Discurso durante a 92ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apoio às manifestações dos agricultores reunidos no "tratoraço" em Brasília.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA AGRICOLA.:
  • Apoio às manifestações dos agricultores reunidos no "tratoraço" em Brasília.
Aparteantes
Heráclito Fortes, Hélio Costa, João Batista Motta, Juvêncio da Fonseca.
Publicação
Publicação no DSF de 29/06/2005 - Página 21199
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, RESPONSABILIDADE, SITUAÇÃO, CRISE, AGRICULTURA, COMENTARIO, IMPORTANCIA, PRODUÇÃO AGRICOLA, PAIS.
  • DENUNCIA, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, SUSPENSÃO, LICENÇA, PRODUÇÃO, CAMARÃO, ESTADO DO PIAUI (PI), REGISTRO, OBSTACULO, SUPERIORIDADE, PROJETO, FALTA, ENTENDIMENTO.
  • CRITICA, ATUAÇÃO, DEPUTADO FEDERAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), RELATOR, CAMARA DOS DEPUTADOS, RESPONSABILIDADE, FECHAMENTO, CENTRO COMERCIAL, PRODUÇÃO, CAMARÃO, ESTADO DO PIAUI (PI).

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Efraim Morais, que preside esta sessão de 28 de junho de 2005 do Senado Federal, Senadoras, Senadores, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação, Senador Antonio Carlos Magalhães, é preciso navegar. Governar, em grego, é navegar. Senador Heráclito Fortes, navegar significava a maior exigência de competência e coragem. Senador Juvêncio da Fonseca, sem bússolas. “Navegar é preciso, viver não é preciso.” Em grego, “governar” é navegar, e “preciso” é precisão. Senador Antonio Carlos Magalhães, V. Exª e o Senador Tasso Jereissati governaram a Bahia e o Ceará umas três vezes. Vou falar de um, Senador Alberto Silva, que governou quatro vezes: Franklin Delano Roosevelt. Por quatro vezes, ele foi Presidente dos Estados Unidos, e o que nos deixou? Esse país rico, modelo de democracia, de liberdade, de igualdade, Senador Leonel Pavan.

Mas, atentai bem, Senador Hélio Costa, V. Exª que é meio americano, meio mineiro.

O Sr. Hélio Costa (PMDB - MG) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Permito até o horário todo. V. Exª veio de Minas. Libertas quae sera tamen. Minas, de Juscelino Kubitschek, do desenvolvimento, que está faltando neste Governo!

O Sr. Hélio Costa (PMDB - MG) - Só gostaria de lembrar a V. Exª que não devemos confundir americanista com ameriqueiro. Americanista é quem estuda a política dos Estados Unidos e a sociedade americana. Foi o que fiz durante dezoito anos. Da mesma forma que existem brasilianistas famosos, americanos que estudam o Brasil, há brasileiros que estudam os Estados Unidos. Muito obrigado, Senador.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Pois V. Exª há de se lembrar dos ensinamentos de Franklin Delano Roosevelt. Espero que V. Exª, como Vice-Líder dessa aliança do Governo Lula, leve esse ensinamento.

Aí está! Um quadro vale por dez mil palavras, Senadora Heloísa Helena! Olhe o “tratoraço”! Vinte mil tratores! Negar isso? O sistema publicitário de Getúlio Vargas dizia que tudo era mentira. Aí Afonso Arinos veio aqui e disse: “Será mentira a viúva? Será mentira o órfão? Será mentira o sangue? Será mentira o mar de lama?” Será mentira esse “tratoraço”?

Senador Hélio Costa, leve isso a Lula - a Lula cá, não a Lula lá, de Aerolula, nas nuvens.

Senador Antonio Carlos Magalhães, V. Exª se lembra, nos programas políticos, que Lula dizia “Vou ser diferente de Fernando Henrique Cardoso, não vou andar viajando, não. Aliás, vou viajar é pelo Brasil, saber do que precisa o homem do campo, do que precisa o piauiense ou o amazônida”. Palavras, palavras, palavras que se tornaram hoje uma mentira. Esta é a grande verdade.

