Discurso durante a 118ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Necessidade de investimento nas estradas brasileiras. Início das obras para conclusão da Rodovia BR-101 nos Estados da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Necessidade de investimento nas estradas brasileiras. Início das obras para conclusão da Rodovia BR-101 nos Estados da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
Aparteantes
Antonio Carlos Magalhães.
Publicação
Publicação no DSF de 26/07/2005 - Página 25291
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • ANALISE, HISTORIA, DESENVOLVIMENTO, TRANSPORTE RODOVIARIO, BRASIL, INSUFICIENCIA, ATENDIMENTO, DIMENSÃO, TERRITORIO NACIONAL, GRAVIDADE, PRECARIEDADE, CONSERVAÇÃO, RODOVIA, FALTA, SEGURANÇA.
  • ANUNCIO, CONTINUAÇÃO, CONSTRUÇÃO, RODOVIA, LITORAL, REGIÃO NORDESTE, LIBERAÇÃO, RECURSOS, BANCO MUNDIAL, BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO (BID), ESTADO DA PARAIBA (PB), ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (RN), ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), PROTESTO, INTERRUPÇÃO, TRECHO, LIGAÇÃO, ESTADO DA BAHIA (BA), ESTADO DE SERGIPE (SE), SOLICITAÇÃO, PROVIDENCIA, MINISTERIO DOS TRANSPORTES (MTR).
  • IMPORTANCIA, DECLARAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, RECONHECIMENTO, NECESSIDADE, RECUPERAÇÃO, RODOVIA.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Brasil fez uma opção pelo modelo rodoviário. Deixamos de lado os trens, deixamos de lado os rios, deixamos de lado toda a costa e fizemos a opção primordial pelas rodovias.

Na época do chamado “milagre brasileiro”, na infra-estrutura rodoviária, as estradas tiveram um destaque especial e vialibizavam até mesmo uma aventura, que recebeu a denominação de Transamazônica. Quem não se lembra, na minha geração, do milagre da Transamazônica? “Vamos cortar a selva”. “Vamos levar a civilização, o progresso, o desenvolvimento selva adentro”. A Transamazônica era o milagre falado na época da revolução.

É bem verdade que, ao longo do último século, alguns Presidentes adotaram decisões políticas e administrativas que encaminharam claramente a opção preferencial pelo transporte de pessoas e cargas por meio de rodovias; estradas que - diga-se de passagem -, hoje, mais do nunca, mostram-se tímidas e insuficientes para as dimensões do País e para seus milhões de usuários.

O pior é que não é apenas tímida a rede, não é apenas insuficiente a rede, mas, dos 56 mil quilômetros de estrada, 36 estão inservíveis.

Vi, com alegria, nesse final de semana, o Presidente da República dizendo, no sindicato dos caminhoneiros, que vai consertar as estradas que encontrou quebradas. Mas já se passaram dois anos e meio, e tivemos poucos consertos. Outras estradas são necessárias, e, com toda certeza, é preciso que não somente consertemos essas que estão deterioradas, como façamos novas, e novas que sirvam não como um capilar, mas como uma artéria para o transporte em todo o País.

Desde que tivemos o conjunto de ações e o lançamento das bases da industrialização brasileira, o ex-Presidente Getúlio Vargas conduziu determinadas soluções e alternativas que foram, mais tarde, apropriadas de forma correta e incrementadas pelo ex-Presidente JK para a implantação da indústria automobilística nacional. Aí vieram as frotas de ônibus, de caminhões, de veículos de passeio, e não se parou mais. Essa teia de estradas, que tinha como ápice, como ideal a Transamazônica, foi construída nessa época. Tivemos dinheiro externo, o País fez um sacrifício, e estradas e estradas foram feitas.

Muitas até hoje, Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estão apenas no ideário, na imaginação. Uma delas, Senador Antonio Carlos, é a nossa BR-101, que devia sair do Sul, cortar o País todo, passando pela sua Bahia, até o outro ponto. Quantos anos se passaram, e a rodovia ainda não foi levada adiante!

Agora, conseguimos um dinheiro do Banco Mundial que não foi para todos os Estados, mas, graças a Deus, Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco - esse trecho - conseguiram, neste ano, quatrocentos milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Estão sendo liberados oito lotes, que, no próximo mês, darão início às obras.

A estrada será concluída em sua plenitude? Não. Falta um pedaço. V. Exª, ainda outro dia, dizia que para o trecho entre Sergipe e Bahia não existe verba, nem está havendo esforço para que haja. Portanto, a estrada continuará interrompida. De qualquer forma, vi, com satisfação, o Presidente Lula reconhecer que encontrou as estradas todas quebradas. E lamento porque a maioria continua quebrada.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - V. Exª me permite um aparte, Senador Ney Suassuna?

