Discurso durante a 84ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Reitera confiança na condução do País pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Posicionamento favorável à aprovação da reforma política. Críticas ao autoritarismo dos dirigentes do PPS que cancelaram a filiação de S.Exa. ao partido.

Autor
Patrícia Saboya (PPS - CIDADANIA/CE)
Nome completo: Patrícia Lúcia Saboya Ferreira Gomes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. REFORMA POLITICA. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Reitera confiança na condução do País pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Posicionamento favorável à aprovação da reforma política. Críticas ao autoritarismo dos dirigentes do PPS que cancelaram a filiação de S.Exa. ao partido.
Aparteantes
Aelton Freitas, Alberto Silva, Aloizio Mercadante, Ana Júlia Carepa, Antonio Carlos Magalhães, Antônio Leite, Cristovam Buarque, Eduardo Azeredo, Efraim Morais, Fernando Bezerra, Flexa Ribeiro, Garibaldi Alves Filho, Geraldo Mesquita Júnior, Heloísa Helena, Heráclito Fortes, Ideli Salvatti, José Agripino, José Jorge, João Batista Motta, João Capiberibe, Lúcia Vânia, Ney Suassuna, Pedro Simon, Reginaldo Duarte, Romeu Tuma, Tasso Jereissati.
Publicação
Publicação no DSF de 17/06/2005 - Página 20115
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. REFORMA POLITICA. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • REGISTRO, CONFIANÇA, CAPACIDADE, PRESIDENTE DA REPUBLICA, SOLUÇÃO, CRISE, NATUREZA POLITICA, BRASIL, MANIFESTAÇÃO, APOIO, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL.
  • ANALISE, IMPORTANCIA, REFORMA POLITICA, ESPECIFICAÇÃO, FIDELIDADE PARTIDARIA, REFORÇO, PARTIDO POLITICO, COLIGAÇÃO PARTIDARIA, FINANCIAMENTO, CAMPANHA ELEITORAL, DEFESA, URGENCIA, AMPLIAÇÃO, DEBATE.
  • REPUDIO, CONDUTA, DIRIGENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO POPULAR SOCIALISTA (PPS), ACUSAÇÃO, AUTORITARISMO, AFASTAMENTO, ORADOR, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA.
  • REGISTRO, DIVERGENCIA, OPINIÃO, ORADOR, DECISÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO POPULAR SOCIALISTA (PPS), OPOSIÇÃO, GOVERNO FEDERAL.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero, antes de mais nada, agradecer à Senadora Heloísa Helena por ter me cedido o seu tempo para fazer um pronunciamento que considero importante para a minha vida.

Costumo, Sr. Presidente, dirigir-me a esta tribuna para falar das questões sociais que tanto afligem a nossa população, sobretudo me debruçando sobre o tema das crianças e dos adolescentes. Hoje, porém, quero tratar de outro tema igualmente importante para o Brasil. Eu gostaria, para isso, de pedir licença a V. Exª e aos meus colegas Parlamentares, para, a princípio, desta vez, dirigir-me diretamente ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Presidente Lula - permita-me assim chamá-lo -, V. Exª foi sagrado nas urnas como depositário da esperança de milhões de brasileiros, esperança na reconstrução ética, moral, social e econômica do País, esperança na adoção de uma agenda pública voltada para redução das gritantes desigualdades sociais, da pobreza e da miséria que, infelizmente, ainda assolam grande parte e a maioria da nossa população.

Assim como os eleitores brasileiros, gostaria de aqui afirmar que confio em Vossa Excelência. Confio na sua capacidade de liderar o processo que levará a essas transformações com que sonhamos há tantos anos. Afinal, Vossa Excelência sentiu na própria carne essas privações por que passa a maioria do povo brasileiro. Viu seus sonhos de criança muitas vezes serem interrompidos pela dura e cruel realidade. Foi obrigado, como tantos nordestinos, a abandonar sua terra natal e a ir para a cidade grande em busca de melhores condições de vida.

Vossa Excelência sabe o que é a pobreza. Vossa Excelência sabe o que é a miséria. Vossa Excelência sabe o que é passar fome. Vossa Excelência sabe, certamente, o que é ver sua casa desabando de madrugada, sem ter para onde ir. Vossa Excelência sabe o que é a tristeza e o sofrimento de uma família que não tem sequer o que comer. Vossa Excelência sabe de tudo isso, não porque leu nos livros ou nos romances brasileiros, mas porque vivenciou essas experiências.

Portanto, Presidente Lula, todos nós que confiamos em Vossa Excelência contamos com a sua força na superação de obstáculos para vencer a atual crise política, que assusta o País, mobiliza muitas vezes o Governo e envergonha o Parlamento.

Temos de reconhecer que, como nenhum outro governo, este tem combatido firmemente a corrupção, com a ação vigorosa da Polícia Federal, que já desbaratou diversas quadrilhas que agiam em diferentes órgãos da Administração Pública.

É verdade, estamos expondo as nossas feridas, mas talvez isso seja bom para que a sociedade brasileira saiba o que está acontecendo. Não temos interesse algum em acobertar qualquer mal que esteja acontecendo, de pessoas de qualquer partido, inclusive do seu próprio Partido. Mas não há dúvida de que precisamos ir mais fundo nessa cruzada. Precisamos investigar, com determinação, força e coragem, todas as denúncias apresentadas até agora, mesmo que isso signifique, como bem disse Vossa Excelência, “cortar na própria carne”, porque, como Vossa Excelência sabe, uma crise só é bem administrada quando é resolvida às claras. Por isso, Presidente Lula, temos de encarar essa crise não como uma porta que se fecha e, sim, como uma janela que se abre, para que possamos jogar luzes nos porões da política brasileira.

No entanto, tenho convicção de que só vamos conseguir abrir essa janela ultrapassando barreiras, como o fisiologismo, a corrupção e a defesa de interesses pessoais espúrios, se enfrentarmos um desafio que é estrutural. Refiro-me à urgência de discutirmos, com serenidade, mas com rapidez e profunda seriedade, a reforma política. E essa discussão não se pode restringir aos momentos pré-eleitorais ou aos momentos de crise.

Os especialistas são unânimes em afirmar que já não dá mais para conviver com as atuais regras do jogo político-eleitoral. O sistema do jeito que está abre brechas para práticas como o constante toma-lá-dá-cá, que deixa a população cada vez mais desiludida com a classe política.

Prestei muita atenção, na semana passada, no pronunciamento da Senadora Heloisa Helena, em que dizia, fortemente - com certeza, era algo que vinha do seu coração, como é seu costume, ao se pronunciar nesta Casa -, que entende quando a população, às vezes, diz que sente certo nojo ou até certo asco em relação a todos nós, políticos.

Compreendemos isso, porque, quando abre os jornais, quando assiste aos programas de televisão e ouve o rádio, o que a população vê, o que a população ouve é sempre denúncia de corrupção. É triste, por exemplo, ter de ouvir um filho meu, o Ciro, que aqui está, dizer que não agüenta mais ouvir, pela televisão, notícias sobre quem rouba mais ou quem rouba menos, sobre quem corrompe ou quem é corrompido.

Por isso, sinto-me na obrigação de estar aqui hoje falando a cada uma das Srªs Senadoras e a cada um dos Srs. Senadores que é preciso que nos debrucemos sobre a reforma política, para que o futuro dos nossos filhos seja mais digno, para que eles, em vez do sentimento de vergonha que muitas vezes têm de nós, políticos, possam ter orgulho. Quem sabe, será construído um caminho para que, no futuro, essa juventude de hoje possa servir de exemplo de uma política séria, de uma política com “P” maiúsculo, de uma política que realmente se importe com as pessoas mais pobres, mais sofridas e mais excluídas do nosso País.

Sabemos que o assunto é polêmico, mas, por outro lado, a matéria já vem sendo discutida no Congresso Nacional há pelo menos uma década. Portanto, os debates estão relativamente amadurecidos. Há pontos de convergência que podem dar um pontapé inicial nessas tão necessárias transformações.

A fidelidade partidária, por exemplo, foi aceita por boa parte dos Senadores quando o assunto foi analisado nesta Casa. Essa ferramenta importantíssima no fortalecimento dos partidos políticos ajudaria a evitar o troca-troca de legendas por motivos casuísticos, além de ser uma aliada de peso na luta contra as negociações de varejo, que muitas vezes acontecem entre o Executivo e o Congresso. Com partidos mais fortes, caminharemos para um cenário em que as negociações poderão se dar em torno das idéias e dos projetos para o País.

Outro ponto que obteve boa aceitação foi a chamada federação partidária, que contribui para a governabilidade na medida em que prevê a criação de coligações mais duradouras, que não poderão desfazer-se antes de três anos. Já os debates em torno da cláusula de barreira, do financiamento público das campanhas e do sistema eleitoral, também fundamentais para a reforma política que queremos fazer, ainda não obtiveram consenso entre os parlamentares. Precisamos, portanto, aprofundar essas discussões, trazendo para a arena do Congresso Nacional a relevante contribuição de especialistas e de entidades da sociedade civil.

Fui encarregada pelo Presidente desta Casa, Senador Renan Calheiros, de coordenar uma comissão de acompanhamento dos procedimentos relativos à reforma política, ao lado do Senador Ramez Tebet e do Senador Wirlande da Luz. Sei que já há acordo entre o Presidente Renan Calheiros e o Presidente Severino Cavalcanti para que esses projetos sejam votados com urgência.

É preciso conhecer as regras que deram certo e as que deram errado nos sistemas políticos em diversos países, pavimentando a estrada para o aprimoramento das nossas propostas.

Por fim, Sr. Presidente, gostaria de fazer uma ponderação a respeito de um dos itens da reforma política.