Mas, Senador Hélio Costa, Franklin Delano Roosevelt disse - atentai para esse quadro que aí está, do “tratoraço” - primeiro: “Levai um bico de luz ao campo e que na panela de cada homem do campo tenha uma galinha, e a família ficará lá”. Não era o Fome Zero, era a verdade. E disse mais: “As cidades podem ser destruídas, porque elas ressurgirão do campo; mas se o campo for destruído, as cidades perecerão”.

É, Senador Efraim Morais, esse é o grito do “tratoraço”.

E o estado real, Senador Alvaro Dias, do campo seria só um, e um quadro vale por dez mil palavras. Um País deste, Senadora Heloisa Helena, em que uma água importada, essa que a elite hoje rica do PT toma, essas águas minerais importadas são mais caras do que um litro de leite, Senador Alberto Silva.

Qual a perspectiva do campo, do criador, do pecuarista e do plantador? Essa é a verdade. E aí está o resultado: propaganda, propaganda, propaganda. É o Governo de Duda Goebbels Mendonça, onde uma mentira repetida se torna verdade. Mas, Senador Heráclito Fortes, não é aquilo que aprendemos no Piauí. Lá aprendemos que é mais fácil tapar o sol com uma peneira do que esconder a verdade. E a verdade está aí, Senador Alberto Silva, o “tratoraço”.

O que me traz aqui é uma preocupação muito maior: a carcinicultura, cultivo de camarão.

Atentai bem, Sibá, aquela sua Ministra...Atentai bem para ela entender as coisas. Vou pedir para ela vir para cá e você ir para lá, ser Ministro do Meio Ambiente.

Senadora Heloísa Helena, atentai bem, carcinicultura é o cultivo do camarão. Alberto Silva, lembro-me muito bem de que o Grupo Klabin, há trinta anos, tentou começar isso no Piauí. V. Exª levou a energia para o Piauí, mas estava fraquinha: 69KW, e eu transformei em 138KW. Então, foi possível. E a carcinicultura desenvolvia-se lá no Equador, na América do Sul, Hélio Costa, não na América da novela e do Bush. Desenvolvia-se aqui, no Equador. Então, Guayaqui e Manta. Eu fui lá. Houve uma epidemia, Heloisa Helena, assim como uma vaca louca, no camarão. Eles ficaram doentes, pálidos, anêmicos, e busquei muitos técnicos. Eles se desenvolveram no Nordeste, floresceram.

Sibá, tenho um documento dos carcinicultores - peço que seja, aliás, peço mesmo é que V. Exª vá para o Ministério e a Senadora venha para cá. Heloísa Helena, para que V. Exª tenha o significado, digo que a riqueza do Piauí é ainda a cera de carnaúba. É secular. Então, quando eu governava o Piauí, isso importava na maior exportação. Em pouco tempo, o Piauí, que busca a riqueza, como o litoral do Nordeste, onde prosperou a carcinicultura, exporta camarão e essa renda equivale à da cera carnaúba, que propiciou emprego, trabalho e riqueza.

O que quero é o debate, que me leve lá na Ministra. Aliás, o que quero pedir é isso. Não quero nada, não tenho interesse.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - V. Exª me permite um aparte, Senador Mão Santa?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Mas quero lhe dizer que está aqui em documentos. Senador Alberto Silva, temos que entender as coisas. Senadora Heloísa Helena, Sófocles disse, ninguém é contra a natureza. Fui professor de Biologia, estudei Ecologia.

Senador Tasso Jereissati, isto interessa a V. Exª: em 1985, Senador Efraim, representante da Paraíba, que também é Nordeste, desenvolveu a carcinicultura, havia vinte projetos. Hoje, há novecentos e cinco no nosso Nordeste. Eles estão totalmente amarrados, impossibilitados por falta de entendimento.

A natureza sempre existiu, e Sófocles disse que muitas são as maravilhas da natureza, mas a mais maravilhosa é o ser humano, é a gente. E isso propicia trabalho, riqueza.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - V. Exª me permite um aparte, Senador Mão Santa?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Na nossa região só tem desemprego, fome e miséria. Então, eles estão sendo como destruidores.

