Discurso durante a 112ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações ao pronunciamento do Senador Arthur Virgílio proferido na última quinta-feira. Considerações sobre as despesas de campanha eleitoral de S.Exa.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Considerações ao pronunciamento do Senador Arthur Virgílio proferido na última quinta-feira. Considerações sobre as despesas de campanha eleitoral de S.Exa.
Aparteantes
Arthur Virgílio.
Publicação
Publicação no DSF de 19/07/2005 - Página 24777
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • REGISTRO, ARTIGO DE IMPRENSA, AUTORIA, ORADOR, PUBLICAÇÃO, JORNAL, JORNAL DO BRASIL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), RESPOSTA, PRONUNCIAMENTO, ARTHUR VIRGILIO, SENADOR.
  • LEITURA, TRECHO, LIVRO, PROFESSOR, UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS (UNICAMP), IMPORTANCIA, DIALOGO, RECONHECIMENTO, DIVERSIDADE, OPINIÃO.
  • REGISTRO, HISTORIA, ATUAÇÃO, ORADOR, ARTHUR VIRGILIO, SENADOR.
  • APRESENTAÇÃO, DESPESA, CAMPANHA ELEITORAL, ORADOR.
  • PROTESTO, OFENSA, ARTHUR VIRGILIO, SENADOR, HONRA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, BRASIL, PREJUIZO, DIALOGO, EXECUTIVO, LIDERANÇA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB).
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, AUTORIA, ORADOR, PRESTAÇÃO DE CONTAS, CAMPANHA ELEITORAL, REMESSA, TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL (TRE).

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Romeu Tuma, prezados visitantes do Senado, eu gostaria de começar a minha exposição com um aviso ao Senador Arthur Virgílio, porque falarei a respeito do nosso diálogo da última quinta-feira, quando S. Exª, indignado por razões que lhe são importantes, aqui resolveu fazer um pronunciamento. Eu, discordando da maneira como S. Exª se referia ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, procurei recomendar-lhe que tivesse um outro tipo de atitude, mais respeitosa. Telefonei-lhe ainda na tarde da quinta-feira, informando-lhe que na tarde de hoje, ou nesta semana, eu iria trazer-lhe a demonstração, encaminhada ao Tribunal Regional Eleitoral, de minhas despesas de campanha. Como S. Exª havia duvidado de minha palavra, fiz questão de lhe dizer que minha demonstração de gastos está de acordo com aquilo que, efetivamente, aconteceu.

A respeito desse episódio, publiquei um artigo no Jornal do Brasil. Felizmente, tem havido um interesse grande para que esse artigo seja também publicado em outros jornais do País. O Correio Amazonense havia solicitado, há mais de duas semanas, a publicação dos meus artigos e coincidiu de justamente o primeiro deles ser referente ao Senador Arthur Virgílio, que é um Parlamentar de grande combatividade e que conheço há muitos anos, uma vez que fomos colegas na Legislatura de 1983 a 1987, quando éramos ambos, pela primeira vez, Deputados Federais e nos engajamos em muitas lutas comuns.

Eu gostaria de abrir esta reflexão com um ensinamento muito importante do Professor Rubem Alves, feito em seu Quarto de Badulaques. Ele, que é psicanalista, filósofo e professor da Universidade de Campinas, fala algo muito interessante para o nosso dia-a-dia.

O Senador Arthur Virgílio, que me dá a honra de estar presente, vai perceber que essa recomendação de Rubem Alves sobre o ouvir - e, agora, vou falar até um pouco mais longamente - serve também para o relacionamento com a nossa pessoa amada.