Como já disse anteriormente, é imprescindível fortalecer os partidos, mas precisamos ficar atentos para que o fortalecimento dos partidos se guie pelos princípios democráticos, não pela burocratização e pelo aparelhamento das máquinas partidárias.

Eu mesma, Srªs e Srs. Senadores, tenho sendo vítima desses exageros. Como todos têm acompanhado, a direção do PPS vem lançando mão dos mais diversos artifícios para afastar aqueles que não pensam como o Presidente do partido, o Deputado Roberto Freire.

Quero deixar bem claro aqui que a atitude dos dirigentes do PPS ao longo desse processo tem sido, acima de tudo, autoritária e arbitrária. Cancelaram a minha filiação, enviando ofícios ao Senado sem o meu conhecimento prévio e já fazendo a comunicação, pasmem Srªs e Srs. Senadores, ao Tribunal Regional Eleitoral do Ceará, o meu Estado. Tudo isso aconteceu sem que o comitê de ética do nosso partido tivesse a oportunidade de se pronunciar a respeito da questão e sem que me fosse sequer concedido o amplo direito de defesa que me garante o regimento interno do partido e a própria Constituição.

            Sr. Presidente, acho que sou reconhecida nesta Casa e por onde já passei como uma pessoa ponderada. Não falo como uma qualidade minha, mas é o que ouço dos meus colegas parlamentares. Uma pessoa conciliadora, mas que luta e luta até o fim pelo entendimento. Mas peço-lhes hoje para fazer um desabafo.

            Meus filhos Yuri e Ciro estão aqui; fizeram questão de estar comigo porque, desde que fui eleita Vereadora, me acompanharam em todos os momentos, no corpo a corpo, nas ruas, no porta a porta, pedindo à população do meu Estado que me desse uma oportunidade para me eleger Vereadora, meu primeiro mandato, por Fortaleza, aquela cidade tão linda e querida que tanto amo.

Como disse no início, quero que meus filhos tenham orgulho de mim, que não tenham vergonha se, na escola ou na faculdade, alguém disser ou generalizar que os políticos não prestam, que são corruptos ou ladrões, porque eles conhecem a minha história desde o princípio. Conhecem, acompanham, torcem por mim e discutem cada decisão que tomo, Sr. Presidente. É com eles que encontro o amparo para ser forte, para ser fiel aos meus princípios; amparo para que possa prosseguir e lutar por aquilo em que acredito, a vontade de dizer a verdade, a verdade do que sinto, a vontade que tenho de poder falar o que penso. São eles, Sílvia, Ciro e Yuri - a Lívia não está aqui, mas está nos assistindo neste momento - que me garantem essa força, a fortaleza em todos os momentos da minha vida, não apenas nos momentos públicos, de exposição, mas evidentemente também nos momentos pessoais, que cada um de nós, homens e mulheres, passa durante a nossa vida.

Entrei de cabeça erguida no PPS e quero sair de cabeça erguida. Saio de cabeça erguida, com a certeza do meu dever cumprido. Não aceito e não vou aceitar de ninguém patrulhamento ideológico. A época da ditadura já se foi, foi vencida.

Deputado Roberto Freire, V. Exª deveria se lembrar muito bem dessa época, em que tantos foram torturados, em que tantos foram obrigados a abandonar o nosso País para lutar para que hoje nós tivéssemos uma sociedade democrática em que todos tivessem o direito de falar aquilo que pensam, e mesmo discordar, dentro do seu próprio partido, daquilo que a sua orientação maior, que é o Presidente, possa ter.

Mas eu não tive esse direito, Sr. Presidente. Eu não tive sequer o direito de me defender. Vi e descobri que fui afastada do meu Partido pelo site do PPS. Esta Casa, por meio do Presidente Renan Calheiros e do Secretário-Geral da Mesa, Dr. Raimundo Carreiro Silva, foi que me comunicou do cancelamento da minha filiação, e isso não é justo nem democrático.

Lembro tão bem que, em tantos anos que estou no PPS, sempre o Presidente Roberto Freire termina suas cartas ou ofícios dizendo: “saudações democráticas”. Saudações democráticas? Se isso é democracia, eu acho que o Presidente precisa conhecer melhor a nossa história ou talvez esteja esquecido e precise ser lembrado. Esse tipo de saudação não pode ser uma saudação democrática de quem não aceita o contraditório, de quem, por interesses pessoais ou por vaidade, expulsa os seus companheiros sem sequer lhes dar o direito de resposta ou sem sequer lhes dar o direito de poder tratar sobre o contraditório.

Nós tivemos, no meu partido, um candidato à Presidência da República, o hoje Ministro Ciro Gomes; perdemos as eleições, uma disputa difícil, que todos os brasileiros acompanharam. Mas não saímos de cabeça baixa. No primeiro momento apoiamos o Presidente Lula porque acreditávamos que esse era o momento de apoiar o partido e um homem que conhecia a realidade brasileira. Assim, foi decidido no congresso do PPS que apoiaríamos o Governo do Presidente Lula. Mas, ano passado, em dezembro, sem reunir o congresso, numa reunião do diretório, no Rio de Janeiro, a direção do partido resolveu que precisávamos sair do partido, que este Governo estava acabado, que este Governo não tinha mais sentido e que deveríamos sair do partido. Não concordei e discuti na reunião do meu partido, lutei por aquilo em que acredito, porque ainda acredito, porque acho que é possível construir uma sociedade mais justa e porque acredito no Presidente Lula, mesmo com todas essas dificuldades e a crise que estamos vivendo. Acredito que o Presidente Lula já tem feito e fará muito mais para que possamos esclarecer todas as coisas, todas as desconfianças que hoje pairam na cabeça de todos os brasileiros. E que assim, com tranqüilidade, o País possa continuar a sua caminhada.

Um partido, Sr. Presidente, deve ser como uma família, como uma casa. Quantos de nós discutimos com nossos filhos, nossos companheiros e nossas companheiras quando temos um dilema e quando não concordamos? Num partido, fazemos amigos e tenho aqui dois grandes amigos que estão comigo, o Deputado Lupércio e o Deputado Júlio Delgado. E falo também em nome do Deputado Benedito de Carvalho Sá, conhecido por B. Sá, do Piauí. Eles estão aqui em solidariedade porque estão vivendo a mesma situação, porque pensam diferente, porque lutam por outra história que talvez não seja aquela pela qual o Presidente do nosso partido esteja lutando. Eles estão aqui e me autorizaram a dizer desta tribuna que também saíram do PPS por não agüentarem mais a ditadura que foi imposta na direção do meu partido.

Quero agradecer porque eles não são só companheiros de partido. Serão meus amigos eternamente e eu já tenho tido muitas demonstrações - e quero dizer isso em seu nome, Júlio, que já foi Líder da nossa bancada e, com muita honra, orgulho e preparo, conseguiu fazer com que a nossa bancada pudesse se destacar na Câmara dos Deputados.

Quero agradecer a sua gentileza de hoje estar aqui ao meu lado.

O Sr Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Senadora Patrícia Saboya, V. Exª me concede um aparte?

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (PPS - CE) - Ouço V. Exª, Senador Eduardo Azeredo com muito prazer.

O Sr Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Senadora Patrícia, somos testemunhas da sua atuação eficiente e competente, que pude acompanhar mais de perto durante a CPI que examinou a exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil. Seguramente, seus filhos, que aqui estão, podem se orgulhar da mãe que têm, do trabalho que V. Exª realiza aqui e da sua atuação parlamentar. A questão partidária, bem enfocada por V. Exª, mostra que nós precisamos, sim, de uma reforma política no Brasil. Permita-me a audácia, mas quero dizer a V. Exª, publicamente, que o PSDB a receberia de braços abertos para se filiar ao nosso partido. Muito obrigado.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Muito obrigada, Senador Eduardo Azeredo.

Passo a palavra ao Senador Tasso Jereissati, meu conterrâneo e orgulho de todos nós, cearenses.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Tem que fazer uma listinha, Senadora.

O Sr. Tasso Jereissati (PSDB - CE) - Sou sempre suspeito ao fazer qualquer intervenção sobre V. Exª, por ser bastante conhecida a amizade, o afeto, o carinho e o respeito que tenho por V. Exª. O trabalho que V. Exª construiu aqui nesta Casa hoje é reconhecido praticamente por todos os Senadores. É bom reconhecer - e seus filhos que estão aqui ouçam - que muitas pessoas nos perguntavam, quando chegamos juntos aqui, numa campanha que fizemos juntos, se V. Exª era a ex-mulher do Ministro Ciro Gomes. E, hoje, tome cuidado o Ciro, porque ele pode passar a ser conhecido como o ex-marido da Senadora Patrícia, pelo trabalho, pelo respeito, pela personalidade que V. Exª tem demonstrado e pelo seu nível de independência. Portanto, eu queria dizer que esse gesto - que eu lamento - de violência que foi praticado para mim não é muita surpresa, apesar de eu reconhecer pessoas sérias e honestas no PPS de hoje. Mas, todos esses partidos - e que isso sirva de lembrança ao escolher o seu próximo partido - que têm na sua origem uma formação bolchevique, mesmo que já tenham tentado se libertar desse totalitarismo, têm quase atavicamente a tendência de não aceitar contraditórios a cúpulas dirigentes do esquema partidário. Isso se dá com todos esses partidos que têm como raiz essa formação bolchevique. E tenho certeza de que, nessas armadilhas durante o seu caminho, que será muito mais brilhante do que já foi até agora, V. Exª não vai cair novamente. E sou suspeito, mas V. Exª sabe muito bem que eu sonharia tê-la ao meu lado no nosso PSDB do Ceará, para fazermos um caminho que fizemos tão bem juntos até agora, nessa última campanha. E eu, como muito mais velho do que V. Exª, apenas poderia assistir ao seu caminhar para frente, aplaudindo entusiasticamente, como expectador, os passos que eu tenho certeza V. Exª pode dar daqui para a frente. Por isso, esse convite formal do Presidente do Partido fica aqui reiterado publicamente por um companheiro, por um amigo e, mais do que tudo, pelo grande admirador de V. Exª.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Obrigada, Senador Tasso Jereissati. Agradeço sempre as suas palavras tão gentis e carinhosas comigo. Certamente, temos muito o que conversar. V. Exª tem sido a maior liderança do nosso Estado, um grande conselheiro nas horas difíceis, principalmente do meu mandato e da minha vida. É com V. Exª que sempre procuro conversar. Mesmo sendo de partidos opostos, mesmo estando eu apoiando o Governo e V. Exª na Oposição, é com V. Exª que certamente eu tenho conversado.

