Discurso durante a 119ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Tréplica ao pronunciamento do Senador Aloizio Mercadante.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EXPLICAÇÃO PESSOAL. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), MESADA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Tréplica ao pronunciamento do Senador Aloizio Mercadante.
Aparteantes
Eduardo Suplicy, Ideli Salvatti, Sergio Guerra.
Publicação
Publicação no DSF de 27/07/2005 - Página 25707
Assunto
Outros > EXPLICAÇÃO PESSOAL. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), MESADA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O GLOBO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), DENUNCIA, IRREGULARIDADE, FINANCIAMENTO, CAMPANHA ELEITORAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG).
  • DEFESA, APRESENTAÇÃO, EDUARDO AZEREDO, SENADOR, ESCLARECIMENTOS, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, MESADA, DENUNCIA, IMPRENSA.
  • ACUSAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ROUBO, RECURSOS, SETOR PUBLICO, VINCULAÇÃO, HOMICIDIO, PREFEITO, MUNICIPIO, SANTO ANDRE (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP), COMENTARIO, IRREGULARIDADE, EMPRESA, FILHO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • ANALISE, VINCULAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PUBLICITARIO, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), ACUSAÇÃO, IRREGULARIDADE, EMPRESTIMO, OBJETIVO, LAVAGEM DE DINHEIRO.
  • CRITICA, AUSENCIA, ASSESSOR, REPRESENTANTE, BANCADA, OPOSIÇÃO, GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), MESADA.
  • CRITICA, CONGRESSISTA, BANCADA, APOIO, GOVERNO FEDERAL, PARTICIPAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), MESADA, TENTATIVA, OBSTACULO, CONVOCAÇÃO, JOSE DIRCEU, DEPUTADO FEDERAL.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Para uma explicação pessoal. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, peço inserção nos Anais da Casa desta matéria do jornal O Globo, de primeira página, intitulada “Esquema de Valério com o PT foi usado em 1998 com o PSDB-MG”, a capa e a matéria inteira dentro. O jornal me foi gentilmente cedido pelo Líder Aloizio Mercadante.

Reitero o desejo de ver o Presidente do meu Partido, Senador Eduardo Azeredo, dirigindo-se claramente à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, até para acabar com essa história de maioria contra minoria; convoca, não convoca; vamos ver: fulano não pode vir, se vier o fulano, vem beltrano. Eduardo, venha e acabe com essa patacoada de uma vez, até porque você explicará o seu caso em dois minutos. Dará satisfação aos cações, até porque tubarão não vejo lá.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª me permite?

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - V. Exª precisa saber o que vou dizer para pedir o aparte. V. Exª está entrando pelo terreno premonitório, aí parece a Mãe Diná, aquela que prevê quem vai morrer e quem não vai morrer no fim do ano.

Mas, vamos lá, Senador Aloizio Mercadante. Chavismo, sim, ir para dentro do sindicato, arregimentar minorias. Isso tem reflexos negativos sobre a economia. Contaminar a economia... V. Exª disse que eu estava alegre porque a economia estaria contaminada? Vamos ser honestos, defendi mais a política econômica do Governo Lula e do Ministro Palocci do que V. Exª. Vamos ser bem francos nós dois aqui. Meta de inflação, câmbio flutuante, a ortodoxia do Banco Central, isso é claro como água, já tivemos debates em que os desavisados achariam que eu era o Líder do Governo e V. Exª o Líder da Oposição. Já tivemos debates nesse campo. Então, não fui eu que trabalhei para negociar. Estou falando aqui de roubo, não estou falando de contribuição de empresa para a campanha. Estou falando de roubo. Roubo de dinheiro dos cofres públicos, e isso foi montado sistemicamente neste Governo. Não adianta o PT bancar o modesto, porque isto é modéstia pura, dizer que já havia, isso é invenção do PT e não patenteia porque é modesto. Foi invenção do PT essa coisa de mensalão, invenção de PT. Vamos reconhecer o mérito: inventado agora, isso tem que ir para o organismo de patentes, um instituto nacional de patentes, enfim. Antes que outros lancem mão disso.

Não vamos confundir as coisas, o padrão não é o mesmo. V. Exª diz que não faz ilações e diz que essa empresa tem convênios até hoje em Minas. Então, o fato de essa empresa ter convênios em Minas significa que essa empresa pratica em Minas aquilo que provamos que pratica no Governo Lula, e V. Exª diz que o perigoso para a economia e para a estabilidade política do País é se fazer ilações. V. Exª não fez nenhuma. Só fez com o Cícero Lucena, só fez com o Eduardo Azeredo, só fez com o Roberto Brant. V. Exª diz e sempre se refere a Celso Daniel, como se aqui estivéssemos sendo algozes de um defunto. Não, eu não era companheiro dele, como V. Exª, mas amigo pessoal dele. Para mim, ele é vítima. Foi assassinado, assassinado por brutal esquema de corrupção que chega perto do Palácio do Planalto, até porque há gravações desse Sr. Sérgio Sombra, de maneira inaceitável, dirigindo-se em termos inaceitáveis ao Sr. Gilberto Carvalho, secretário-particular do Presidente da República. Isso não é ilação. Isso foi reproduzido nas televisões brasileiras durante dias e dias, e ninguém deu nem bola porque essa crise de Santo André entrou para o fim da fila. É tanta corrupção que tem uma no fim da fila, e essa de S.André foi lá para o fim da fila. Essa é a verdade. Não estou preocupado em estigmatizar o Sr. Celso Daniel. Quero punição para os seus algozes e para o esquema que, este sim, vem de longe. Já esse padrão, que estou reconhecendo agora no Palácio do Planalto, vem de longe.