O SR. NEY SUASSSUNA (PMDB - PB) - Pois não, Senador Antonio Carlos Magalhães.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - No governo passado, o ministro era do Partido de V. Exª.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - É verdade.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - Eliseu Padilha. Logo, ele e o Presidente Fernando Henrique têm a culpa, mas agora tenho certeza de que o PMDB, no Governo, colocará no Orçamento a parte da 101 que diz respeito a Sergipe e à Bahia. Daí o apelo que faço a V. Exª, que é o Líder desse Partido, para nos ajudar, e ao Nordeste, neste caso.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - V. Exª tem razão. O ministro do governo passado era do meu Partido. Nós fizemos tanta pressão, Sr. Presidente, para que o Orçamento fosse mais folgado e pudéssemos trabalhar mais, mas, infelizmente, o grito dos banqueiros foi mais alto, e o dinheiro, ao invés de ir para consertar as estradas que já existiam e concluir as outras, foi para o pagamento da dívida.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - Para completar, nunca os banqueiros estiveram mais satisfeitos do que agora.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - V. Exª diz isso não apenas com as palavras, mas também com a face, numa expressão de ironia. Regozijo-me pela alegria com que V. Exª diz isso, e o pior é que, lamentavelmente, não tenho como rebater.

O que posso dizer é que, no que depender de mim, estou lutando neste Governo para que o dinheiro do imposto que criamos para esse fim, a Cide, chegue ao Ministério dos Transportes.

Não precisamos de muito. Temos um Senador aqui, e V. Exª o conhece muito bem, o Senador Alberto Silva, que entende de engenharia e que elaborou um projeto interessante para a recuperação das estradas. Mas parece um assunto encantado o das estradas. Não se consegue avançar com a velocidade que necessitam os caminhoneiros e o País.

Fico muito preocupado com isso. Não adianta atirarmos para todos os lados, porque não vamos acertar. Vamos atirar em relação à BR-101, cujas obras começam no próximo mês. Na minha região, está tudo arrumado, porque o dinheiro existe, é internacional. Os oito lotes vão cumprir sua tarefa, e a estrada sairá. Só me preocupo porque ela não é completa, de acordo com o que eu disse e com o que V. Exª me alertou um dia desses.

Peço ao Ministro dos Transportes e ao Presidente da República que encontrem uma solução a fim de fazer a ligação de Norte a Sul. Essa será não uma Transamazônica, com todo o ímpeto que vivemos naquela época, quando se dizia “vamos desbravar a selva!”, mas será importante para o turismo, para a economia, para a segurança das pessoas e, principalmente, para a segurança das cargas.

Passei o final de semana na Paraíba e fui ao sertão do meu Estado. Lá, a fronteira é muito irregular, há momentos em que temos de passar por outro Estado. Na região fronteiriça, Senadora Heloísa Helena, à noite, ninguém anda sozinho, mas em comboio, porque a estrada é ruim e os assaltantes estão à espreita para tomar o carro e a carga. É preciso que a estrada esteja boa para que, com velocidade, o carro possa “sair fora”.

É preciso segurança nas estradas. É impossível que continuemos no modelo errôneo que escolhemos, mas que hoje é irreversível, com estradas deterioradas que facilitam o banditismo, que fazem custar mais caro os alimentos, que quebram a frota e fazem com que seja gasto mais combustível. Enfim, que só trazem prejuízos para o País, que escolheu esse modelo.

Era a colocação que gostaria de fazer hoje, pontuando aqui três fatos: em primeiro lugar, minha alegria pelo reconhecimento do Presidente de que é necessária a recuperação das estradas, urgentemente. Aleluia! Até que enfim o Presidente se concentra em um problema que é necessário. Em segundo lugar, que nossa BR-101 esteja sendo levada adiante. Finalmente, que é preciso, além de melhorar as estradas, de abrir e completar as estradas planejadas, dar segurança aos que transportam a riqueza do País e ao cidadão comum, que paga imposto para ter direito não somente a estradas em boas condições, como também a segurança, que ele merece.

Era o que tinha a dizer, Srª Presidente.

 

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, DISCURSO DO SR. SENADOR NEY SUASSUNA

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O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, todos recordaremos que foi no trânsito dos anos 60 para os 70, em pleno período militar, que o Brasil ratificou, já em última e definitiva instância, a sua eleição pelo transporte rodoviário.

A época, que recebeu o nome de milagre brasileiro, foi plena de inversões em infra-estrutura, nos mais distintos rincões de nosso imenso território. Destaque especial, contudo, tiveram as estradas de rodagem, viabilizando até mesmo uma aventura, já então de incerta perspectiva, que recebeu a denominação Transamazônica.

É bem verdade que, ao longo do último século, alguns presidentes adotaram decisões políticas e administrativas que encaminharam claramente a opção preferencial pelo transporte de pessoas e cargas por meio de rodovias; estradas que, diga-se de passagem, hoje mais do nunca, em sua grande maioria, mostram-se tímidas e insuficientes para as dimensões do País e para seus milhões de usuários.

Contudo, a partir de um conjunto de iniciativas e ações que prepararam o lançamento das bases da industrialização brasileira, o Presidente Getúlio Vargas conduziu determinadas soluções e alternativas mais tarde apropriadas pelo Presidente JK, com a implantação da indústria automobilística nacional. E, desde então, vimos se conformar a imensa frota de ônibus, caminhões e veículos de passeio que povoam e recorrentemente congestionam as nossas rodovias e os grandes centros urbanos.

