O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, antes de mais nada, quero manifestar a minha estranheza, que pode ser demonstrada com a edição de hoje do Jornal do Senado. Uma visita feita ao Presidente da Casa pelos nossos queridos colegas Senador Aloizio Mercadante e Senador Eduardo Suplicy, acompanhados de Líderes do que chamam de movimento social, a começar pelo Sr. Stédile, desse movimento que contesta a ordem constituída no Brasil todos os dias e que, agora, ousa chamar a Oposição brasileira de golpista. Isso é inaceitável, sobretudo quando se tem o Presidente Lula fazendo eco a tantos absurdos.

O Presidente Lula - eu convencionava ainda há pouco com o Senador José Agripino - entra por um terreno perigoso que é o terreno da provocação, que sempre leva a conseqüências funestas para os que adotam esse tipo de arma.

O jornal O Globo de hoje noticia: “Lula minimiza escândalo e joga crise para o Congresso”. E continua: “Lula desafia Oposição e Congresso”; “Stédile defende Lula”; “Lula desafia o Congresso”. Seria uma forma de chavismo canhestra e medíocre, como a da Venezuela, mas visando a usar uma espécie de braço armado contra a democracia brasileira? É muito mais fácil explicar a corrupção que tem apodrecido as estruturas e as células do Governo que aí está.

A Folha de S.Paulo publica: “Ninguém é mais ético do que eu, diz Lula”. Pura bravata, Sr. Presidente. É preciso demonstrar. Não basta mais apenas ser. No jornal, está o Presidente Lula exibindo uma face de derrota que não é a que o Brasil gostaria de ver no seu Líder. “Lula elogia a sua ética e diz que estão com medo da reeleição”. Ele reduz toda a crise a um suposto medo da sua reeleição. Se ele perder a reeleição será precisamente porque o seu Governo afrouxou em relação à ética.

O Presidente Lula diz que a culpa é do Congresso: “Marinho se diz bode expiatório e acusa PT”. Está aí esse cidadão depondo e, no seu destampatório, desmente cabalmente o Presidente da República.

Folha de S.Paulo: “PT esvazia poder de Delúbio e Silvinho”. Se é verdade o que diz o referido jornal e que Silvinho e Delúbio nada têm a ver com esse esquema de mensalão e de corrupção, por que, então, tirarem o poder de pessoas tão santas? Algo de estranho e de esquisito se passa no reino da Dinamarca.

Lê-se na Folha de S.Paulo: “Para MST e CUT, elite quer desmoralizar Lula”. Talvez tenham razão, pela primeira vez, o MST e, num de seus poucos acertos, a CUT. Talvez, sim, certa elite esteja querendo desmoralizar o Presidente Lula, essa elite que rapina os Correios, o IRB e outras estatais, que paga mensalão, que tem relações promíscuas com o Parlamento. Talvez essa elite queira, de fato, desmoralizar o Presidente. A Oposição é obrigada a combatê-lo quando ele erra, quando ele é fraco e quando ele não comanda a Nação.

Estado de Minas: “Lula desafia a Oposição”.

Diário de S.Paulo: não há nenhuma matéria sobre esse episódio na capa, mas há uma crítica ao Presidente do PL, Deputado Waldemar da Costa Neto*, partindo do irmão dele.

Correio Braziliense: “A crise piora, mas o que Lula vê é medo da reeleição” O Presidente Lula virou uma espécie de Alice num país que não é o das maravilhas.

Correio Braziliense: “Lula desafia a Oposição”. Essa foi a compreensão e a percepção da imprensa brasileira. É provocação e tentativa de arranjar bode expiatório para uma crise que tem a sua ramificação no Legislativo, mas uma crise moral e ética que é do Executivo, que nasceu e que partiu do Executivo na direção do Legislativo.

Jornal do Brasil: “Petroleiro na negociação política”. No interior do periódico, há matéria relativa ao tema: “Lula esvazia denúncias; afirma que ninguém, mais do que ele tem autoridade moral e ética para combater a corrupção; que não se pode ficar correndo atrás de denúncia vazia”. Não sei se tem alguma coisa mais cheia e menos vazia do que aquela cena deprimente de dinheiro apanhado não sei de quem e colocado no bolso de funcionário de confiança deste Governo.