Pior ainda, um Deputado do PT, que foi relator na Câmara - advirto o Senado para isso; Senador Heráclito Fortes tem já o aparte, a querida Heloisa Helena e o nosso João Batista - disse que o que eles estão fazendo mata até gente. Então, suspenderam todas as licenças, todo o desenvolvimento. Estão estagnando o nosso Nordeste, que está em atraso, em retrocesso.

Vamos pela seqüência, Senador Heráclito Fortes, depois João Batista e, finalmente, a encantadora Heloisa Helena, que quero convidar para conhecer os processos.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Agradeço a V. Exª pelo aparte e quero mostrar o quanto ele é oportuno. No exato momento em que V. Exª defende os carcinicultores do Piauí, mostra as dificuldades que o Piauí enfrenta, recebo aqui uma cópia de uma matéria do Jornal Meio Norte, publicada hoje, com a seguinte manchete: ”Ministro da Agricultura compra terras griladas nos Cerrados”. Senador Alberto Silva, depois o Governador Wellington Dias e o Presidente do Interpi afirmam: ”O Governador Wellington Dias informou ontem que entre as autoridades que compraram terras devolutas do Piauí na região dos Cerrados do Piauí, após serem griladas e registradas em cartório ilegalmente, está o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues”. Essa é a técnica desleal empregada pelo PT. Apuram-se grilagens de terra no Piauí praticada agora - coisa recente - e, como escudo de proteção, eles se remetem ao fato...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - ... envolvendo o empresário Roberto Rodrigues na década de 90, que comprou terras com problemas e se encontra na Justiça. Citam o ex-Ministro César Cals, que só de morto deve ter de 15 a 20 anos, mas sobre as questões atuais não falam. Expor um companheiro de Governo, no caso o Ministro Roberto Rodrigues, com manchete estapafúrdia de jornal? Isso não importa para o Governador do Piauí, para seu Presidente do Interpi, mas o que a sociedade piauiense quer saber é exatamente o que está acontecendo no presente momento, Senador Mão Santa. E o Governador, então, desvia do assunto, remetendo para fatos remotos, coisa muito parecida com a que alguns estão tentando fazer na atual CPI dos Correios, tirando de foco o assunto em questão, que é a corrupção, e usando um retrovisor gigante, que ilumina os caminhos do PT, para remontar a fatos passados. Mas essa é a maneira de agir. Quero, de antemão, dizer que o povo piauiense tem vontade, tem desejo de que homens da qualidade do Ministro Roberto Rodrigues invistam, com a sua sabedoria, com a sua competência e capacidade, nas produtivas terras piauienses.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Agradeço, incorporo e conclamo aqui toda a Bancada...

O SR. PRESIDENTE (Efraim Morais. PFL - PB) - Senador Mão Santa, para concluir.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Efraim, eu gostaria...

O SR. João Batista Motta (PMDB - ES) - Senador Mão Santa.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Com a palavra o Senador João Batista Motta, com a aquiescência de V. Exª, Sr. Presidente. Isso é problema do Nordeste, da Paraíba, por isso Deus o colocou na Presidência.

O Sr. João Batista Motta (PMDB - ES) - Senador Mão Santa, a impressão que se tem é que o Governo enlouqueceu. O problema da carcinicultura no Nordeste, como em todo o País, mostra que o brasileiro não tem mais como trabalhar, o Governo não quer mais que o brasileiro trabalhe. Agora, não é só a carcinicultura. O tratoraço que está aí em frente ao Congresso, com tratores velhos, novos, toda a legião de agricultores que está aí na porta do nosso Congresso é de cortar o coração. Esse povo nunca precisou estar aqui, esse povo não tem mais como trabalhar, esse povo não tem mais o que fazer, esse povo está impedido de agir dentro das próprias terras, está proibido de trabalhar!

