Discurso durante a 114ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem pelo cinqüentenário da Diocese de Parintins. Transcrição, nos Anais do Senado, do artigo intitulado "Parcerias Brasil-EUA na Amazônia", publicado no jornal Folha de S.Paulo, de autoria do Embaixador dos Estados Unidos, Sr. John J. Danilovich. Considerações a respeito das denúncias de corrupção no Governo Lula e sobre a crise política do Partido dos Trabalhadores.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Homenagem pelo cinqüentenário da Diocese de Parintins. Transcrição, nos Anais do Senado, do artigo intitulado "Parcerias Brasil-EUA na Amazônia", publicado no jornal Folha de S.Paulo, de autoria do Embaixador dos Estados Unidos, Sr. John J. Danilovich. Considerações a respeito das denúncias de corrupção no Governo Lula e sobre a crise política do Partido dos Trabalhadores.
Aparteantes
Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 20/07/2005 - Página 24841
Assunto
Outros > HOMENAGEM. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, DIOCESE, MUNICIPIO, PARINTINS (AM), ESTADO DO AMAZONAS (AM).
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), AUTORIA, EMBAIXADOR, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), COMENTARIO, VIAGEM, REGIÃO AMAZONICA.
  • REGISTRO, FORMALIZAÇÃO, INICIATIVA, BANCADA, OPOSIÇÃO, GOVERNO FEDERAL, PEDIDO, TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL (TSE), SUSPENSÃO, REPASSE, FUNDO PARTIDARIO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), CRITICA, ENTREVISTA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REALIZAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, FRANÇA.
  • COMENTARIO, NOTICIARIO, IMPRENSA, AMBITO NACIONAL, AMBITO INTERNACIONAL, CRITICA, GOVERNO FEDERAL, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CRISE, NATUREZA POLITICA, EFEITO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO.
  • APRESENTAÇÃO, RELAÇÃO, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), AFASTAMENTO, CARGO PUBLICO, EFEITO, VINCULAÇÃO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, sim, mas antes de mais nada, peço a V. Exª que considere como lido o discurso que comemora o Cinqüentenário da Diocese de Parintins, anexando aos Anais o artigo sobre esse Município progressista do meu Estado, publicado na Folha de S.Paulo pelo Embaixador dos Estados Unidos, ao mesmo tempo ressaltando o trabalho do Prefeito Bi Garcia, que vem sendo mudancista, progressista, correto, ético naquela cidade.

Assumo a tribuna, portanto, Srª Presidente.

 

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, DISCURSO DO SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO.

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O SR. ARTHUR VIRGILIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Parintins, com seu Festival Folclórico, é um espetáculo tão grandioso e brasileiro quanto a própria Floresta Amazônica.

Essas são as palavras escolhidas pelo Embaixador dos Estados Unidos no Brasil para definir a cidade de Parintins, onde estive no último final de semana. O Embaixador John J. Danilovich também lá esteve. Viu a Amazônia, viu Parintins e se encantou.

O Embaixador deve ter se referido a Parintins com um sonoro Wonderfull e, em bom português, referindo-se à viagem, definiu o Festival Folclórico como “um final à altura para uma jornada de dez dias por uma região cuja importância é reconhecida em todo o mundo, mas que será brasileira para sempre.”

Todos os anos vou a Parintins. Este ano minha visita coincidiu com a festa de meio século da Diocese de Parintins. Foi, por isso, uma festa ainda mais expressiva, com a procissão em louvor à padroeira da cidade, Nossa Senhora do Carmo.

Li, depois, que participaram a procissão 40 mil pessoas. Segundo o registro jornalístico, o povo saiu às ruas, pedindo, de mãos dadas, proteção para mais um ano de trabalho e prosperidade.

Administrada com empenho pelo Prefeito Bi Garcia, Parintins prepara-se agora para a Festa do Peixe Liso. Essa festa, no arquipélago das Ilhas Tupinambaranas, já é tradicional no Município. Na época de cheia, formam-se lagos na várzea, com imensa quantidade de peixes surubins e dourados.

