Discurso durante a 119ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Leitura de nota do Senador Eduardo Azeredo, em explicação pessoal à matéria publicada no jornal O Globo, objeto do pronunciamento do Senador Aloizio Mercadante. Corrupção no Governo Lula, com a participação de membros da cúpula do Partido dos Trabalhadores. Sugestão ao Senador Eduardo Azeredo para que se apresente imediatamente à CPI dos Correios.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Leitura de nota do Senador Eduardo Azeredo, em explicação pessoal à matéria publicada no jornal O Globo, objeto do pronunciamento do Senador Aloizio Mercadante. Corrupção no Governo Lula, com a participação de membros da cúpula do Partido dos Trabalhadores. Sugestão ao Senador Eduardo Azeredo para que se apresente imediatamente à CPI dos Correios.
Aparteantes
Eduardo Suplicy, Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 27/07/2005 - Página 25693
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • LEITURA, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, NOTA OFICIAL, AUTORIA, EDUARDO AZEREDO, SENADOR, REGISTRO, DECISÃO, TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL (TRE), ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), APROVAÇÃO, PRESTAÇÃO DE CONTAS, CAMPANHA ELEITORAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), ELEIÇÃO ESTADUAL.
  • CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), VINCULAÇÃO, CORRUPÇÃO, PROTESTO, IMPUNIDADE, RESPONSAVEL.
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, OBSTACULO, CRIAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), INVESTIGAÇÃO, HOMICIDIO, PREFEITO, MUNICIPIO, SANTO ANDRE (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP).
  • SUGESTÃO, EDUARDO AZEREDO, SENADOR, APRESENTAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, MESADA, ESCLARECIMENTOS, PRESTAÇÃO DE CONTAS, CAMPANHA ELEITORAL, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), BENEFICIO, AGILIZAÇÃO, ANDAMENTO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI).

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, vou começar com a minha porção Eduardo Azeredo. Vou ler a nota de S. Exª - asséptica, técnica, limpa -, depois, entro na minha porção Arthur Virgílio, propriamente dita...

Senador Eduardo Azeredo:

“1- o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG), em 04 de dezembro de 1998, aprovou integralmente a prestação de contas da mencionada campanha, cujo valor totalizou” R$8,55 milhões - diz Eduardo Azeredo. Eu me lembro.

Nesse mesmo ano, o Presidente Lula, hipocritamente, declarou haver gasto, em uma campanha nacional, R$3 milhões. Em todo o Brasil! E eu não sei que número se dá para esse caixa. Tem Caixa Um, tem Caixa Dois, já tem o Caixa Três, que é o do Valério, na sua relação com o Governo Federal. Não sei qual o número. Não sei se é Caixa 0,5, talvez, que é sub, não é?

            “2- demonstrativos da prestação de contas foram detalhados na documentação apresentada ao TRE-MG e cuja guarda tornou-se dispensada desde que se completou o prazo de 180 dias.” Até então, burocracia pura.

“3- a campanha foi realizada pela agência Duda Mendonça;

4- por decisão própria e dos partidos coligados, a reeleição foi disputada sem o afastamento do cargo de Governador;”

Muito bem! Eu também, se fosse citado, não escreveria nada disso aqui.

“5- ligar operações feitas entre agência de publicidade e instituição financeira, sem participação do então candidato ou do partido, são tentativas condenáveis de desviar o foco da investigação de denúncias envolvendo o Governo Federal e os partidos aliados;”

Isto sim.

Aí, o Senador Eduardo Azeredo começa a falar uma linguagem mais aceitável para o meu padrão.

“6- uma vez que a campanha realizada sete anos atrás atendeu a todas as exigências legais, é descabido que se busque misturar situações antigas já resolvidas na forma da lei, bem como pessoas de credibilidade, com as graves denúncias atuais.”

            O Líder Aloizio Mercadante, que daqui a pouco, certamente, voltará à tribuna, até porque está sendo citado, ainda há pouco disse que corrupção é como pote de iogurte, não prescreve. É verdade, na minha cabeça também.

Não prescreve, por exemplo, o caso Santo André; não prescreve a relação do Presidente Lula com o Sr. Roberto Teixeira; não prescreve a tentativa de impedirem que se ouvisse, na CPMI do Banestado, o Sr. Antônio Celso Cipriani e o Sr. Roberto Teixeira, figuras ligadas a uma tentativa escabrosa de compra da Transbrasil. Pergunto: o Presidente Lula também não sabia disso? O Presidente Lula também não sabia que o Sr. Roberto Teixeira entrara pela sua vida adentro em algum momento? Santo André rendeu assassinatos. Tinha tudo, tinha todo o engenho para se fazer uma novela das oito, aquela que, felizmente, começa às nove, porque é quente em algumas cenas.