Não expliquei. V. Exª me elogia, diz que sou uma pessoa que debate bem, enfim, obrigado. Mas, me elogia e diz que não expliquei. Expliquei, tecnicamente, como é o estilo do Senador Eduardo Azeredo. Eu disse: “Eduardo, não se defenda como se fosse alguém traçando um desenho geométrico; defenda-se com força, como poeta. Peço-lhe, publicamente, que vá logo à CPMI para acabar, de uma vez, com essa patacoada”. Sugeri, repito, a ida dele à CPMI.

V. Exª sabe, Senador Aloizio Mercadante, o quanto para mim não é agradável falar nessa história do filho do Presidente Lula. Tentei evitar, mas estamos falando de um homem público que viu o filho fazer um negócio que, para mim, é difícil explicar - R$5 milhões para uma empresa que não tem lastro para isso, que não se justifica. Num mercado incipiente, em que a que mais fatura por mês fatura R$1,5 milhão brutos, R$120 mil líquidos por mês, pagando tudo que é imposto, dá R$30 mil de lucro.

O Presidente Lula deveria seguir a máxima do Presidente Dutra: no governo, não se compra e não se vende nada. O Presidente Eurico Dutra, com toda dificuldade que tinha, era alguém que, naquele tempo, se podia dizer era da “República da língua presa”, mas com uma brutal decência. Morou na mesma casa o tempo inteiro, não trocou de casa, seus bens não cresceram e dizia que, no governo, não se vende nem se compra nada. Não se vende porque o comprador quer pagar mais para bajular o governador, e não se compra porque o vendedor quer bajular o governador e quer vender por menos.

Pode-se não ver o filho, talvez, ingerindo drogas ou indo mal na escola, mas não perceber o filho enriquecendo? Espero não ter de voltar a esse assunto.

Voltei em função desta atitude, que não julgo a mais justa, de se tentar misturar um episódio de oito anos atrás - tem razão, corrupção não vence, não é pote de iogurte, tanto que não venceu a de Santo André, nem as estripulias do Sr. Roberto Teixeira* pelas Prefeituras petistas o tempo inteiro -, que não tem nada de comprovado em relação à corrupção, com algo que só não vê quem não está sendo capaz de efetivamente oferecer um caminho para o Brasil e de dialogar com a Oposição. Como se começa negando que haja um sistema montado de predação do dinheiro público neste País? Há um sistema montado de predação do dinheiro, sim.

Marcos Valério emprestou dinheiro ao PT. Isso é uma fraude. Eu jamais disse que o Sr. Tarso Genro - tenho relações pessoais boas com ele e o respeito como a V. Exª - sabia de qualquer coisa; tenho certeza de que ele não sabia. O PT escolheu a pessoa certa para dirigi-lo, até porque é alguém que me parece mesmo acima de qualquer suspeita.

O Sr. Tarso Genro não era obrigado a saber. Outros sabiam. Acho difícil, no Governo do PT, não saberem dessa triangulação: Valério, lavagem de dinheiro, processamento de dinheiro, entrada e saída, algo no estilo bem mafioso - para nós e para quem nos estiver ouvindo falo num tom mais confidencial.

Marcos Valério emprestou sem garantias de que o PT lhe pagaria, por quê? Emprestou acima da capacidade de pagamento desse Partido, por quê? Não emprestou, deu! Presenteou o PT com isso. Depois o esquema foi descoberto. E também não era para pagar o Banco, que estava ganhando. Um estava acuado por chantagem feita por pessoas do seu Partido - o Banco Rural - em função das descobertas da CPMI do Banestado, e outro ganhou muito dinheiro, o bastante para arcar com esse prejuízo e fazer lá uma certa dança contábil.

V. Exª se refere a empréstimo não-liquidado em 1988. Estou sendo bem pontual, estou tentando ser bastante engenheiro. Meus Deus, não havia vínculo estatal, não havia vínculo oficial! Isso pode ser muito bem esclarecido aqui ou, se quiserem ouvir minha sugestão, na CPMI, pelo Senador Eduardo Azeredo - na CPMI que quer saber do fato de hoje.