Sr. Presidente, ao encerrar, peço a anexação a este pronunciamento do artigo de autoria do Embaixador dos Estados Unidos e publicado no jornal Folha de S.Paulo. O Embaixador percorreu a Amazônia por dez dias e, no artigo, dá um testemunho do que ali viu.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

“Parcerias Brasil-EUA na Amazônia”, Folha de S. Paulo.

 

A SRª PRESIDENTE (Serys Slhessarenko. Bloco/PT - MT) - Será dado como lido, na forma do Regimento.

Senador Arthur Virgílio, V. Exª terá dez minutos, prorrogáveis por mais cinco minutos, como orador inscrito.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Srª Presidenta, Srªs e Srs. Senadores, a Oposição formaliza hoje, junto ao Tribunal Superior Eleitoral, pedido visando à pronta suspensão dos repasses do Fundo Partidário ao Partido dos Trabalhadores. Exagero? A base governista-petista talvez ache que sim. Mas não é. Definitivamente, não é.

Exagero é o que se passa no Brasil do Governo petista do Presidente Lula, transformado em lama, em malas, propinas e mensalão.

O Brasil virou ou não a República da Lama Serena? Virou, sim. É só abrir os jornais do dia. Lá está a lama nossa de cada dia nessa estranha República, que não é a nossa. Fica do outro lado da rua.

Até nos jornais estrangeiros há notícias dessa anomalia que atormenta o povo brasileiro. Leio na edição de ontem do Financial Times, de Londres: Título: “É o pior quadro desde a queda de Collor”.

O texto:

O jornal britânico Financial Times destaca que a crise política enfrentada pelo Governo Lula - “a pior desde o impeachment do Presidente Fernando Collor” - aprofunda-se a cada dia e arranha cada vez mais a imagem do Partido.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Arthur Virgílio...

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Com muita honra.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - É um complemento. Sou estudioso de História. Desde as capitanias hereditárias até hoje, é a maior vergonha, a maior corrupção, o maior mar de lama. Por menos que isso, tiraram Collor, e Getúlio teve coragem de se afastar até da Terra.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Até porque não havia mar de lama no episódio de Getúlio. Incorporo, com concordância, o aparte de V. Exª, Senador Mão Santa.

Diz ainda o Financial Times: “A percepção da corrupção é particularmente danosa para um Partido que prometeu mais ética na política”. E mais, o artigo lembra desde o vídeo do ex-diretor dos Correios Maurício Marinho recebendo propina até a prisão do petista cearense José Adalberto Vieira da Silva com 100 mil dólares na cueca. “A cada dia, surgem novas e mais estranhas acusações”. Segundo o Financial Times, a maioria das denúncias abala o PT e aliados, mas “políticos de Oposição também estão sob fogo cerrado”. Falta explicar quais.

Essa é a imagem com que, por obra e graça do Governo petista do Presidente Lula, o Brasil já é visto lá fora. É a imagem real. Diferente e irreal é a crônica da farsa montada nos jardins de um palácio de França, em meio a flores e tantas árvores. O cenário do irreal foi mostrado, como convém, no melhor estilo Duda Mendonça. Nele, o Presidente Lula se prestou a uma encenação que o jornalista Clovis Rossi rotulou de patética. Para começar, lugar de sofá não é em gramado de jardim. Aí já começava o irreal, tão irreal quanto o fraseado do Presidente tentando colocar panos quentes na crise de que é um dos responsáveis e diz de nada saber. O articulista da Folha chamou o Presidente de alienado e foi em frente dizendo que além de alienado, Lula foi covarde.

Quem diz isso não sou eu, notem bem. Deus me livre! Quem diz isso é o jornalista Clovis Rossi. Ele explica a razão: “Foi covarde ao botar a bomba no colo da antiga direção petista, como se ele não tivesse nada com ela, como se ela não fosse formada de velhos companheiro - aí pergunta Clovis Rossi - de armas ou de malas?”