Mas vou aqui relatar uma tristeza minha. O Senador Eduardo Azeredo está vindo para cá. Eu disse a S. Exª: “Eduardo, você tem de vir para cá, é claro, e faça a sua defesa. Ninguém melhor do que você para fazer sua defesa e cotejar sua vida com esse lamaçal que está inundando o País”.

Mas eu tenho algumas considerações, antes de voltar ao caso.

Concederei um aparte a V. Exª, Senador Eduardo Suplicy, tão logo eu entre no cerne de meu pronunciamento. Vamos ter muito pano para manga. Vamos ficar aqui - S. Exª vai citar meu nome, eu vou citar o de V. Exª - por um bom tempo. Não se apoquente quanta à falta de oportunidade de falar, que hoje teremos o bastante o que falar.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Mas, se V. Exª me permite, é sobre o caso Santo André.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Mas, por favor, não agora. Quando eu lhe conceder. Não agora. Eu serei o árbitro do momento em que conceder o aparte a V. Exª e a quem mais o solicite.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Está bem. Eu aguardarei.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Muito bem. V. Exª será o primeiro. E, se Deus quiser, não será o último.

A primeira coisa a se dizer é que registro, com enorme tristeza, o ponto de degradação a que chegou o Partido dos Trabalhadores. O ponto de degradação. Agora, o Presidente Lula precisa ter a seu lado, em ato público, aquele homem que devolveu os US$10 mil. Trata-se de uma tentativa de reforçar sua posição de pessoa honesta perante a sociedade - marketing puro - e usando uma figura que comprovou claramente ser ilibada. Não sei se quem montou esse esquema que funcionava a partir do Palácio do Planalto, com Waldomiro Diniz, sob a chefia de José Dirceu, sob a chefia de Luiz Gushiken - Luiz Gushiken, Comunicação Social; Luiz Gushiken, fundos de pensão; José Dirceu, o resto -, na mais deslavada e conectada, interconectada proposta de corrupção já montada no País, não sei se essa gente devolveria os US$10 mil encontrados pelo Sr. Luiz, pelo senhor fulano de tal lá, tão usado hoje na propaganda oficial.

O Presidente Lula diz: “Sou o mais honesto entre os 180 milhões de brasileiros”. Na sua porção “chavista”, agora se dedicou a insultar os brasileiros: “Sou mais honesto que todos, dou aula de ética a qualquer um”. E já começava tomando aula de ética daquela figura que está ali. Hesitei em falar desse tema, mas considero, Senador Aloizio Mercadante, anormal que uma empresa de fundo de quintal como a do filho do Presidente Lula tenha recebido R$5 milhões da empresa Telemar, em uma associação intermediada pela Trevisan, que tem negócios com o Governo. A Telemar, com 39% de seu capital composto por dinheiro de fundos de pensão, e, de repente, num mercado em que a empresa que mais faturou nesse ramo de games no ano passado faturou um milhão e meio brutos, portanto R$120 mil por mês brutos - se for para pagar imposto, tudo direitinho, acaba dando R$10 mil para cada sócio -, dá R$5 milhões para ser sócia de R$8 mil, ou R$7.893. V. Exª me esclareceu que o empréstimo do Presidente Lula não foi empréstimo, foi do PT, foi adiantamento por viagem.

Enfim, não vou duvidar da palavra de V. Exª, vou apenas esclarecer que o PT não é banco. Se é empréstimo, aquilo é motivo sim. Se é empréstimo, aquilo é Fiat Elba. Se é empréstimo, aquilo é Fiat Elba sim, porque o PT não é banco para ficar concorrendo com o BMG e com o Banco Rural. Não é banco.

Fico triste porque vejo, e não dá para disfarçar, figuras queridas, como o Senador Aloizio Mercadante, figuras isentas de todo esse processo, pelo que vejo, pelo que sinto, pelo que desejo, o Senador Eduardo Suplicy também. Não dá para disfarçar que V. Exªs estão alegres, estou vendo. Se fosse aquele teste que faço com a minha filhinha, eu digo para a minha filhinha: “Carolzinha, olhe para mim, vamos ver quem ri primeiro”. Aí ela ri. Se eu olhar nos olhos de V. Exªs, V. Exªs vão rir. Se eu disser: “Vamos ver quem ri primeiro?”, V. Exªs vão rir. Estão alegres. E esse é o detalhe. O PT precisa de companhia para tentar salvar do lamaçal em que chafurda o governo Lula. O Presidente Lula sabia de tudo sim.

