Discurso durante a 112ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Posicionamento do PMDB favorável à apuração das denúncias de corrupção contra o governo federal. Pesquisa realizada na Paraíba sobre as maiores necessidades que a população daquele Estado vislumbra para atendimento pelo poder público federal.

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Posicionamento do PMDB favorável à apuração das denúncias de corrupção contra o governo federal. Pesquisa realizada na Paraíba sobre as maiores necessidades que a população daquele Estado vislumbra para atendimento pelo poder público federal.
Publicação
Publicação no DSF de 19/07/2005 - Página 24775
Assunto
Outros > POLITICA SOCIAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • REGISTRO, APOIO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO, PAIS.
  • PROTESTO, EXCLUSIVIDADE, ATENÇÃO, CONGRESSISTA, INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO, COMENTARIO, IMPORTANCIA, DISCUSSÃO, AUSENCIA, QUALIDADE, PRESTAÇÃO DE SERVIÇO, INEFICACIA, ATENDIMENTO, POPULAÇÃO.
  • REGISTRO, PESQUISA, OPINIÃO PUBLICA, POPULAÇÃO, ESTADO DA PARAIBA (PB), CONFIRMAÇÃO, EXPECTATIVA, MELHORIA, ATENDIMENTO, AREA, SAUDE, SEGURANÇA PUBLICA, EDUCAÇÃO, HABITAÇÃO, CRIAÇÃO, EMPREGO, SANEAMENTO BASICO, TRANSPORTE, POPULAÇÃO CARENTE, REDUÇÃO, DESEMPREGO.
  • APRESENTAÇÃO, DADOS, PESQUISA, ESTADO DA PARAIBA (PB), DEMONSTRAÇÃO, SUPERIORIDADE, CONFIANÇA, POPULAÇÃO, GOVERNO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DEFESA, NECESSIDADE, IMPLEMENTAÇÃO, POLITICA, SOLUÇÃO, CRISE, PAIS.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o PMDB quer firmeza nas investigações, total transparência e não quer que absolutamente nada deixe de ser investigado. Tanto é que já entregamos desde a quarta-feira passada os nomes dos membros da CPI do “mensalão”, e não vamos deixar de participar de nenhuma CPI.

Nós não vamos de maneira nenhuma fazer como a Oposição, que aproveita todo o quadro - no papel correto dela - e ocupa todos os espaços. O PMDB não vai fazer isso. Mas não vai deixar que ninguém fique impune se tiver culpa. Também não vai fazer como o Governo: atacar quem está buscando investigar em algumas ocasiões. Não! Vamos ser solidários ao Governo, mas queremos, com firmeza, que se faça essa apuração!

Não estamos aqui só para isso, Sr. Presidente. Já está até cansativo o que se fala! O lugar para se falar é na CPI, as brigas têm de ocorrer na CPI, as investigações têm de ocorrer na CPI, mas, em quase 100% dos espaços fora da CPI, só se fala nessas investigações, e os Parlamentares se esquecem do mais importante, que é o eleitor, o cidadão, aquele que nos colocou aqui por meio do seu voto. Eu queria exatamente falar sobre esses que pagam altos impostos e que não recebem serviços de qualidade.

Veja, Sr. Presidente, a pesquisa feita no dia 12 no meu Estado. A pergunta é: “O Governo deve trabalhar e ter mais atenção em que áreas?” O item “assistência à saúde” recebeu 39,4% dos votos. Isso mostra que, apesar de se pagar INSS, de se pagarem impostos sobre tudo - para quem quiser se embriagar, a fim de fugir da realidade, 80% do preço que se paga por uma garrafa de aguardente é de imposto, e 20% correspondem ao preço do produto -, a saúde é o primeiro item de grita da população. Nos postos de saúde, não há remédios, e muitas cidades nem sequer têm médicos. Esta é a grita maior no meu Estado: assistência à saúde. Vamos apurar tudo, mas é hora de se prestar atenção também aos serviços pelos quais o povo clama.

O segundo item é segurança pública. E vejam aonde chegamos neste País! O meu Estado, a Paraíba, em termos de segurança, sempre foi tranqüilo. Poderia até haver crimes passionais, mas não havia esse problema de segurança pública. Agora, 21,2% da população reclama da segurança. Na Capital, a porcentagem é maior: 28,5%. É o segundo item pelo qual clama a população: segurança pública.

Assistência à educação é um item que nunca deveria ser nem pedido pela população. O Governo tinha de saturar a população de educação. Foi assim que o Japão mudou, foi assim que os Estados Unidos mudaram, foi assim que a Coréia mudou, foi assim que Taiwan mudou. Mas a assistência à educação continua na terceira posição no clamor da população.

Moradia é a que se segue. Faltam sete milhões de casas, principalmente casas populares. O quinto item, geração de emprego, obteve 4,5% dos votos e foi seguido por saneamento básico, transportes urbanos, menores carentes. É incrível também que o meu Estado já esteja em nono lugar em relação aos menores carentes. As cidades já começam a se ressentir disso.