Houve exagero? Não parece. E ainda há quem diga que eu exagerei nos adjetivos empregados na quinta-feira última aqui deste Plenário. Naquela manhã, a Nação ainda não havia visto o Presidente muito à vontade no sofazão de Paris. E Sua Excelência estava tranqüilo, estava seguro de que não viriam perguntas do tipo se ele sabia ou não? Ser ou não ser? O velho imortal drama Hameletiano. Na fase pós-sofá do gramado, Lula ganhou mais um adjetivo: “leviano”. É o que diz em artigo hoje publicado na Folha o advogado Fábio Konder Comparato - ele vem a ser o Presidente da Comissão de Defesa da República da Democracia da Ordem dos Advogados do Brasil Nacional. Por que Lula teria sido leviano? Segundo Comparato, Lula foi leviano ao chancelar dirigentes do PT que movimentaram o dinheiro não declaro à Justiça Eleitoral. Para usar o latim clássico, dinheiro não declarado é o chamado caixa dois, hoje em pleno cartaz na República petista. Muito parecido com os lançamentos cintilantes da Broadway, no caso petista um Broadway tupiniquim, com direito àquele sofá na grama verde.

Começo a achar que até usei um certo tom brando e afetuoso na sessão daquela quinta-feira. Afeto, sim, principalmente diante da gravidade da crise que aí está e que ocupa todos os espaços da imprensa brasileira. Até mesmo aqui, no Senado da República, é penetra esse ar que somos obrigados a respirar. É pesado o ar da República petista.

Não foi por acaso que, nesta manhã, tivemos uma sessão extraordinária para o pregão da CPI do Mensalão. Na oportunidade, o Presidente Renan Calheiros fez breve alocução e muito oportuna, firme, altiva e que, ao meu ver, serve também para afastar o mau agouro. O nosso ilustre Presidente começou com frases bem atualizadas: “Diante da grave crise que atravessamos....”, “em momentos delicados como o atual....”, “...a história não perdoa missões....”, “...aqui não se fará blindagens porque o Senado não é uma funilaria....”, “...90% da sociedade brasileira querem ver, o mais rápido possível, os resultados através dos instrumentos do Congresso como as CPIs...”, “...Vamos seguir a verdade, só a verdade...”. E eu fecho aspas para o Presidente Renan Calheiros.

Na imprensa, a preocupação é a mesma que prevalece no Congresso Nacional. O jornal O Estado de S. Paulo já tem até uma espécie de editoria para cuidar do noticiário sobre a crise. Na edição de hoje, essa editoria transitória inclui, nada menos, de três notícias. Aí, diz o Estadão: “Crise no Governo Lula: BB afasta mais dois e decide antecipar auditoria”; “Secretaria atua fundo para operação no Banco Santos”; “Operações do BMG com o BNDES crescem 755%”; “Outro Assessor desmente irmão de Genoíno”; “Lula oferece Previdência. PP recusa e pede Cidades”; “Severino quer que PF investigue lista do Mensalão”; “Mais um petista pede a cassação do Líder do PFL”; “Dinheiro foi dado por amigo e não estava na cueca”; “CPI deve adiar depoimento de publicitário para analisar papéis”; “Justiça Federal pode prender Valério por destruir provas”; “Depoimento de Silvio Pereira preocupa Planalto”; “Sílvio e Delúbio obtêm habeas corpus para não serem presos pela CPI”.

É aquele filme de James Bond às avessas. My name is Bond. James Bond. Licença para matar dada por Sua Majestade a Rainha de Inglaterra. My name is Delúbio. Licença para mentir na CPI, amparado em habeas corpus do Supremo Tribunal Federal.

Sr. Presidente, que há crise, há. A dúvida deixou de existir há bastante tempo. Já agora, a crise que se extirpa, é a gravidade gravíssima da crise criada pelo Governo Petista do Presidente Lula.

Já temos, como resultado dessa enxurrada de lama petista uma relação de caídos. E não vamos confundir os caídos da crise petista com nada parecido com o Vale de los caídos, das proximidades de Madri. A brava Madri. A brava Madri republicana de Gabriel Garcia Lorca. Lá, o Vale de Los Caídos é um monumento em memória dos mortos, heróicos, na guerra civil espanhola.

