O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente desta sessão, Senador Flexa Ribeiro, Senadoras e Senadores presentes, brasileiras e brasileiros que nos assistem pelo sistema de comunicação, Senador Geraldo Mesquita, V. Exª trouxe à tona o assunto publicidade. Mas quero deixar claro que temos de diferir o que é opinião pública e o que é opinião publicada. O PT teve a opinião, Senador José Maranhão, publicada, paga. Sobre opinião pública, Abraham Lincoln disse: ”Não faça nada contra a opinião pública que malogra. Tudo com ela tem êxito”. Essa é a diferença. O PT ficou na opinião publicada, paga.

Goebbels Duda Mendonça não ouviu a voz rouca das ruas. Juscelino perguntava, Senador Geraldo Mesquita, aos seus companheiros: “Como vai o monstro?” Por isso é que ele terminou. O Lula desconhece tudo, e o monstro está enfurecido: era o povo. O povo está enganado, está maltratado, está roubado.

Sr. Presidente, quero prestar conta que representei este Senado, como membro da CAE, no Parlatino, em Buenos Aires, em um congresso sobre dívida pública e desenvolvimento regional, sobre deuda publica, como se chama em espanhol.

A Argentina vai bem melhor do que o Brasil. Não adianta essa ilusão de Lula querer liderar, dizer que é o líder da América do Sul. Como? É um país em que, às quatro horas da manhã, centenas de livrarias estão abertas, com jovens lendo. Às quatro horas da manhã! Ó Lula, Monteiro Lobato disse que um país de faz com homens e livros. Às quatro horas da manhã, todas as livrarias estão abertas.

Então, jamais Lula iria liderar a América do Sul. Foi o Zé maligno que colocou isso na cabeça do Presidente e lhe deu o Aerolula para ficar agindo. E aí nós estamos.

Senador Geraldo Mesquita, dois terços do Governo praticamente já se foram. Falta só um terço. E os dois terços?

Senador Sibá Machado, lamento dizer que o Governo de V. Exª errou na política econômica. Há esse negócio de dizer que está bom, e não está nada de bom. Foi uma política neoliberal conservadora. Aumentaram-se os impostos, e os juros são os mais altos do mundo. Isso levou a essa estagnação. Desvalorizaram-se o trabalho e o trabalhador; acabou com as poupanças internas. Não há obra sem poupança, não há trabalho, e os trabalhadores estão aí.

Deflação significa isto: estagnação, falta de dinheiro para comprar, baixa mesmo. Não há dinheiro, o dinheiro se foi. O Aerolula voou, e o dinheiro voou para os banqueiros, para o FMI, para o Bird, o Banco Mundial, e para os banqueiros daqui mesmo; para os banqueiros que pagam a comunicação. E o resto do dinheiro foi roubado.

Os programas sociais, o Fome Zero, nota zero.

Lá, no Piauí, ele começou esse programa, e, na cidade onde foi implantado, o PT perdeu a eleição. Nota zero.

Na letra do hino do Piauí, lê-se: “Piauí, terra querida, filha do sol do Equador(...)” Lembra-se, Sibá? Na luta, o seu filho é o primeiro. E nós demos zero ao programa Fome Zero. Ele foi derrotado na cidade onde foi implantado. Que resposta bela a do Piauí!

O Primeiro Emprego. Não tem primeiro, não tem segundo, não tem terceiro, não tem emprego de jeito nenhum! Vejam as ruas, ouçam a voz rouca das ruas, o lamento, o desespero do homem desempregado, sem nenhuma perspectiva. Houve, sim, para Ministros. Nunca foi tão fácil ser Ministro! Uma atitude primária, elementar, errônea, e fui o primeiro a dizer que não dava certo.

Flexa Ribeiro, não votei na primeira vez no Lula, na segunda ou na terceira. Mas o cão existe, ele atentou, e votei na quarta. Mas fui o primeiro aqui a dizer, na reforma da previdência - o atestado foi ontem, a paralela -, da besteira que fizemos. Nós todos, iluminados e com coragem, corrigimos tantos malefícios feitos aos aposentados, aos velhinhos, à nossa previdência!

