O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Senador Leonel Pavan, Senador Mão Santa, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, faço uso da tribuna para registrar artigo do jornalista Clóvis Rossi, na Folha de S.Paulo de hoje, intitulado “Bravata ontem, bravata hoje”.

Em que mundo vive o presidente da República que o torna capaz de autoproclamar-se o campeão brasileiro (ou talvez mundial) da ética?

É ético fazer carreira política à base de bravatas, como já confessou uma vez e repetiu anteontem no discurso em que se concedeu o título de o mais ético dos brasileiros? É ético eleger-se com base em mentiras (ou bravatas, tanto faz) para só depois de eleito dizer que eram bravatas (ou mentiras, tanto faz)? Não é o mesmo que confessar: “Ah, bobões, enganei vocês todos?” É essa a ética de que se gaba o presidente?

É ético expulsar companheiros e companheiras de partido cujo único crime foi o de acreditarem que Luiz Inácio Lula da Silva dizia a verdade e não bravatas? É ético expulsar pessoas cujo único crime, como ironiza a Senadora Heloísa Helena, agora no P-SOL, foi o de cometer “fidelidade partidária”?

É ético andar “em más companhias”, para usar a expressão de um querido amigo e velho companheiro do presidente, o Ministro Olívio Dutra (Cidades)? Más companhias, aliás, que trabalharam durante um tempo no próprio Palácio do Planalto, como é o caso de Waldomiro Diniz, o que significa que um comportamento nada ético habitou a mesma casa do homem mais ético do País sem que ele percebesse. Não parece exatamente um reforço ao título de campeão do combate à imoralidade que Lula se atribuiu.

É ético falar em criar quantas CPIs forem necessárias depois de o Partido de Lula ter feito o diabo para impedir a CPI dos Correios, só se curvando a ela depois que surgiu um novo escândalo, o do “mensalão”?

É ético descartar como “denúncias vazias” acusações que não foram apuradas... 

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Flexa Ribeiro, V. Exª me concede um aparte?

O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA) - Concedo um aparte ao nobre Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Sobre ética e política existe um livro do Max Weber. Senador Mozarildo, ética é o correto. Agora eu perguntaria ao campeão da ética, ao campeão...

O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA) - É como diz o jornalista Clóvis Rossi.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - ...se é ético, ou pelo menos se é cristão, se é correto. Faleceram dois irmãos do Presidente e ele não compareceu a nenhum dos enterros. Isso é ético, é cristão, é solidariedade, é exemplo?

O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA) - Obrigado, Senador Mão Santa.

É ético...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA) -Já concluo, Sr. Presidente:

É ético descartar como “denúncias vazias” acusações que não foram apuradas ainda, ao mesmo tempo em que se defende a apuração de tudo, doa a quem doer?

É ético afastar o Ministro (José Dirceu) se, afinal, as denúncias contra ele são “vazias”?

O que é ético, Presidente Lula? Respondo em nome de milhões de brasileiros: é promover o choque de moralidade que a sociedade reclama. Não bastam apenas palavras. O povo quer, exige, clama por ações morais concretas. Vamos à guerra, mas à guerra pela moralidade da vida pública.

Era o que eu tinha a dizer, Presidente Alvaro Dias.