em vários momentos, nossa população foi à rua. Em alguns, pela plenitude da democracia, que foram as Diretas Já, o chamamento pelo voto para Presidente da República e tantos momentos salutar da vida brasileira. E, agora, para o dia de amanhã, aguarda todo o Brasil pelo que acontecerá nessa próxima terça-feira. De uma hora para outra, todas as notícias canalizadas para dizer que o meu Partido, o Partido dos Trabalhadores, perdeu a sua inocência; que o PT perdeu a coerência.

Sr. Presidente, uma das minhas lições de vida é a de que acima da notícia deve estar a consciência da pessoa. Isso era uma lição, da minha velha mãe Arcângela, que gosto sempre de me lembrar. Cada vez que uma notícia chegava para agredir uma pessoa da casa, ou a ela própria, ela dizia: “Acima da notícia, a nossa própria consciência”. Esse é o ponto que trago à discussão hoje: acima de qualquer coisa, estão as nossas consciências.

Ouvi, atentamente, o pronunciamento de V. Exª, em que chamava a atenção de quais seriam os gestos para aquilo que a sociedade gostaria de saber. Não basta ser honesto, dê o sinal de parecer, também, honesto. E eu vejo histórias, brilhantes histórias de militantes que construíram o nosso Partido dos Trabalhadores. Pessoas que dispensam maiores comentários, como José Dirceu, Hamilton Pereira, Conceição Tavares e tantas outras pessoas. Há ainda os que não mas se encontram entre nós para se pronunciar, como Perseu Abramo. Eles sonharam com este Brasil que estamos vivendo.

E, no cenário do Governo Lula, qual é a imagem do Brasil no exterior? É a de um Brasil que desafia. A cadeira do Planalto tem que ter um assento diferenciado na dicotomia, de vinte e cinco anos, de trinta anos, do que foi o império americano perante os países das Américas e perante os países de outros continentes, como Oceania, Ásia e África.

Esse é o caminho do Brasil, do lado de fora, no Governo Lula. Chamo a atenção para o fato de que não é pequeno. É pegar a construção sonhada em 1985 e levá-la para a frente. Amanhã, o Brasil vai querer uma resposta, uma resposta maior.

Sr. Presidente, sempre vou aguardar que qualquer atitude do Congresso Nacional tenha que demonstrar, acima de tudo, a consciência das pessoas. Aguardo que qualquer CPI, que qualquer investigação que esta Casa faça, seja em cima dessa consciência de elucidação dos fatos. É por isso que quero, também, participar dessa CPI, Sr. Presidente. Quero estar atento aos andamentos, quero prestar minha contribuição sobre qualquer assunto que trate do bem do nosso País, do bem de nossas consciências, do bem desta Casa.

Ficarei muito feliz ao saber que chegaremos às vias de fato, ficarei muito feliz ao saber que esta Comissão Parlamentar de Inquérito vai, em curto espaço de tempo, contribuir para a elucidação dos fatos. Agora, levam o Presidente da República a tomar uma atitude. Creio que Sua Excelência não pode tomar nenhuma atitude baseado em pressão. O Presidente da República não pode tomar nenhuma atitude que venha por recados. Sua excelência tem condições suficientes para tomar a atitude que entender ser a melhor. É o Presidente da República. Aguardo qual será sua decisão.

Quero, até, fazer um breve comentário, Sr. Presidente. A reforma política não foi feita no Governo passado, e tenho absoluta certeza de que não foi feita por conta das pressões de colocar “a” ou “b” no cargo “a” ou “c”. Eu acho que o pouco que conheço do Presidente Lula tenho convicção de que tomará a decisão que considerar importante de ser tomada seja na polícia econômica, seja na sua política geral de Governo, seja na reforma ministerial ou seja em qualquer outro tipo de análise que for apresentada.

Diante disso, aguardo para amanhã a instalação de qualquer CPI.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC) - Só um minuto, Sr. Presidente.

Aguardo também, como todo e qualquer cidadão brasileiro, que a partir de amanhã as nossas razões e nossas as consciências prevaleçam. Com certeza, o nosso Brasil vai trilhar pelo caminho sonhado por todos nós.

Quero, para finalizar, quero lembrar aqui de um brilhante acreano, o cronista Aloísio Maia. Eu havia escrito algumas palavras a respeito dele. Pediria a V. Exª que fizesse publicar na íntegra o meu discurso. Aloísio Maia foi o criador de uma pérola na política do nosso Estado. Dizia ele que quem perde a eleição no Acre tem que pegar uma balsa e ir para Manacapuru, no Amazonas. Seria esse o lugar daqueles que perdem a eleição. Como ele sempre se pautou pela existência de uma boa imprensa no Acre, peço a transcrição do meu discurso na íntegra.

 

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, DISCURSO DO SR. SENADOR SIBÁ MACHADO.

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O SR. SIBÁ MACHADO (Bloco/PT - AC. Sem apanhamento taquigráfico.) - Acre Perde o Cronista Aloísio Maia

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o meu Estado perdeu, na última quinta-feira, um dos seus maiores cronistas. Aos 73 anos, o advogado e jornalista Aloísio Maia faleceu vítima de enfisema pulmonar. Ele foi um dos pioneiros da imprensa acreana. Escreveu por muitos anos a coluna Crônica da Cidade, publicada em vários jornais da Capital. Aloísio Maia também foi professor universitário e passou os últimos 15 anos de vida advogando no Município de Brasiléia.

Crônica da Cidade era uma análise bem humorada dos políticos e da política acreana. Nós devemos, também a ele, o folclore político acreano das balsas das eleições. Foi Maia que teve a idéia de criação da popular balsa para a cidade amazonense de Manacapuru. A balsa que, de acordo com o jornalista, ancoraria nos portos do Acre na época das eleições para levar os derrotados em viagem longa e para lugar de difícil acesso. O folclore criado por Aloísio Maia criou raízes rápidas na nossa política, como lembra o jornal Página 20, “que é moda e motivo de brincadeira até para os que assumem que perdem e embarcam nela”.

Também é dele a criação do personagem Madame Janete, a quem Maia recorria quando queria indagar algo sobre um fato da cidade. “Ele sempre escrevia ‘vou perguntar à Madame Janete’ quando ele estava buscando descobrir alguma coisa”, como lembra sua filha, a Desembargadora Izaura Maia.

Por sua contribuição para a política, o jornalismo e a cultura acreana é que apresentamos o nosso voto de pesar à família.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/06/2005 - Página 19446