E, mesmo no momento em que fui convidada pelo Líder do Governo Aloizio Mercadante para compor a Vice-Liderança aqui no Senado, foi com V. Exª que conversei, e sei que V. Exª sempre torceu e torcerá por mim, sempre me tem dado a luz necessária para continuar no caminho da retidão, da seriedade e da esperança por um Brasil cada vez melhor.

Muito obrigada, Senador Tasso Jereissati.

O Sr. Aloizio Mercadante (Bloco/PT - SP) - Permite-me V. Exª um aparte?

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Pois não, Líder do Governo, Senador Aloizio Mercadante.

O Sr. Aloizio Mercadante (Bloco/PT - SP) - Eu queria, em primeiro lugar, dizer que V. Exª falou poucas vezes da tribuna, mas, em todas as vezes, a resposta do Plenário foi esta: praticamente todos os Senadores se levantaram para aparteá-la e expressar um pouco o sentimento de cada um. Sinceramente, não consigo entender como um partido político pode abrir mão de uma Senadora cujo mandato conseguiu marcar o País, sobretudo na defesa dos interesses das crianças e adolescentes, trabalho que foi feito à frente daquela CPI, de trazer para a agenda nacional um tema oculto, da opressão mais perversa que pode existir contra uma criança ou um adolescente, que é o abuso sexual. Eu pergunto como é que um partido pode abrir mão de um mandato e de uma Senadora que, tenho certeza, todos os partidos que vão falar hoje nesta Casa vão convidar para se filiar a eles. Inclusive, a nossa Bancada já discutiu isso em reunião, e é a unanimidade da Bancada do PT. O Presidente do nosso Partido, assim como o Presidente do PSDB, Senador Eduardo Azeredo, e o Senador Tasso Jereissati, que conhece V. Exª há tanto tempo, expressaram o sentimento do PSDB. São dois partidos que disputam politicamente, mas que sentem que esse mandato cabe num Partido como o PT, como cabe no mandato do PSDB, como caberá no PMDB ou em qualquer outro partido importante deste País. Eu não consigo entender como um partido não consegue enxergar o mandato, os votos que foram depositados na confiança daquele partido por ter aberto espaço para lideranças como V. Exª e como o Ministro Ciro Gomes, que projetaram o partido nacionalmente, fizeram o partido ser muito maior do que ele sempre foi, porque foi um partido marcado por atitudes pequenas ao longo da história, no seu passado, não no passado histórico do PCB. Quando o PPS foi criado, havia uma grande expectativa de ser realmente uma mudança de atitude. O partido estava se abrindo, num tempo novo da política internacional. E há muitos companheiros de muito valor no PPS, mas eu realmente não consigo entender que decisão é essa. Quero terminar somente dizendo duas coisas: aqueles que se denominam esquerda, que, desde a Revolução Francesa, sentam-se à esquerda no sentido da disputa por uma sociedade mais justa, uma sociedade sem discriminação, uma sociedade em que a igualdade de direitos possa ser colocada, têm valores que são fundamentais na transformação da história da humanidade. E há um setor da esquerda libertário, combativo, um setor da esquerda que carrega uma resistência e uma trajetória muito importante. Agora, nessa trajetória da esquerda, há uma prática stalinista. E o stalinismo talvez tenha sido a pior deformação de alguns partidos de esquerda. Eu não posso fazer essa acusação ao PPS, mas essa atitude expressa um pouco parte dessa cultura. Não tem o direito de defesa, não tem o direito ao debate político, não tem a instância partidária reunida para deliberar, não tem tido sequer uma comissão de ética para fazer o debate político interno, para uma decisão política. Realmente, penso que o partido perde muito, mas V. Exª ganha, neste momento, com a grandeza da sua atitude, sem nenhum rancor, expressando publicamente seus sentimentos, sua história. Termino dizendo o seguinte: tê-la como Vice-Líder do Governo é uma honra. E é uma honra maior ainda, nos momentos de dificuldade, ver uma atitude de coragem e de firmeza, porque oportunismo também é uma coisa que passa, e a credibilidade se constrói nos momentos difíceis. E V. Exª, seguramente, está construindo mais uma página de credibilidade na sua biografia. Parabéns.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Obrigada, Senador Aloizio Mercadante. Para mim é que é uma honra poder estar a seu lado na Vice-Liderança do Governo nesta Casa e poder contribuir, evidentemente que pouco, mas dando o melhor de mim, daquilo que acredito. E V. Exª tem sido certamente um grande guia nessa direção, para que possamos construir juntos também este País, para que seja um País justo e digno para todos os brasileiros. V. Exª tem uma história de luta marcada no Brasil, no seu Estado e traz essa experiência para esta Casa. Portanto, eu é que tenho muito orgulho em estar ao lado de V. Exª.

Ouço, com prazer, o Senador Ney Suassuna.

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Senador Ney Suassuna, a Mesa só faz um apelo, entendendo todas as razões de consideração afirmativa pela Senadora Patrícia Saboya e a importância do pronunciamento dela: que os Srs. Senadores tenham o poder de síntese, favorável à oradora.

O Sr. Ney Suassuna (PMDB - PB) - Esse é o meu estilo, Sr. Presidente. Normalmente, sou sintético.

Nobre Senadora, eu tive o privilégio de ser Vice-Líder concomitantemente com V. Exª. Aprendi a admirá-la talvez até mais do que os antigos companheiros, porque, para mim, foi uma novidade muito agradável. Quero dizer a V. Exª que, em termos de convite, o PMDB foi o primeiro a fazê-lo. Fiz o convite quando os argentinos estavam aqui. No Partido, há 22 Senadores que a admiram, assim como a admira e a ama todo o Plenário desta Casa.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Obrigada.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O Sr. Ney Suassuna (PMDB - PB) - Lamento que isso tenha ocorrido. Estamos solidários. Com toda a certeza, V. Exª continuará brilhando nesta Casa, com o nosso apoio sempre.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Muito obrigada, Senador Ney Suassuna. V. Exª sempre tem uma palavra gentil e carinhosa, mesmo nos momentos difíceis, em que temos a oportunidade de discutir, na Vice-Liderança, assuntos tão importantes para o País. Muito obrigada a V. Exª.

Concedo um aparte ao Senador Romeu Tuma.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Muito obrigado, Senadora. Procurarei ser breve. Manifesto o carinho e a admiração que tenho por V. Exª e registro a doçura e a firmeza com que trata os assuntos que lhe são destinados nesta Casa. Ressalto a firmeza e o caráter de devoção com que presidiu a CPI em defesa das crianças que sofrem tortura sexual, às vezes para poder comer. V. Exª, emocionada, mas firme, conseguiu levar os trabalhos até o fim, mesmo enfrentando vários obstáculos. Não conseguiu nem apoio da Segurança para levar adiante e denunciar o crime que era praticado com o desconhecimento de vários cidadãos. Eu já admirava V. Exª quando era Primeira-Dama - várias vezes fui ao seu Estado -, e passei a admirá-la pelo exemplo de Parlamentar que nos dá. Aqui, a senhora não representa Partido contrário nem ao Senador Tasso Jereissati nem a nenhum de nós, porque V. Exª está no Partido do Coração, o Partido da Alma, do interesse por um Brasil melhor. Eu queria dizer que o orgulho que a senhora sente dos seus filhos, eu sinto dos meus. Tenho quatro. Um deles é Deputado Federal e um outro, Estadual. E agora ele me ligou para lhe transmitir sua solidariedade, pois ele entrou para o Parlamento eleito pelo mesmo Partido de V. Exª e teve de abandoná-lo pela ditadura das decisões que eram tomadas pelo representante em São Paulo. Eram inaceitáveis, e ele não conseguia, democraticamente, expor seus pontos de vista. Então, receba a solidariedade do Deputado Romeu Tuma Júnior nesta tribuna, com seus colegas do Ceará e do Piauí.

A SR.ª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Muito obrigada, Senador Romeu Tuma. V. Ex.ª acompanhou de perto nosso trabalho na CPI; muitas vezes, tive que recorrer a V. Ex.ª para nos ajudar para que a Polícia pudesse, o mais rápido possível, desbaratar aquelas redes. Graças a Deus, esse trabalho da Polícia Federal começa a acontecer, graças a um trabalho feito não por mim, mas por todos aqueles que fizeram parte da nossa CPI e que tiveram a vontade, a coragem e a paixão por essa causa que é de todos nós.

Receba também o meu abraço. Quero agradecer por suas palavras tão carinhosas e pelas de seu filho. E que a gente possa continuar nessa luta. Ouço com muito prazer e com muito carinho a Senadora Heloísa Helena. Me permita, Senadora Heloísa Helena, eu não a considero apenas uma Senadora, mas também uma amiga de horas tão especiais.