Aqui não é nada disso. Os nossos caídos não são melhores que os caídos dos outros (os de Espanha). Vamos à relação dos caídos daqui:

            OS CAÍDOS

07/06 - Diretoria dos Correios;

07/06 - Diretoria do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB);

16/06 - José Dirceu, Chefe da Casa Civil;

30/06 - Três diretores de Furnas Centrais Elétricas;

04/07 - Glênio Guedes, procurador da Fazenda Nacional, membro do Conselho de Recursos do Sistema Financeiro;

04/07 - Silvio Pereira, Secretário-Geral do PT;

05/07 - Delúbio Soares, Tesoureiro do PT;

06/07 - Deputado José Borba (PR), Líder do PMDB na Câmara;

07/07 - Luiz Eduardo Franco de Abreu, Vice-Presidente de Finanças e Edson Monteiro, responsável pela área de varejo e distribuição do Banco do Brasil;

09/07 - Marcelo Sereno, Secretário de Comunicação do PT;

09/07 - José Genoino, Presidente do PT;

11/07 - José Adalberto Vieira da Silva, Secretário de Organização do PT do Ceará e Assessor do Deputado Estadual José Nobre Guimarães, irmão de José Genoino.

12/07 - José Nobre Guimarães, Líder do PT na Assembléia Legislativa do Ceará. Desligamento do PT com perda da liderança.

12/07 - Luiz Gushiken, Secretário de Comunicação do Governo, em nível de Ministério e Gestão Estratégica. Perdeu o status de Ministro.

13/07 - Mauro Marcelo de Lima e Silva, Diretor-Geral da Abin.

14/07 - Henrique Pizzolato, Diretor de Marketing do Banco do Brasil e figura emblemática para nós ligarmos Partido, Valério, ou seja, público, Diretor do Banco do Brasil, conselheiro da Previ, Valério, mais de 300 mil que ele retirou de Valério, vinculação partidária.

18/07 - Sandra Rodrigues Cabral, Assessora Chefe da Assessoria Especial da Casa Civil. Antônio Batista Brito, Diretor de Marketing da Brasil Veículos, empresa subsidiária do Banco do Brasil.

18/07 - Josenilton Alves Rodrigues, gerente de núcleo do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).

Esses são os primeiros resultados, antes mesmo das conclusões iniciais das CPIs em curso. Se fôssemos rotular a crise, teríamos que usar um Aurélio inteiro de adjetivos. Limito-me a repetir aqui palavras do eminente Senador Pedro Simon: “O nome disso é formação de quadrilha.”

Concordo com o representante gaúcho, cujo nome é dos mais respeitados neste plenário e na política brasileira.

Afinal, é ou não formação de quadrilha ceder uma sala no Palácio do Planalto para Sílvio Pereira e Delúbio Soares, os ex-secretário-geral e ex-tesoureiro do PT? Os dois aprontaram e aprontaram. Eram, no Planalto, esses, sim, os autênticos reis da cocada.

Será que o Presidente Lula não sabia da existência dessa sala e do modus operandi dos dois petistas? Sabia ou não sabia? É ou não é formação de quadrilha deixar rolar à solta as indicações de nomes para nomeações que faziam Silvio Pereira e Delúbio. É. É sim. Mas Silvio Pereira disse esta manhã na CPI que apenas indicava nomes; não os nomeava. Uma graça, boa graça sem graça.

É ou não é formação de quadrilha o Marcos Valério se travestir de dono da república petista, a ponto de dar um contrato de publicidade com os Correios como garantia de empréstimo junto ao BMG? Dinheiro evidente e sabidamente para o PT com o aval do Governo.

Digo mais, repetindo o que falam Brasil adentro: o Presidente Lula e o PT são uma coisa só. Esse é um casamento igual ao que o Papa costuma pregar como ideal, um casamento indissolúvel para todo o sempre, até que a morte os separe.