Zero Hora: “Ministra Dilma Rousseff. Eu não convivo com corrupção”. Tenho a impressão de que se trata de uma pessoa séria, mas tem convivido com a corrupção, sim. Neste Governo dela tem havido corrupção, e ela tem é que ajudar a limpar algo que precisa ser limpo em nome dos costumes brasileiros.

Sr. Presidente, a Zero Hora aqui diz que o Presidente Lula em Goiás fez todas as bravatas. Ele, que se admitiu como bravateiro no passado. Eu queria dizer para ele não ser modesto porque continua bravateiro no presente.

O Dia: “Secretária confirma malas de dinheiro. Família de testemunha sofre ameaça”.

Jornal do Commércio: “Secretária agora confirma mensalão” Não tem nada a ver apenas com o Congresso. Tem a ver com Parlamentares corruptos, sim, mas tem a ver sobretudo com quem tivesse interesse em ver esses Parlamentares agindo e votando de acordo com determinados sinais.

O Estado de S. Paulo: “Secretário amplia denúncias sobre o mensalão” e, lá dentro, em O Estado de S. Paulo: “Ninguém neste País tem mais autoridade moral e ética do que eu”, o Presidente Lula em sua autoconfiança.

A Tarde, da Bahia: “Secretária confirma denúncia e pede proteção policial”

Sr. Presidente, tenho a impressão que ninguém mais será responsável pelo aprofundamento da crise do que o próprio Presidente Lula se ele não recuar desse comportamento. Tenho a impressão que Sua Excelência teria que reconhecer o comportamento da Oposição brasileira, teria que se dignar a reconhecer que esta é a mais democrática Oposição que funcionou neste País desde 1946 para cá e que esse não é o caminho. O caminho é o da investigação, o caminho é o da punição dos culpados, o caminho é o da reforma dos costumes intragoverno e o da reforma do Governo para efeitos de ação administrativa. Tenho a impressão de que, fora disso, é o Presidente ajudar a cevar uma crise que não interessa ao País e que, seguramente, não haveria de interessar ao Governo dele. A palavra está com Sua Excelência, porque Sua Excelência começa a ser olhado com alguma desconfiança pela Nação brasileira, Sr. Presidente.

Era o que eu tinha a dizer.

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

“Folha de S.Paulo: Marinho se diz ‘bode expiatório’ e acusa PT”;

“Folha de S.Paulo: PT esvazia poder de Delúbio e Silvinho;”

“Jornal do Senado: CPI convoca Roberto Jefferson, secretário do PT e publicitário;”

“Correio Braziliense: Lula desafia a Oposição;”

“O Globo: Lua minimiza escândalo e joga crise para o Congresso;”

“Jornal do Brasil: Petroleiro na negociação política;”

“Correio Braziliense: A crise piora, mas o que Lula vê é “medo da reeleição;”

“Estado de Minas: Lula desafia oposição;”

“Folha de S.Paulo: Para MST e CUT, elite quer desmoralizar Lula;”

“Folha de S.Paulo: Lula elogia sua ‘ética’ e diz que estão com ‘medo da reeleição;”

“Jornal do Brasil: Lula esvazia denúncias;”

“Folha de S.Paulo: Ninguém é mais ético que eu, diz Lula;”

“O Globo: Lula desafia oposição e Congresso;”

“O Estado de S.Paulo: Secretária amplia denúncias sobre o mensalão;”

“Zero Hora: Dilma Rousseff - Exclusivo: “Eu não convivo com corrupção”;

“A Tarde: Secretária confirma denúncia e pede proteção policial”;

“O Estado de S.Paulo: ‘Ninguém neste país tem mais autoridade moral e ética do que eu”;

“Jornal do Commercio: Secretária agora confirma mensalão”;

“O Dia: Secretária confirma malas de dinheiro do mensalão - Família de testemunha sofre ameaça.”