A Srª Heloísa Helena (P-Sol - AL) - Minha querida Senadora Patrícia Saboya! Pat! Só eu posso chamá-la assim, porque senão isso fica muito feio (risos). Você estava aqui - viu, Tasso, ela agora é mais minha amiga do que sua, disputo com o PSDB até nisso, embora seja amor antigo (risos) -, do meu lado, com a mãozinha fria, os olhinhos cheios de lágrimas, com sua meninada ali. E eu ficava lembrando um processo muito recente que passei. Claro que, se dependesse da meninada lá de casa, eu tinha dado um grito muito grande e tinha ido embora. Não teria nem enfrentado o processo que enfrentei. Mas, tenha certeza, Senadora Patrícia: agradeça a Deus pela maldita e fria carta burocrática. Pior são os açoites, as humilhações, a intolerância, a truculência das comissões de ética. Quando fui até à Comissão de Ética, fui porque fazia questão de olhar no olho de todos aqueles que estavam lá naquele imenso auditório de um hotel maravilhoso, bem diferente dos auditórios com os quais convivi na militância. Eu queria ver aqueles mesmos que antes gritavam para mim, com alegria: “Chegou a eterna líder!”, isso e aquilo outro; que lá estavam para levantar o crachá votando minha expulsão. Então, agradeça a Deus. Siga seu coração. Na dúvida - digo sempre -, siga o coração. Este é um momento de dor, de sofrimento, de humilhação, mas agradeça a Deus pela fria, maldita carta burocrática no lugar de um processo infame de açoites, de humilhações e intolerância que os tais conselhos de ética, que de ético nada têm, marcam a alma e o coração de uma pessoa. E tenha certeza, minha querida amiga Patrícia, há aquele poema do Ledo Ivo, que várias vezes falei aqui. Da mesma forma que há o Regimento do Senado, que temos de saber porque senão somos engolidos nessa desgraceira aqui toda, há o mais belo regimento, que é o do Ledo Ivo: “Eis o regimento do mundo: relâmpagos e raios antes das flores e dos frutos”. Isso é que é maravilhoso. Que Deus a proteja. Que Nossa Senhora a acalente. Que seus filhos lhe dêem carinho agora. Pensa bem, com serenidade, sem correria, sem nada. Que Deus a abençoe. Que todas as amizades e o carinho que conquistou nesta Casa sirvam de oxigênio. E não apenas nesta Casa. Mas que, por cada menininha e menininho que você defendeu na Comissão Mista, que tratava de um tema gravíssimo, que é a exploração das meninas, dos meninos, das crianças deste País, da pedofilia, você leve no seu coração o oxigênio, as lágrimas e o sorriso, e a força que deu para eles, que se viram representados na sua luta cotidiana aqui. Uma beijoca muito grande. Muitas felicidades. E pense nisto: “Eis o regimento do mundo: relâmpagos e raios antes das flores e dos frutos”. Uma beijoca.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Obrigada, Senadora Heloísa Helena.

O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA) - Senadora Patrícia, permita-me um aparte?

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - V. Exª sabe de coração o que sinto. V. Exª partilhou comigo esses momentos fora daqui, momentos difíceis. Só posso dizer amém pelas suas palavras.

Muito obrigada.

Senador Cristovam Buarque.

O Sr. Cristovam Buarque (Bloco/PT - DF) - Senadora Patrícia, vou falar menos para a senhora do que para as pessoas que estão ns ouvindo, porque imagino que, neste momento, devam existir pessoas angustiadas, achando que quem sai de um partido sai do Senado e morrendo de medo que a senhora saia da luta que a caracteriza aqui, pelo Ceará, pelas crianças e pela educação. Além disso, há pessoas que mudam de partido; a senhora está saindo de uma sigla. O seu Partido vai continuar, que é o seu Estado, que é o Nordeste, que é o Brasil, que são as crianças, as meninas e os meninos sob exploração sexual e aquelas crianças sem educação. Então, independentemente para onde a senhora vá, V. Exª vai continuar no Senado. Isso, em primeiro lugar, para que todos saibam, sobretudo as crianças do Brasil. Em segundo lugar, para qualquer sigla que a senhora vá, no momento oportuno, V. Exª vai continuar no mesmo partido. Como militante de um Partido, ou de uma sigla, ou como independente, a senhora vai estar no mesmo Partido que é o Partido das Crianças e, nesse Partido, eu estou com a senhora. Só queria lhe dizer isso.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Muito obrigada, Senador Cristovam Buarque, V. Ex, que é uma referência para todos nós, brasileiros, pela luta que vem travando ao longo da sua vida como um grande administrador e, certamente, dentre nós, o maior defensor da educação brasileira. Eu agradeço por conviver com V. Exª e poder aprender tanto. Muito obrigada por suas palavras.

Ouço a Senadora Ideli Salvatti com muito prazer.

A Srª Ideli Salvatti (Bloco/PT - SC) - Senadora Patrícia, eu queria dizer a V. Exª, em primeiro lugar, do orgulho que nós, mulheres, temos da sua atividade aqui no Senado. Eu acho que todas as mulheres se sentem profundamente contempladas na sua atuação. Das Parlamentares desta Casa, V. Exª é a que mais tem a ver com aquilo que normalmente se espera das mulheres. Ou seja, a doçura, o jeitinho manso, a maneira sutil de fazer. Assim, se há alguém que tem um perfil extremamente feminino neste plenário, com certeza é V. Exª, Patrícia. Mas todo esse seu jeitinho, toda essa sua doçura é acompanhada de uma firmeza como eu acho que poucos homens, neste plenário, já demonstraram. Essa forma de fazer com jeitinho e com doçura em nenhum momento eliminou toda a decisão, toda a firmeza necessária na condução da CPMI de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Há outro ponto muito forte em sua maneira de ser. V. Exª é reconhecida sem nunca ter desqualificado ninguém. V. Exª se apresenta, com seu jeito suave, com seu jeito macio e firme, e faz com que todos sejam sempre valorizados. V. Exª nunca se afirma desqualificando, desconsiderando ninguém. Quero dizer-lhe que é com muita emoção que acompanhamos sua decisão. Nós a respeitamos e esperamos que V. Exª encontre o melhor local, o melhor ambiente. Partido é isso mesmo, partido é pedaço. Se V. Exª está bem naquele pedaço, se comunga, se tem a mesma maneira de pensar, de agir e de conduzir-se coletivamente naquele partido, naquele pedaço, fica, caso contrário, muda. É uma pena. O PPS perdeu, talvez, a mais doce e mais firme Senadora que algum dia poderia ter. Como não poderia deixar de ser, as quatro mulheres do PT vão ficar muito felizes se V. Exª for a quinta.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Obrigada, Senadora Ideli Salvatti. V. Exª foi nossa Líder e tão bem nos dirigiu, nos orientou. Para mim é uma honra, um orgulho muito grande receber essas palavras vindas de V. Exª. Tenho certeza de que são palavras firmes, sinceras, palavras de quem conhece o meu estilo de fazer política, o meu estilo de falar o que penso. Realmente não gosto de desqualificar ninguém, porque acho que todo mundo tem o direito de ter a sua própria opinião. Mas busco, às vezes de forma intransigente, esse entendimento, para que no final possamos ter um resultado positivo. E V. Exª trabalhou muito na liderança e nos guiou a todos. Muito obrigada pelas palavras.

Ouço o Senador Geraldo Mesquita com prazer e com honra.

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (P-SOL - AC) - Não lhe chamo de Pati como a Senadora Heloísa, mas lhe chamo de minha querida amiga Patrícia, Senadora da República. Falo aqui em meu próprio nome e em nome de uma pessoa que lhe quer um bem enorme.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Sem Partido - CE) - Minha professora Adísia?

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (P-SOL - AC) - É a professora e jornalista Adísia Sá, minha tia. Tenho certeza de que a Adísia, se tivesse tido uma filha, que ela não teve, essa filha teria que ser ou V. Exª ou alguém muito parecido com V. Exª, tal o apreço e o carinho que ela lhe tem.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Sem Partido - CE) - Obrigada.

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (P-SOL - AC) - Nós dois passamos por momentos muito semelhantes. Também há pouco tempo vivi a situação de ter que me desligar do meu ex-partido. Não foi nada fácil, não foi nada agradável. Eu estava ouvindo o Senador Mercadante fazer aquela pergunta que ficou no ar: como é que se exclui de um partido uma Senadora como V. Exª? E eu aqui, respeitosamente, me atreveria a responder ao Senador Mercadante dizendo que, não vou nem entrar no mérito do que representou todo esse imbróglio entre V. Exª e seu Partido porque não me cabe julgá-lo. É algo restrito a V. Exª e a seu Partido. Mas fiquei com a impressão de que, no método, reproduziu-se o exemplo que a Senadora Heloísa Helena protagonizou no PT. Responderia ao Senador Aloizio Mercadante, fazendo a mesma pergunta: como é que se exclui de um partido uma Parlamentar como a Senadora Heloísa Helena e como V. Exª, que goza do respeito, da estima e da admiração não apenas do povo da sua terra, como do Brasil. O método - fixo-me nele - é extremamente desagradável. Bati de frente com a imposição do pensamento único, que é extremamente desagradável. No ano passado, vivi uma experiência muito parecida com a de V. Exª, de ter sido excluído de um fórum, de um ambiente sem ter tido, de parte de quem promoveu o ato, a delicadeza de ser comunicado. Aqui também falo respeitosamente. No ano passado, ainda fazia parte do PSB e, portanto, da Base de sustentação do Presidente Lula nesta Casa, e, por conseguinte, era membro da Comissão de Assuntos Econômicos - CAE. Nela votei sistematicamente as proposições de interesse do Governo e, quando manifestei a minha disposição de votar contra o projeto das PPPs, fui alijado da Comissão e não recebi da Líder do Bloco, Senadora Ideli Salvatti, e do próprio PT uma comunicação pessoal, não recebi sequer um tchau. Eu também fui comunicado nos corredores. Eu estava indo para a Comissão, um funcionário me perguntou: “V. Exª vai para onde?” Eu digo: “Eu vou para a CAE”. “V. Exª já não faz parte mais da CAE”.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (P-SOL - AC) - Esse fato me aproxima muito de V. Exª. O outro também, a saída de um partido. Que coisa traumática, Senadora! É algo de que tento me recuperar até hoje. Como V. Exª diz, eu hoje me encontro num Partido onde olho para as companheiras e os companheiros, sinto-me, de fato, numa grande família, sinto-me em casa, sinto-me num ambiente em que se discute democraticamente os assuntos, sinto-me em um ambiente em que podemos divergir - isso é uma coisa importante do processo democrático. Então, a par de me solidarizar com V. Exª, recomendo - se posso lhe recomendar algo - que não se abata com isso. Não se abata. Eu estou com a minha consciência absolutamente tranqüila. Eu deito todo dia, durmo e ronco. Sei que V. Exª também se sentirá assim porque conheço seu caráter, conheço sua postura...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (P-SOL - AC) - ...como uma pessoa pública da maior grandeza deste País...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (P-SOL - AC) - ...que honra este Senado, honra esta Casa e honrará sempre. Quero me solidarizar, desejar a V. Exª que seja feliz na sua caminhada política. Abrace as causas que V. Exª tem abraçado, com o denodo, com paixão, com orgulho e com amor, que todos nós estaremos aqui lhe aplaudindo.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Obrigada, Senador Geraldo Mesquita.