A Srª Renilda acabou de colocar o Sr. José Dirceu como responsável pelos episódios. Ela acabou de ser clara como água lá. Não é verdade que estejam deixando de investigar tudo. É verdade, sim, que há a retórica do “vamos investigar tudo” e, na prática, a tentativa de não nos deixar investigar muita coisa. V. Exª sabia que até hoje a Oposição está sem assessores na CPMI? Essa é uma reclamação que quero fazer frontalmente, e espero ter tempo de fazê-la publicamente ao Senador Delcídio Amaral. Até hoje a Oposição está sem assessoria para ir aos documentos da CPMI. Isso é ou não uma forma de obstaculizar o acesso da CPMI às possibilidades denunciativas? É.

Jurisprudência da fraude. Primeiro, jurisprudência é aquilo que ninguém contesta, que não se discute: ação, em último grau, em última instância, no Supremo Tribunal Federal. Aquilo sobre o qual o Supremo decidiu e para o qual não há mais recursos vira jurisprudência. Se o Supremo decidir que meu nome é Marcos e que o de V. Exª é Florisbelo, passo a ser Marcos, e V. Exª, Florisbelo, isso está fora de dúvida. Mas não há jurisprudência de fraude nenhuma, porque não houve fraude. Essa é outra ilação de V. Exª.

V. Exª está dizendo, na ilação, que Eduardo Azeredo havia autorizado ou indicado que fizessem esse caminho lá, que me parece que chega, no máximo, a esse deplorável caixa dois de campanha, diferente - mais uma vez, vou repetir - da fraude montada, do esquema de rapina dos cofres públicos sistêmico, com tentáculos de polvo, invadindo tudo que é cofre público de tudo que é órgão deste País. E não começamos a investigar ainda a Petrobrás, a conexão Gushiken, os fundos de pensão. Está no começo o restante da conexão José Dirceu.

Senador Aloizio Mercadante, se restar provado que não fico alegre com a contaminação da economia... Na verdade, V. Exª depois me fez justiça, dizendo que, se há alguém que procurou, ao longo dessa crise, achar caminhos, esse alguém, junto com mais alguns, fui eu. V. Exª o fez como uma revanche. Eu disse que V. Exª estava alegre, porque conheço V. Exª. É uma amizade de 20 anos. Só fico triste por V. Exª estar alegre com algo que não resolverá o problema do seu Partido, porque continuará a discussão sobre mensalão, sobre a cassação do Sr. José Dirceu, sobre a honradez, ou não, do próprio Presidente Lula, na medida em que as coisas avancem. Tomara que não se chegue a isso. Conheço V. Exª. Ainda agora, liguei para uma pessoa amiga, que me dizia que estava gargalhando por dentro. Duvido que V. Exª estivesse mais alegre, do que quando deu o primeiro beijo em sua primeira namorada. Não há momento mais bonito do que esse. Alegríssimo, dizia: “Puxa vida, agora temos companhia”. Só quero alertar com muita tranqüilidade, porque não vai resolver para o PT arranjar companhias.

Ouço o aparte do Senador Sérgio Guerra e, depois, do Senador Eduardo Suplicy.

O Sr. Sérgio Guerra (PSDB - PE) - Senador Arthur Virgílio, eu estava, na CPMI, ouvindo perguntas da Senadora Ideli Salvatti, quando alguém me falou sobre o discurso do Líder Aloizio Mercadante, que tratava, entre outros temas - não o ouvi todo -, dessa questão que hoje cita, mais uma vez, o Senador Eduardo Azeredo. Apressei-me em vir aqui por várias razões, entre elas o fato de que tenho feito imenso esforço para não perder a paciência nesse episódio todo. Estamos numa situação em que cada palavra de uma pessoa responsável pode ser absolutamente importante ou desagregadora. Quando o Presidente Lula deu uma entrevista em Paris, fiquei mais preocupado do que quando ouvi dez denúncias contra dez personalidades envolvidas nesse processo, porque aquela palavra foi evidentemente um grande equívoco. Quando o Presidente volta e, numa clara demonstração de que pretende ter apoio de setores sociais para se manter no poder, faz um discurso que o Delúbio Soares tinha feito antes, ou seja, a denúncia contra as elites, mais preocupado ainda fiquei, porque é inimaginável que um Presidente da República com a história do Presidente Lula, assumindo o poder, produza uma peça tão descolada dos fatos e tão eivada e contaminada de fatos comprometedores. Não há elite nenhuma querendo tirar do poder o Presidente Lula. As elites, pelo menos as que conheço e identifico, que não são diferentes daquelas que o Senador Aloizio Mercadante ou qualquer outro pode identificar, temem rigorosamente o Vice-Presidente, e não o Presidente. O Vice-Presidente, sim, é um risco à estabilidade das elites. O Presidente Lula, não, já demonstrou que não o é, nos anos em que tem governado o Brasil. Quanto a essa questão de Eduardo Azeredo, primeiro, vamos ter clareza. Não dá para comparar - eu não comparo e duvido que o Senador Aloizio Mercadante compare, ou qualquer um de nós...

O SR. ARTHUR VIRGÍALIO (PSDB - AM) - Mas comparou. O Senador Aloizio Mercadante comparou. V. Exª não estava aqui.