O cidadão é estimulado a responder sobre o maior problema que a população está vivendo, e a resposta desponta de forma ímpar: o desemprego, com 45,8% dos votos. Quando se oferece uma lista perguntando quais os problemas pelos quais uma população pode passar, as respostas são as que mencionei acima a V. Exª. Mas o cidadão, quando estimulado, responde que o maior problema que a população está vivendo é o desemprego, com 45,8% dos votos no meu Estado. Isso significa que há falta da Sudene, que há falta de projetos para as regiões periféricas, como é o caso do meu Estado. A estratégia não está funcionando, porque 45,8% da população clama por emprego. E somos muito condescendentes com emprego, porque são muitos os subempregos que passam por empregos.

Em seguida, vêm a saúde e a segurança, como na outra lista.

Fico impressionado com isso, Sr. Presidente, porque o nosso povo é otimista, o nosso povo é bom, o nosso povo confia, mas, na hora de receber a contrapartida, esta não há. E nós, aqui, estamos gastando uma quantidade gigantesca de energia. Não quero que se pare, não é isso que estou falando. Devem-se apurar os fatos, mas temos de departamentalizar. Esta é a hora de apurar os fatos e de continuar cobrando os serviços básicos de que a população precisa.

Nessa mesma pesquisa, Sr. Presidente, faz-se uma pergunta: “O ano de 2005 está sendo melhor do que o de 2004?” E 36,4% da população acha que sim; 42% acham que está igual; e apenas 17% acreditam que está pior. Quer dizer que, apesar de tudo, o povo está confiando que o País está andando, graças à economia. Essa pesquisa não é esse imbróglio político, não. Esse resultado se deve exatamente ao papel econômico, que está sendo desenvolvido. As pessoas têm esperança. Vejam como o nosso povo é crédulo!

Sr. Presidente, a outra planilha sobre a qual eu gostaria de falar nos deixa pasmos! Veja que coisa incrível: “O senhor aprova ou desaprova o Governo do Presidente Lula?” A pesquisa foi realizada no dia 12; hoje é dia 18. Portanto, faz seis dias. A resultado foi o seguinte: 54,9% o aprovam; 34,95% o desaprovam; e 10,97% não têm opinião formada sobre o assunto.

Vejam que fenômeno interessante! Em João Pessoa, 59,5% o aprovam, e 33,7% o desaprovam. Quando se trata da grande João Pessoa ou das cidades periféricas mais pobres, cidades dormitórios, esse índice salta para 64,1%. Então, a confiança no Presidente é de 64,1% contra os 27,6% que o desaprovam.

Na mata paraibana, 48,5% da população o aprova contra 42,2%. Por quê? Porque essa é a região que está mais descrente. É a região da monocultura, da cana-de-açúcar, e o cidadão está vendo que absolutamente nada foi feito em prol dele.

Em Campina Grande, 54,1% o aprovam, e 32,7% o desaprovam. No agreste paraibano, 52,5% o aprovam, e 36,1% o desaprovam. E vai por aí afora.

Então, observamos que, nas cidades onde há mais gente pobre, onde está havendo distribuição dessas bolsas, disso e daquilo, a aprovação cresce. Quando se trata de um lugar inacessível, em que as pessoas não estão recebendo essas benesses de bolsa educação, disso e daquilo, cai o índice. Mas, mesmo assim, o índice continua superior a 50%.

O que concluo com isso, Sr. Presidente? Concluo que precisamos pisar no acelerador em termos de desenvolvimento.

Se ainda tem a confiança do povo neste momento, pelo menos no meu Estado - e creio que isso se repete no País todo -, o Presidente tem de arregaçar as mangas, não ficar prosa e trabalhar, cobrar dos seus Ministros tudo o que pode. Para o Ministro que não trabalhar e não mostrar resultados ao povo, que o está vendo, rua!

Não se pode mais, Sr. Presidente, continuar com essa situação. São sessenta dias de crise, e todos estão de braços cruzados, olhando o mundo! Isso não pode continuar.

O PMDB estará apoiando o Presidente na governabilidade, mas o PMDB espera ver o Ministério e o Presidente trabalhando.

Com toda certeza, essa crise será debelada, e os responsáveis, os criminosos irão para a cadeia. E o Presidente será imbatível. Mas, se ficar no blablablá, se ficar com pena de cortar cabeças, se ficar querendo proteger fulano ou sicrano - e não estou falando do Presidente, mas do Governo em geral -, as coisas não vão andar.

Devemos ter coragem e disposição, porque quem nos colocou aqui foi o povo. A razão maior deste País é o povo. Não é para ficarmos aqui de conversa comprida, sem dar ao povo, que paga impostos caríssimos, a resposta que ele espera.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/07/2005 - Página 24775