E dizia o Senador Eduardo Suplicy: “V. Exª, Senador Arthur Virgílio, então agora não reconhece que o Presidente Lula poderia não saber?”. E tentando fazer uma ilação com o Presidente Fernando Henrique. O Presidente Fernando Henrique teria que saber pormenores de uma campanha que teve, no máximo, essa coisa deplorável que é o Caixa Dois. Onze milhões, dos quais 1 milhão para pessoas da coligação de Eduardo Azeredo. Nada dessa história de empréstimo para o PT não pagar. Não tergiversem quanto a isso. Empréstimo para o PT não pagar! O PT não deve coisa alguma ao Sr. Valério. Essa é uma fraude que está sendo encenada pela direção do PT, é uma fraude pela nova direção do PT. E já está entrando sob o perjúrio de que o Sr. Valério não deve nada ao PT, que o Sr. Valério era sócio do PT. O Sr. Valério fez negociata no Governo Lula para abastecer o cofre do PT, para o PT chegar ao que queria chegar que era uma bancada de 200 Deputados, ou mais, e para tentar, com isso, montar um projeto de poder. Aí, pelo caminho dos Coíbas*, pelo caminho dos vinhos caros, dos “Land Rovers”, pelos mimos, pelos caminhos das atrações que o sistema burguês ia oferecendo a bravos revolucionários que estavam mexendo no dinheiro público só porque queriam um País melhor no futuro...

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco PT - SP) - V. Exª me permite?

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Já lhe permito. Quero chegar ao cerne e já lhe concedo o aparte Senador Eduardo Suplicy. Cheguei ao Congresso com V. Exª; temos o mesmo tempo de Casa. Então, V. Exª não vai arrancar o aparte de mim à força. Nunca lhe neguei e não vou negar. Então, a sua insistência vai só fazer com que fique mais retardado o momento de lhe dar o aparte. Temos o mesmo tempo de Casa e de caminhada. Assim, nem eu tomo o seu aparte quando V. Exª não quer dar e nem V. Exª toma o meu quando eu não quiser dar. Então, vamos combinar, como diz o caboclo amazonense, a gente aparta as farinhas por enquanto e, daqui a pouco, a gente junta. Já vou conceder o aparte a V. Exª.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Não posso aceitar a afirmação de V. Exª de que estamos aqui alegres. Nós estamos aqui preocupados...

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Então, diga isso... É o meu sentimento, V. Exª tem que aceitar. Sabe por que V. Exª tem que aceitar?... Sr. Presidente, peço a V. Exª que desligue, já considerei o aparte...

O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - A palavra está assegurada ao Senador Arthur Virgílio.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Estou dizendo que estão alegres porque sinto que estão alegres. E isso é lamentável e deplorável para o PT. Sabe por quê? Porque essa tolice vai sair do noticiário, não tem como alimentar isso e o que vai continuar mesmo é a conexão Gushiken, a conexão do Sr. José Dirceu, o que vai continuar no noticiário mesmo é tudo aquilo que, toda a semana, tem saído publicado, envolvendo coisas mais graves e mais próximas do Presidente da República, e, sabe-se lá com que esforço, não estão sendo veiculadas essas matérias todas.

Todo o fim de semana as coisas pioram mais ainda. E se falamos em mercado, o mercado está nervoso apesar de as notícias não terem piorado. Nervoso, porque o mercado viu o rei nu, o mercado não precisa mais perceber, receber nada de tão importante porque já percebeu que essa crise do jeito que vai e o Presidente partindo para o terreno do “chavismo” e para o terreno da mentira, para o terreno da hipocrisia, o Presidente não está encaminhando solução nenhuma, não se está habilitando a negociar legitimamente com nenhuma força legítima da Nação. E as respostas são sempre essas.