O Sr. Sérgio Guerra (PSDB - PE) - Eu teria de ouvir de novo, para acreditar.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Porque é difícil. Se eu não estivesse aqui, também não acreditaria.

O Sr. Sérgio Guerra (PSDB - PE) - Mas acho que o Senador não compararia o Sr. Eduardo Azeredo ao Dr. Delúbio Soares ou a Marcos - como é o nome dele?

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Marcos Valério.

O Sr. Sérgio Guerra (PSDB - PE) - Conhecemos o Senador Eduardo Azeredo, que tem uma vida pública. É preciso respeitar a vida pública das pessoas, como respeitamos a do Presidente Lula. Eu próprio respeito e respeitarei sempre a do Líder Mercadante. Não dá, não é justo isso, não é equilibrado.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - O Presidente Lula eu já respeitei mais.

O Sr. Sérgio Guerra (PSDB - PE) - Isso não faz sentido. O episódio que está sendo levantado em Minas Gerais deve ser esclarecido. Sem dúvida, ao longo desse mais de mês da CPMI, nenhum requerimento polêmico de convocação, que o Governo não quisesse, foi votado. Reagi muito a isso; insisti em que esses requerimentos fossem votados.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - E dizem que querem apurar tudo. Querem apurar tudo para debaixo do tapete.

O Sr. Sérgio Guerra (PSDB - PE) - O Governo, a Maioria, o PT não permitiram a votação desses requerimentos polêmicos. Nós só ficamos nos de consenso, quer dizer, naqueles que o Governo e o PT achavam que não atingiam de frente sua posição. Não tenho o menor receio quanto ao comparecimento em qualquer instância, em qualquer lugar, a qualquer hora, do Senador Eduardo Azeredo. E se, numa hipótese que considero absolutamente improvável, impossível, alguém de meu Partido me pedisse para fazer isso, ou seja, para trabalhar para que o Senador Eduardo Azeredo não comparecesse, eu sairia da Comissão e não sei se não sairia do meu Partido.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Temos que trabalhar para ele comparecer, porque depois disso, Senador, ninguém vai poder dizer mais que não vai à CPI.