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Senadora Patrícia, eu apenas gostaria de solicitar aos Srs. Senadores que tentem colaborar no tempo dos apartes para que outros Senadores possam também apartear V. Exª.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Senador Geraldo Mesquita Júnior, V. Exª foi uma das primeiras pessoas com quem tive a oportunidade e o privilégio de conversar, até pelas ligações afetivas que temos na mesma terra, com a Professora Adísia Sá. Enquanto V. Exª falava, eu me lembrava do meu primeiro discurso nesta Casa, em que falávamos mais uma vez do carinho e da admiração dessa grande mulher, que orgulha também todos nós cearenses.

(Interrupção do som.)

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - V. Exª, certamente, aprendeu muito cedo com a Professora Adísia Sá os ensinamentos que o acompanham, que lhe seguem e, certamente, irão lhe acompanhar pelo resto da vida. Suas palavras são muito importantes neste momento delicado para mim. Muito obrigada.

Ouço, com prazer, o Senador Antonio Carlos Magalhães.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - Eu pedi ao Senador Tasso Jereissati que manifestasse aqui o meu apoio a V. Exª, prezada amiga e notável Senadora, mas acredito que S. Exª não o tenha feito.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Fê-lo pessoalmente.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - Em meu nome também?

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Também.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - Então, peço desculpas. Conseqüentemente, manifesto tudo aquilo que S. Exª disse e mais alguma coisa no sentido da falta que V. Exª faria à bancada à qual pertencia. Creio que V. Exª dará um passo mais certo vindo para a bancada nossa, que se dá muito melhor com seu pensamento. Muito obrigado, Excelência.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Muito obrigada mesmo, Senador Antonio Carlos Magalhães, pelas suas palavras.

Senador Pedro Simon, com muito orgulho e prazer ouço V. Exª.

O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Perde muito o partido do qual V. Exª se retira. Falta sensibilidade, falta espírito público e falta a visão de um chefe partidário da qualidade daqueles que compõem a vida de seu partido. V. Exª, desde que chegou aqui, vem se impondo à admiração e ao respeito de toda a Casa. O trabalho que V. Exª vem desenvolvendo a favor dos menores e dos explorados talvez seja dos mais meritosos e bonitos já feitos por esta Casa. V. Exª, que, sabíamos nós, já tinha uma obra social no Ceará, em Fortaleza, tem aqui a oportunidade de demonstrar tudo o que representa, em termos de pureza, de dignidade e de grandeza. Penso que vivemos realmente uma hora muito confusa. O meu próprio amigo, companheiro Roberto Freire, vive uma hora confusa. S. Exª saiu de um partido, foi para um outro partido em que, na tentativa de crescer, tem aliados os mais variados. Apoiou o Governo Fernando Henrique, e já agora acredita que não deve apoiar o atual. Creio que o atual Governo tem muitos equívocos e muitos erros. Mas temos até a obrigação de torcer para que ele dê certo, porque será ruim para o País se ele não der certo. Então, impedir que V. Exª colabore, ajude, desenvolva não tem lógica, não tem explicação. Penso que o partido poderia, muito tranqüila e serenamente, fechar um olho e deixar que V. Exª desenvolvesse uma atuação, dizendo: “Nosso partido tem uma posição, mas reconhece que a nossa companheira está ajudando para melhorar, e é bom que ela faça isso.” Agora, expulsar do partido, sem avisar, sem dar direito de defesa a uma Senadora da República com uma atuação excepcional, não fica bem. Não fica bem para a classe política. Vivemos uma fase engraçada. De um lado, há Parlamentares que pulam de partido, de galho em galho - só no início deste Parlamento, mais de 150 mudaram de partido, e há quem tenha mudado quatro vezes. Fazemos força no sentido de que um companheiro fique no partido e de que este tenha tradição e história. E V. Exª é expulsa do seu partido, sem o mínimo de explicação? Não há explicação. V. Exª tem ainda mais do que antes o carinho, o afeto, a admiração desta Casa. E eu, de modo muito especial, tenho uma admiração extraordinária por V. Exª, pela sua luta pessoal, pelas vitórias que V. Exª teve, sobrepujando-se a tudo e a todos, impondo-se à admiração e ao respeito. Tenha certeza de que, seja qual for o caminho que escolher, V. Exª haverá de ter a compreensão, o apoio e a solidariedade das mulheres e dos homens de bem do Ceará e do Brasil. Um abraço muito grande a V. Exª.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Senador Pedro Simon, eu estava aqui procurando alguma palavra, alguma frase para lhe agradecer. V. Exª é certamente a luz desta Casa. Quando cheguei aqui, deparei-me com casos difíceis de se resolverem. E não sinto vergonha quando tenho dúvida. Tenho dúvida, muitas vezes, em votações polêmicas. Lembro-me de que, na primeira delas, sentei-me ao seu lado, pedi-lhe a sua opinião, e V. Exª me deu um conselho importante que guardarei para o resto da vida.

Portanto, fiz questão de lhe pedir - confesso - para vir aqui hoje me ouvir, porque o simples fato de saber que V. Exª está neste plenário já me dá um grande conforto e uma grande segurança. Muito obrigada por tudo.

Ouço o aparte do Senador Heráclito Fortes e, em seguida, do Senador Flexa Ribeiro.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Senadora Patrícia Gomes, o Senado lhe presta aqui hoje, nesta tarde, uma homenagem que é maior do que qualquer punição sem direito a defesa que V. Exª recebe na vida pública. Não faça disso uma ferida; não faça disso uma cicatriz; passe por cima. A vida é assim mesmo. Ouvi, por exemplo, a Senadora Ideli, figura em quem sempre me inspiro, dizer que V. Exª era doce, suave, meiga. Mas não foi essa a característica que V. Exª impôs nesta Casa; e sim a da brava guerreira, lutadora, determinada, que enfrenta às vezes até a saúde pessoal em benefício de causas em que acredita. Daí por que V. Exª, desde o primeiro momento, marcou um lugar definitivo no Senado da República. V. Exª pode inclusive se dar ao luxo, pela manifestação que recebeu aqui, de ser uma Senadora suprapartidária. A Senadora Heloísa Helena diz que o Presidente Fernando Henrique é o sonho de consumo de um partido só; V. Exª é o sonho de consumo de todos os partidos. Qual partido não quer tê-la? Todos querem.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Muito obrigada.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Tenho o privilégio e a felicidade de ser de um Estado vizinho ao de V. Exª, e parece que a ligação do Ceará com o Piauí é tão grande que não temos muro, fronteira ou divisão. O espirro de um Estado vira gripe no outro. Portanto, a minha admiração por V. Exª vem do que escuto no Piauí através dos ecos mandados pela Ibiapaba. Aliás, V. Exª é produto de uma saga política iniciada pelo Tasso há alguns anos. E a primeira vez em que ouvi falar de S. Exª não foi do Tasso propriamente, mas de um galeguinho de olhos azuis que vinha chegando aí. Veio para ficar. Plantou e vem colhendo frutos ao longo do tempo. Portanto, digo a V. Exª que saia desse episódio com cabeça erguida. Não é preciso olhar para trás; olhe para frente. Aliás, aprendi na vida que muitas vezes é muito melhor um homem em pé do outro lado do rio do que de cócoras ao nosso lado. Fique à vontade e seja feliz.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Obrigada, Senador Heráclito Fortes. V. Exª também tem sido um grande companheiro e amigo. Muitas vezes recorro à experiência de V. Exª nesta Casa. Posso considerá-lo também um companheiro de grandes momentos. As palavras de V. Exª são muito importantes. Elas muito me sensibilizam. Muito obrigada realmente.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - É de coração.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Eu sei que é de coração. Tenho o mesmo carinho por V. Exª. Muito obrigada mesmo.

(A Srª Presidente faz soar a campainha.)

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Peço desculpas ao Senador Flexa Ribeiro, que está pedindo a palavra há algum tempo. Não vi porque fiquei olhando para o outro lado.

            Muito obrigada pela paciência, Senador Flexa Ribeiro, a quem ouço com muito prazer.