Temos, aqui, um caso muito simples. O Sr. Eduardo Azeredo se explica e vai se explicar. Por mim, o Sr. Abi-Ackel não deve ser mais Relator da CPI do Mensalão; o Deputado Roberto Brant se explica para o PFL e o PFL vai ver o que faz com ele, enfim. Eu quero ouvir o que tem a dizer o Senador. Eduardo Azeredo, pessoa séria, tem que explicar muito bem esse episódio todo. Isso vai sair do noticiário porque não há a menor possibilidade de uma pessoa honesta intelectualmente fazer ilação, ilação qualquer entre uma coisa e outra, entre um episódio de campanha feito nos moldes... - aliás, a campanha em que o Sr. Nilmário Miranda gastou R$500 mil, coitados! O restante foi dinheiro que eu não sei se não é dinheiro do seu Valério. Quinhentos mil reais numa campanha para Governador de Minas!!!! Se há algo mais hipócrita do que isso, não sei onde é que se pode esconder o restante dessa hipocrisia. Mas declara R$8,5 milhões de campanha quando Lula declarou R$3 milhões. E aparece lá uma empresa que obtém contratos com o Governo com base em acordo com o banco e depois essa empresa, financiando gregos e troianos, financia pessoas da coligação de Eduardo Azeredo...

Se isso é igual ao que estamos vendo, se isso é parecido ao que estamos presenciando, tenho impressão de que o PT está realmente resolvendo morar com o Presidente Lula na cratera lunar onde o Presidente quer se abrigar.

Ouço V. Exª agora, Senador Eduardo Suplicy, agradecendo pela paciência e pela simpatia de sempre.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Primeiro, Senador Arthur Virgílio, V. Exª sabe que esses fatos têm-nos preocupado e nos entristecido, mas nos sentimos com a responsabilidade de corrigir toda e qualquer falha ou erro grave cometido por companheiros nossos. Então, nós ingressamos nesse Partido, lutamos por tantas coisas comuns desde quando ambos viemos para o Congresso Nacional, participamos das lutas por “Diretas Já”, por ética na política... Portanto, temos muitas coisas em comum, inclusive com o Presidente Fernando Henrique Cardoso.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - V. Exª se salvará do incêndio que está desmoralizando o seu Partido, não tenho nenhuma dúvida.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Mas gostaria de comentar alguns dos episódios. Primeiro, em relação ao episódio do seqüestro e morte de Celso Daniel. Tenho tanto interesse, e pode ter a certeza de que o Presidente Lula também, na apuração completa de todos os fatos do seqüestro e morte do Prefeito Celso Daniel, como V. Exª.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Mas não deixou ter a CPI.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Veja V. Exª que o Presidente Lula era um amigo pessoal muito próximo de Celso Daniel, a ponto de convidá-lo para ser o coordenador do Governo que iria acontecer. Inclusive, foi Antonio Palocci quem o substituiu. Celso Daniel, portanto, estava na função a mais próxima e de confiança do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E quem pôde acompanhar todo o funeral, a preocupação, o sofrimento pessoal do Presidente Lula naquela oportunidade sabe o quanto ele deseja que os episódios ali sejam inteiramente desvendados.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Podia ter permitido a CPI.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Eu quero transmitir a V. Exª que tenho acompanhado, inclusive prestei depoimento para os promotores de Santo André que estão averiguando esse episódio. Quero, pois, saber dos fatos. Para tanto, tenho procurado colaborar para que certos aspectos de tudo aquilo que eu saiba venha a ser objeto da melhor apuração possível. E ainda vamos conhecer dos fatos. Então, vamos aguardar a elucidação completa, porque o trabalho deverá ser bem feito e alcançar a verdade completa. Se porventura houver a responsabilidade de quem quer que seja no Partido, então também vamos ter essa apuração.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Agradeço a V. Exª.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Ainda quero falar algo a respeito daquilo que aconteceu durante o tempo do Governo Fernando Henrique Cardoso. V. Exª sabe que tivemos uma divergência de profundidade quando o Presidente Fernando Henrique Cardoso avaliou que seria propício para a Nação termos a reeleição. Eu, inúmeras vezes, falei a respeito - vou até lhe dar a cópia dos meus pronunciamentos...

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Se pudesse ser breve, eu agradeceria de coração, Senador.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Avaliei que estava havendo, no âmbito do Congresso Nacional, ações que não condiziam com tudo aquilo que o próprio Presidente Fernando Henrique, quando batalhava por ética na vida política, considerava adequado. E testemunhei como é que, pouco a pouco, foi se constituindo a maioria ou o número necessário de três quintos da Câmara e do Senado para conseguir a aprovação daquela emenda.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Como foi, Senador? V. Exª vai me dizer com clareza?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Nós, agora, estaremos avaliando…

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Não. Mas diga - porque, outro dia, eu disse que o Presidente ou era idiota ou ele era corrupto. Então, eu corrupto não sou e se V. Exª sabe, eu não sou e assumo que idiota seria eu - com clareza como foi.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª sabe, por exemplo, que, no âmbito da….

