A SRª LÚCIA VÂNIA (PSDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, gostaria aqui de ressaltar um artigo do jornalista Gilberto Dimenstein, colunista da Folha Online, sob o título “Análise: O Brasil vai bem, obrigado”:

As notícias sobre corrupção são tão impactantes - e recorrentes - que transmitem a sensação de que, no Brasil, ninguém presta e nada funciona. Errado. A verdade é a vitalidade de um país, e não sua decadência moral.

Essa enxurrada de denúncias só existe porque, primeiro, a democracia brasileira pode funcionar mal, mas funciona cada vez melhor. Temos cada vez mais mecanismos de apuração, a começar de uma imprensa investigativa, independente; disseminaram-se controles orçamentários pelo aprimoramento do controle de gastos políticos; fortaleceram-se instituições como o Ministério Público.

A população, mais educada e atenta, cobra, exige, acompanha. Não deixa passar. O governo é obrigado a se explicar e planejar mais ações de transparência.

Mesmo com toda essa crise, a economia ainda não se abalou, o que mostra um amadurecimento das instituições.

Ou seja, tudo parece péssimo, mas a verdade é que estamos bem.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, encerrada a votação que elegeu o Senador Delcídio Amaral Presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investigará os Correios, parte o Congresso Nacional para um novo e importante momento.

Eu gostaria de cumprimentar o Senador César Borges, que representou as Oposições na disputa pela Presidência da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito. S. Exª representou, em nome do PSDB, do PFL e do PDT, o desejo que as Oposições tinham de um revezamento naquela Comissão. Não conseguindo se eleger por apenas um voto, quero aqui registrar a elegância com que S. Exª conduziu todo esse processo; a elegância, a determinação, a correção, porque é conhecido nesta Casa como um homem probo, honesto, trabalhador, competente e responsável.

Começamos, a partir de agora, a responder aos questionamentos que a sociedade brasileira há de nos fazer, por intermédio de todos aqueles que integram essa CPMI. Acima dos interesses partidários e das emoções que certamente hão de aflorar nos momentos mais cruciais, os Srs. Parlamentares não poderão perder de vista o interesse maior da Nação.

Há muito a esclarecer e, com certeza, não será em poucos meses que as respostas surgirão.

Isso não deve servir, no entanto, para que se desestabilizem dois dos pilares que tornam tão firme a nossa democracia: o Congresso Nacional e o Poder Executivo, que, ao lado do Poder Judiciário, formam a base institucional sobre a qual se assenta a Nação.

Nossa história é farta de exemplos como esse a que hoje estamos assistindo. Exemplos que mostraram o lado mais negativo da vida política brasileira.

Mas faço questão de salientar aquilo que me parece um dos fatos mais relevantes deste momento que estamos vivendo: em meio a toda esta crise, nossa população dá um verdadeiro exemplo de maturidade.

É o povo quem nos mostra que, acima das disputas políticas e das denúncias que se acumulam a cada dia, não podemos prescindir da democracia, tão duramente conquistada.

As eleições em todos os níveis, a Carta Magna que ampliou os direitos constitucionais, são exemplos de que representamos um povo que não deseja abrir mão da estabilidade nacional e da garantia de que está legitimamente representado por aqueles que integram esta Casa.

Não queremos, por outro lado, que a população abra mão de seu direito fiscalizador.

Nos meses em que essa Comissão realizar seu trabalho, certamente os olhos da Nação estarão voltados para o Congresso Nacional.

A partir de agora a sociedade estará duplamente atenta aos desdobramentos dos fatos, sem aceitar manipulação de informações, esperando isenção de todos os responsáveis pela investigação que inicia seu curso.

Neste momento, Sr. Presidente, em que a crise política toma tanto espaço na vida nacional, cabe ao Executivo e ao Legislativo aceitar as cobranças da população, agindo com a transparência exigida para respondermos todos à expectativa nacional, à expectativa do povo brasileiro, que ainda continua esperando e acreditando.

Muito obrigada, Sr. Presidente.