O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - Senadora Patrícia Saboya Gomes, V. Exª não deve desculpas a ninguém, muito menos a mim. A solidariedade que todos os seus pares lhe prestam neste momento é de toda a Nação brasileira, que nos assiste por meio da TV Senado. Tenha certeza disso. Este momento que V. Exª vive não deve ser de lágrimas. Não as derrame neste instante. V. Exª tem uma alma iluminada. Sou novo neste Plenário e tenho muito a aprender. Eu não imaginava entrar na vida política e já seguia o exemplo do seu Estado, dessa...

(Interrupção do som.)

A SRª PRESIDENTE (Heloísa Helena. P-SOL - AL) - Todo o tempo que V. Exªs entenderem necessário, Senadora Patrícia Saboya Gomes.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Obrigada, Srª Presidente.

O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - ... dessa Liderança nacional que é o Senador Tasso Jereissati. A sua presença nesta Casa legislativa, o Senado Federal, engrandece a todos nós. Tenho a honra de sentar-me ao lado de V. Exª. Aprendi a admirá-la e a respeitá-la pela sua bravura e sua ternura. O Senador Heráclito Fortes disse que V. Exª é brava. É brava mas sem perder a ternura, a candura, que encanta a todos nós. Seus filhos têm muito que se orgulhar de V. Exª. Na minha casa, a minha família lhe admira muito, por sua postura no Senado Federal, defendendo suas posições em favor dos projetos sociais, sua bandeira nesta Casa. Vá em frente, Senadora Patrícia Saboya! Não esmoreça, pois a Nação brasileira vai, com certeza, estar a seu lado e Deus vai continuar iluminando o seu caminho, que é, com absoluta certeza, de um futuro brilhante. Que Deus a abençoe!

A SRª PATRICIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Amém, Senador! Muito obrigada. Também conheço V. Exª há pouco tempo, mas contei com seu apoio em todos os momentos em que precisei de V. Exª. Portanto, agradeço o carinho, a ternura, a força com que V. Exª se pronunciou. Tenho certeza de que as lágrimas são por hoje, mas amanhã haverá de me ver este Plenário novamente sorrindo e esperançosa de construir um país cada vez melhor. Muito obrigada.

A SRª ANA JÚLIA CAREPA (Bloco/PT - PA) - Senadora Patrícia Saboya, quero apenas lembrá-la de que estou aqui.

A SRª PATRICIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Ouço, com prazer, o Senador Aelton Freitas e, em seguida, a Senadora Ana Júlia Carepa.

O Sr. Aelton Freitas (Bloco/PL - MG) - Senadora Patrícia Saboya, já não cabem mais palavras de elogios, verdadeiros, dos nobres colegas, mas eu não poderia deixar de trazer o meu abraço, a minha solidariedade, e de dizer que tropeções às vezes nos fazem correm um pouco, mas empurrões nos fazem correr muito mais. Não entendi o erro estratégico do seu ex-Partido, onde erraram, onde pecaram. Quero manifestar solidariedade a V. Exª e ao meu nobre conterrâneo Júlio Delgado, que tem não apenas a sua história própria, mas tem um berço, o exemplo de seu pai, Tarcísio Delgado, uma história na política, principalmente no meu Estado. Quero dizer que sempre acompanho os passos de V. Exª nesta Casa. Faço parte da maioria das Comissões, juntamente com V. Exª, e sei que o seu trabalho é digno de uma Senadora que representa não só o Estado do Ceará, mas que também representa muito bem este País. Força, muita fé e conte sempre com este companheiro.

            A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Muito obrigada, Senador Aelton Freitas. Tenho contado com V. Exª desde que cheguei a esta Casa. Somos companheiros em diversas Comissões, em que V. Exª tem-se destacado pelo trabalho que vem realizando. Portanto, ouvir as suas palavras é um momento muito especial, de gratidão, para mim. Muito obrigada.

            Ouço, com prazer, o Senador José Agripino, Líder do PFL, a quem agradeço por estar aqui hoje. Obrigada, Senador.

O Sr. José Agripino (PFL - RN) - Senadora Patrícia Saboya Gomes, eu não me perdoaria se não tivesse conseguido chegar a tempo de fazer esta manifestação. Hoje foi um dia atribulado, pois houve o lançamento da refundação do meu Partido, que está tendo a humildade de se reciclar, de fazer uma nova plataforma, de se apresentar ao País com uma proposta de centro reformista. Ainda assim, tive a oportunidade de dar uma escapada e de vir até aqui para lhe dar uma palavra. Estou sabendo que o seu Partido, que merece respeito, está com uma atitude, que não compreendo, de lhe excluir dos quadros do PPS. Essa situação talvez lhe tenha criado incômodos e constrangimentos. Sei que esses fatos são dolorosos. Com certeza absoluta, mesmo depois das manifestações que ouviu dos seus colegas, S. Exªs não disseram ainda o que vou dizer. V. Exª é tida neste Plenário como uma pessoa competente, que deveria falar mais, que fala o necessário e é, acima de tudo, uma doce pessoa que consegue tudo pelo seu talento, pela sua competência e pela sua forma de ser. Não sei o que se passou na cabeça do seu partido de lhe liberar dos quadros do PPS, não entendo. V. Exª disse que vai continuar fiel ao Presidente Lula, mas quero aqui ousar. O nosso Partido se orgulha da sua ação. Eu, Senadora Patrícia, ando na rua hoje e as pessoas me tratam tão bem, me cumprimentam com tanta efusão, me estimulam e me incentivam a dizer o que digo desta tribuna que me animo a lhe convidar a ingressar nos quadros do Partido da Frente Liberal. Sabe por quê? Porque V. Exª é uma patriota, V. Exª quer o melhor para o Brasil. Se quer o melhor para o Brasil - o que tenho certeza que quer -, venha para cá para trabalharmos. Não é para desestabilizar governo nenhum, não, mas para mudar para muito melhor. Então, fique com a palavra do seu conterrâneo vizinho, do Rio Grande do Norte, que lhe tem a mais profunda estima, que lhe tem muito apreço e que admira muito a sua forma de ser, franca e sincera. V. Exª é uma pessoa que fala pouco, mas age bem, é firme, decidida, não tem duas conversas, é um quadro de boa qualidade. Se quiser, venha para cá que a esperamos de braços abertos.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Senador José Agripino, V. Exª certamente me orgulha muito com este convite.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Peço a palavra pela ordem, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Pela ordem, tem a palavra o Senador Pedro Simon.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Estamos aqui em uma sessão muito emotiva, levando nosso carinho, nosso afeto à querida Senadora. Agora, o nobre Líder do PFL abusou. Se é para dizer isso, quero dizer que nós do PMDB a recebemos de braços abertos e tenho certeza de que todos aqui fazem suas as palavras do Líder do PFL. S. Exª a Senadora Patrícia Saboya tem liberdade para escolher.

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Com a palavra a Senadora Patrícia Saboya Gomes.

Peço aos nobres Senadores a síntese do aparte.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Muito obrigada, Senador Pedro Simon. Obrigada, Senador José Agripino. Vocês não sabem como estou feliz e acalentada por tantos companheiros e companheiras desta Casa me dizerem palavras tão delicadas.

Agradeço ao Senador José Agripino. Fiz questão de convidá-lo para este momento porque V. Exª é uma referência para o País. Tive o privilégio de conhecê-lo antes mesmo de ser Senadora. V. Exª é uma referência na administração que pôde fazer no seu Estado, Rio Grande do Norte. Tive também o privilégio de conhecer não mais a Dona Anita, mas a Anita, que foi minha colega, primeira-dama, minha companheira de tantas lutas e batalhas pelo social. Agradeço muito as suas palavras. Elas são muito especiais. Muito obrigada.

Peço permissão aos Senadores que já estavam inscritos para pedir ao Senador Alberto Silva que faça uso da palavra.

O Sr. Alberto Silva (PMDB - PI) - Minha cara Senadora, eu me convidei. Quando eu estava acompanhando a sessão e vi do que se tratava, vim até aqui para trazer nossa solidariedade. Neste momento, quem está falando é um cearense honorário. Tenho votação da Assembléia Legislativa do Ceará, por unanimidade, transformando-me em cidadão cearense honorário. Mas não é isso que quero dizer. Tenho uma ligação muito forte com a sua família. O seu avô foi um dos grandes e talentosos cearenses de Sobral e, com ele, tive entendimentos muito importantes para o desenvolvimento da sua terra. Sinto-me muito feliz de ter trabalhado oito anos no Ceará e de ter podido eletrificar o Estado inteiro, e a sede era em Sobral, hoje uma bela cidade, a sua cidade, penso eu. Mas não se trata disso. Trago-lhe a minha solidariedade porque V. Exª nesta Casa é um exemplo de tudo o que já se disse. Em resumo, V. Exª é uma Senadora que honra esta Casa. Repito o convite do Senador Pedro Simon, como Presidente regional do meu Partido no Piauí, seu vizinho: venha para o PMDB, que nós a receberemos de braços abertos.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Obrigada, Senador Alberto Silva. Sua experiência, seu trabalho, sua honestidade e sua seriedade são motivo de orgulho para todos nós brasileiros, não apenas para o seu Estado. V. Exª tem sido o nosso guru, a nossa grande liderança nesta Casa. Agradeço muito a V. Exª pela sensibilidade e pelas palavras sempre tão doces e gentis.

Muito obrigada.

Ouço, com prazer, o Senador Fernando Bezerra.

O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

Vou repetir o que disse o Senador Pedro Simon, dizendo à Senadora Patrícia Gomes que o convite feito pelo Presidente Eduardo Azeredo do PSDB é unanimidade na Bancada.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Obrigada, Senador Flexa Ribeiro.

Ouço, com prazer, a Senadora Ana Júlia Carepa.