E, para não dizer que não falei de flores, serei bondoso, insistindo: a república petista tem data marcada para engrossar a lista dos caídos, e, se Deus quiser, vai até o final: no máximo 31 de dezembro de 2006.(*)

Sr. Presidente, solicito que sejam parte integrante do meu discurso e constem nos Anais do Senado as matérias de Flávia Marreiro “Lula foi Leviano, afirma Comparato”; “Lula endossa farsa”; “O nome disso é formação de quadrilha”, de Fabiano Rampazzo. “Na coletiva, Lula não quis falar de crise”, de Reali Júnior correspondente de Paris; “Para Financial Times, é o pior quadro desde a queda de Collor” e, finalmente, de Fabiano Rampazzo, também do Uruguai, “O nome disso é formação de quadrilha”.

De quantos minutos ainda disponho, Sr.ª Presidente?

A SR.ª PRESIDENTE (Serys Shlessarenko. Bloco/PT - MT) - De três minutos.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Tudo o que eu gostaria, Senador Antonio Carlos, é que se amanhã ou depois eu tivesse que fazer um discurso desses, ele se esgotasse em dez minutos, ou seja, sinal de que a crise estaria diminuindo.

Temo que, daqui a uns dias, do jeito que a coisa vai, 15 minutos não bastem para arrolarmos todos os mal-feitos! Temo que, daqui a pouco, estejamos nos acostumando - e penso sempre nas novas gerações - com esta anomalia que virou normalidade de lermos as revistas semanais e os jornais brasileiros, entendendo que política internacional tem que ter espaço pequeno; política econômica, espaço mínimo; esportes, inclusive a paixão nacional, que é o futebol, espaço insignificante relativamente; política, com “P” maiúsculo, para tratarmos as estratégias de País, um espaço quase que inexistente, e os jornais cuidando de corrupção, de corrupção, de corrupção e de corrupção o tempo inteiro! Não é normal! Não é essa a tradição das revistas brasileiras. Em épocas normais da vida republicana brasileira, temos espaço para tudo, inclusive para esse fenômeno antigo da vida pública brasileira que é a corrupção, mas não só a corrupção!

Havia um político do Amazonas que era conhecido por ser brilhante e, ao mesmo tempo, um bom copo. Uma vez uma figura perguntou a ele: “Quanto tempo daqui para Manaus?” Em vez de dizer duas horas e quarenta minutos, duas horas e trinta minutos, falou 6 uísques, ou 8 uísques, algo assim. Se alguém me perguntar: “Quanto tempo de Manaus para Brasília, nos aviões de hoje?” Em vez de dizer duas horas e vinte minutos, digo: uma leitura completa de uma das revistas e uma leitura pela metade de outra, neste quadro. Antigamente, em duas horas e quarenta minutos, duas horas e trinta minutos, daria para se lerem todas as revistas e os jornais que, por ventura, contivesse o avião.

(A Srª Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - O quadro é grave, o quadro se deteriora, está virando uma cantilena.

Mas aqui está, Srª Presidente, o artigo em que falo do Vale de los Caídos, que, infelizmente, não tem o ar heróico nem limpo dos que resistiram à ditadura de Franco; tem o ar impuro dos que caíram porque, seja no PT, seja no Governo, tem pairado toda a dúvida ética, tem pairado toda a sensação de uma impunidade que não vai se completar, tem pairado toda a sensação de uma podridão que precisa ser posta a cobro.

Hoje vejo quatro tipos de petistas, com clareza. Primeiro petista, o que está acusado, acuado; segundo petista, o que está amedrontado, aquele que está com medo de ver o seu nome no jornal; terceiro petista, aquele que está defendendo os cargos e que finge que está solidário; quarto petista, aquele que efetivamente está indignado e que quer, sim, resgatar o nome desse grande Partido, e que quer, sim, dar novos rumos para este Governo que, com tanto amor, ajudou a construir, Srª Presidenta. Eu me solidarizo com esse, mas, sobretudo, me solidarizo com o sentimento do povo brasileiro.