O Sr. Sérgio Guerra (PSDB - PE) - Então, não é bem esse o caso. Há lá uma operação de financiamento, de uma agência mineira, é claramente um episódio estadual, não era um episódio nacional. Quer dizer que, se nós aqui desejássemos levantar questões estaduais, levantaremos às toneladas. Em meu Estado mesmo, as denúncias chovem. Faço questão de dizer, e já mandei dizer aos petistas mais notórios do meu Estado, que não será por minha mão que a denúncia contra petistas pernambucanos será levantada. Não farei isso. A questão não é essa. O foco não está lá. O foco está aqui, numa situação que tem características próprias, que tem a ver, é claro, com o problema de financiamento de campanha, mas tem a ver também - é muito claro - com a inserção de um Partido que ocupa o poder e que parece não saber quando termina o Partido e começa o Governo. Esse Partido tem responsabilidades sobre a vida econômica e política do País e nos fatos que estão aí, ao alcance de todos, da sociedade brasileira de uma maneira geral. Querer estadualizar essa questão, numa manobra para tirar o foco da denúncia e da discussão daqui, não acho responsável, porque haverá como estadualizá-la em outros cantos, em outras situações. Isso não é bom para a investigação central. A investigação central tem a ver com o que todos nós conhecemos, que está sendo discutido aí de manhã, de tarde e de noite e já é do conhecimento popular do País inteiro. Penso que não adianta querer chamar o episódio de Minas Gerais para o tamanho do episódio nacional. De forma alguma o é. Tomaram-se lá alguns milhões de reais. E a informação é de que uma empresa tomou dinheiro prestado. Essa mesma empresa contribuiu, não sei ainda se de forma legal ou ilegal, para algumas personalidades que disputaram campanhas eleitorais - algo em torno de R$11 milhões; foi distribuído lá um milhão, não sei quanto. Não tem nada a ver com o que aconteceu aqui. Aqui foi tomado dinheiro para o PT, R$40 milhões para o PT. Cerca de R$2 milhões e não sei quanto para o PT; R$5 milhões para o PT. Não foi para a campanha de A, de B ou de C, foi para o PT. Isso é que tem que ser explicado. Evidentemente, ninguém emprestou o dinheiro ao Sr. Marcos Valério para não receber; emprestou em troca de créditos de consignação, para os quais foi premiado um banco mineiro com a preferência de noventa dias no INSS. E em várias prefeituras do PT, inclusive na prefeitura de São Paulo. Essa é uma forma muito mais sutil e muito mais substantiva para compensar operações desse tipo. Penso que se nos detivermos no exame da questão central, se qualificarmos exatamente as denúncias: uma tem uma dimensão e complexidade, outra tem outra dimensão e complexidade, estamos no bom caminho. Mas que não se perca, não se sacrifique nesse caminho o bom senso, porque sinto sinais muito claros de exacerbação que não nos levará à solução. Parece que está todo mundo entusiasmado pelo processo. Uns porque estão tendo notoriedade, umas positivas, outras nem tanto. Todavia, o que temos que alcançar - o Presidente Renan Calheiros talvez tivesse uma grande contribuição a dar nisso - não é apenas o controle ou o exame do processo, mas os objetivos que desejamos ver construídos com essa dramática experiência da democracia brasileira. Aonde vamos chegar? Estamos trabalhando para chegar aonde? Se olharmos assim, se não ficarmos prisioneiros do processo, que conjunturalmente pode favorecer a um ou a outro, temos chance de chegar a algum lugar. Mas se ficarmos numa manobra, em todo momento precária, de remeter a questão para o passado, porque esse caso é exatamente esse, para o passado que já está encerrado há muitos anos, para conjunturas que não são mais as de agora, de querer que aquele passado, aquelas conjunturas de ontem sejam exatamente as de hoje, quando não o são - é óbvio que não são -, não construímos rigorosamente uma solução. Podemos construir um tumulto crescente, desses que começam a afetar a economia, porque não dá para a economia sair da linha de risco se o Presidente da República divide os brasileiros entre quem é da elite e quem não é. Não dá! O Presidente não pode e não deve fazê-lo - e esse Presidente nunca fez isso. Por que o faz agora? Não é sincera a afirmação de que a elite quer derrubar o Presidente, como não é sincera nem honesta a afirmação de que desejamos derrubar o Presidente Lula. Temos sido até incompreendidos por isso, mas não o desejamos. Enquanto eu tiver o meu mandato, não desejarei isso. Desejo um Presidente da República, um Chefe da Nação em condições de governar este País, para garantir a sua continuidade, a sua democracia e a legitimidade das instituições. Tenho certeza de que essa é a posição do Líder Arthur Virgílio e, tenho esperança, do Líder Mercadante. Contudo, que não se façam aqui generalizações que não são sinceras, não são corretas. Não quero dizer que não devam ser examinadas; devem ser amplamente examinadas, investigadas, no fórum adequado, da maneira mais concreta possível. Porém, que não se transforme isso num momento de mais turbulência com a finalidade de ganhar no processo, mas não construir a solução, porque o que interessa é construir a solução.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Senador Sérgio Guerra, antes de conceder um aparte ao Senador Suplicy e à Senadora Ideli, digo que o Presidente Lula tem razão num ponto: há elites, sim, que tramaram para derrubar o Presidente Lula, ou seja, essa nova classe social a que se refere Chico de Oliveira, e esses dirigentes sindicais que se refestelam hoje em cargos de estatais e que são responsáveis por todo esse mar de lama que está sendo lançado sobre a sociedade. Nova classe: Sr. Delúbio, Sr. Silvinho, Sr. Valério, nova classe, figuras que cresceram, vicejaram à sombra da mais deslavada mancebia, do mais deslavado comborço - o nome disso é comborço, uma relação de mancebia entre empresas ilegítimas, o dinheiro público e um partido político que finge hoje dever milhões e milhões, e não deve a ninguém. Aquilo foi presente do Sr. Valério. Não tenho nenhum reparo a fazer ao que diz V. Exª, apenas que esse jogo é inútil e eu lamento ver o PT precisando de companhias, se sentindo com uma certa cãimbra moral e precisa de companhias para tentar não afundar na travessia do lago.

A verdade nos distingue tanto! Não foi à-toa que caiu Genoino, que caiu João Paulo, que caiu o Líder do PT na Câmara, não é à-toa que o núcleo duro todo desabou. Tentar comparar isso com qualquer coisa de qualquer época desta República significa torcer a verdade sem resolver em nenhum milímetro o problema grave por que passa o País e o problema gravíssimo por que passa o Governo Lula, que tem, sobretudo ele, que dá demonstrações de que é capaz de manter a governabilidade. Não é com discursos e com bravatas nem com táticas de diversionismo como essa que se vai chegar a lugar qualquer.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Arthur Virgílio, quero ater-me apenas a um ponto de sua fala que considero importante. É a sua recomendação ao Senador...

(Interrupção no som.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Faça o mesmo com José Dirceu. Quem não tem nada a dever. Faça o mesmo com o José Dirceu, faça o mesmo com o Gushiken, peça aos seus companheiros para pararem com a patacoada de ficarem impedindo a votação de requerimentos polêmicos. Seja recíproco comigo. Agradeço por V. Exª ter visto pelo menos um ponto bom no meu discurso. Seja recíproco. Peça a eles que parem de fugir e que comparecem à CPI.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - É exatamente o ponto que eu gostaria de dizer a V. Exª. Acho positivo que esteja recomendando ao Presidente do PSDB, nosso colega no Senado, com quem temos mantido uma relação de muito respeito, construtiva, para que ele esclareça inteiramente esse episódio, da mesma maneira como - e V. Exª sabe - quando ocorreu o episódio Waldomiro Diniz, recomendei ao Ministro José Dirceu que aqui comparecesse. Reitero aqui a minha recomendação a ele. Ele marcou para o próximo dia 02 o seu comparecimento ao Conselho de Ética e tem dito que comparecerá à CPI, provavelmente a do Mensalão. Acredito também ser tão relevante o seu depoimento que possivelmente, para ouvi-lo - quem sabe - possam até as duas comissões se reunir para não precisar haver a repetição do encontro. Isso é algo que obviamente as duas comissões irão considerar por sua mesa diretora e pelos líderes. Que possa o Deputado José Dirceu ter a disposição, conforme reiterou à Direção Nacional do Partido, de vir aqui e dizer tudo aquilo que conhece, que sabe. Nesse sentido, S. Exª dará uma contribuição à Nação. Era apenas isso que gostaria de registrar.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Senador Eduardo Suplicy, para fazermos o jogo da verdade...

