Discurso durante a 83ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do quadragésimo terceiro aniversário de fundação do estado do Acre.

Autor
Geraldo Mesquita Júnior (PSOL - Partido Socialismo e Liberdade/AC)
Nome completo: Geraldo Gurgel de Mesquita Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração do quadragésimo terceiro aniversário de fundação do estado do Acre.
Publicação
Publicação no DSF de 16/06/2005 - Página 19938
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, ESTADO DO ACRE (AC), COMENTARIO, HISTORIA, INTEGRAÇÃO, TERRITORIO NACIONAL, ELOGIO, ATUAÇÃO, PERSONAGEM ILUSTRE, CONGRESSISTA, LUTA, AUTONOMIA.

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (P-SOL - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente.

Srªs e Srs. Senadores, peço permissão para me dirigir diretamente aos meus conterrâneos, que nos assistem pela TV Senado, conterrâneos que hoje comemoram os 43 anos do nosso querido Estado do Acre.

Cinqüenta e nove anos separam o Tratado de Petrópolis, firmado em 1903 entre o Brasil e a Bolívia, incorporando o Acre definitivamente ao Brasil, da Lei nº 4.070, de 15 de junho de 1962, que o elevou à categoria de Estado. Se a epopéia de Plácido de Castro coroou a luta dos que civilizaram aquela porção do território consagrado pelo sangue dos heróis que lutaram de armas em punho para serem reconhecidos como brasileiros, não foi menor nem menos árdua a batalha para conquistarmos o direito de integrar a Federação brasileira.

Outras foram as armas empunhadas pelos autonomistas. Primeiro, as necessárias para vencer o preconceito. Depois, as indispensáveis para superar o pessimismo. Em seguida, as imprescindíveis para sobrepujar o ceticismo. Preconceito, pessimismo e ceticismo sempre foram as armas dos derrotistas. Vencê-los exigiu obstinação, requereu persistência, reclamou tenacidade e perseverança. A plêiade de homens que enfrentaram essa batalha, os chamados autonomistas, merecem, como os obstinados heróis de 1903, nossa gratidão, nosso reconhecimento e a homenagem de todos os acreanos.

À frente desse embate, estava, como Plácido de Castro, que era gaúcho, outro brasileiro, tão acreano como nós, os que lá nascemos: o mineiro de Santo Antônio do Monte, José Guiomard dos Santos. Militar que governou o antigo Território do Acre, abraçou e fez sua a causa que era de todos nós. Representante do Acre na Câmara dos Deputados, travou solitário a batalha em que se empenhou, como se nela comprometesse a própria existência. Obstinado, trilhou o caminho de Sísifo, com a certeza dos que sabem o que querem, com a natureza firme de que são forjados os heróis e com a convicção de quem comandava uma batalha em que tinha a certeza de sair vencedor. Os combates tinham que ser travados em duas frentes. Na da política, nem sempre teve a solidariedade de seus correligionários, mas ganhou a admiração, o respeito e até o auxílio de alguns adversários. Coligiu argumentos, confrontou contestações e, com a paciência dos justos, os venceu, superando os inimigos imemoriais que todos os vencedores têm que arrostar: o preconceito, o pessimismo e o ceticismo dos derrotistas de sempre.

No front da opinião pública, e a seu lado, estavam amigos fiéis, solidários, honrados, íntegros e probos como ele, confiantes na causa que abraçaram, dotados da convicção de que só a autonomia política daria aos acreanos o domínio de seu próprio destino. É dever de justiça lembrar entre eles o nome de Jorge Kalume, que representou o Acre nas duas Casas do Congresso Nacional e a quem coube a glória de dirigir os destinos do Estado em que finalmente transformaram o antigo Território, materializando um velho e acalentado sonho, sempre sonhado. Peço licença para lembrar, ao lado de ambos, o papel exercido por meu pai, Geraldo Mesquita, que, como Guiomard e Kalume, também representou o Estado, tanto na Câmara quanto aqui no Senado, e que, como ambos, também desfrutou da honra de dirigir o Estado em que nasceu. Lembro, ainda, de Edson Martins, Omar Sabino e tantos outros que, com o mesmo empenho e denodo, jogaram-se na tarefa grandiosa da construção do Estado do Acre. Ser descendente de alguém dessa estirpe me enche de orgulho, me reconforta e me faz renovar, a cada dia, os compromissos que eles selaram com o seu povo, que nunca renegaram e nunca decepcionaram.

São três homens de gênio, temperamento e feitios diferentes, mas têm a uni-los o mesmo destino, a mesma têmpera, a mesma índole e o mesmo caráter. O Acre lhes deve um devotamento, uma dedicação e uma abnegação que os fez servos de sua gente, servidores de seu povo e amantes de sua terra.

Já vai longe o tempo heróico das lutas que nos incorporaram ao Brasil e dentro em pouco longe estará também, na memória e no calendário de todos nós, o ano emblemático em que passamos a desfrutar dos mesmos direitos à autonomia política de que já usufruíam nossos irmãos de outros Estados. Nunca se apagará de nossos corações, porém, a faina dos nossos heróis, o nome e a grandeza dos que nos ajudaram a trilhar o caminho da redenção política com que sonharam tantos pioneiros e gerações de lutadores anônimos que fizeram a grandeza de nosso Estado. Por isso, encerro com um tributo à memória do Presidente João Goulart, que, no exercício da mais alta magistratura do País, sancionou a lei que nos garantiu o direito de estarmos aqui representados, como legítimos mandatários do Estado a que pertencemos, onde nascemos e que temos o dever de servir, de honrar e de representar com dedicação, com dignidade e com total devotamento à causa de sua grandeza.

Parabéns a todos os acreanos pelos 43 anos de Estado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/06/2005 - Página 19938