O SR. TEOTONIO VILELA FILHO (PSDB - AL. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo a tribuna desta Casa neste momento para registrar o artigo publicado no jornal Gazeta Mercantil, edição de ontem, dia 1º de junho, sob o título “Cai popularidade de Lula e do governo”.

            O texto, de grande lucidez e precisão, apresenta análise da pesquisa CNT/Sensus, demonstrando que o desgaste do Governo Lula, refletido nos índices desfavoráveis divulgados, é o resultado da percepção popular sobre o delicado momento que esse governo atravessa, marcado pelas denúncias de vários focos de corrupção, o que confirma o recrudescimento desta perigosa praga que envergonha o povo brasileiro.

Concluindo, Sr. Presidente, considerando a importância do referido artigo, solicito nos termos regimentais, que seja considerado o seu inteiro teor como parte integrante do meu pronunciamento, para que conste dos Anais do Senado da República.

Como outro assunto, quero dizer que sou instado a vir a esta tribuna neste momento para tecer algumas considerações sobre o lamentável, mas necessário, depoimento do Deputado Roberto Jefferson, no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, na tarde de ontem.

            O Brasil inteiro ouviu. Foram mais de sete horas de depoimento, com revelações chocantes, com a reafirmação de denúncias inquietantes. O Brasil inteiro ouviu. O Governo foi ferido, gravemente ferido, apesar dos esforços visíveis de preservação da figura do Presidente da República. O PT foi fulminado, apesar das declarações de dirigentes que pretendem compensar a indigência de argumentos com a elevação do tom de voz. E a classe política toda, o Congresso inteiro foram igualmente destroçados com as revelações e com as acusações do Deputado Roberto Jefferson. O Presidente da República tinha razão: não ficaria pedra sobre pedra. Pena que esse desmonte não foi promovido por medidas saneadoras do Governo, mas pelo depoimento acusador do Presidente do PTB.

A única saída é a apuração cabal, definitiva, que não deixe qualquer sombra de dúvidas de todas, rigorosamente todas as denúncias do Deputado Roberto Jefferson. A atitude de tentar desqualificar as denúncias com o argumento pueril de que ele não tem gravações ou documentos escritos é muito mais uma atitude de avestruz, que só depõe contra o Governo e seu Partido, contra os Partidos e Parlamentares envolvidos. O Congresso, particularmente o Senado não pode coonestar, em momento algum, com essa tese risível de quem apenas quer esconder a verdade.

Não importa a condição em que o Deputado Jefferson compareceu ao Conselho de Ética da Câmara. Ele ofereceu ao Brasil e, particularmente, ao Conselho e à própria CPI dos Correios um roteiro completo de investigações e uma lista acabada de pessoas a ouvir e investigar. O Deputado não poupou detalhes, datas, horários, valores, num depoimento que chocou pela segurança com que foi proferido e pela absoluta verossimilhança do que foi dito. Não se pode emitir qualquer juízo de valor sobre o deputado e seu depoimento, muito menos sobre os que foram acusados dentro e fora do Congresso, fora e dentro do governo. Mas é absurdo tentar desconhecer o que se disse, pior ainda, o que se repetiu à exaustão. A própria Imprensa está tratando de comprovar o que se falou.

Pouco importam, também, as motivações do Presidente do PTB, se agiu com ódio do PT, que não cumpriu ou não cumpre acordos, se por vingança contra o Ministro, que o abandonou. Não importa, ele falou. O Brasil inteiro ouviu. Só o Governo parece não ouvir. O Governo, infelizmente, até agora não conseguiu avaliar a extensão da crise em que se envolveu: crise de credibilidade, de ética, de transparência e de moralidade, que invadiu os gabinetes mais próximos do Presidente da República. O Governo, como o seu Partido, infelizmente fazem de conta que não é com eles.

Mas esse Senado, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tem que ser responsável. Foi conosco, sim. Toda a classe política está sob suspeição, quer se goste ou não. A saída, a única saída é apurar tudo. Rigorosamente tudo. E punir a todos, rigorosamente todos. O Brasil não admite contemporizações. E não vamos admiti-las também. CPI já.

Era o que tinha para dizer neste momento,

Obrigado!

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR TEOTONIO VILELA FILHO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Cai popularidade de Lula e do Governo.”