Veja bem, Senador Mão Santa, há poucos dias, o Presidente do Ibama de Brasília foi preso, foi levado num camburão, algemado, um homem honesto, direito, sabemos. Ele pertence ao quadro do PT, mas é um homem direito, temos que reconhecer. Simplesmente, a política é que não permite que se tenha preço garantido para o agricultor, que, quando planta, está custando 50, daqui a pouco tem que vender por 15, por 20. Não suportamos mais! Só se tem complacência, só se tem pena da indústria internacional, da Volkswagen, das multinacionais estrangeiras. Essas são beneficiadas. O brasileiro tem que morrer de fome. Essa é uma determinação deste Governo, infelizmente.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Concedo um aparte ao Senador Juvêncio da Fonseca.

O Sr. Juvêncio da Fonseca (PDT - MS) - Senador Mão Santa, os argumentos de V. Exª são sempre muito lúcidos e de um fundo culto de conhecimento inteiro, não só da literatura, mas das questões nacionais. Eu gostaria de somar ao seu discurso essa informação que a imprensa deu nesse início de semana, de que a dívida pública cresceu 25% nesse início de ano. Os juros escorchantes que estão aí, que são da tolerância do Governo Federal, favorecem o enriquecimento cada vez maior dos bancos, enquanto os homens de mãos calejadas estão aqui. Quantos peões estão nesses tratores e quantos proprietários de terra estão nesses tratores, querendo trabalhar a terra e não conseguem! Querendo produzir e não conseguem!

O SR. PRESIDENTE (Efraim Morais. PFL - PB) - A Mesa solicita ao orador que conclua o seu pronunciamento, pois fomos bastante tolerantes, e daremos mais dois minutos.

 

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Peço a palavra pela ordem, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Efraim Morais. PFL - PB) - Pois não, Senador.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Pela ordem.) - Sr. Presidente, V. Exª diz que está muito tolerante, e acho que é verdade, porque V. Exª deveria ter começado a Ordem do Dia às 16 horas.

O SR. PRESIDENTE (Efraim Morais. PFL - PB) - V. Exª me dá mais um motivo de tolerância.

 

O Sr. Juvêncio da Fonseca (PDT - MS) - Eu gostaria de terminar o meu aparte. Senador Mão Santa, enquanto essas mãos calejadas nos volantes dos tratores, na rua, com os pés andando nessas ruas de Brasília, estão nesse sacrifício imenso para mostrar a sua linguagem de progresso ao País, os banqueiros estão sentados em seus gabinetes faturando sem trabalho, apenas por meio da emissão de papéis e a Internet funcionando on line para que esse movimento imenso, essa riqueza imensa, que gira nos bancos, cada vez cresça mais. Parabéns pelo seu pronunciamento.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Incorporo as palavras do Senador Juvêncio da Fonseca.

Senador Tasso Jereissati, e o relatório da Câmara Federal é de um Deputado Federal. Acho que V. Exª com seus olhos verdes o perturbou. Ele é João Alfredo do PT. Acho que foi ódio com tudo que é da natureza, com sua beleza; os centros de carcinicultura estão praticamente fechados, perseguidos, violentados. Para essas coisas tem que ter sensibilidade política e responsabilidade administrativa, mas foi desse João Alfredo.

Para terminar, vou citar um frase que não é de qualquer um, é de Armando Klabin. Foi ele que plantou no nosso Piauí a maior fábrica de jaborandi, pilocarpina, da Vegetex, que foi para a Merck, da Alemanha, e ele merece respeito. Foi só uma frase que ele disse. O relatório do Deputado do PT, pelo Estado do Ceará, é um libelo ao desconhecimento e má-fé de um grupelho que corrobora pelo insucesso das iniciativas sociais e econômicas que acentuam a miséria nordestina. Porque ele vê, em cada empresário, um Senador Tasso Jereissati, encheu de ódio e fechou todos os pólos de carcinicultura

E para terminar, em respeito à Paraíba, aqui está o documento de Itamar Paiva Rocha, que é o Presidente da carcinicultura. Então, são essas palavras, Senador Alberto Silva, e convoquei o Deputado Mussa Demes, do Piauí, Coordenador da nossa Bancada, para dar solidariedade e apoio a esses homens que tentam explorar e fazer a riqueza do Piauí.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/06/2005 - Página 21199