Discurso durante a 90ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Importância da Semana Nacional Anti-drogas.

Autor
Wirlande da Luz (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RR)
Nome completo: Wirlande Santos da Luz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DROGA.:
  • Importância da Semana Nacional Anti-drogas.
Aparteantes
Mozarildo Cavalcanti, Paulo Paim.
Publicação
Publicação no DSF de 25/06/2005 - Página 20904
Assunto
Outros > DROGA.
Indexação
  • REGISTRO, ABERTURA, SEMANA, COMBATE, DROGA, PREMIO, CONCURSO, CAMPANHA, ESCLARECIMENTOS, ADOLESCENTE, JUVENTUDE, OCORRENCIA, SESSÃO SOLENE, CAMARA DOS DEPUTADOS, COMPETIÇÃO ESPORTIVA, CONCLAMAÇÃO, VALORIZAÇÃO, VIDA.
  • ANALISE, GRAVIDADE, CRESCIMENTO, PROBLEMA, DROGA, VIOLENCIA, CRIME, CORRUPÇÃO, PREJUIZO, SAUDE, VIDA HUMANA, IMPORTANCIA, DEBATE, ALCOOLISMO, REGISTRO, DADOS.

O SR. WIRLANDE DA LUZ (PMDB - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, Srªs e Srs. Senadores, esta semana foi a Semana Nacional Antidrogas.

A questão das drogas, seguramente, está na origem de grande parte dos problemas do Brasil: a violência, a criminalidade, a corrupção, os acidentes de trânsito e no trânsito, a desagregação da família, a deterioração dos valores. Não é muito fácil, Srª Presidenta, encontrar algumas mazelas em nosso País que não estejam direta ou indiretamente vinculadas ao tráfico ou ao consumo de drogas.

Por isso, Srªs e Srs. Senadores, é reconfortante saber que está em andamento mais uma Semana Nacional Antidrogas, a sétima, aberta na última terça-feira, no salão nobre do Palácio do Planalto. Naquela oportunidade, foram premiados os vencedores de três concursos: o VI Concurso Nacional de Cartazes, o III Concurso Nacional de Jingle e o III Concurso Nacional de Fotografia. Também foi lançado, pela Secretaria Nacional Antidrogas, o site Mundo Jovem, no Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas - o Obid -, que é voltado para os jovens entre 12 e 18 anos e tem o objetivo de prestar a esses adolescentes informações sobre o uso de drogas e suas conseqüências de forma clara, acessível, leve e interativa.

Ontem, dia 23, uma sessão solene na Câmara dos Deputados, no Plenário Ulysses Guimarães, homenageou a VII Semana Nacional Antidrogas. Na ocasião, Srª Presidenta, a Senad apresentou as ações que vem desenvolvendo no intuito de livrar a sociedade brasileira dessa terrível chaga.

No dia 26 de junho, amanhã, encerrando as comemorações de mais essa Semana Nacional Antidrogas, ocorrerá a V Corrida pela Vida, com a participação de quase três mil pessoas das várias faixas de idade.

De alguma maneira, Srªs e Srs. Senadores, não somente a corrida, mas também todos esses eventos o que fazem é celebrar a vida. Apontam ao nosso povo, especialmente a nossos jovens, os riscos de se envolver com drogas e os benefícios de uma existência em que elas não estejam presentes.

E o mais importante, Srª Presidenta, Srªs e Srs. Senadores, é que as atividades não se restringem a Brasília. Em todos os Estados e nas mais diversas cidades, estão programadas ações para a Semana Nacional Antidrogas.

O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senador Wirlande da Luz, peço-lhe um aparte no momento em que V. Exª entender mais adequado.

O SR. WIRLANDE DA LUZ (PMDB - RR) - Concedo já, Senador Paim.

Governos estaduais e municipais, organizações não-governamentais e empresas particulares estão envolvendo milhares de pessoas - talvez milhões de pessoas - em atividades científicas, culturais, esportivas e de lazer, sempre com as mesmas palavras de ordem: “Sim à vida! Não às drogas!”

Concedo o aparte ao Senador Paulo Paim.

O Sr. Mozarildo Cavalcanti (Bloco/PTB - RR) - Senador Wirlande, depois me inscreva em segundo lugar.