(Interrupção do som.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - ... agradecendo por V. Exª ter visto um ponto positivo em meu discurso, que foi o de recomendar ao Senador, que nada tem a ver com esse “valerioduto”, que venha, que peça a seus colegas de Comissão, porque não basta dizer: “Estou pedindo ao José Dirceu”. Aí, V. Exª salva a face. Adoro quando V. Exª salva sua face. É tão bonito isso! Mas não resolve nada. O que resolve é pararem de obstaculizar a votação do requerimento que convoca o Sr. José Dirceu; isso sim. Portanto, vá à CPI hoje e faça o que fiz aqui. Reúna aquele pessoal seu e diga: “Peço a vocês que, em nome da ética e dos bons costumes políticos, parem de obstaculizar a vinda do Sr. José Dirceu aqui”. Essa é a atitude que espero de V. Exª, e é do tamanho da atitude que estou tendo, que é a de dizer ao Senador Eduardo Azeredo que deve depor na CPI, sabendo que isso corresponde a uma tentativa de amesquinhá-lo e de arranjarem companhia no afogamento. Mas S. Exª vem e desmonta isso em um minuto. E aí não tem mais ninguém com moral para dizer que não vem. Mas vá lá, faça isso. Gostaria de saber, mais tarde - estou viajando para a sua terra -, que V. Exª foi lá e, com energia, disse: “Meus companheiros da Maioria e do PT, parem de obstaculizar a vinda dessa gente à CPI”. Porque, senão, fica um apelo. Todo mundo diz: “Pôxa, o Suplicy é sempre aquela flor de pessoa, é pessoa de quem gostamos tanto, mas não resolve, ele não vem”. Faça isso e me ajude, porque, quanto ao Senador Eduardo Azeredo, S. Exª vem. Não tem por que não vir. O Sr. José Dirceu é que parece que morre de medo dessas coisas. Não tem por que não vir. Tem que vir responder. Ele não prometeu que ia fazer e acontecer, que ia peitar, ser valente, desafiar o mundo inteiro? Pensei que declararia guerra ao Bush - cheguei a ter medo disso. Depois, ele se encolhe e anda pelas paredes. Eu estava sem mexer com ele, mas, agora, já que está na hora da guerra, é guerra! Vamos para a guerra! É do meu temperamento e é da minha determinação. Se é assim...

Fiz duas coisas que não queria: uma foi mencionar o filho do Presidente Lula; outra foi ver uma pessoa que está em desigualdade de condições e chamar essa pessoa para o combate. Não queria combater com esse Ministro não. Gostava de combater com aquele poderoso e arrogante Ministro que foi, e não com o ex-Ministro que fica por aí, puxando conversa com um e com outro. Isso não me agrada.

A Srª Ideli Salvatti (Bloco/PT - SC) - V. Exª me permite um aparte, Senador Arthur Virgílio?

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Pois não, Senadora Ideli Salvatti.

