Discurso durante a 106ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Indignação com a obstrução dos trabalhos para impedir a votação de diversos requerimentos na CPI dos Correios. (como Líder)

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).:
  • Indignação com a obstrução dos trabalhos para impedir a votação de diversos requerimentos na CPI dos Correios. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 09/07/2005 - Página 22781
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).
Indexação
  • PROTESTO, OBSTRUÇÃO PARLAMENTAR, APROVAÇÃO, REQUERIMENTO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), IMPEDIMENTO, QUEBRA DE SIGILO, SUSPEIÇÃO, GRAVIDADE, CRISE, POLITICA NACIONAL, IMPORTANCIA, INVESTIGAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), REFORÇO, DEMOCRACIA.

DISCURSO PROFERIDO PELO SR. SENADOR ALVARO DIAS NA SESSÃO DO DIA 07 DE JULHO DE 2005, QUE, RETIRADO PARA REVISÃO PELO ORADOR, ORA SE PUBLICA.

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O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Pela Liderança do PSDB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, desloquei-me neste momento da CPMI dos Correios com o objetivo de manifestar desta tribuna a minha indignação. Talvez eu não tenha autoridade para daqui pedir desculpas ao povo do País pelo espetáculo deprimente a que estamos assistindo, durante os trabalhos de hoje, da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios.

Desde as nove horas da manhã, estamos discutindo a aprovação de requerimentos. Há pouco, aprovamos requerimento quebrando os sigilos bancário, fiscal e telefônico do Deputado Roberto Jefferson, e queríamos que o mesmo ocorresse em relação a outras personalidades alvo de denúncias, neste momento de crise moral deplorável que se abate sobre as instituições públicas do nosso País. Não permitiram, tentaram evitar, estão obstruindo os trabalhos.

E eu pergunto: o que temem aqueles que não desejam os sigilos bancário, fiscal e telefônico quebrados? Na verdade, a quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal oferece elementos para um atestado de boa conduta ou elementos para a condenação. Se temem, certamente não esperam elementos para o atestado de boa conduta. Portanto, há, preliminarmente, uma suposta condenação daqueles que deveriam ter sigilos quebrados pela Comissão Parlamentar de Inquérito.

O momento é da maior gravidade. Nós ouvimos diversas opiniões, através da mídia nacional, de que estamos, talvez, vivendo a maior crise dos últimos vinte e cinco anos de democracia em nosso País. Talvez seja a maior crise. É difícil avaliar se esta é maior que aquela, se tivemos tantas crises, crises de profundidade. Não sei. Sei que há uma crise deplorável. E nós podemos, ou emergir dos escombros provocados pelo escândalo da corrupção, para a construção de um novo caminho, buscando um novo rumo, com uma postura diferenciada que implique respeitabilidade pública maior, ou desperdiçar esta oportunidade e seremos, então, também condenados pela população, por não cumprirmos rigorosamente o nosso dever.

Estamos cumprindo? Talvez não como deseja o povo do País. Hoje, pelo menos, não posso afirmar que cumprimos o nosso dever rigorosamente dentro das exigências da população brasileira. Poderíamos ter votado rapidamente a quebra do sigilo bancário, porque eu imagino que é o mínimo, quando há denúncias, há suspeitas.E há justificativa juridicamente perfeita para se promover a quebra do sigilo bancário.

O que há, Sr. Presidente Gerson Camata, Srs. Senadores, até aqui é a constatação de um modelo espúrio de relação do Executivo com o Legislativo. Ontem ficou patenteado, de forma solar, uma parceria explicitada entre o empresário Marcos Valério e suas empresas e o Partido dos Trabalhadores de um lado e, de outro, ele e suas empresas e o Governo, através de conexões visíveis, identificadas em vários depoimentos.

(O Sr Presidente faz soar a campainha.)

O SR. PRESIDENTE (Gerson Camata. PMDB - ES) - V. Exª poderia concluir?

O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR) - Sr. Presidente, vou concluir, cumprindo rigorosamente o horário e o Regimento.

            O que nos resta é apelar para que, a partir deste momento que estamos vivendo, esta Comissão Parlamentar de Inquérito possa investigar para valer, sem a preocupação de um ou de outro de preservar determinados setores, de acobertar fatos e de proteger determinadas pessoas. Só sairemos desse episódio com a possibilidade de recuperar credibilidade se, realmente, agirmos de forma imparcial e, sobretudo, estabelecendo o combate à corrupção como o nosso dever maior, colocando a corrupção à luz para que possa ser denunciada, combatida, julgada e condenada. Esse é o nosso dever neste momento.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/07/2005 - Página 22781