O SR. WIRLANDE DA LUZ (PMDB - RR) - Com muito prazer, Senador.

O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senador Wirlande da Luz, que também é médico, eu tive de fazer um aparte, porque V. Exª traz um tema muito importante não só para o povo brasileiro, mas também para a humanidade para ser debatido neste plenário: a cruzada internacional contra as drogas. Conheço centenas de pais de família que têm esse problema. Inclusive homens públicos estão nessa situação em que um menino ou menina chega a retirar, quando os pais saem, os móveis e os eletrodomésticos para entregar ao traficante, porque quer receber a tal droga. Existe violência contra a família, filhos ameaçam, inclusive, os próprios pais. Até assassinatos já aconteceram. Esse grito que V. Exª dá na tribuna, pode ter certeza, é ouvido em todo o País. Só quem teve contato... Fui visitar, em alguns centros de recuperação e hospitais, principalmente meninos e meninas, jovens de 15, 16, 18, 20, 25, 30 anos, com uma vida toda pela frente e que estão morrendo aos poucos, morrendo física e mentalmente, quando poderiam ajudar muito este País com sua capacidade, com sua inteligência. Quero somar-me a V. Exª. Vou a essa caminhada, vou a essa cruzada. O que pudermos fazer nesta Semana Antidrogas, pode ter certeza, todos nós o faremos. A humanidade continua chocada, o povo está chocado. Dói, e muito, ver essa situação. Tenho convivido com muita gente, tenho participado até de núcleos de pais de família que choram desesperadamente e dizem: “Por favor, salvem nossos filhos!” Enfim, é com sentimento, porque dói muito em cada um de nós, que cumprimento V. Exª. Como V. Exª disse, setor privado, prefeituras, governos estaduais, governo federal, todos precisam somar esforços para salvar nossa juventude. Recentemente, fui visitar um colégio e vi crianças de 8, 9, 12 anos sendo incentivadas por aqueles que estão aí a arrancar o sangue dos jovens, a arrancar a vida de nossa gente. Não vou tirar mais o tempo de V. Exª. Quero dizer que um discurso como esse deveria, e deve, como todos aqueles que estão nesta caminhada, repercutir em todo o País. Parabéns a V. Exª.

O SR. WIRLANDE DA LUZ (PMDB - RR) - Muito obrigado, Senador Paulo Paim. O aparte de V. Exª veio acrescentar conteúdo ao discurso que ora pronuncio.

O uso de drogas - eu também já tive familiares envolvido com elas, mas, graças a Deus, conseguiram sair - é um problema realmente terrível. E hoje não há mais limite de idade. A idade do início do consumo de droga está baixando, como V. Exª acaba de dizer. Crianças de 4, 5 anos de idade já estão sendo incentivadas a cheirar cola, tomar bebida alcoólica, enfim, a usar todo tipo de droga.

Por sinal, hoje a galeria está cheia de jovens, neste momento em que falamos exatamente desse problema. O início do consumo de drogas normalmente ocorre na juventude. Que esse discurso sirva de reflexão de nossos para os jovens que estão na galeria.

Concedo o aparte ao nobre Senador Mozarildo Cavalcanti.