A Srª Ideli Salvatti (Bloco/PT - SC) - Senador Arthur Virgílio, em primeiro lugar, gostaria de dizer que lamento. É claro que não há como concorrer com os Senadores Aloizio Mercadante e Sérgio Guerra, que não teve a oportunidade de acompanhar o questionamento à Srª Renilda na CPMI, porque foi atraído pelo debate que se travava neste plenário. Talvez, se o Senador Sérgio Guerra tivesse permanecido lá, pudesse até ter testemunhado o que temos procurado fazer na CPMI. Houve momentos em que perdi um pouco o foco, por conta de outras questões, inclusive em ataques à minha pessoa, mas, como regra geral, temos mantido uma preocupação na CPMI de aprofundar as investigações, não fugindo, obviamente, de nossas responsabilidades e tentando manter um mínimo de seqüência lógica, de coerência, entre o andar das investigações, que precisamos ter durante todo o processamento das questões que se nos apresentam. Gostaria de dizer também que, nas vezes em que faço as inquirições a respeito de fatos - como fiz hoje - relacionados ao passado, eu o faço na lógica de investigar a tudo e a todos com a profundidade necessária e partindo do pressuposto que já tive a oportunidade de declarar na CPMI e aqui em plenário: nenhum petista tem moral de cobrar nada, de relatar nada, de se reportar a nada acontecido anteriormente, se não mantivermos rigor na apuração do que está colocado hoje. Portanto, a fim de manter qualquer tipo de condição ética e moral em fazer qualquer questionamento - entenda V. Exª - há muitas questões que ficaram sem ser devidamente investigadas, sem ser aprofundadas, e situações que aqui não vou relatar novamente porque já o fiz algumas vezes. Quem tem um mínimo de memória neste País sabe do que estou falando. Mas não existe ninguém no PT, individual ou coletivamente, que tenha moral para falar de nada do passado próximo ou mais antigo, se não tivermos a disposição de investigar e ir até as últimas conseqüências. Portanto, quando levantei as questões, inclusive há pouco, lá na CPMI, foi na lógica de tentar restaurar maneiras de operar - modus operandi -, que, infelizmente, não se modificaram tanto assim. Entende, Senador Arthur Virgílio? E nem criativo foram. É isso que nos deixa com mais raiva ainda, porque há muita repetição, talvez em uma esfera um pouco melhor, mas há muita repetição de maneiras de operar. Devemos agir com seriedade, com responsabilidade, evitando a partidarização e determinadas comparações. Muitas vezes, chegam em nossas mãos discursos anteriores, maneiras como anteriormente determinados parlamentares agiram, até na condição que estiveram anteriormente, como Líderes de Governo...

(Interrupção do som.)

            A Srª Ideli Salvatti (Bloco/PT - SC) - Obrigada, Sr. Presidente. Senador Arthur Virgílio, nada disso ajuda. O que ajuda neste momento são apenas duas coisas. A primeira é investigar, investigar e investigar e, na decorrência da investigação e da comprovação, punir tudo e todos que estejam envolvidos com qualquer ato ilícito de desvio de recursos públicos, seja lá o que for, qualquer falcatrua. A segunda é respeitar as instituições democráticas que tivemos tanto trabalho para reconstituir. Respeitar tudo o que construímos quando derrotamos a ditadura, quando instituímos novamente as eleições diretas, o direito de o povo brasileiro escolher seus governantes, no período e no mandato que confere a esses governantes. Se o povo, inclusive, quiser reconduzi-los, porque a Constituição foi alterada no sentido de conceder esse direito, o povo pode fazê-lo, e não fugimos nem um milímetro do respeito às instituições democráticas que constituímos. Portanto, essas são as nossas tarefas neste momento. E tudo aquilo que fugir disso será profundamente analisado pela opinião pública, e teremos o troco sim. O povo sabe nos dar, na hora certa, o troco do voto. Todos nós temos a grande chance de nos apresentar novamente, em novos processos eleitorais, e de fazer a limpeza ética que o País tanto precisa.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Senadora Ideli Salvatti, faço questão de registrar o que, para mim, é o crescimento de seu mandato. V. Exª tem sido eficaz e presente na defesa do Governo, e vem atuando com uma elegância que a todos tem cativado. Digo isso do fundo do coração.

Com relação às observações de V. Exª, digo que há discordâncias. Não se modificaram? Modificaram sim, porque, a meu ver, passou a haver uma sociedade entre o PT, setores do Governo e o Sr. Marcos Valério. E as investigações estão no começo. Que não foram criativos? Foram criativos, porque jamais vi na República brasileira alguém ter ousadia dessa monta. De implantar, com tentáculos de polvo, esse esquema de corrupção que perpassa estatais, fundos de pensão, repartições públicas. Foi uma rapina organizada. Portanto, foram criativos.

V. Exª diz: investigar, investigar, investigar. E aí faço a V. Exª o mesmo apelo que fiz ao Senador Eduardo Suplicy, dizendo que S. Exª não resolve a questão quando diz: “Faço um apelo ao José Dirceu”. Todos sabem que o Suplicy não gosta do José Dirceu, nem o José Dirceu gosta dele. Isso é que é verdade. Portanto, não adianta fazermos apelo ao Senador Eduardo Suplicy. É colocar uma situação de fato. É a CPI convocar o Sr. José Dirceu, o que é fundamental para investigar tudo. Não tem cabimento aceitarmos o que estou propondo. O Senador Eduardo Azeredo não tem nada a ver com esses peixes lá, até pelo símbolo de desmontar a resistência dos que querem não ir e ficar vendo o jogo de contar votos de maioria e minoria para o José Dirceu não ir.

V. Exª pode, perfeitamente, liderar - e V. Exª tem feito isso com eficácia e com decência - a Bancada governista, e dizer: “Vamos aceitar o repto feito pelo Senador Arthur Virgílio e vamos parar com essa história de não convocar, votar todos os requerimentos polêmicos, até porque, de maneira tão aberta, de coração tão aberto, ele disse: vamos chamar o Eduardo Azeredo para de uma vez acabar com isso, e depois morre esse assunto de vez. Agora investigar, investigar, investigar, é, por exemplo, votar os requerimentos polêmicos; investigar, investigar, investigar é dizermos em conjunto ao Sr. Delcídio que não dá mais para...

