O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo a tribuna neste momento para fazer um breve comentário sobre as denúncias de corrupção nos Correios e os supostos pagamentos de propina aos deputados do PTB, PL e do PP, conhecida como “mensalão”, e seus reflexos na imagem do PT e do Presidente Lula.

Marcos Valério não agüentou a pressão e acabou desvendando a história secreta de repasses de dinheiro do PT para outros partidos. Delúbio Soares confirmou o “caixa dois” do PT. O Deputado João Batista foi pego com malas contendo R$10 milhões. O ex-assessor do Deputado e irmão do José Genoino, José Nobre Guimarães, foi encontrado com dinheiro na mala e na cueca. E no meio disso tudo Tarso Genro assume a Presidência do PT e tenta resgatar a ética perdida do partido.

            Portanto, Sr. Presidente, é nesse contexto que solicito que as matérias abaixo relacionadas sejam consideradas parte integrante deste pronunciamento, para que constem dos Anais do Senado Federal.

Como segundo assunto, Sr. Presidente, quero dizer que o editorial de ontem, dia 21 de julho de 2005, do jornal Folha de S.Paulo, intitulado ”Escárnio à Nação”, expressa com muita sobriedade o momento de perplexidade que estamos vivendo, em face das relações de promiscuidade estabelecidas entre alguns integrantes dos Poderes Executivo e Legislativo com a participação da alta cúpula partidária.

“Tudo aquilo que os antigos campeões da moralidade política condenaram ao longo de anos de militância oposicionista foi posto em prática - e as justificativas apresentadas, com o concurso do próprio presidente Lula, vão se mostrando um verdadeiro escárnio à Nação.”

Sr. Presidente, solicito a V.Exª a transcrição também da íntegra do referido editorial do jornal Folha de S.Paulo nos Anais desta Casa.

Nesse contexto, Sr. Presidente, eu gostaria de ressaltar que a estupefação está incorporada ao cotidiano da Nação, diante de demonstrações explícitas de escárnio à inteligência do povo brasileiro e de depoimentos como o do “doutor cinismo”, ontem na Comissão Parlamentar Mista “dos Correios”.

É assombrosa a “devastação”, via partidarização, promovida pelo Governo Lula na máquina de Estado. No Banco do Brasil, por exemplo, a crise expôs de que forma uma instituição, até então mantida à margem de influências partidárias, foi transformada num espaço de “Pizzolatos”. Após a eleição do Presidente Lula, dos 33 cargos de direção do Banco do Brasil, 21 foram trocados e os mais cobiçados postos entregues aos petistas de carteirinha.

No contexto da conjuntura econômica, Srªs e Srs. Senadores, eu gostaria de ressaltar que a dívida do Governo em títulos ultrapassou R$900 bilhões pela primeira vez na história. Em junho, essa dívida cresceu 1,98%, ou R$17,58 bilhões, e chegou a R$905,51 bilhões.

A maior parte desse aumento (R$13,28 bilhões) é conseqüência da incidência de juros sobre a dívida.

Entre setembro do ano passado e maio deste ano, a taxa básica de juros, a Selic, passou por nove elevações e agora está em 19,75% ao ano.

O fato de a Selic estar em um patamar muito elevado é danoso para a dívida pública porque mais da metade dos títulos são remunerados por essa taxa. Ou seja, quanto mais sobe, mais alta fica a dívida brasileira.

O Brasil figurou, em junho, como o país que praticou as maiores taxas de juros do mundo, tanto nominais quanto reais, segundo relatório divulgado pela GRC Visão. O relatório traz um ranking com 40 países, listados de acordo com suas respectivas taxas.

Em 19,75% ao ano, a taxa Selic é a maior taxa básica de juros do planeta, seguida da taxa básica de juros praticada na Venezuela (17% ao ano) e na Turquia (14,3% ao ano). Na quarta e na quinta posição aparecem a Rússia (13% ao ano) e o México (9,7% ao ano).

No que diz respeito aos juros reais, considerando os últimos 12 meses e descontando a inflação do período, os juros reais brasileiros são os maiores do mundo. Hoje os juros reais no Brasil são 14%.

Os juros reais praticados na Turquia aparecem em segundo lugar (8,5% ao ano) e os praticados na Hungria em terceiro (7,5% ao ano). No outro extremo, vale citar, aparecem a Argentina (-5,2% ao ano) e a Grécia (-1,6%), com taxas de juros reais negativas.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado.

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ALVARO DIAS EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

“O homem que sabe demais”, IstoÉ, 20.07.05;

“Em busca da ética perdida”, IstoÉ, 20.07.05;

“Santa Mala”, IstoÉ, 20.07.05;

“Por razões de Estado”, revista Veja, 20.07.05;

“Brasília em pânico”, revista Época, 18.07.05.

“Escárnio à Nação”, Folha de S.Paulo.