1.Sobre o ouvir: O ato de ouvir exige humildade de quem ouve. E a humildade está nisso: saber, não com a cabeça mas com o coração, que é possível que o outro veja mundos que nós não vemos. Mas isso, admitir que o outro vê coisas que nós não vemos, implica em reconhecer que nós somos meio cegos... Vemos pouco, vemos torto, vemos errado. Bernardo Soares diz que aquilo que vemos é aquilo que somos. Assim, para sair do círculo fechado de nós mesmos, em que só vemos nosso próprio rosto refletido nas coisas, é preciso que nos coloquemos fora de nós mesmos. Não somos o umbigo do mundo. E isso é muito difícil: reconhecer que não somos o umbigo do mundo! Para se ouvir de verdade, isso é, para nos colocarmos dentro do mundo do outro, é preciso colocar entre parêntesis, ainda que provisoriamente, as nossas opiniões. Minhas opiniões! É claro que eu acredito que as minhas opiniões são a expressão da verdade. Se eu não acreditasse na verdade daquilo que penso eu trocaria meus pensamentos por outros. E se falo é para fazer com que aquele que me ouve acredite em mim, troque os seus pensamentos pelos meus. É norma de boa educação ficar em silêncio enquanto o outro fala. Mas esse silêncio não é verdadeiro. É apenas um tempo de espera: estou esperando que ele termine de falar para que eu, então, diga a verdade. A prova disto está no seguinte: se levo a sério o que o outro está dizendo, que é diferente do que penso, depois de terminada a sua fala eu ficaria em silêncio, para ruminar aquilo que ele disse, que me é estranho. Mas isso jamais acontece. A resposta vem sempre rápida e imediata. A resposta rápida quer dizer: “Não preciso ouvi-lo. Basta que eu me ouça a mim mesmo. Não vou perder tempo ruminando o que você disse. Aquilo que você disse não é o que eu diria, portanto está errado...”

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Permite-me um aparte?

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Depois, vou entregar a V. Exª uma cópia...

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Receberei com muito afeto.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - ... desse bonito texto, que prossegue sobre o amar e o ouvir.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Permite-me um aparte?

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - O Senador Arthur Virgílio poderá até desfrutar dessas palavras de forma um pouco melhor com a sua estimada esposa, porque falam do relacionamento entre as pessoas.

Aprendemos a nos respeitar e lembro-me, Senador Arthur Virgílio, de diversas passagens de nosso mandato comum. Por exemplo: ambos fomos, juntamente com inúmeros Deputados à época, para a comemoração, salvo engano, do quarto aniversário da Revolução Sandinista.

Foi um momento muito especial de nossa vida política, porque ali víamos chegar ao poder um governo progressista, embora depois, infelizmente, ele não tenha conseguido levar adiante a sua trajetória de objetivos comuns. A Frente Sandinista ainda procura, por meio de eleições democráticas, voltar ao poder que alcançou e perdeu, devido aos inúmeros erros que cometeu. Isso constitui um aprendizado para nós dois.

Quem sabe V. Exª poderá fazer o aparte com maior substância se me permitir registrar, no nosso diálogo, o artigo que escrevi?

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Eu o li.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Ele foi publicado também em Manaus e imagino que seja algo que possa ser interessante para V. Exª. Aos domingos, meus artigos serão publicados no Correio Amazonense. Eles resultam, em grande parte, da reflexão que temos feito aqui e que constitui, Senador Arthur Virgílio, certamente, um mútuo aprendizado. Nesse renhido debate que, muitas vezes, travamos, tenho certeza de que aprendemos uns com os outros. Nós, brasileiros que representamos o povo, precisamos uns dos outros para construir um Brasil melhor, algo de que o meu querido amigo Carlito Maia tanta falava.

Antes de conceder, com muita honra, o aparte ao Senador Arthur Virgílio, peço ao Sr. Presidente, Senador Alberto Silva, que tenha alguma tolerância, já que, na semana passada, ouvi o pronunciamento do Senador Arthur Virgílio por cerca de 25 minutos. S. Exª falou por quase uma hora, mas, para não perder meu vôo, não pude ouvi-lo por todo esse tempo. Então, hoje vou continuar o nosso diálogo.

Concedo o aparte a V. Exª, com muita honra.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Senador Suplicy, antes de mais nada, esclareço que não tenho, pessoal ou politicamente, nada contra V. Exª. V. Exª lembrou um episódio que foi importante nas nossas vidas e eu recordo-me de um outro, que até hoje me emociona. Estávamos ambos naquele fim de festa, após a votação da Emenda Dante de Oliveira, das eleições diretas...