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Mas diga sem meias palavra. Diga o que houve, com clareza, sem meias palavras. Diga.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - No âmbito da Comissão de Constituição e Justiça, da Câmara dos Deputados, por exemplo, começou com procedimentos do tipo…

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Não, não… Senador, diga o que houve. Não interessa a Comissão de Constituição de Justiça. Diga o que houve. O senhor está acusando o Presidente Fernando Henrique de ter comprado votos?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - …aqueles Deputados Federais que não eram favoráveis…

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - V. Exª está acusando o Presidente Fernando Henrique de ter comprado votos?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Nós estaremos averiguando isso.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Eu estou perguntando... V. Exª disse que sabia o que houve. Não vai averiguar coisa alguma, Senador. Este Governo está mal se agüentando por mais três revistas.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - É objeto da CPI…

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Antigamente, eu vinha de Manaus e lia as três revistas em um vôo. Se me perguntarem qual é a duração de um vôo de Manaus para cá eu diria: meia Veja. Não dá para ler a Veja inteira em um vôo: 2 horas e 20 minutos.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Certo. Vai ser objeto da apuração da CPI do Mensalão e da...

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Mas V. Exª não está acusando o Presidente Fernando Henrique de ter comprado votos, está?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Estou dizendo que é necessário estar averiguando, porque...

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Ah, bom. Então, eu não sou idiota. Graças a Deus, não sou idiota. Porque se V. Exª soubesse e eu não soubesse, eu seria idiota. Graças a Deus!

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Houve Parlamentares que receberam recursos àquela época e se disse que foi para votar pelo direito à reeleição.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Dois Governadores foram acusados...

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Então, é importante que isso seja objeto de apuração.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Se V. Exª puder ser breve, Senador, eu lhe agradeço. Creio que já peguei o cerne da sua fala.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Pois bem. Veja só, V. Exª quis aqui informar que todo o Partido sabia de coisas que...

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Não disse isso. Disse que a cúpula do Partido sabia.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Pode ser que alguma pessoa soubesse dos fatos. Há cerca de 40 minutos, a Srª Renilda Fernandes de Souza, esposa do Sr. Marcos Valério, fez uma revelação importante, que eu não sabia. Disse ela que perguntou a seu marido, Marcos Valério - nos últimos quarenta e poucos dias -, quando soube do empréstimo de suas empresas ao PT: “Como o empréstimo será pago? Nós não temos recursos se isso não for pago para nós. Qual é a garantia que você tem?” E ela informou - eu não sabia disso - que houve uma reunião...

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Senador, por favor, seja rápido.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) -... no Hotel Ouro Minas, em Belo Horizonte, onde estavam à época, segundo relato de Marcos Valério a ela, o então Ministro José Dirceu e Delúbio Soares, e que o Ministro havia como que dado uma certa garantia pelo PT de que os recursos...

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Agradeço a V. Exª pelo aparte.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Então, trata-se de um fato que, graças à CPI, está sendo objeto de apuração.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Senador, V. Exª falou o meu discurso inteiro. Por favor, seja breve, objetivo. Eu não faço isso no seu discurso. Vou pedir à Mesa que prorrogue o meu tempo. Não fosse V. Exª a pessoa pura que é, eu diria que é um homem bomba, é um terrorista islâmico não me está deixando falar. Não é possível uma coisa dessa!

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Mas V. Exª não quer me dar um tiro na cabeça já?

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Não, ao contrário, é o terrorista que atira. Estou sem poder falar aqui.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Não vamos usar a técnica da Scotland Yard.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Estou sem poder falar. V. Exª está, há seis minutos, num discurso que é de quinze. V. Exª vai ter ocasião de falar em seguida. Estou citando V. Exª.

O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Peço a V. Exª, Senador Eduardo Suplicy, que, se puder, arremate o seu aparte, passando a palavra ao Senador Arthur Virgílio.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Estou citando V. Exª, para que V. Exª tenha o direito de falar em seguida, como já citei o Senador Mercadante. E se o Presidente permitir...

