Discurso durante a 83ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o depoimento do Deputado Roberto Jefferson, no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. (como Líder)

Autor
José Jorge (PFL - Partido da Frente Liberal/PE)
Nome completo: José Jorge de Vasconcelos Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).:
  • Considerações sobre o depoimento do Deputado Roberto Jefferson, no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. (como Líder)
Aparteantes
Sibá Machado.
Publicação
Publicação no DSF de 16/06/2005 - Página 19952
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).
Indexação
  • GRAVIDADE, ACUSAÇÃO, CORRUPÇÃO, DEPOIMENTO, ROBERTO JEFFERSON, DEPUTADO FEDERAL, COMISSÃO DE ETICA, CAMARA DOS DEPUTADOS, ESPECIFICAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, CHEFE, CASA CIVIL, PRESIDENTE, TESOUREIRO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PAGAMENTO, PROPINA, MESADA, CONGRESSISTA, APOIO, GOVERNO.
  • CONTRADIÇÃO, DECLARAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, APOIO, INVESTIGAÇÃO, RELAÇÃO, ATUAÇÃO, BANCADA, MANIPULAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), ELEIÇÃO, PRESIDENTE, RELATOR.

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, na verdade, trataremos, aqui, novamente, do grande assunto do dia, da semana, do mês, exatamente a questão da CPI. Na realidade, o Brasil assistiu ontem, abismado e preocupado, ao depoimento do Deputado Roberto Jefferson na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados.

Acho que o Deputado Roberto Jefferson foi muito direto, claro e objetivo. Com sua competência de seis mandatos de deputado federal e de advogado criminalista, conseguiu fazer uma exposição que manteve alerta, escutando, toda a população brasileira. Infelizmente, as acusações que ele fez e as informações que ele trouxe são muito mais graves do que poderíamos pensar num primeiro momento.

Com a sua exposição, todo um roteiro para uma CPI já está pronto.

Ele fez acusações gravíssimas, em primeiro lugar, ao Ministro José Dirceu - acusações que, pouco a pouco, se comprovam. O Ministro José Dirceu é o líder do que se pode chamar de quadrilha, porque, na realidade, é um conjunto de pessoas que se juntam para retirar dinheiro do governo e das empresas estatais.

O PT foi duramente acusado também por meio do seu presidente, José Genoíno, que se comporta como uma espécie de rainha da Inglaterra: aquele que nada sabe, o mais ingênuo, que nunca conversou sobre dinheiro com o Deputado Roberto Jefferson - teve mais de dez conversas com o Deputado Roberto Jefferson e nunca falou sobre dinheiro? Além dele, foram super acusados o tesoureiro do PT, professor Delúbio Soares, e o secretário executivo Silvinho.

A diversos deputados da base do governo, principalmente do PP e do PL, o Deputado Roberto Jefferson disse: “V. Exª recebeu o mensalão e distribuiu o mensalão”. O deputado também se auto-acusou de ter recebido 4 milhões de reais do PT para a campanha eleitoral, uma parcela que seria de 20.

Srª. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, as acusações são do conhecimento de todos. O que todos não sabem é que o Presidente diz uma coisa pelo rádio, diz uma coisa pela televisão e, na verdade, toma outras providências. O Presidente disse em seu programa de rádio: “Não sobrará pedra sobre pedra”. Uma frase forte, mas, infelizmente, apenas uma frase de efeito. Aqui, as lideranças do seu partido estão trabalhando para transformar a CPI dos Correios numa CPI chapa branca.

Desde o início, em todas as CPIs realizadas aqui, o presidente é do governo e o relator é da oposição ou vice-versa. Agora não: agora estão impondo uma CPI em que o presidente e o relator são da base governista. Sendo a maioria já da base governista, que CPI é essa? Para aonde é que vamos com essa CPI?