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Quando houve um episódio na frente do Congresso.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - ...e o Dr. Ulysses pediu a diversos Parlamentares que acompanhassem o povo até à Rodoviária.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Sim.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - A grande verdade é que muitos colegas nossos se escafederam, não foram. V. Exª e eu fomos.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Eu me lembro.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Lembro-me de que os homens do General Newton Cruz queriam arrastar nós dois e aquela pequena multidão para atrás dos Ministérios, pelo lado esquerdo de quem sai daqui. Nós não aceitamos de jeito algum porque sabíamos que eles queriam nos espancar e espancar os manifestantes lá fora. Então, V. Exª e eu fomos, feito dois Quixotes, porque nenhuma força tínhamos e nem ele reconhecia validade nenhuma de mandato de ninguém. Tratava-se de um ditador mesmo, enfim, daquela laia toda que chegamos a conhecer. E acompanhamos o povo até a rodoviária a pé. Lá, rapidamente, eles tomaram os ônibus disponíveis, e foi a partir daí que retornamos ao Congresso. Se V. Exª quer se lembrar de um episódio que mais me aproxima de V. Exª, é esse. Um outro: quando voltamos da Revolução Nicaragüense, V. Exª ficou com um livro de uma figura que nós dois admirávamos muito, chamado Tomás Borge. Um livro sobre a ideologia da revolução sandinista. V. Exª ficou com o livro e não me devolveu até hoje.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Puxa vida! Vou ver se acho esse livro. E era de V. Exª? Era nosso? Pedi para ler e não devolvi? Mas vou fazê-lo. Vou achar o livro.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Eu estava curioso em saber do pensamento daquele que era o ideólogo da revolução sandinista.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Mas só hoje V. Exª me cobra o livro? Desculpe-me.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Sem dúvida. Talvez esteja muito bem na biblioteca de V. Exª. Tenho, portanto, muito carinho pessoal por V. Exª. Num momento de muito rompante, enfim, se eu tivesse que dizer que cometi, por envolver naquele episódio alguém - e sou uma pessoa meio sem limites quando me sinto atacado nesse flanco ético -, até para justificar a legitimidade das minhas contas, acabei falando de uma figura que adoro, que é o Senador Jefferson Péres, e falei de V. Exª também. O Senador Aloizio Mercadante explicou como funciona o seu Partido e claro que, se tem programa de TV, programa de rádio, pesquisas, telemarketing, mobilização para eventos, comícios, panfletagem, tudo isso tem um custo que talvez não tenha sido computado, enfim, administração, toda aquela logística, material promocional, as mídias não-eleitorais, assessoria de comunicação, pessoal, jornal de campanha, veículos, transportes, combustíveis, fretamento de aeronaves, uma parte deveria ser computada na do Senador, e impressos também. Alguém diz que o Partido gastou tanto, mas o Partido não explicita quanto destinou para a candidatura do Senador. Enfim, em outras palavras, não tiraria aqui, em nenhum momento, a legitimidade de um mandato legítimo de um homem como V. Exª. Portanto, eu diria apenas que espero de V. Exª primeiro compreensão. V. Exª falou: “V. Exª usou palavras muito duras com o Presidente”. Eu ouvi, no tempo do Presidente Fernando Henrique, palavras muito mais duras proferidas por dirigentes do mais alto relevo do seu Partido em relação ao Presidente Fernando Henrique. Segundo, estamos vendo esse episódio de Delúbio, e o que espero de V. Exª? V. Exª sabe que a minha amizade por V. Exª é irretratável e, portanto, o seu mandato é legítimo. V. Exª tem um peso na política brasileira e na política de São Paulo que todos reconhecem. E o que espero? Que V. Exª chegue lá no depoimento do Delúbio e não espere que eu conteste ou que alguém conteste, que V. Exª conteste, dizendo: “o senhor está mentindo, não tem caixa dois no PT”...