A Srª Ana Júlia Carepa (Bloco/PT - PA) - Obrigada, Senadora Patrícia. Vou ser repetitiva ao falar de suas características. Convivi com V. Exª, desde os primeiros momentos, em várias comissões, na Comissão de Assuntos Sociais, na CPMI da Exploração Sexual, e sei que V. Exª é uma pessoa firme, absolutamente firme quando há necessidade de denunciar, mas não é capaz de caluniar ninguém. Fiquei feliz de poder conviver com V. Exª como Parlamentar. Nós nos orgulhamos de ter uma mulher como V. Exª no Senado. A Senadora Ideli já falou que toda a Bancada do PT ficaria muito feliz de tê-la ao nosso lado, mas as mulheres em especial, porque V. Exª vem somar-se às quatro mulheres Senadoras do nosso Partido. Fico feliz mais ainda, Senadora, porque tive o prazer e a felicidade de ter convivido com V. Exª, com sua permissão, não apenas no Senado. Testemunhei a sua capacidade, a sua competência, o seu jeito aguerrido, a sua determinação de tentar mudar uma coisa que principalmente para nós, mulheres e mães, é tão dura: a exploração sexual de nossas crianças e adolescentes. V. Exª me permitiu também conviver com a sua família, com o que há de mais rico para nós: os filhos, como também com sua mãe e seus irmãos.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Senadora Ana Júlia, um beijo bem grande. Muito obrigada por tudo. Foi muito especial tê-la recebido no meu Estado, na minha casa. Nós que somos mães e que às vezes temos tantos problemas, temos também oportunidade de falar das nossas dificuldades, das nossas dores do dia-a-dia. Certamente, com as mulheres desta Casa, tenho tido esse privilégio, e V. Exª é uma dessas mulheres, dessas mulheres que dão orgulho a toda esta Casa, pela sua sensibilidade, pela sua firmeza, pela sua determinação, pela luta que tem pelo seu Estado, pela sua seriedade, honestidade e dignidade. Muito obrigada por me dar esta oportunidade.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

A Srª Ana Júlia Carepa (Bloco/PT - PA) - Eu é que agradeço. Quero dar meu testemunho de que várias pessoas me foram solidárias, mas V. Exª foi uma extremamente solidária quando não pude participar de um evento importante para a minha filha. Nunca me esquecerei disso!

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Muito obrigada, Senadora Ana Júlia, pelo carinho.

Concedo o aparte ao Senador Fernando Bezerra e, em seguida, aos Senadores João Batista Motta e Garibaldi.

O Sr. Fernando Bezerra (Bloco/PTB - RN) - Senadora Patrícia, infelizmente, não tive a oportunidade de ouvir o discurso de V. Exª e lamento. Mas lamento muito mais o fato de V. Exª, com tanta doçura, ter sido vítima de tanta violência e de um ato antidemocrático. Infelizmente, Senadora, não posso, como os outros, convidá-la, diante desta confusão enorme por que passa o meu Partido, mas V. Exª sabe o grande apreço que lhe tenho. Desde a sua chegada nesta Casa, tenho tido o privilégio e a honra de dividir as preocupações com o futuro do nosso Brasil, de acompanhar de perto a sua luta em defesa da criança e do adolescente contra a prostituição infantil, na defesa do nosso Nordeste e dessa desigualdade regional, na defesa do seu Ceará, de Fagner e de tantas outras figuras. Refiro-me a Fagner pela amizade que V. Exª tem com ele. Senadora, quero trazer-lhe minha integral solidariedade e dizer-lhe que quem perde é o PPS, seu ex-Partido. Perde e perde muito. V. Exª engrandecerá qualquer sigla partidária que vier a abrigá-la, de que V. Exª fará parte. Quero trazer-lhe o meu abraço fraterno e manifestar, de uma maneira afetiva, o bem que lhe quero. Lamento esse episódio, que é muito triste para a democracia em nosso País. Muito obrigado.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Muito obrigada, Senador Fernando Bezerra, meu quase conterrâneo, meu vizinho, meu amigo, meu colega. Certamente, tenho aprendido muito com V. Exª, por quem tenho grande admiração, grande respeito. Mais do que isso, tenho um grande carinho por V. Exª. Portanto, as suas palavras também são muito especiais para mim.

Ouço com muita atenção e carinho o Senador Garibaldi Alves Filho. Em seguida, ouvirei o Senador João Batista Motta.

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Senadora Patrícia, estamos assistindo a uma verdadeira consagração: uma sessão praticamente inteira dedicada a homenagear V. Exª, que merece. Seus filhos vão sair daqui orgulhosos por saber que sua mãe desfruta de um conceito excepcional no Senado Federal. V. Exª fez por merecer, por sua atuação nas comissões, na CPI, na vice-liderança do Governo, no plenário. Onde V. Exª estiver haverá sempre uma palavra serena, altiva. Por isso, receba minha homenagem. A saída de V. Exª já produziu os seus efeitos, porque o Deputado Júlio Delgado me disse agora que vai sair também do PPS, juntamente com o Deputado Lupércio, que há pouco tempo estava neste plenário. Receba a minha homenagem, Senadora Patrícia.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Obrigada, Senador Garibaldi. Somos da Bancada do Nordeste e lutamos por uma região melhor, onde as pessoas tenham uma melhor condição de vida. V. Exª é unanimidade nesta Casa, pela sua inteligência, pelo seu brilho e pela dedicação que tem a essa causa.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Muito obrigada.

Concedo o aparte ao Senador João Batista Motta.

O Sr. João Batista Motta (PMDB - ES) - Senadora Patrícia, quando Prefeito do meu Município, em 1983, tive o prazer de levar todos os membros do PCB, depois PPS, para minha administração, e fizemos uma grande obra. Chegando ao Senado, o que mais me trouxe alegria foi a assinatura no PPS, aquele Partido que comecei a admirar há 40 anos. Formamos uma Bancada bonita, uma Bancada de três Senadores de mãos limpas. Falo em nome também do Senador Mozarildo Cavalcanti, que conviveu com V .Exª durante quase dois anos, assim como eu. Sou testemunha da sua inteligência, da sua capacidade, da sua lealdade. Sou testemunha também do sofrimento de V. Exª neste momento, porque passei por momentos idênticos ao que V. Exª está passando hoje, com a saída desse partido que V. Exª, tenho certeza, trazia no fundo do coração. Lamento, mais uma vez. Trago aqui a minha indignação e o meu protesto contra uma atitude como essa que a direção do PPS tomou contra uma Senadora do quilate de V. Exª. Senadora Patrícia Saboya Gomes, convivi com muitas pessoas durante os meus 67 anos de idade, mas alguém com tamanha firmeza, competência e lealdade aos seus companheiros, V. Exª foi a número um! Felicidades! Levante a cabeça! Ingresse em um partido, principalmente que não seja de desligar seus membros, principalmente quando agem ideologicamente, com firmeza, colocando em prática aquilo que vieram fazer nesta Casa. Muito obrigado, Senadora.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Eu que agradeço, Senador João Batista Motta, com quem tive o orgulho de conviver também no PPS. Aqui, quantas e quantas vezes, nos reunimos e discutimos o que pudesse ser o melhor para o País. V. Exª sempre foi um grande companheiro, e, mesmo quando saiu do partido, antes de mim, continuamos a ter a mesma amizade e carinho. Muito obrigada pelas palavras. Eu, que tive a oportunidade de visitar sua terra ao participar de sua filiação, fico muito feliz com as palavras de V. Exª.

Ouço, com prazer, o Senador Efraim Morais.

O Sr. Efraim Morais (PFL - PB) - Senadora Patrícia Saboya Gomes, é com alegria que vou apartear V. Exª, como o faz toda a Casa. Os convites já foram feitos. O que posso dizer é que, qualquer que seja o partido para o qual vá V. Exª, esse partido vai se fortalecer pelo caráter, pela seriedade, pela transparência com que faz política e pela forma com que V. Exª conseguiu, neste plenário, a amizade de todos, independentemente de partido. Tenho convicção e certeza de que V. Exª terá a paciência suficiente para escolher a nova legenda. Vivemos um momento difícil no Congresso Nacional, na vida política desse partido, e tenho a convicção de que V. Exª saberá escolher o melhor para concluir seu mandato, que muito tempo ainda tem, mas saberá, acima de tudo, continuar em defesa dos interesses do País e do seu querido Ceará. Que Deus lhe abençoe e mostre o caminho que deve seguir. Evidentemente, tenho que seguir a orientação do meu Líder: o PFL está de coração aberto para V. Exª. Espero, sim, que aqueles que lhe tiraram, de forma brutal, do seu partido entendam que perderam, e muito, pela qualidade da mulher e da política que é V. Exª.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Muito obrigada, Senador Efraim Morais. Também tenho tido a oportunidade de conviver com V. Exª, todos sabem. Situo-me na Bancada que apóia o Governo Lula, e V. Exª faz parte da Oposição, mas tenho encontrado em V. Exª sempre a ponderação e o equilíbrio nas horas difíceis pelas quais muitas vezes esta Casa passa. Portanto, ouvir suas palavras também é motivo de muito orgulho e de muita satisfação para mim. Muito obrigada mesmo.

Ouço, com muito carinho, a companheira e amiga Senadora Lúcia Vânia.

