Discurso durante a 89ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a crise política no país.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Considerações sobre a crise política no país.
Publicação
Publicação no DSF de 24/06/2005 - Página 20810
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, MOBILIZAÇÃO, POPULAÇÃO, APOIO, CHEFE DE ESTADO, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, AUSENCIA, COMPARAÇÃO, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, BRASIL, MOTIVO, INEXISTENCIA, OBSTACULO, BANCADA, OPOSIÇÃO, DEMOCRACIA.
  • REGISTRO, REUNIÃO, BANCADA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), DISCUSSÃO, SITUAÇÃO, PAIS, NECESSIDADE, INVESTIGAÇÃO, POSSIBILIDADE, EXISTENCIA, APOIO, TUMULTO, NATUREZA POLITICA.
  • COMENTARIO, NECESSIDADE, GOVERNO FEDERAL, COMPROMISSO, ETICA, INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO, CRITICA, ENTIDADE, APOIO, TUMULTO.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Para uma explicação pessoal. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é claro que, se o Governo avança na direção do reconhecimento de que enfrenta uma oposição democrática, e se se dispõe a colaborar de maneira transparente para a elucidação dessas denúncias tão graves, é muito evidente, é muito claro, é muito nítido que não devemos - nós, da Oposição - virar as costas a esse novo patamar de convivência política no Senado.

Mas é evidente que temos, sim, preocupações com o que poderia ser a “chavezização” do País. O Senador Tasso Jereissati apontou alguns dados. Um deles foi essa visita das tais entidades: CUT, que pregava o “Fora FHC!”, antes; MST, que pensei que estivesse rompido com o Presidente Lula e que demonstra não estar rompido com o Presidente Lula. E, ambas, na ocasião, esta e em outras, falando, sim, em pacto das elites para apear do poder um Governo dito por eles popular e democrático. Isso é verdade. Assim como o método da rentrée do Sr. José Dirceu na Câmara dos Deputados, o método sugeria algo que já aconteceu na Venezuela do Presidente Hugo Chávez: a mobilização popular para defender a permanência no poder de alguém que, supostamente, estaria ameaçado. Não é esse o caso do Presidente Lula e não posso nem dizer que não fosse esse, em algum momento, o caso do Presidente Chávez. Não é esse o caso do Presidente Lula, que não corre perigo algum por ação da Oposição e a ética não corre perigo nenhum por omissão da Oposição. Esse é o balizamento, esse é o limite. Quando o Sr. José Dirceu aceita ser acompanhado por uma claque de 300 ou 200 pessoas para ocuparem as galerias da Câmara dos Deputados, é evidente que fica ali uma proposta de radicalização. Não tenho nada contra o teor do seu discurso. Volto a dizer que não pediria um discurso cabisbaixo de nenhum adversário meu. Acho que todos têm o direito de vencer, de lutar, de matar e de morrer com respeito próprio, com direito preservado à altivez. Portanto, não me espanto com o discurso, o discurso foi muito bom até, de acordo com o seu discurso anterior, aquele que prometia, sem a menor possibilidade real de cumprir a promessa de incendiar o país. Estranhei apenas a claque e aquilo poderia ser parte, sim, de um processo de “chavezação”. Temos feito reuniões da Bancada do PSDB, temos nos reunido com o PFL e analisado se isso é uma manifestação isolada de um ou de outro, ou se é uma manifestação sistêmica. Se existe algo do tipo, paralelamente às Oposições, eles, Governo, iriam provocar um aumento da temperatura política no País.

Nós, então, estamos advertindo. Se o Governo nos propõe um diálogo respeitável, estamos advertindo de que a nós soa como uma tentativa autoritária e ilegítima sim - a nós, soa. A nós soa e ressoa como uma tentativa autoritária. Não nos assusta, mas nos preocupa.

O Presidente Lula não vai sair dessa crise com entidades do que ele chama de movimento social. Não vai. Ele vai sair da crise com a resposta às questões de agressão à ética postas pela sociedade brasileira. O Presidente Lula vai sair da crise se souber tocar o seu Governo paralelamente a essas respostas éticas que seu Governo deve dar.

Portanto, sinto-me melhor com esse nível de diálogo, porque, se queremos tirar da frente as cortinas de fumaça, temos que, então, mergulhar a fundo - e aí tem inteira razão o Senador Tasso Jereissati - na investigação dos fatos.

Tenho muita alegria de ter proposto hoje a V. Exª, Presidente Renan Calheiros, que nos concentrássemos nessa CPI, se fosse esse o desígnio do Governo, para que ela rendesse todos os seus frutos regeneradores, se Deus quiser. E em seguida, sem dichotes, sem interpretações quaisquer, faríamos a outra ou as outras investigações que pudessem se mostrar cabíveis.

Entendo que há uma crise - repito e encerro, Sr. Presidente - de contornos, limites e alcance ainda não delimitados, ainda não completamente definidos, e qualquer pessoa pública responsável neste País tem que trabalhar sempre com o olhar nas conseqüências para a sociedade brasileira. Esse é o dever do general da guerra; esse é o dever do líder político responsável, na paz. Não tenho mais reparos. Faço apenas o registro de que é muito bom...

(Interrupção do som.)

O Sr. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - ...nos alçarmos a patamares mais respeitáveis de diálogo, deixando bem claro que é um avanço ficar desmoralizada de uma vez por todas essa tese de golpismo. E é um avanço não termos nada a discutir agora, a não ser os fatos delituosos cometidos no interior deste Governo e com conseqüências que a Oposição responsável tem de acompanhar passo a passo, por ter interesse em uma saída boa, respeitável e satisfatória para o povo brasileiro.

Era o que eu tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/06/2005 - Página 20810