(Interrupção do som.)

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - ...e peça a expulsão dele, sob pena de ele ficar maculando todos os mandatos conquistados por colegas seus. Ele não é do seu tempo, enfim. Em outras palavras, V. Exª traz para mim uma outra novidade - e peço, Sr. Presidente, a tolerância de V. Exª -, algo que é positivo em V. Exª. V. Exª me telefonou, leu-me vários e-mails. Depois, eu disse a V. Exª que estava apoquentado com o fato de V. Exª estar escrevendo em um jornal amazonense. Agora, V. Exª está obrigado a fazer umas cinco colunas lá me elogiando, e estou imaginando que isso vai sair. Isso fica entre duas pessoas muito fraternas, como somos nós dois. E uma coisa me encanta: V. Exª, desde aquele momento se preocupou, colocou idéia fixa e veio para cá dar as suas explicações. Isso contrasta com 99% das pessoas de seu Partido, que estão todas entocadas, todas acuadas, todas sem a autonomia que V. Exª está demonstrando. Todas elas querendo que a tempestade passe, como avestruzes com o rabo de fora e a cabeça enfiada na terra. Eu, portanto, parabenizo V. Exª pela preocupação que demonstra em não deixar dúvidas sobre V. Exª, no seu estilo, do mesmo jeito, que não deixo dúvidas, no meu estilo, a meu respeito. Portanto, saiba que foi um mero acidente e que não serviu em nenhum momento para diminuir o apreço e o carinho que tenho pelo homem, pelo cidadão que V. Exª é e, mesmo tempo, o apreço e o respeito que tenho pelo Parlamentar insigne que V. Exª é nesta Casa. Obrigado a V. Exª pelo aparte.

O SR. PRESIDENTE (Alberto Silva. PMDB - PI) - V. Exª tem dois minutos para concluir, Senador.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Sr. Presidente, eu quero, então, registrar aqui a parte relativa à prestação de contas da minha campanha eleitoral de 1998, que havia sido referida pelo Senador Arthur Virgílio. Quero também dar cópia da mesma para V. Exª. Então, isso será para as notas taquigráficas e para as mãos de V. Exª.

Quero também transmitir, Senador Arthur Virgílio, que, se quiser, poderá acompanhar desde já, no dia-a-dia, como é que é feita a minha campanha.

Em 2006, V. Exª observará que os gastos de minha campanha serão modestos até o fechamento das urnas. O gasto principal normalmente é o alocado para a feitura do programa de televisão, mas, em 1998, despendi muito pouco em outdoors e formas de publicidade, que normalmente custam mais caro. Eu havia dito a V. Exª que o total de gastos em 1998 havia sido de R$360 mil, eu tinha só assim por cima, e quero registrar que foram R$379,606 mil. Aqueles que contribuíram diretamente para a minha campanha há o registro feito.

E reitero aqui que não deve um Senador ofender o Presidente da República da maneira como aconteceu aqui na última quinta-feira. Em nenhum momento, por maiores que fossem as críticas que eu pudesse ter ao Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso durante os seus oito anos de governo, procurei sempre manter uma atitude de respeito nas palavras que usei em relação ao Chefe desta Nação.

Quem sabe, então, quando eu o procurei como amigo, como pessoa que aqui o respeita, pessoa com quem estive junto, dentre outras, na campanha por Diretas Já!, por Ética na Política, eu recomendo a V. Exª, Senador Arthur Virgílio, a maneira de se dirigir ao Presidente da República. V. Exª poderá trazer os fatos e tudo, mas, no que diz respeito aos adjetivos, o quão mais respeitoso V. Exª agir, melhor será, até para a nossa convivência diária, a convivência que V. Exª, naturalmente, como Líder...

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Permite-me V. Exª um aparte por dez segundos?

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - ...de um dos principais Partidos da Oposição, o PSDB. V. Exª tem de dialogar normalmente com os Ministros de Estado, com o Presidente da República, eventualmente. Então, ao usar de adjetivos que são de natureza ofensiva, V. Exª estará dificultando o seu próprio trabalho. Então, essa é uma recomendação que faço como seu colega no Senado Federal.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Permite-me V. Exª um aparte por dez segundos?