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Apenas quero que V. Exª não se precipite ao desvendar dos fatos. É a minha recomendação, mais uma vez.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Por que eu disse, Sr. Presidente, que estavam alegres? Primeiro, pela penúria, ou seja, precisam de pessoas para...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Se V. Exª me devolvesse o tempo do aparte do Senador Suplicy seria um gesto magnânimo e justo.

O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Farei o possível para devolvê-lo.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Vou guardar o microfone aqui para não atrapalhar mais.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Quando falei de perseguição da CGU no episódio de João Pessoa, evidentemente, não posso entrar no mérito do que possa ter ou não possa ter de irregularidades no processo - e irregularidades deve haver em milhares de prefeituras -, referi-me à prisão de um adversário no momento em que o Governo precisava disso. Algo espetaculoso, que acabou não sendo pela seriedade com que se portou a Polícia Federal local.

E referi-me a outro fato. O que consta é que há uma roubalheira deslavada na ex-prefeitura petista de Campina Grande. A CGU passou por lá sem notar o que se passava. Dizem que fatos graves, Senador Suassuna.

O Sr. Ney Suassuna (PMDB - PB) - Estão investigando.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Bom, eu não vi a Prefeita ser presa, como não vi o Sr. Delúbio ser preso e não vi ser preso o senhor fulano de tal e não estou vendo ameaça de o Sr. Luiz Gushiken ser preso e não estou vendo ameaça do Sr. José Dirceu ser preso. Não estou vendo. Vamos ver se os dois terão seus mandatos cassados. Se tiverem, vamos ver o que acontece. Os outros que não têm mandatos estão incólumes, todos. O “homem da cueca” está solto e o mandante do “homem da cueca” está solto. Estamos vivendo uma certa “República do cuecão de ouro”, não é mais “cuecão de couro”, é “cuecão de ouro”. 

O Senador Aloizio Mercadante fala, cuidadosamente, com uma voz doce, essa voz que me enternece e que me faz ser tão amigo dele, enfim, doce, e diz: “Não quero pré-julgar ninguém, fazer ilação nenhuma, mas aqui está o caso de João Pessoa, há o caso do Roberto Brant, do PFL, o caso do Eduardo Azeredo e tudo mais.” A tentativa é de confundir. A relação de uma empresa com uma coordenação de campanha com um mega-projeto nacional de corrupção entranhado em praticamente todas as repartições públicas rentáveis, aquelas que podem fornecer dinheiro para a corrupção, não honra a tradição do Partido dos Trabalhadores. Não honra.

Em segundo lugar, é inútil. Vou terminar, dizendo algo muito simples a respeito do Senador Eduardo Azeredo. Para mim, as coisas se resolvem com o chamado “ovo de Colombo”. Não honra. Primeiro, porque a resposta para algumas dessas inquietações éticas que vêm desmontando o Governo Lula, caiu todos os Ministros do núcleo duro, que virou mole, o núcleo duro está molérrimo, como diria um colunista social. O PT se desmontou, a direção do PT caiu inteira e a outra entra indignada com o Sr. Valério.

Imaginem, o Sr. Valério rouba dinheiro público, o PT vai pagar o Sr. Valério um dinheiro público que, supostamente, seria devido pelo PT em um acordo, e nós sabemos que não há acordo nenhum. O PT não deve nada ao Sr. Valério, aquilo não era para ser pago. E não era para ser pago no banco também, era para depois ter um escamoteio contábil, porque o BMG ganhou muito dinheiro nesse Governo, precisamente nessa triangulação. Isso é que diferencia um caso do outro. Isso é que faz a diferença entre um episódio e outro. E se o PT banca o avestruz, deixa de fora a cauda - olha como eu estou educado: a cauda - e enfia a cabeça na areia, o PT vai ver que, depois de tudo isso, ele não consegue responder a sua ligação com Marcos Valério, não consegue responder ao que está ficando cada vez mais claro, essas duas conexões, a conexão Dirceu, conexão Gushiken, cada vez está ficando mais claro na minha cabeça isso. Não consegue responder...

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Arthur Virgílio.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Já concederei um aparte a V. Exª, Senador Mão Santa.