A Srª Lúcia Vânia (PSDB - GO) - Senadora Patrícia, ao ouvir seu discurso sereno, porém forte, determinado e corajoso, recordou-me o pronunciamento que V. Exª fez em Roma, quando defendeu, com muita propriedade, esta Casa e o nosso País, mostrando sua serenidade, mas também sua indignação. Indignação que V. Exª demonstra em seu discurso de hoje, porque é impossível, para todos nós que estamos nesta Casa, entender como um quadro como V. Exª pode ser dispensado de um partido. Acabamos todos nós nos perguntando onde os partidos querem chegar com um comportamento desses. Num momento tão importante da vida nacional, em que a classe política está desacreditada perante a sociedade, perder um quadro como V. Exª é perder um quadro de excelência. Nesta Casa, em pouco tempo, V. Exª mostrou competência, determinação e conhecimento. Viajou pelo Brasil inteiro, levando a mensagem desta Casa de seriedade no trabalho e de responsabilidade. A CPI dirigida por V. Exª apresentou resultados que poucas CPIs apresentaram. E, quando V. Exª apresentou neste plenário um elenco de modificações no Estatuto da Criança e do Adolescente, no Código Civil e no Código Penal, a Casa se orgulhou, mais uma vez, de seu trabalho. Portanto, leve a nossa solidariedade. Seja feliz! Se puder vir para o PSDB, ótimo. (Risos.) Será mais uma companhia que teremos na Bancada. Se não, que Deus ilumine o seu caminho. O Senador Cristovam Buarque disse, com muita propriedade, que, para qualquer partido que V. Exª for, levará consigo o seu projeto em favor das crianças do País.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Muito obrigada, Senadora Lúcia Vânia. V. Exª esteve comigo em todos os momentos, inclusive na CPI. Foram momentos muito difíceis. V. Exª é que é um exemplo, principalmente na área social, e com tanta dedicação e entusiasmo que tem mostrado ao Brasil um trabalho sério, que apresenta resultados também em relação às crianças e aos adolescentes. V. Exª esteve comigo em Roma, e tem contribuído para o social, tem deixado sua marca no Brasil, principalmente pelas crianças e adolescentes, com o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil. Eu é que parabenizo e agradeço a V. Exª por suas palavras. Muitíssimo obrigada! Estaremos sempre juntas nessa mesma luta, que é de todos nós brasileiros, homens e mulheres de boa-fé.

Ouço, para concluir, o Senador José Jorge; em seguida, os Senadores Reginaldo Duarte e Antônio Leite.

O Sr. José Jorge (PFL - PE) - Senadora Patrícia, em primeiro lugar, eu me solidarizo com V. Exª. Todos nós temos grande admiração pelo trabalho que realiza nesta Casa. Como Líder da Minoria, também gostaria de colocar nossos dois partidos à sua disposição. V. Exª pode escolher entre PFL e PSDB, porque, de qualquer maneira, estará dentro da Minoria. Há poucos minutos, estava em meu gabinete trabalhando em um projeto de sua autoria, cujo Relator é o Senador Cristovam Buarque. Trata-se do projeto que inclui, no ensino fundamental, o Estatuto da Criança e do Adolescente, tentando encontrar uma solução que contivesse a mesma idéia, com uma formatação idêntica... No momento em que V. Exª deixa seu partido, a Liderança da Minoria está à disposição de V. Exª para que continue realizando seu trabalho com o brilho com que tem realizado até hoje. Muito obrigado.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Agradeço a V. Exª pelo convite. Fico muito sensibilizada. Parabéns a V. Exª pela forma tão dedicada e séria com que tem tratado também os problemas de educação do nosso País. V. Exª também é um especialista, assim como o Senador Cristovam Buarque, e tem dado uma grande contribuição. Fico muito feliz de ser sua colega, de poder aprender com V. Exª tantas coisas importantes com as quais tem contribuído para esta Casa, principalmente nas Comissões. Agradeço, muito sensibilizada, as palavras de V. Exª.

Ouço, com prazer, meu conterrâneo e colega Senador Reginaldo Duarte; em seguida, o Senador Antônio Leite, para que possa concluir meu pronunciamento.

O Sr. Reginaldo Duarte (PSDB - CE) - Senadora Patrícia Saboya Gomes, não tive a oportunidade de ouvir suas palavras proferidas da tribuna, porque tive que me ausentar da Casa para tratar de assunto de interesse de minha terra, mas tenho certeza de que foi uma belíssima peça de oratória. Congratulo-me com V. Exª pelo discurso proferido. Expresso também a minha revolta e a minha repulsa pela maneira com que V. Exª foi tratada por seu ex-Partido, no qual entrou pela porta da frente e ao qual tanto se dedicou tanto no Ceará quanto nesta Casa. Quiseram que a ilustre Senadora saísse pela porta dos fundos, mas moralmente V. Exª sai pela porta da frente, a mesma pela qual entrou. Seu povo, o povo do Ceará, conhece V. Exª. Conhece sua obra, sua vida, sua renitência em lutar pelos problemas do Ceará. V. Exª não perdeu com isso. Pelo contrário, ganhou muito. Muito obrigado.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Obrigada, Senador Reginaldo Duarte, meu conterrâneo, querido amigo, que pertence à nossa Bancada do Ceará e que sempre divide os problemas e busca o melhor para o nosso Estado. Fico muito feliz em ser companheira de V. Exª, mesmo estando em partidos diferentes, pois sempre tenho dialogado com V. Exª, que tem dado o melhor de si pela causa do nosso Estado, ainda tão pobre e com tantas dificuldades. Parabéns pelo seu trabalho e muito obrigada pelas suas palavras!

Ouço o último Senador que me solicitou aparte, o Senador Antônio Leite.

O Sr. Antônio Leite  (PMDB - MA) - Senadora Patrícia Saboya Gomes, é admirável o carinho que todos os Senadores e Senadoras têm por V. Exª. Eu diria que esse mérito suprapartidário é seu, poucos o têm. Bola para frente. Continue agindo de acordo com a sua consciência. Sucesso!

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Muito obrigada, Senador. Agradeço a generosidade das palavras de V. Exª.

Sr. Presidente, quero agradecer a Presidência desta Casa por ter me dado a oportunidade de ouvir todos aqueles que me apartearam, agradecendo a tolerância e compreensão da Mesa em relação a este momento importante na minha vida...

O Sr. João Capiberibe (Bloco/PSB - AP) - Permite-me, Senadora Patrícia, um aparte?

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Ouço o Senador Capiberibe, para que possa concluir o meu pronunciamento.

O Sr. João Capiberibe (Bloco/PSB - AP) - Senadora, em meu nome e em nome da nossa Bancada, a pequena Bancada do Partido Socialista Brasileiro, manifesto a nossa solidariedade e o nosso reconhecimento pelo trabalho que V. Exª desempenha nesta Casa, sobretudo em defesa daqueles que não têm voz. Recebi uma ligação do Líder do meu Partido na Câmara, solicitando que eu me apressasse para chegar a tempo de dizer que V. Exª será muito bem-vinda ao PSB, um partido com longa história e que, neste momento de crise, está preocupado com os destinos do nosso País. Sabemos que são crises recorrentes e somos eleitos para tratar dessas crises. A oportunidade de demonstrarmos a nossa responsabilidade é esta. Sabemos que a atividade política é extremamente desqualificada, mas cabe a nós, os eleitos, dar condução a esta crise. Neste momento em que V. Exª deixa o seu Partido, é evidente que precisamos fortalecer as instituições que são os partidos políticos. Eu queria, mais uma vez, em meu nome, em nome da Liderança na Câmara dos Deputados e em nome do Presidente do Partido, Miguel Arraes, dizer que V. Exª é muito bem-vinda ao Partido Socialista Brasileiro, se assim decidir.

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - V. Exª não imagina como, para mim, é gratificante ouvir um convite dessa natureza, ainda mais vindo de um homem que é reconhecido no Brasil inteiro, Miguel Arraes, e de V. Exª, que já passou por momentos difíceis, por momentos em que foi injustiçado nesta Casa. Eu o conheço e sei da seriedade de V. Exª. Portanto, as suas palavras também são muito bem acolhidas no meu coração. Mande um abraço muito carinhoso ao Presidente do PSB, Miguel Arraes. Muito obrigada.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

A SRª PATRÍCIA SABOYA GOMES (Bloco/PPS - CE) - Sr. Presidente, para encerrar as minhas palavras, eu queria deixar muito claro, neste momento em que também se discute a reforma política. As pessoas, no meu Estado, votaram em mim para que eu fosse a Senadora eleita pelo PPS. No momento, certamente, as pessoas estão confusas, sem entender direito o que acontece no nosso País, na crise em que estamos vivendo, com um troca-troca de partidos muito grande. É inaceitável que, às vezes, as pessoas, em 24 horas, troquem de legenda.

O meu povo me elegeu para ser a Senadora do PPS, repito. Portanto, quero deixar, neste momento, uma palavra aos meus eleitores do Ceará: saio do PPS não porque quero, não traio os meus eleitores, que votaram em mim para ser uma Senadora do PPS, mas, infelizmente, tenho que dizer que fui traída pelo meu Partido. Mas não carrego mágoa. Pelo contrário, por tudo que ouvi aqui hoje, por todos os relatos, por todos os pronunciamentos e apartes de Senadores e Senadoras desta Casa.

Só tenho a agradecer a Deus, agradecer a Deus as palavras tão gentis, as palavras tão generosas, as palavras tão carinhosas de todos os meus colegas que aqui se pronunciaram, de diferentes partidos. Isso me dá uma calma, um conforto, uma segurança. Mas, mais do que isso, a certeza de que vou continuar a minha luta, nesta estrada, fazendo o que for melhor, antes de qualquer coisa, para o povo, o povo do meu Estado do Ceará.

Sr. Presidente, se me permite, em homenagem a um grande amigo, Fagner, poeta e compositor cearense, leio parte de uma música dele e de Fausto Nilo que considero das mais bonitas:

Há fotografias de Hiroshima

nos olhos das meninas do sertão,

pássaros perdidos na neblina

e o medo de se apaixonar.

Mas há um pássaro que vence um avião

por quem Picasso explodiu seu coração

pra que o céu ficasse azul,

pra que o planeta fosse um

e a Humanidade encontrasse a mãe.”

Muito obrigada. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/06/2005 - Página 20115