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Pois não.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Senador Suplicy, e agora é a hora de falarmos de tantas lembranças. Eu devo dizer a V. Exª duas coisas. Primeiro, V. Exª não ponderou. Há pessoas que, essas sim, insultaram o Presidente Fernando Henrique no passado e que eram dirigentes elevados do seu Partido.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - O que eu não recomendo.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Mas não ponderou.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Falo com eles.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Sim, mas não os criticou.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Sempre falo...

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - V. Exª concedeu o aparte, deixe S. Exª finalizar.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Calou e consentiu. Segundo, eu quero lhe passar algo que é da minha... As pessoas são as pessoas, senão seríamos todos números. Eu sou extremamente cuidadoso com essa questão da honra alheia. Entendo que o Presidente está sendo ou omisso ou profundamente alienado. Eu usei palavras que substituíram essas e que foram palavras mais rudes. Eu tenho senso de justiça Eu o fiz sob o silêncio de muita gente do PT. Tanta gente do PT silenciou, e fui, talvez, o único que defendeu o Diretor do Ibama, que é do seu Partido, acusado injustamente por um Procurador. Fui lá e o defendi, como o fiz com Sigmaringa e com Paulo Delgado. Agora, não me peçam para medir as minhas reações, porque isso é impossível. O que recomendo é que, nesse campo ético, não peguem no meu pé, não toquem no meu calo, porque aí é outra pessoa; desaparece aquela pessoa que sou. Quanto ao diálogo, V. Exª sabe que mantenho, o tempo inteiro, com todos, um diálogo respeitoso. Nada me impede de amanhã conversar sobre assuntos públicos com os Ministros; nada me impede de conversar com o Presidente da República, se ele o quiser, à luz do dia, sobre a questão nacional. Nada me impede. Agora, tudo que não admito é o tratamento de achincalhe que acho que seu Partido me dispensou. A partir daí, senti-me sem limites, no direito de, pura e simplesmente, defender-me. E, na hora em que me defendo, não o faço com as armas que o fulano considera que são as corretas. Eu me defendo com as armas que o meu coração e a minha cabeça, numa mediação entre eles, pedem. Portanto, peço que compreenda o meu sentimento. Sou assim.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - Pediria a V. Exª que se apressasse, Senador.

O Sr. Arthur Virgilio (PSDB - AM) - Eu sou assim, Senador. No mais, o apreço por V. Exª, que está fazendo o que muita gente do seu Partido não está. V. Exª está procurando defender-se e esclarecer as coisas, quando outros não o fazem. Os outros estão apanhando e fingindo que são presidentes e ministros na França.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Senador Arthur Virgílio, com diversos companheiros de Partido sempre ponderei que não utilizassem palavras ofensivas com quem quer que fosse, porque isso dificultava o diálogo.

V. Exª sabe que poderá haver situações em que um Ministro de Estado que ouviu palavras ofensivas ao Presidente terá dificuldade de dialogar com V. Exª. É por essa razão que recomendo a V. Exª ter outro tipo de atitude - mais respeitosa, por mais crítica que venha a ser - em relação ao Presidente. A palavra...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - Eu pediria que V. Exª terminasse em um minuto, por favor.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - A palavra bem escolhida é sempre muito melhor, quando há uma atitude construtiva.

            Peço a V. Exª, Sr. Presidente, que faça constar nos Anais o artigo que escrevi, “Os gastos das campanhas políticas”, referente ao Senador Arthur Virgílio, bem como o registro das minhas despesas de campanha, oficialmente encaminhadas ao TRE e aprovadas por aquele tribunal em 1998.

            Muito obrigado.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR EDUARDO SUPLICY EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

“Demonstração das receitas por valor estimado”;

“Os gastos das campanhas políticas”;

“A casa de Rubem Alves. Quarto de badulaques (XVIII)”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/07/2005 - Página 24777