Discurso durante a 92ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apoio à marcha dos agricultores que está sendo realizada em Brasília, chamada de "tratoraço". Apelo para que o governo atenda às reivindicações do setor agropecuário.

Autor
Ramez Tebet (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Ramez Tebet
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA.:
  • Apoio à marcha dos agricultores que está sendo realizada em Brasília, chamada de "tratoraço". Apelo para que o governo atenda às reivindicações do setor agropecuário.
Publicação
Publicação no DSF de 29/06/2005 - Página 21148
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • REGISTRO, MANIFESTAÇÃO, AGRICULTOR, CAPITAL FEDERAL, DISTRITO FEDERAL (DF), MOTIVO, NECESSIDADE, AUMENTO, PRAZO, PAGAMENTO, DIVIDA, SETOR, SOLICITAÇÃO, FINANCIAMENTO, LAVOURA, COMPENSAÇÃO, PREJUIZO, EXPORTAÇÃO.
  • COMENTARIO, SUPERIORIDADE, IMPORTANCIA, AGRICULTURA, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), PAIS, DEFESA, AGRICULTOR, MINISTERIO DA SAUDE (MS), NECESSIDADE, MOBILIZAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, SOLUÇÃO, SITUAÇÃO.

O SR. RAMEZ TEBET (PMDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, de onde venho? Quem represento nesta Casa? Eu venho de Mato Grosso do Sul e o represento. Esse Estado, que luta pela sua industrialização, haverá de conseguir esse intento sem as chaminés que poluem as grandes cidades.

Eu venho, portanto, de Mato Grosso do Sul, um Estado de vocação agrícola e pecuária, um Estado do campo, cuja economia está baseada no trabalho daqueles que, de chão a chão e de sol a sol, sem perder as esperanças, acreditando na natureza e no potencial de nossas terras, produzem para o Brasil e, por que não dizer, para o mundo. Esses homens são responsáveis por 37% do Produto Interno Bruto e pelo superávit da balança de pagamentos do País, mas passam, no momento, por uma série de dificuldades, o que requer a atenção do Poder Público para a grave crise que o setor do agronegócio brasileiro atravessa.

Demorei-me hoje, Sr. Presidente, para chegar ao Senado da República. A movimentação é muito grande, pois cerca de dois mil tratores estão enfileirados na Praça dos Três Poderes e em outros lugares de Brasília, nossa Capital da República, procurando, de forma democrática e pacífica, alertar as autoridades, chamar-lhes a atenção, buscando dialogar com o Governo Federal no sentido de que haja uma política, neste momento de crise por que passa o setor, que venha, pelo menos, a minorar o sofrimento daqueles que trabalham e lutam.

Não interessa ao País perder produção e renda, ter queda do faturamento bruto. Sabemos que os preços estão em queda, que os custos estão em alta, que há defasagem cambial. É preciso, portanto, que o Poder Público tenha mais sensibilidade para com esses homens do Brasil inteiro, que estão em Brasília enfrentando toda sorte de sacrifícios para defender os interesses da agricultura e da pecuária.

Há um perigo muito grande de redução da produção. Não podemos nos esquecer de que 1/3 dessas riquezas, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é produzido pelos homens que trabalham no campo. O que eles buscam? Buscam entendimento com o Governo, querem o alongamento das suas dívidas e um financiamento que lhes permita continuar a plantar, a colher, a ter essa esperança de ver o País cada vez mais forte.

Não nos podemos esquecer de que os insumos foram adquiridos pelos agricultores, pelos homens do campo e pelos pecuaristas quando o dólar ultrapassava a casa dos R$3,00. Hoje, ele não chega a R$2,40, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores. Vejam o quanto isso está representando de prejuízo para os agricultores e pecuaristas.

Eles não estão fazendo um passeio a Brasília, mas mostrando a força do seu trabalho, esse trabalho ingente, de quem nunca perde a esperança e olha para o céu pedindo ao criador que a natureza ajude-os a colher aquilo que plantaram.

Sabemos que este foi um ano triste. Em alguns lugares da Federação brasileira, houve o castigo de uma longa estiagem, de uma longa seca; em outros, o das enchentes. O fato verdadeiro é que a agricultura, como um todo, está sofrendo como nunca neste País. Nunca a agricultura passou por tanta dificuldade como hoje.

Então, o que faço eu nesta tribuna? Faço apenas o eco e força para falar em defesa dos interesses do meu Estado. É esse o meu dever.

O meu Estado é pequeno e nele convivo com os agricultores, com o homem que está no campo e com os pecuaristas. Sei muito bem o que estão passando esses agricultores, que trabalham no campo para honrar os seus compromissos.

Urge, portanto, que o Governo Federal adote uma política que venha, no mínimo, a minorar essa grave crise por que passam a agricultura e a pecuária, enfim, por que passa o campo no Brasil.

Há que se ter sensibilidade; há que se encontrar uma solução; há que se dar uma resposta a esses tratores, que foram conduzidos até aqui para que seja mostrada a força de trabalho. Isso é muito importante, é o símbolo de quem trabalha no campo. Esses tratores, cerca de dois mil, aglomerados aqui, com milhares de agricultores acorrendo a Brasília, positivamente, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, são mais eloqüentes do que qualquer discurso. Isso fala mais do que qualquer outra coisa, traduzindo a necessidade de o Brasil, neste momento, solucionar aquilo que eu chamo de a mais grave crise da Agricultura da nossa Pátria.

Portanto, este é o motivo da minha presença na tribuna: registrar a presença de Mato Grosso do Sul, Estado que tem o maior rebanho e é um dos maiores produtores de soja deste País.

Está aqui a palavra do seu humilde filho, clamando ao Governo Federal que venha em socorro da agricultura, que não permita que ela pereça e que faça com que os agricultores encontrem ânimo para continuar o seu trabalho e, a cada ano, possamos obter uma safra cada vez maior, para ajudar a ter mais comida na mesa do brasileiro, para ajudar também nas exportações, contribuindo para a melhoria da balança comercial do nosso País.

Era esse o registro, Sr. Presidente, que eu gostaria de fazer, na tarde de hoje, em defesa do homem do campo, dos agricultores e de todos aqueles que estão aglomerados aqui em Brasília, embaixo de barracas, com seus tratores, com suas máquinas, na esperança de que suas vozes sejam ouvidas pelas autoridades federais.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/06/2005 - Página 21148