Discurso durante a 115ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da matéria intitulada "A radiografia do mensalão", publicada na revista IstoÉ, edição de 13 de julho do corrente.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).:
  • Registro da matéria intitulada "A radiografia do mensalão", publicada na revista IstoÉ, edição de 13 de julho do corrente.
Publicação
Publicação no DSF de 21/07/2005 - Página 24986
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT).
Indexação
  • COMENTARIO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, ISTOE, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ESCLARECIMENTOS, PARTICIPANTE, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, APURAÇÃO, CORRUPÇÃO, EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELEGRAFOS (ECT), PAGAMENTO, MESADA, PROPINA, CONGRESSISTA.
  • ELOGIO, BANCADA, OPOSIÇÃO, ANALISE, ATUAÇÃO, BENEFICIO, ESTABILIDADE, DEMOCRACIA, PRESERVAÇÃO, MANDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, APREENSÃO, PARALISIA, GOVERNO FEDERAL, CRITICA, DEPOIMENTO, PUBLICITARIO, DIRIGENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).

O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo a tribuna neste momento para fazer o registro da matéria intitulada “A radiografia do mensalão”, publicada na revista ISTOÉ, em sua edição de 13 de julho do corrente.

Como a CPMI dos Correios virou um emaranhado de informações, ficou difícil, para quem não a acompanha diariamente, desvendá-la. Dessa maneira, faz-se mister, para que todos entendam, publicar o presente mapa, que traça o papel dos 64 atores que participam desta história, dando destaque para os três principais: Roberto Jefferson, José Dirceu e Marcos Valério.

            Sr. Presidente, requeiro que a matéria acima citada seja considerada parte integrante deste pronunciamento, para que passe a constar dos Anais do Senado Federal.

O segundo assunto que trago a esta tribuna, Sr. Presidente, diz respeito ao comportamento das oposições, o qual, desde que foi deflagrada a crise ética e moral sem precedentes que se abateu sobre a República, vem se pautando pela irrestrita observância da mais elevada e digna postura democrática. Em momento algum, qualquer integrante do Bloco da Minoria, seja na Câmara dos Deputados seja no Senado Federal, ocupou a tribuna do Parlamento para pregar a interrupção do mandato do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pelo contrário, a palavra de ordem da oposição tem sido “Fica, Lula”, um contra-ponto ao bordão “Fora, FHC”, tão entoado pelos integrantes do Partido dos Trabalhadores.

Recentemente, o instituto de pesquisa de opinião Ibope revelou que 42% dos cidadãos pesquisados acreditam que o Presidente Lula corre o risco de perder seu mandato. A inclusão desse questionamento específico no rol de perguntas do referido instituto indica que já está esboçada para a sociedade brasileira a possibilidade de que o Presidente da República não tenha condições de concluir o seu mandato, em face da avalanche de denúncias que cresce a cada semana.

Há sinais preocupantes de que a governabilidade pode ser afetada em razão do flagrante descontrole da máquina de Estado. No Palácio do Planalto, em que pese a presença profissional da ministra Dilma Roussef à frente da Casa Civil e do núcleo ultra-ortodoxo (o FMI doméstico - Fundo Monetário Internacional) da Fazenda, e as honrosas atuações pontuais dos ministros Roberto Rodrigues e Luiz Furlan nas pastas da Agricultura e do Comércio Exterior, o que impera é a mais completa paralisia gerencial diante do clima de corrupção que se instalou no País.

Nesse contexto, para agravar os contornos da débâcle do brio e da decência governamentais, os depoimentos da semana, colhidos no âmbito da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito - CPMI - “dos Correios”, contribuíram de forma definitiva para configurar a moldura de um governo em ruína.

Os Srs. Silvio Pereira e Delúbio Soares, na seqüência patética encenada para sustentar a fantasiosa versão apresentada à nação para justificar os vultosos recursos movimentados nos porões da Executiva do Partido dos Trabalhadores e irrigados pelas conexões bilionárias do Sr. Marcos Valério, com a chancela de circuitos oficias de inúmeras instâncias do Governo federal, insistem em desafiar as faculdades mentais do povo brasileiro.

O testemunho prestado pelo ex-secretário-geral e secretário de Finanças do Partido dos Trabalhadores à CPMI “dos Correios” é a prova cabal de que a farsa continua, bem como do enredo burlesco que a nação perplexa assiste.

A velocidade dos acontecimentos e a virulência das revelações que parecem advir de um poço sem fundo expõem as vísceras do derradeiro espectro da crise: ausência de condições objetivas de o Presidente Luís Inácio Lula da Silva concluir o seu mandato.

Se eu fosse instado a traçar um cenário da conjuntura política nos próximos noventa dias, centrado na figura do primeiro mandatário, não me restaria alternativa: recorreria a uma máxima do inefável Paulo Francis: “... só o imprevisível pode salvá-lo”.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ALVARO DIAS EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“A radiografia do Mensalão”, ISTOÉ.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/07/2005 - Página 24986