Ontem, o Senador Delcídio, Líder do PT e candidato a presidente dessa CPI, disse no plenário e disse até na Folha que não queria presidir uma CPI chapa branca - está aqui a notícia de hoje do jornal Folha de S. Paulo: “Delcídio desiste de cargo em CPI chapa branca”. Ele disse o seguinte: “Tive restrição em presidir uma CPI considerada chapa branca”. Na realidade, o Senador Delcídio não quer presidir uma CPI chapa branca e ele tem razão pois vai ficar exposto. Querem que o presidente da CPMI seja o líder de um partido importante como o PT, que, diga-se de passagem, é o partido mais acusado. Quem está sendo acusado, fundamentalmente, é o PT e os parlamentares da base do governo que receberam “mensalão”. O PT é mais do que acusado.

Ele se recusou e, hoje, foi chamado pelo Presidente Lula - já está na Internet. Ele acabou dizendo, em seu discurso na comissão, que, na realidade, foi chamado pelo Presidente Lula para assumir a CPI a fim de não deixar que a oposição assumisse essa CPI.

Vê-se, com isso, que o Presidente Lula tem dois discursos. Tem um discurso para o grande público, um discurso que vai para a televisão e para o jornal, e um discurso que é feito aqui por seus liderados. No discurso para o grande público, diz: “Vamos apurar tudo, vamos cortar na própria carne, não sobrará pedra sobre pedra”. Esse é o discurso que soa como música aos ouvidos da população, mas aqui, internamente, exatamente no lugar onde esse discurso deveria ser realizado, o discurso é diferente, o discurso é do abafa: é para tirar assinatura da CPI ou para indicar pessoas que não assinaram a CPI.

Ora, qual é o princípio de uma CPI? Aqueles interessados em investigar é que devem ser indicados para fazer parte da CPI. Aqui não. O Senador Pedro Simon, um dos melhores Senadores da Casa, um dos mais experientes, mais competentes, não é membro da CPI. E senador com três meses de mandato é membro da CPI, exatamente para facilitar o trâmite dessas investigações.

Meus caros Senadores e Senadoras, na verdade, o que a oposição quer é uma CPI séria, correta.

(A Srª Presidente faz soar a campainha.)

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - Vou encerrar, Srª. Presidente.

Queremos uma CPI que não seja chapa branca. Queremos uma CPI para apurar...

A SRª PRESIDENTE (Patrícia Saboya Gomes. Bloco/PPS - CE.) - V. Exª tem mais um minuto.

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - Muito obrigado. Vou encerrar, Srª Presidente, exatamente...

O Sr. Sibá Machado (Bloco/PT - AC) - V. Exª me concede um aparte?

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - Com muita honra, Senador Sibá. Inclusive, diante da atuação de V. Exª, se depender de mim, V. Exª será o sucessor do Senador Delcídio como Líder.

O Sr. Sibá Machado (Bloco/PT - AC) - Acho que nem tanto! Senador José Jorge, V. Exª tem razão ao se preocupar com a possibilidade de termos uma CPI chapa branca, acho que todos nós estamos preocupados com isso. Mas também queremos que ela não se torne chapa de outra cor, acho que a melhor chapa é a sem cor. Não sei qual é a não-cor, porque achava que a branca era a cor ideal, intermediária a todas as cores.

O SR. JOSÉ JORGE (PL - PE) - Mas chapa branca é aquela que...

O Sr. Sibá Machado (Bloco/PT - AC) - Mas vamos trabalhar para que essa CPI seja, quem sabe, sem chapas, seja a CPI de todos nós, que estamos irmanados com o propósito da investigação direta, objetiva, e de garantir ao Brasil que vão ser elucidados todos os fatos que forem colocados aqui.

O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE) - Pois não. Muito obrigado, Senador Sibá, mas, infelizmente, a CPI já é chapa branca: acabou de ser eleito presidente o Senador Delcídio por 17 a 15; perdeu o nosso candidato, o Senador César Borges.

Lamento, acho que foi uma decisão errada do governo indicar o presidente e o relator de uma CPI - CPI que, a partir de agora, perde a credibilidade, perde a confiança desta Nação. Muito obrigado.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/06/2005 - Página 19952