O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, antes entrar no assunto que me traz a esta tribuna hoje, reitero o que disse em aparte ao Senador Romeu Tuma: realmente, minha perplexidade, diria até a minha tristeza, em assistir ontem à entrevista do Presidente Lula, lá da França, falando sobre a crise no Brasil.

Além do aspecto de ter concedido uma entrevista de maneira exclusiva, segundo consta, a uma repórter freelancer que vendeu essa entrevista à TV Globo, há o fato de, dias antes, o Presidente ter dito, ao lado do Presidente Jacques Chirac que só falaria dessa crise aqui no Brasil. E, na entrevista que concedeu, disse que o que interessa é a verdade, e o ruim de se mentir a primeira vez é ter de ficar mentindo o resto da vida para justificar a primeira mentira. Ora, então pergunto: quando o Presidente estava falando a verdade? Quando, ao lado do Presidente Chirac, disse que iria falar sobre a crise aqui no Brasil ou, depois, na entrevista que concedeu com exclusividade - pelo que se pôde perceber, ao lado de algum castelo na França?

Na verdade, o que foi dito é de estarrecer. O Presidente parece dizer que, após as eleições, quando ele saiu do Partido e quando saíram alguns figurões que vieram a ser prefeitos, governadores, deputados estaduais, vereadores e senadores, o PT ficou sem pessoas com capacidade de tocar o Partido e que, por isso, ficou fragilizado. Portanto, essas coisas teriam acontecido em razão disso.

Realmente, é espetacular vermos como o Presidente, agora, quer desvincular-se do PT. Ora, se o Presidente se elegeu exatamente por ser PT, vendendo uma mensagem de mudança, de esperança, de transformar os hábitos políticos e de combater a corrupção, agora ele não é mais PT? Então, o que ele é?

Fico realmente consternado com isso e registro esse meu desalento.

Sr. Presidente, no fundo, o que me traz a esta tribuna hoje - e gostaria de tê-lo feito na sexta-feira - é registrar aqui o Dia do Comerciante, transcorrido no dia 16. Foi um sábado e, portanto, não havia reunião do Senado. Quero especialmente homenagear a classe dos comerciantes do meu Estado, Roraima.

Os comerciantes de Roraima comemoraram a data no dia 16. A data foi marcada em Roraima por solenidade alusiva. A Associação Comercial rendeu homenagens ao sócio-fundador e patrono do comércio, o empresário Said Salomão, que completou 90 anos de idade justamente no Dia do Comerciante.

O Sr. Said Salomão foi um pioneiro, que chegou a Roraima com apenas 14 anos de idade, vindo da Síria, e foi o maior investidor do Território na época.

O comércio cresceu com a população, desde a década de 40, e a mudança político-administrativa do então Território Federal do Rio Branco trouxe a necessidade de uma organização. O mercado sofria algumas dificuldades, mas a classe empresarial precisava acompanhar as metas de desenvolvimento da nova administração.

A solução foi instalar um órgão que representasse e coordenasse as atividades no âmbito empresarial com a fiscalização dos deveres e o respaldo da defesa dos direitos. Após várias reuniões e planejamento, 34 empresários do Território criaram, em 1944, a Associação Comercial do Rio Branco (ACR) [naquela época, éramos Território Federal do Rio Branco].

Com 61 anos de fundação, a Associação colabora com os poderes públicos dentro das finalidades institucionais, inclusive os de órgão técnico-consultivo, defende os interesses da classe e estuda os problemas sócio-econômicos propondo as medidas de interesse para o desenvolvimento regional.

Também promove, estimula e participa de iniciativas que possam contribuir para o desenvolvimento das atividades comerciais e de serviço, pugna pelo crescimento da mentalidade empresarial, estimula o espírito associativo e ampara, dentro das condições possíveis, os associados que sofrem medidas arbitrárias.

Segundo o presidente da ACIR, Derval Furtado, a atuação da entidade é relevante no âmbito de atividades e campos administrativos, sociais e políticos como órgão vigilante que policia, sugere e defende, não só em relação aos interesses comerciais, mas também ao bem-estar social do Estado e da nação.Antes da criação do Estado e, portanto, da criação da Assembléia Legislativa, a Associação Comercial e Industrial de Roraima foi fórum de debates de grandes causas sociais e político-administrativas, como a transformação do Território em Estado, a construção da BR-174, a adequação do sistema energético e a definição da questão fundiária pelo Governo Federal. Para ele, a busca pela definição fundiária visa a evolução sócio-econômica e a alertar o Estado e a Nação sobre as influências negativas das constantes intromissões de estrangeiros em assuntos internos da região e dos demais Estados, em prejuízo do desenvolvimento e em flagrante agressão à soberania nacional.

Eu gostaria de solicitar, Sr. Presidente, que fizessem parte do meu pronunciamento os seguintes documentos: esta publicação sobre o Dia do Comerciante em Roraima; esta publicação do jornal Folha de Boa Vista, que faz um perfil do Sr. Said Samou Salomão, que, repito, foi um dos pioneiros do comércio de Roraima, um dos maiores investidores do Estado que ainda é um homem lúcido e que está atento às mudanças que o Estado vem sofrendo; e, por fim, documento que recebi da Facir, assinado por seu presidente e por seu segundo secretário, que faz referência ao transcurso do Dia do Comerciante e, inclusive, ao fato de meu pai, nos anos de 1946 a 1948, também haver presidido aquela associação.

Com muito prazer faço este registro e cumprimento todos os comerciantes do meu Estado na figura do presidente de sua Associação Comercial, Derval Furtado, e dos membros de sua diretoria, desejando que essa instituição continue a ser atuante não só na defesa dos direitos de seus associados e na fiscalização da atividade comercial, mas principalmente na defesa dos interesses maiores do nosso Estado, na defesa dos interesses da população, do consumidor. Isso ela vem fazendo. Sou testemunha do quanto a nossa Associação Comercial e, hoje, a Facir, têm trabalhado nesse sentido ao lado das outras instituições vivas do Estado - com certeza, serão responsáveis pela grande mudança pela qual o Estado precisa passar para se consolidar e se tornar um Estado em que as pessoas possam, a cada dia, viver melhor.

Termino requerendo a transcrição dos documentos aos quais me referi.

Muito obrigado.

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR MOZARILDO CAVALCANTI EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Dia do Comerciante: ACIR vai homenagear Said Salomão”

“Said Samou, maior investidor do passado, completa 90 anos”

“FACIR - Nossa Amazônia: Patrimônio dos Brasileiros”