O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estamos em uma época de muita denúncia e temos visto o fenômeno político ocupar com voracidade todas as manchetes de jornal. Todos estamos vivendo essa paranóia. Vejo todos os meus companheiros permanentemente ligados à imprensa em tempo real e à televisão, dia e noite. E, quando os políticos se encontram, ouve-se: “O que há de novidade? O que aconteceu?” Estamos vivendo tempos difíceis no Brasil.

Já falei aqui algumas vezes da necessidade de se apurar o que for possível, mas também da necessidade de não se descuidar do dia-a-dia da Nação. E volto a insistir: prestem a atenção às estatísticas da nossa Casa, onde 90% dos discursos são de acusação. A Oposição não faz outra coisa senão denúncia, denúncia e denúncia. Não vejo mais a Oposição, como antigamente, fazer sugestões, trazer projetos. E, por incrível que pareça, os Senadores da base do Governo, também por causa dessa paranóia, ou se pronunciam buscando defender - e são poucos - ou até igualmente se curvam a denuncismo.

Há poucos minutos, recebi uma leva de denúncias. Fico impressionado, porque, além de estar acontecendo com a Oposição e com a própria Bancada de apoiamento do Governo, esse mal está se espalhando principalmente pela Internet. A cada dia recebo toneladas de denúncias, infundadas ou com algum fundamento, mas a verdade é que o País está vivendo uma era e uma política do denuncismo.

Não é isso que constrói um País. Estamos gastando energia demais. Imaginem o Senador Leonel Pavan, com toda essa energia, com todo esse vozeirão, com toda essa capacidade que S. Exª tem, falando aqui de projetos para Santa Catarina, fazendo denúncias também - o que é direito e dever da Oposição -, mas igualmente apresentando projetos e cobrando projetos e ações.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Líder Suassuna, V. Exª me permitiria um aparte?

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Não sei se a Presidência permitiria, porque só disponho de cinco minutos.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - Nobre Senador, depois V. Exª terá a palavra. Permita que S. Exª conclua - a não ser que V. Exª faça questão.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Então, peço aos meus companheiros, peço aos Congressistas das duas Casas que continuemos com todo o denuncismo que seja necessário. Insisto: o PMDB quer toda a transparência e toda a investigação, mas precisamos também cuidar da outra parte, para o bem do Brasil. O Governo tem uma missão: tem que arregaçar as mangas e colocar este País para trabalhar - cobrar dos Ministros, dos Governadores, dos empresários. A Oposição tem que continuar na sua santa cruzada de denunciar, mas também não pode ser só isso; tem, além disso, que lutar por projetos.

Creio que a própria base do Governo está muito contaminada, e não é atacando a Oposição que conseguirá sucesso; tem que dar informações as necessárias, e quem for culpado que pague a culpa. No entanto, Sr. Presidente, não podemos continuar nesse clima, que está tirando a energia do Brasil. Temos tudo para darmos uma arrancada. Já fomos a oitava economia do mundo, caímos para a décima quinta colocação, voltamos para a décima quarta e poderíamos ser um País de primeiro mundo. Lamento muito o que estamos vivendo e lamento que também a nossa imprensa dê tanto espaço e tanto gás a todo esse denuncismo.

Era para isto que eu queria usar a tribuna, para lamentar esse status quo que estamos vivendo e dizer que temos de cuidar do futuro do nosso Brasil, trabalhando, e trabalhando muito, porque estamos gastando energia demais nessa infame fase de tanto denuncismo.

Muito obrigado.