O SR. PAULO OCTÁVIO (PFL - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Agradeço ao Senador José Jorge pela permuta.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, embora tenha se dado em maio próximo-passado, mais especificamente no período de 9 a 11 daquele mês, faz-se oportuno discorrer sobre a realização, na capital do País, da Cúpula América do Sul - Países Árabes.

Ainda que não se possa falar sobre profusão de resultados práticos imediatos dela decorrentes, abre-se, a partir do evento, um leque de perspectivas otimistas, de cunho político-econômico e diplomático do nosso país.

A iniciativa, em sendo cultivada com efetivo empenho, doravante, quantos aos objetivos que a motivaram, poderá elevar - e muito - os valores da nossa balança comercial, os índices do turismo estrangeiro em solo brasileiro, além de estreitar as nossas relações diplomáticas entre os países participantes do evento.

A Cúpula, entre seus vários objetivos, pautou-se numa premissa maior, ou seja, a redescoberta recíproca de duas regiões de afinidades históricas, com um vasto potencial ainda por ser explorado no campo das relações bilaterais.

Sabemos que os pontos de contato entre os dois mundos - árabe e sul-americano - datam do tempo da presença árabe na Península Ibérica e da conformação das culturas que deram origem à América Latina. Os laços humanos entre as duas regiões estreitaram-se historicamente pelas correntes migratórias árabes em direção à América do Sul. Estas prestaram inequívoca contribuição à formação social e cultural de um número importante de países da região. No Brasil, vivem mais de 10 milhões de descendentes árabes - aliás, comportamos a maior colônia árabe do mundo.

Tais aspectos, com efeito, mereciam - há muito - ser contemplados pelo Brasil, com vistas a realização desse encontro. Dele participaram representantes dos 22 países árabes e dos 12 países latino-americanos, tendo resultado em negócios para o Brasil, em perspectiva de vários outros e no acerto de novas reuniões futuras.

Recebemos demandas de países como a Síria, o Líbano, os Emirados Árabes, o Iraque, a Mauritânia, a Argélia e o Equador. Entre elas, estão papéis, artefatos de papéis, máquinas para área de transporte e para bens de consumo, serviços, calçados, projetos e materiais para a construção civil, açúcar, produtos químicos, petróleo, jóias, alimentos e frutas.

Tratou-se, de fato, de feliz iniciativa, levando-se em conta serem os países sul-americanos e, notadamente, os países árabes grandes consumidores. Esses, anualmente, importam cerca de US$120 bilhões em produtos de todo o mundo. Em 2004, as relações comerciais entre o Brasil e os árabes chegaram a US$8,1 bilhões, à guisa de aquisição do nosso frango, trigo, açúcar, carne bovina, minério de ferro, tudo daqui, do nosso País. Há projeções pós-Cúpula, segundo o Ministro Furlan, de que essa cifra, atualmente, possa ser aumentada para US$15 bilhões nos próximos três anos.

Cite-se, ainda, a importância do documento nominado “A Declaração de Brasília”, originado dos trabalhos desse encontro histórico, em que predominaram aspectos relevantes de cunho político-diplomático, amplamente divulgados pela mídia brasileira.

Paralelamente à realização da Cúpula América do Sul-Países Árabes, deu-se um “Encontro Empresarial” no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, cuja abertura contou com a presença e pronunciamento do Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, Luiz Fernando Furlan, e dele participaram mais de 1.200 empresários provenientes de países árabes e sul-americanos.

As conclusões dos cinco painéis descortinados nesse Encontro Empresarial apontaram para a necessidade de se persistir na organização de seguidos eventos similares, num esforço conjunto da classe empresarial e instituições de vários segmentos, inclusive público-financeiras, de encontro de soluções que, a partir de uma visão estratégica, propiciem uma maior integração da infra-estrutura física, energética e de telecomunicações - envolvendo a América do Sul e demais regiões do mundo, com benefícios evidentes para o Brasil.

Os empresários participantes - aqui abro um parênteses para cumprimentar o empresariado do Distrito Federal que, em significativo número, abrilhantou o evento no Centro de Convenções Ulysses Guimarães - demonstraram reconhecimento pela iniciativa, considerando, ainda, o vislumbre de posteriores e seguidos encontros com os seus pares.

Daí, certamente resultarão mais diálogos produtivos, voltados para o fortalecimento de laços econômicos, comerciais, financeiros e culturais entre os países de origem dos eventuais participantes.

Dessa prática, resultariam, ainda, parcerias público-privadas interessantes e convenientes à propulsão do desenvolvimento brasileiro, potencializando-se, também, o turismo e toda a infra-estrutura que ele requer, para fazermos deste País, conforme sua reconhecida vocação, um exponencial nessa área.

Enalteço, portanto, a realização da Cúpula América do Sul-Países Árabes e o pertinente e paralelo Encontro Empresarial havido em Brasília e, sobretudo, cumprimento a classe empresarial brasileira - e destaco a do Distrito Federal - dado o seu comparecimento e participação maciça nos citados eventos, numa prova inconteste de que o empresariado do nosso País jamais se omite nas questões preponderantes que respeitem à promoção de atos que impliquem a soberania do País e progresso da Nação brasileira.

Quero também aproveitar para cumprimentar o Itamaraty, que promoveu o encontro, o Governo do Distrito Federal e a Polícia Militar de Brasília. Foi um encontro com as mais diversas autoridades, tudo correndo na mais perfeita harmonia, na mais perfeita ordem, mostrando que Brasília é realmente uma cidade apropriada para os grandes eventos internacionais. Como Capital do País, ela tem essa missão.

Agradeço, Senador Leonel Pavan, o tempo que me foi oferecido e agradeço ao Senador José Jorge.

Obrigado.