Secretarias especiais, DAS, cargos para aliados. Aliados despreparados, famintos e despreparados. Quebraram toda a máquina administrativa, construída ao longo dos anos por funcionários públicos, com mérito, com sacrifício. Houve investimento. Botaram umas porcarias, uns analfabetos, uns despreparados dirigindo e pararam o Brasil.

Eu pensava até, Senador Flexa Ribeiro, que eles iriam trocar por aquela bandeira vermelha. Mas eles foram só na listra branca, Sibá, tiraram o que estava escrito e botaram “Desordem e Regresso”. Esse é o quadro hoje do nosso País.

Eu diria: errou mais ainda. E a reforma agrária? Permitiram a desapropriação para fim de reforma agrária em terras invadidas - possibilidade proibida pelo governo anterior. Eles invadiram e entraram. Não havia um freio.

Até a política externa. Saíram por aí, fazendo passeios, passeios, passeios! Sibá, a minha mãe, terceira franciscana, me ensinou que a caridade começa com os de casa. Saiu emprestando dinheiro, dando dinheiro, inclusive para países de ditadura, Senador Arthur Virgílio. De ditadura! Ele saiu negociando, emprestando e dando dinheiro.

Quantos famintos, quantos sem teto, sem casa, sem trabalho, sem pão e sem esperança! E os famintos do meu Nordeste, do Amazonas?

Foi-se o sonho de ser líder do mundo, encantado pelas mordomias!

E, quanto ao tempo, Senador Arthur Virgílio, já se foram dois terços do mandato.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Falta um.

Para encerrar, fui à Argentina e me chamou a atenção um discurso de Perón, Senador Arthur Virgílio. Eu o comprei - é um país em que as livrarias estão abertas às 4 horas da manhã. Senador Sibá, “A Comunidade Organizada”, de Juan Perón. É um discurso que o General Domingos Perón, Presidente da Nação, proferiu, Senador Arthur Virgílio, em 09 de abril de 1949, no Teatro Independência, na cidade de Mendoza, numa conferência no I Congresso Nacional de Filosofia. Que Beleza!

De 1949, Senador Arthur Virgílo! Parei e fui...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - De 1949, há mais de cinqüenta e seis anos, e é transformado em livro.

Pergunto, Senador Magno Malta, já que falta apenas um terço do mandato do Governo Lula: haverá algum livro sobre as frases de Lula? Alguma coisa que se aproveite? Essa é a diferença.

Eu pediria permissão apenas para dizer isto, Senador Arthur Virgílio, atentai bem: “El grado ético alcanzado por un pueblo imprime rumbo al progreso, crea el orden y asegura el uso feliz de la libertad”.

A frase é de Perón.

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Advertimos que não dariam certo aquelas peladas! Nós advertimos que o núcleo não podia ser duro, tinha que ser mole, oxigenado e flexível. Quebra! Nós advertimos que havia um maligno por trás de tudo isso. Tudo era verdade.

Aristóteles, quem diz é Perón, atentai para a diferença - quem Lula imagina ser Aristóteles? Perón diz - só esta frase de toda a conferência sobre filosofia: “Aristóteles nos dice: El hombre es un ser ordenado para la convivencia social; el bien supremo no se realiza, por consiguiente, en la vida individual humana, sino en el super-individual del Estado;...”

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - “... la ética culmina en la política. El proceso aristotélico nos lleva un punto más lejos del proyectado. Deseamos referirnos sólo a la imposición de la convivencia sobre las proyecciones de la actitud individual. Nuestra virtud no es perfecta hasta ser complementada por esa ética, que mide los valores personales”.

É a ética da qual ele fala na filosofia. Ética, como a Senadora Heloísa Helena diz que aprendeu com o padre, é vergonha na cara e amor no coração. É o que está faltando neste Governo.

O SR. PRESIDENTE (Flexa Ribeiro. PSDB - PA) - Conclua, Senador Mão Santa.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Para concluir.

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Ó, Lula, aprenda. Estamos dando uma aula, mesmo. Aqui é a Casa, devemos ser os pais da Pátria.

Então, oh, Lula, antes de pegar o avião aprenda com Sócrates, que começou a vida normalmente, nas cidades, no Estado, porque o homem é um animal social. Ele disse que há apenas um grande bem, o saber - Lula, busque esse saber -, e apenas um grande mal, a ignorância - a ignorância sua e de seu Partido tem sido audaciosa e está arruinando o nosso Brasil