Discurso durante a 88ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Análise de fatos que envolvem o Partido dos Trabalhadores em denúncias de corrupção. Críticas à posição adotada pelo Presidente Lula em seus discursos, diante das denúncias de corrupção no governo. (como Líder)

Autor
Jorge Bornhausen (PFL - Partido da Frente Liberal/SC)
Nome completo: Jorge Konder Bornhausen
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Análise de fatos que envolvem o Partido dos Trabalhadores em denúncias de corrupção. Críticas à posição adotada pelo Presidente Lula em seus discursos, diante das denúncias de corrupção no governo. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 23/06/2005 - Página 20585
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, NOTA OFICIAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), IMPUTAÇÃO, BANCADA, OPOSIÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, INICIATIVA, CAMPANHA, DIVULGAÇÃO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, GOVERNO FEDERAL.
  • CRITICA, DEPOIMENTO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DEFESA, REPUTAÇÃO, ETICA, MORAL, GOVERNO, COMBATE, CORRUPÇÃO.
  • DEFESA, ATUAÇÃO, BANCADA, OPOSIÇÃO, GOVERNO FEDERAL, RESPONSABILIDADE, PRESIDENTE DA REPUBLICA, INVESTIGAÇÃO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, GOVERNO.

O SR. JORGE BORNHAUSEN (PFL - SC. Pela Liderança da Minoria. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em nome da Liderança da Minoria, falando em nome do meu Partido, o PFL, que presido, venho aqui trazer a análise de dois fatos que reputo de importância e de responsabilidade.

Em primeiro lugar, cabe-me aqui fazer referência à resolução do Partido dos Trabalhadores, que, reunido nesse final de semana, por 39 a 12, baixou uma nota em que diz que o PT enfrenta uma inescrupulosa campanha patrocinada pelos setores da Oposição, para a seguir dizer que existe um evidente vínculo entre os agentes de falsas denúncias contra o PT, com setores da Oposição, especialmente do PSDB e do PFL.

Falsa é a afirmação! A Oposição cumpre o seu dever, de forma responsável, de fiscalizar o Governo. Esse dever nos foi delegado nas urnas em outubro de 2002.

As denúncias não vieram de setores da Oposição. A revista Época denunciou o caso Waldomiro Diniz, que foi apresentado nas televisões. A Veja fez larga reportagem sobre os recursos para o PTB nas eleições de 2004. A Veja trouxe também as denúncias sobre os Correios e o Instituto de Resseguros do Brasil, e matéria a respeito do mensalão dos parlamentares.

Repudiamos a nota e perguntamos: por que então o Presidente demitiu a diretoria dos Correios e a do IRB se as denúncias eram falsas? Por que foi demitido o Sr. Ministro Deputado José Dirceu se as denúncias eram falsas? Não aceitamos a imputação e respondemos com a investigação, doa a quem doer, custe o que custar.

O segundo ponto é a respeito do pronunciamento do Presidente da República ontem, com um plenário preparado, com um cenário para, com adeptos e palmas, poder se apresentar bem às televisões. Ele declarou: “Ninguém tem mais autoridade moral e ética do que eu para combater a corrupção”.

Não, Senhor Presidente, a sua credibilidade está abalada, e não é de agora, vem do caso Waldomiro Diniz, que o senhor permitiu ser abafado e que poderia ter impedido o crescimento da corrupção e a instituição definitiva do mensalão.

Senhor Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não confunda credibilidade com popularidade. A popularidade é uma gangorra, ela sobe e desce na vida pública, mas a credibilidade não pode jamais ser perdida pelo homem público. Não fique em posição arrogante, não se considere dono da verdade. A humildade e a correção dos erros é o caminho mais adequado. Como primeiro mandatário da Nação, Vossa Excelência tem a obrigação de apurar as denúncias, que são graves, como a do mensalão, avisadas por um Governador de Estado, não desmentido; avisadas por quem o senhor...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. JORGE BORNHAUSEN (PFL - SC) - ....chamou de parceiro, a quem deu um cheque em branco e não desmentiu. Ao contrário do que disse Vossa Excelência, que o Governo não deve correr atrás das denúncias, o Governo deve, sim, procurar esclarecê-las; abrir, dentro da lei, as sindicâncias e os inquéritos e punir os culpados. Não transfira, Senhor Presidente da República, a responsabilidade para o Congresso Nacional. Aqui já houve a tentativa de coibir a CPI pelo impedimento às assinaturas, pela tentativa frustrada da retirada das assinaturas e pela CPI chapa-branca. Não é por aí, não adianta esconder que o dinheiro que produz a corrupção dentro do Parlamento vem do Poder Executivo com licitações fraudulentas e falcatruas que permitem a ação de corrupção que redunda nesta situação difícil por que passa o Parlamento, mas que vai honrar a sua história, a sua tradição e o seu pilar democrático, apurando mediante CPI tudo aquilo que tem de ser apurado e punindo quem deve ser punido.

Sr. Presidente, a verdade é uma só: na democracia, quem é Governo é quem é escolhido pelo eleitorado para representá-lo e tem que governar bem e quem é Oposição deve cumprir o mandato das urnas, que coloca os partidos na fiscalização das ações do Governo. Não adianta falar, não adianta esconder; a corrupção existe. Não seja fundamentalista, nem arrogante, aguarde os resultados, mude os rumos do seu Governo. A Oposição está aqui para cumprir o seu dever e vai continuar a fiscalizar.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/06/2005 - Página 20585