Não consegue responder a tudo que foi dito pelo Sr. Roberto Jefferson, que virou uma espécie de profeta, tudo que foi dizendo passou a acontecer. Alguém pode dizer que ele sabia de tudo porque estava no meio, certamente, tinha que estar ali. Mas tudo que sabia foi sendo confirmado.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - E digo mais, tenho visto uma luta insana. O Sr. José Dirceu não quer depor em CPI, quer depor na Comissão de Ética, e ainda pensa que está podendo manobrar Deputados e disse: “Vou escolher a CPI onde vou depor”, enfim, julga-se alvo de uma conspiração, sem responder a nada, não colocou pingo nos “is” de coisa alguma nem naquela coisa incestuosa que era a presença de Waldomiro Diniz no quarto andar do Palácio do Planalto. Não tem nada que apague o que aconteceu nesse Governo, depreciando a forma republicana de se ver a vida pública.

E digo mais, se puder dar um conselho ao Senador Eduardo Azeredo, um conselho de companheiro, de amigo, certamente isso não é nem o estilo do Eduardo. O meu é dizer: Eduardo, apresente-se nessa CPI logo, acabe com essa brincadeira desses petistas, apresente-se na CPI de uma vez, exponha-se a tudo que quiserem perguntar, porque depois disso não terão moral de impedir que quem quer que seja vá à CPI; não terão autoridade moral para ficar tergiversando, Sr. Presidente, em relação a qualquer outro membro. Quando disserem que fulano de tal tem que ir, fulano de tal tem que ir feito um cordeirinho, para não passar por alguém deslavadamente comprometido contra a coisa pública.

Então, eu pararia com essa história de ficar aqui nesse defende para cá, defende para lá, tenta misturar, mas tem o fulano, tem o beltrano. Eu não quero esse jogo de boca mole comigo não. Eu quero uma coisa bem simples: o Sr. Eduardo Azeredo não fez nada parecido com o que está acontecendo com essa República que está aí corrompida. Nada. Agora acham que é a mesma coisa? Peço, Senador Eduardo Azeredo, como seu amigo, como seu companheiro, como seu presidido, como seu Líder, vá a CPI, apresente-se à CPI, sente na CPI, diga tudo que você tem no coração e nos alfarrábios e desmonte de vez essa fraude de que, se chamarem o fulano, chamamos o beltrano; se chamarem o cicrano, chamamos o beltraninho. Não vamos entrar nessa história de gangues de Nova Iorque de jeito nenhum. Essa história de west side contra east side, de jeito algum...

(Interrupção do som.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Concluo, Sr. Presidente. A minha proposta é muito clara, é muito nítida. Isso acaba rapidamente, acabaria mesmo. A imprensa vai ter um interesse por dois, três, quatro dias, vai cada dia ficando mais periférico, o que não fica periférico é o escândalo que varre o Governo Lula.

Quem não compreender essa verdade, quem se refugiar em sindicatos, achando que vai intimidar Congresso, que vai intimidar Oposição, está muito enganado, termina, aí sim, não concluindo bem o seu mandato. Quem tiver coragem de enfrentar as definições e as apurações que se apresente de frente para a Nação.

Portanto, estou muito tranqüilo ao fazer esta recomendação: Eduardo Azeredo, vá à CPI e acabe com essa palhaçada de uma vez, acabe de uma vez com essa patacoada, acabe de uma vez com essa brincadeira, acabe de uma vez com isso e retire dessa gente o pretexto de eles não irem à CPMI. Vá! Daí em diante, quero ver quem é que, sugerido, vai poder ter a ousadia e o cinismo, suponhamos, de dizer: “Não, porque tenho a maioria de três votos, porque vou chamar o fulaninho que está não sei onde, no hospital, mas venho para cá para votar contra”. Vai ser aprovada a convocação de qualquer outro por unanimidade, e aí vamos ver aquilo que é do jargão popular: ver quem é que tem café no bule, quem é que tem culpa para valer, quem é que tem mesmo que se apurado.

Vou dizer mais, Sr. Presidente: eu soube, outro dia - e é tão triste dizer isto, porque envolve pessoas que são tão queridas minhas -, que estavam dizendo assim: “Precisamos de um escândalo que envolva o Fernando Henrique”. Vou dar nome aos bois. A expressão era tão triste, era assim: “Estavam tentando comprar o Chelotti”. Pensei: “Meu Deus, será que o Chelotti está à venda”? Se o Chelotti tiver alguma coisa para dizer, acho que ele deve vir de graça. Eu nunca soube que ele pudesse estar à venda. Não tenho razão para ter desrespeito por ele.

