Discurso durante a 82ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Expectativa por uma nova política de taxa de juros.

Autor
Aelton Freitas (PL - Partido Liberal/MG)
Nome completo: Aelton José de Freitas
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Expectativa por uma nova política de taxa de juros.
Publicação
Publicação no DSF de 15/06/2005 - Página 19628
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • ANUNCIO, DECISÃO, CONSELHO, POLITICA MONETARIA, EXPECTATIVA, ALTERAÇÃO, DIRETRIZ, REDUÇÃO, TAXAS, JUROS, FAVORECIMENTO, CRESCIMENTO ECONOMICO, REGISTRO, DADOS, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE), RETROCESSÃO, ECONOMIA NACIONAL.

O SR. AELTON FREITAS (Bloco/PL - MG. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estamos, hoje, às vésperas de uma nova decisão do Comitê de Política Monetária. Assim sendo, Sr. Presidente, venho manifestar minha expectativa no sentido de que se inicie, de uma vez por todas, uma nova política de taxa de juros, pois os sinais da inadequação dos juros altos às demandas do País já estão suficientemente claros. Se até aqui as insistentes e apropriadas palavras do nobre Vice-Presidente da República, José Alencar, não foram ouvidas, nunca é tarde para reconhecer erros e implementar acertos.

Os efeitos negativos da política de juros altos no desempenho da economia, Sr. Presidente, foram comprovados na semana passada, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, divulgou os números recentes do Produto Interno Bruto - PIB, com destaque para um ínfimo crescimento do PIB de 0,3% de janeiro a março deste ano em comparação com o último trimestre do ano passado.

É inegável, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que as causas da retração dos empresários foram, principalmente, os sucessivos aumentos da taxa de juros promovidos pelo Banco Central nos últimos meses. Desde setembro do ano passado, a taxa Selic, que orienta boa parte dos juros cobrados de empresas e consumidores, aumentou nove vezes consecutivas, Senador Jonas Pinheiro, subindo de 16% para 19,75% e desestimulando planos de incrementos nos negócios, principalmente no nosso segmento, o agronegócio, algo que já fora alertado em verso e prosa pelo nosso Vice-Presidente José Alencar, por todo o nosso Partido Liberal e por presidentes de federações industriais e de agricultura. E a continuar dessa forma, não se repetirá a situação de 2004, quando quase todos os componentes do PIB tiveram resultado positivo. O ritmo de expansão do PIB registrado agora não era tão baixo desde os dois primeiros trimestres de 2003.

Em 2005, Srªs e Srs. Senadores, já são vários os indicadores que refletem o equívoco da política de juros do Banco Central. O consumo das famílias e a produção industrial caíram muito em relação ao último trimestre de 2004, com menos investimentos em compras de máquinas e equipamentos, principalmente agrícolas. O Presidente da Fiesp, Paulo Skaf, já prevê variação negativa de crescimento em caso de manutenção do aperto das taxas de juros, tendo em vista que a indústria, que tradicionalmente é o setor mais dinâmico do PIB, não conseguirá reagir sem um refresco da política do Banco Central.

Ao que parece, infelizmente, a ala desenvolvimentista do Governo tem menos força do que os técnicos do Banco Central, e estamos mais uma vez desperdiçando a chance de experimentar um crescimento maior.

Após a divulgação da pesquisa do IBGE, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Presidente Lula procurou dar sinais bem claros de que, nos próximos meses, a política de juros deverá ter o foco alterado. Como aliado do Governo, estou aqui nesta tribuna, e essa também é nossa expectativa, pois será mesmo preciso uma queda expressiva de juros no segundo semestre para que os investimentos se recuperem pelo menos um pouco e o Brasil possa atingir um crescimento industrial em 2005 entre 4% e 5%, conforme prevê, em caso de queda dos juros, o Presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Deputado Armando Monteiro.

Que os integrantes do Conselho de Política Monetária atendam ao desejo do Presidente Lula e não criem mais um problema para o seu Governo! O combate à inflação é louvável, desde que não sacrifique as possibilidades de crescimento de um país que precisa, mais do que nunca, gerar empregos e renda para a população. O ciclo acelerado e poderoso de crescimento que vem sendo prometido há muito tempo pelo Ministério da Fazenda precisa se solidificar, e o primeiro passo é uma condução mais ousada da política de juros.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/06/2005 - Página 19628