Discurso durante a 102ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentários à crônica de Ignácio Loyola Brandão. (como Líder)

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Comentários à crônica de Ignácio Loyola Brandão. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 02/07/2005 - Página 21869
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), CRITICA, DECLARAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DESRESPEITO, MINISTRO DE ESTADO.
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), PROTESTO, ATUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), GOVERNO FEDERAL.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, pensei em começar com Brecht. E concluí por iniciar com Ignácio de Loyola Brandão, que cita Bertold Brecht, que é, ele próprio, uma época. De tumultuosa rebeldia e de protesto.

            No Brasil, também tivemos vozes para o protesto, como de Geraldo Vandré, que, com sua música, conseguia ecoar o choro de Alices e Marias. Já não vivemos numa ditadura como aquela do tempo de Vandré. Hoje, a fase é a de obscurantismo de um Governo que vegeta na escuridão, supondo que sabe conduzir a Nação e que agora, pelo imobilismo, finge ignorar a prática de corrupção que resultou, por enquanto, na CPMI dos Correios.

Esta etapa em que vivemos é uma fase sombria, que fecha o caminho de um futuro melhor para o Brasil. As oposições altearam a voz e promovem, no Legislativo, as investigações em curso. Necessárias, diz o povo. Sabotadas, porém, pelo Governo Lula.

O cenário brasileiro, por culpa da improvisação de um Governo exangue, sem autoridade e desacreditado, já é visto pela população como um mal que devemos suportar até o fim de ano que vem.

Se Cícero ainda vivesse, repetiria as suas Catilinárias para reprovar o nível nada edificante, para não dizer vergonhoso, dos desvãos verbais do dia-a-dia do Presidente Lula. Como a frase que está hoje na Folha de S.Paulo, dita pelo Presidente ontem a oito de seus Ministros.

            Em respeito aos Anais do Senado, não sei se devo reproduzir a frase presidencial, com a qual o Chefe de Estado da República Federativa do Brasil condenou a um “tchau e bênção” os seus “companheiros”, que “vão sambar”. E o Presidente diz: “Daqui para frente, companheiro que não se portar bem, samba”. A pergunta é: para trás, sem as denúncias, companheiro podia se portar mal à vontade sem sambar - sem forró, sem tango, sem dança alguma? Vou usar metáfora. O Presidente disse outra coisa, que estou tentando traduzir: erraram o alvo no momento de micturição”. Micturição - vou ficar entre a palavra científica, erudita, e o que disse o Presidente - é a arte de fazer pipi.

Ele, Lula, usou esse palavreado, no original, diante - repito - de oito Ministros. Infeliz é o povo cujo Presidente é esse Senhor!

De Brecht, na Europa dos anos difíceis do nazismo, e de Vandré, nos anos brasileiros de chumbo, as vozes do desencanto brasileiro são, hoje, as dos cronistas, como Loyola Brandão, citado no começo deste pronunciamento.

O cronista do Caderno Dois do Estadão fala e protesta em crônica contra os destampatórios atuais e o desconcerto do Governo petista. Loyola faz seu protesto em prosa e mostra que:

Somos de uma geração cujos sonhos foram destroçados um a um. Somos pais de uma geração que está sem sonhos e sem caminhos. Um jovem hoje que projetos pode formular?

Como milhares de brasileiros, Loyola Brandão lembra:

Um dia, dissemos aos nossos filhos que havia uma chance de mudança, de reestruturação. Imaginávamos que Lula, o operário, estava ali para trazer esperança. Mas Collor fez o que fez! E Lula esperou mas alguns anos e por todo esse tempo mantivemos uma luz no fundo do túnel. Então, elegemos Lula. E a luz se apagou. O que dizer agora aos jovens? Como fazê-los acreditar, se nós não acreditamos?

Quem acredita no quê?

            Sr. Presidente, pela forte coincidência da crônica de Ignácio Loyola de Brandão com o cenário do Brasil de hoje, estou anexando-a a este pronunciamento para que, assim, passe a constar dos Anais do Senado e ajude a análise do historiador do amanhã na avaliação desse tempo de hoje, perdido para o Brasil.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Apertem os cintos, o piloto enlouqueceu”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/07/2005 - Página 21869