E mais: “Precisamos de alguma coisa”, e a pessoa teria dito “a gente empata o jogo”! Que jogo? Esse jogo o Governo está perdendo de goleada. Não importa quem mais pudesse cair com esse Governo, ele está perdendo de goleada porque perdeu o patrimônio ético do seu Partido, este Governo perdeu a respeitabilidade ética e está sem enfrentar nenhuma das acusações, está sem dar resposta conveniente a coisa alguma, está sendo rebocado pelos acontecimentos, está vendo a economia se turvar em função da sua tibieza e da sua falta de caráter ao lhe dar com a economia, Sr. Presidente. Essa é que é a verdade.

Enfim, tenho a impressão de que ovo de Colombo é tão simples! Senador Eduardo Azeredo, apresente-se à CPMI, coloque-se à disposição da CPMI, e vamos ver depois quem é que não vem. Aí acaba toda a história. Se quiser chamar fulano, vem; se quiser chamar, José Dirceu, vem; se quiser chamar Gushiken, vem. Acaba essa história de maioria contra minoria. Tenho certeza de que agora deixei o Senador Eduardo Suplicy alegre. Agora, S. Exª não está nem disfarçando que está alegre porque sabe que fui ao encontro de todo o seu fervor ético.

Antes de encerrar, ouço ao aparte do Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Agradeço a sensibilidade do Presidente e de V. Exª em me conceder este aparte. Há pouco, aparteei o brilhante Líder do Governo, Senador Aloizio Mercadante. Da mesma maneira, louvo V. Exª. Os dois enriquecem a democracia. S. Exª tem cumprido seu papel com muita competência, muita elegância e muita ética.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Sou testemunha disso.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - E V. Exª tem sido bravo. Povo sem parlamento é escravo. V. Exª tem manifestado essa luta democrática, fazendo aceitarmos aquela assertiva bíblica: “árvore boa dá bons frutos”. Seu pai teve a coragem, como V. Exª tem, de lutar, discursar contra o AI nº2 e de ser cassado. A democracia é isso. Como disse Shakespeare, “há algo de podre no reino da Dinamarca”. Mas digo que, no reino do Brasil, ainda há algo de bom.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - O Senador Renan Calheiros é um Presidente jovem e está cumprindo com o seu dever. Povo sem parlamento não é povo livre; é povo escravo. O Brasil quer a democracia, mas a democracia baseada na verdade, na verdade. É como Cristo dizia: “De verdade em verdade, eu vos digo”.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Obrigado, Senador Mão Santa.

            Sr. Presidente, encerro, pedindo a V. Exª que mande inserir, nos Anais da Casa, a nota do Senador Eduardo Azeredo, a quem fiz a sugestão de se apresentar à CPMI. É algo tão singelo se apresentar à CPMI!

Comece por aí mostrando a diferença. Não querem? Isso vai saciar alguns cações - porque tubarão não consigo nem ver -, vai saciar o cação viola, aquele que morde mal, que morde pouco? Não vai.

Senador Eduardo, vá à CPI. Depois disso, não haverá ninguém deste Governo com moral para dizer que não vai à CPI. Pode haver um Deputado só da Oposição. Não vai haver aquele corre-corre de tocar a campainha, de ver quem tem maioria e quem não tem. A minoria sai esbravejando, heróica, e fala para a imprensa que ela perdeu, mas que a verdade está com ela. A maioria diz que ela usou o seu direito de maioria.

Enfim, vá à CPI, Senador Eduardo, de uma vez e tire essa desculpa que, para mim, é torpe, de impedirem que figuras graúdas, irresponsáveis, muito mais do que esses bois de piranha tipo Silvinho e Delúbio, compareçam às CPIs. Vá a uma, a outra e a outra. A todas. Basta o Senador Eduardo dizer assim: “Vou cumprir o meu dever, honrando Minas, honrando o meu pai, honrando a minha tradição”, comparecer à CPI e mostrar a diferença entre um esquema e outro.

Se eu não conseguir demonstrar agora, falarei depois, Sr. Presidente, porque citei propositadamente - não falei como Líder, não falei como nada - os Senadores Eduardo Suplicy e Aloísio Mercadante. Estarei aqui, atrasando uma viagem, com muito prazer, porque não há viagem melhor do que essa de expormos as nossas verdades perante a Nação, perante o Parlamento e perante os nossos Colegas.

Muito obrigado a V. Exª, Sr. Presidente.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

“Esquema de Valério com PT foi usado em 1998 com PSDB-MG”;

“PSDB usou valerioduto em 98”; e

“Abi-Ackel pode perder cargo de relator”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/07/2005 - Página 25693