É consensual entre nós, políticos, e a própria sociedade -- porque se trata de algo absolutamente evidente -- que as estradas brasileiras sob jurisdição federal sofreram, nos últimos anos, um escalar processo de deterioração, que se tem traduzido em péssimos resultados para os negócios, onerando brutalmente o custo do transporte de cargas e mercadorias. Esse pernicioso e quase incorrigível fato coloca em risco, sobretudo, a segurança e a vida de milhões de brasileiros que transitam cotidianamente, a trabalho ou a lazer, pelos descaminhos de nossa depauperada malha rodoviária.

Faço essa pequena retrospectiva -- que não pretendo, de modo algum, pessimista -- para logo registrar, Senhor Presidente, com muita satisfação, que nunca estivemos tão próximos de ver o início efetivo das obras que vão concretizar um sonho bastante antigo dos nordestinos, em especial dos paraibanos e potiguares, irmãos e vizinhos nesse belo e apaixonante segmento litorâneo do Brasil. É que o processo licitatório para a escolha das empresas que farão as obras de duplicação da BR-101, no trecho que liga a Paraíba ao Rio Grande do Norte, encontra-se em fase de conclusão. A previsão é de que, em cerca de um mês, ou seja, agora em agosto, o DNIT - Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes tenha encerrado o procedimento1. Depois de duas décadas de muitas promessas e outras tantas protelações, enfim, a mais famosa rodovia brasileira, a BR-101, que liga, pelo litoral, o Rio Grande ao Rio Grande, Natal à Lagoa dos Patos, em terras gaúchas, vai receber uma necessária e merecida segunda pista na faixa nordestina.

A notícia é altamente auspiciosa, não apenas para as populações de nossos dois Estados nordestinos, mas para todos os brasileiros e estrangeiros que incluem a Paraíba e o Rio Grande do Norte em seus roteiros turísticos, e também para os empresários que mantêm negócios com a região.

Ao facilitar o escoamento do intenso, e por vezes tenso, tráfego entre João Pessoa e Natal, a duplicação da rodovia vai reduzir tempo de deslocamento e custos, com benefícios sensíveis para a economia regional e, em boa medida, nacional. E o mais importante: vai alterar de forma significativa o nível de segurança e de conforto para os milhões de usuários, compulsórios e eletivos, daquele trecho da BR-101.

De fato, para nossa felicidade, a obra é bem mais ambiciosa do que pode parecer à primeira vista, pois a extensão em licitação atinge um total de 475 quilômetros, contemplando a duplicação da BR entre Natal e a divisa Alagoas-Sergipe, com múltiplos benefícios também para outros importantes Estados do Nordeste.

O início das obras, e torcemos para que ocorra no próximo trimestre, também se traduzirá em uma resposta pontual do Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva a uma região de intensa atividade econômica, ora em expansão, cujas principais rodovias contabilizam um elevado índice de veículos/dia.

A obra de duplicação está dividida em vários lotes, distribuídos pelo Estado do Rio Grande do Norte, da Paraíba e de Pernambuco.

Uma vez começados, os trabalhos deverão estender-se por um período de dois anos e meio. Serão aplicados recursos federais que alcançam a ordem de 1,7 bilhão de reais, incluídas as indenizações que serão pagas pelas várias desapropriações necessárias ao adequado traçado da nova pista.

Finalmente, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero ressaltar que a concretização de iniciativas como essa -- a tão almejada duplicação da BR-101 Nordeste -- concorre decisivamente para impulsionar o desenvolvimento regional e nacional brasileiro.

Logo, o Governo Federal retoma, de forma marcante, o seu papel de indutor do desenvolvimento, restabelecendo as bases e as condições infra-estruturais mínimas para o crescimento sustentado de uma região inequivocamente promissora, como o Nordeste.

Na condição de representante do Estado da Paraíba, em mandato popular que muito me honra e orgulha, não poderia deixar de trazer ao Plenário desta Casa o registro de mais esta decisiva realização governamental, ora em favor da Paraíba e do Nordeste.

Por isso, em nome dos paraibanos -- e ouso dizer que falo igualmente pelos nordestinos vizinhos de meu Estado -- quero congratular-me com o eminente Ministro da Fazenda, Antonio Palocci; do Planejamento, Paulo Bernardo; e dos Transportes, Alfredo Nascimento, com a certeza de que S. Exªs, no cumprimento regular de suas funções, e vencidos os trâmites licitatórios, vão garantir a totalidade dos recursos necessários para a viabilização, dentro do cronograma original, da duplicação da BR-101, no trecho que liga a Paraíba ao Rio Grande do Norte.

Muito obrigado


1 Informações recolhidas pelo Serviço de Apoio Técnico/ConLeg junto ao DNIT (sr. Jonas), em 19.07.2005.



Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/07/2005 - Página 25291