(Interrupção do som.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - ...não termos direito a assessores nossos manipulando; investigar, investigar, investigar é não termos mais a direção da CPI impedindo que assessores tenham acesso... não há nem assessores credenciados da Oposição; precisamos credenciar os assessores da Oposição para estabelecermos uma certa verdade.

Quanto à democracia, fique completamente tranqüila. O que pode desestabilizar a política neste País é a corrupção, e ela é patrocinada e apadrinhada pelo Governo que aí está. Quanto à ação da Oposição, não se vê nenhuma militância nas ruas, nada tipo: Fora, Lula. Ele se defende de um impeachment que foi falado só na sede do PT outro dia. Ninguém está falando de impeachment de Lula. Queremos que ele fique até por castigo, fique até o final do seu mandato. Ao invés de “Fora, Lula”, digo “Fica, Lula”, para que, ao longo do seu Governo, arque com as responsabilidades de ter prometido tanta coisa ao País e não ter cumprido nada, nem no campo da ética, Lula.

Portanto, Sr. Presidente, concluo dizendo que o Senador Sérgio Guerra ficará aqui para participar deste debate. Tenho um compromisso que está mais do que vencido: ir a São Paulo agora e gravar um programa de televisão à noite, e tenho uma conversa, agora de tarde, estou atrasado. Vou a São Paulo para tomar conta do eleitorado do Senador Eduardo Suplicy, vou dar um abraço nos eleitores dele que são milhões. A essa altura, já sem aparte, Senador, porque estou indo mesmo. O Senador Sérgio Guerra ficará aqui...

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Pode dizer que vai ao “Programa do Jô”.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - É, vou ao “Programa do Jô”.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Tenha um bom diálogo com ele.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Muito obrigado, Senador. Irei, sim, ao “Programa do Jô”. Antes, porém, tenho encontros com companheiros meus.

            Basicamente, não há nenhuma dúvida: o Senador Sérgio Guerra me substituirá com toda a sua ponderação, com toda a sua capacidade de se indignar também e com toda a sua capacidade de raciocinar. O Senador Sérgio Guerra é um dialeta por excelência.

(Interrupção do som.)

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Assim, o Senador Sérgio Guerra poderá me substituir, com vantagem, inclusive.

O importante é ter estabelecido, aqui, alguns pontos. Um é que fica o apelo: parem de obstacularizar na CPMI e deixem o credenciamento dos nossos assessores da Oposição acontecer. Parem de impedir a votação de requerimentos polêmicos. Deixem vir quem a Minoria pede, porque a Minoria está aqui para facilitar a vinda de qualquer pessoa. E, estou dizendo, para acabar com toda essa chanchada da Atlântida, aquela do Cyll Farney, de Oscarito, de Grande Otelo - Grande Otelo foi um grande artista, mas os outros nem tanto -, de Zé Trindade. Estou pedindo que o Senador Eduardo Azeredo se encaminhe mesmo para essa CPMI, que ele explique de uma vez por todas. Eu disse: ”Se Eduardo Azeredo, que dava para nós, tranqüilamente, nos bastidores, negociarmos para não vir - porque não teria de vir mesmo, essa é que é a verdade, não teria nada por que vir -, vem e se apresenta espontaneamente, que moral sobrará ao Sr. José Dirceu e ao Sr. Gushiken* para não virem?” Que moral sobrará à maioria para dizer...

(Interrupção do som.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - ...que não vota o requerimento de quem quer que seja, desde que proposto por nós? Senador Eduardo Azeredo, V. Exª não deve nada, mas a sua vinda é pedagógica. Portanto, venha, para que sirva de lição, porque isso pode ser a chave para essa CPMI deslanchar, a chave para essa CPMI ir à verdade, acabar o jogo de empurra de uma vez por todas.

No mais, espero ter respondido a contento aos apartes todos. Ausento-me, deixando o Senador Sérgio Guerra e agradeço muito, Sr. Presidente, pela tolerância da Mesa, pela paciência das Srªs e Srs. Senadores e volto a dizer que, tomando emprestado o jornal do Senador Aloizio Mercadante e dentro do que é o meu espírito, peço a V. Exª que mande inserir nos Anais, como peça do meu discurso, a denúncia do jornal O Globo, envolvendo o PSDB de Minas Gerais.

Se queremos falar de transparência, é isto aqui: não precisa ninguém pedir. Vai constar do discurso do Senador Aloizio Mercadante, vai constar do meu. Senador Sérgio Guerra, faço um apelo a V. Exª: peça também para constar do seu. Assim, será algo fantástico.

Verdade é o que queremos e a verdade se faz, primeiro, não misturando o joio com o trigo. O trigo pode ter sido aquela questiúncula local, o joio é o que estamos vendo: um esquema de corrupção montado a partir do Palácio do Planalto, com tentáculos em empresas privadas e, sem dúvida alguma, envolvendo fundo o Partido dos Trabalhadores.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Nota à Imprensa”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/07/2005 - Página 25707