O Sr. Mozarildo Cavalcanti (Bloco/PTB - RR) - Senador Wirlande da Luz, quero parabenizá-lo pelo importante pronunciamento que faz. Essa questão das drogas no Brasil é séria. Embora exista um trabalho até louvável, por outro lado, ele fica banalizado quando autoridades ou, digamos assim, personalidades célebres admitem publicamente que fumaram, que fumam, que defendem. E vou citar nomes aqui, Senador: o nosso Ministro da Cultura disse que fumou até depois dos cinqüenta anos. E diz isso com uma naturalidade! Então, um jovem fica estimulado até para experimentar também. Existem Deputados que defendem a legalização - aí, já é uma questão ideológica. Há quem acredite que, descriminalizando, quer dizer, deixando de ser crime o uso da droga, também cairia, digamos assim, o estímulo ao comércio, ao narcotráfico, porque aconteceu isso com a bebida nos Estados Unidos quando houve a lei seca. Quando se liberou, o preço caiu, o que não impediu o consumo. Mas eu acho - e V. Exª com certeza -, como médico, que não há como compactuar com essa tese. Embora possa ser jurídica e ideologicamente aceitável, do ponto de vista médico e científico é inaceitável, porque sabemos dos danos que a droga, qualquer ela, desde o álcool, passando pela maconha, pela cocaína, pelo crack, que é mais violento ainda, todas elas são nocivas demais ao principal órgão que temos, que é o nosso cérebro. Então, não é possível que, realmente, possamos compactuar com essa tese de deixar a coisa mais ou menos aceitável. E lamento quando vejo alguma celebridade dizer na televisão, ou no rádio, ou no jornal, que fumou, que é um barato, que é isso, que é aquilo. Acho que temos que aumentar o rigor na fiscalização das nossas fronteiras, porque é por lá que entram essas drogas. Vêm da Colômbia, vêm dos diversos países fronteiriços a nós, nessa nossa imensa fronteira amazônica, principalmente. Portanto, acho que esse pronunciamento que V. Exª faz é um alerta, é um chamamento, tanto para os jovens, como V. Exª falou, como também para os pais, para terem uma vigilância e um diálogo melhor.

O SR. WIRLANDE DA LUZ (PMDB - RR) - Muito obrigado, Senador Mozarildo Cavalcante. Agradeço o seu aparte. Realmente, a questão colocada por V. Exª de que pessoas públicas declaram em jornais, em entrevistas, em televisão, é um horror, porque normalmente a nossa juventude se espelha nessas pessoas, muitas delas artistas, jogadores de futebol, ministros. Então, essa é uma questão muito séria. Essas pessoas, já que usam e não conseguiram sair, deveriam pelo menos poupar os nossos jovens, não dizendo que aquilo é o maior barato.

Toda essa movimentação, evidentemente, nos lança um desafio: o desafio de levar o espírito desta Semana Nacional Antidrogas às demais 51 semanas do ano. Seria deplorável, Srªs e Srs. Senadores, se esse esforço de conscientização não resultasse em frutos, se não levasse nossa população a refletir profundamente sobre a questão das drogas.

O fato, o lamentável fato, é que essa guerra parece longe de estar ganha. Ao contrário. Todas as estatísticas, e mesmo a percepção que temos da sociedade como cidadãos, mostram que o consumo de drogas segue crescendo. E, ao falar de drogas, Sr. Presidente, não me refiro às ilícitas, como a maconha, a cocaína, o crack, e o ecstasy. Refiro-me, também, às chamadas drogas lícitas, não proibidas, como o álcool, o fumo e os anabolizantes.

Dados da própria Senad, por exemplo, indicam que 19,4% de nossa população - ou seja, um em cada cinco brasileiros - já fizeram uso de algum tipo de droga ilícita. Por outro lado, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, o consumo per capita de bebidas alcoólicas em nosso País cresceu 154,8% entre 1961 e 2001. Um percentual que situa o Brasil entre os vinte e cinco países que mais viram crescer o consumo de álcool naquele período.

Muitos outros números, Srªs e Srs. Senadores, eu poderia apresentar. Números que assustam. Números que nos mostram a gravidade da situação. De qualquer forma, penso que essa é uma realidade da qual estamos bem conscientes aqui nesta Casa. Na verdade, o que precisamos, cada vez mais, é levar esse recado aos jovens, principalmente àqueles que, influenciados por falsos amigos, iludidos por uma equivocada busca de prazer, insatisfeitos com a própria qualidade de vida e, algumas vezes, até desamparados de apoio ou carinho familiar, se deixam tentar pelo sórdido mundo das drogas.

Em Roraima, o Conselho Estadual Antidrogas organizou eventos no Estado cuja programação conta com palestras, entrega de diplomas para formandos no curso de multiplicadores de informações preventivas sobre drogas, queima de substâncias entorpecentes, ação preventiva nas escolas públicas, além de atividades esportivas, como a “corrida pela vida”.

Nesse sentido, Sr. Presidente, iniciativas como a Semana Nacional Antidrogas são sempre bem-vindas. Que cumpram o seu papel. Que ajudem o País a ver seus filhos cada vez mais afastados das drogas.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/06/2005 - Página 20904