Era o que eu tinha a dizer.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

Flávia Marreiro:“Lula foi Leviano, afirma Comparato”;

“Lula endossa farsa”;

“O nome disso é formação de quadrilha”, de Fabiano Rampazzo.

“Na coletiva, Lula não quis falar de crise”, de Reali Júnior correspondente de Paris;

“Para Financial Times, é o pior quadro desde a queda de Collor”

Fabiano Rampazzo, também do Uruguai, “O nome disso é formação de quadrilha”.

Lula foi leviano, afirma Comparato

Lávia Marreiro

Da Reportagem Local

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi ao menos leviano, segundo declarações dos próprios integrantes do partido.

A opinião é do advogado Fábio Konder Comparato, presidente da Comissão de Defesa da República e da Democracia da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Ele afirma que, até estourar a crise, o presidente reiterou sua confiança na cúpula partidária. "Não sei se ele não sabia. Se não sabia, ele deveria ter sabido. Estando numa situação de explicável honestidade, ele foi pelo menos leviano ao concordar com essa designação de ministros e dirigentes do partido", diz o professor emérito da USP.

"Era preciso mais prudência, muito embora ele possa ter agido com boa fé", ressalva o advogado. Anteontem, em entrevista exibida pelo "Fantástico", Lula culpou a antiga diretoria do PT pelo confesso uso de caixa dois.Além de alienado, o presidente foi covarde, ao botar a bomba no colo da antiga direção petista, como se ele não tivesse nada com ela, como se ela não fosse formada de velhos companheiros (de armas ou de malas?).

Delúbio Soares, é bom deixar claro, era o tesoureiro do partido durante a campanha eleitoral de 2002, aquela que levou Lula ao poder. Se o tesoureiro "não pensou direito no que estava fazendo", conforme a desculpinha dada por Lula, o candidato paga também o preço.

            Lula endossa a farsa

A estranha entrevista que o presidente Lula concedeu sexta-feira em Paris a uma produtora independente de TV, brasileira residente na França, e que a TV Globo levou ao ar domingo à noite, contém indícios fortíssimos de que foi concebida para chancelar, com a autoridade presidencial, as declarações do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, transmitidas no sábado à noite pela mesma emissora - as quais, por sua vez, avalizam a entrevista do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, divulgada na sexta-feira à noite, sempre pela mesma emissora.

No que foi imediatamente apelidado Operação Paraguai, em alusão à mentirosa Operação Uruguai no governo Collor, Valério e Delúbio construíram uma versão claramente fantasiosa para desmentir o mensalão denunciado pelo deputado Roberto Jefferson e a corrupção no governo Lula que começou a aparecer no vídeo dos Correios.

Eles negaram uma coisa e outra. O que houve entre 2003 e até bem pouco foram apenas os empréstimos “pessoais” de Valério, ou intermediados por ele, coisa de R$ 39 milhões, com os quais Delúbio permitiu que os seus companheiros e os dos partidos da base aliada quitassem dívidas da campanha de 2002 e bancassem a de 2004.

Os empréstimos irrigaram o caixa 2 de candidatos a todos os cargos eletivos - menos o de presidente da República - do PT, PP, PL, PTB, PSB, PC do B e da ala governista do PMDB. Para não admitir delitos piores, como cobranças de propina, favorecimentos e contratos superfaturados na administração federal, além dos meios utilizados para a formação da base parlamentar do governo Lula, a dupla confessou a prática de um crime eleitoral presumivelmente cometido por políticos de todas as legendas - o financiamento ilegal da disputa pelo voto popular.

O estratagema, a que decerto não ficou alheia a criatividade profissional dos criminalistas contratados por Valério e Delúbio, é provavelmente a defesa menos ruinosa ao seu alcance. Ao mesmo tempo, embute uma ameaça: se a oposição for longe demais nas investigações, tampouco sairá ilesa.

Não teria o ex-ministro José Dirceu dito que, se tiver de depor na CPI dos Correios, poderá “arrastar junto o Brasil”? E não disse o presidente Lula em Paris que “o PT fez do ponto de vista eleitoral o que é feito no Brasil sistematicamente”?

E não é absolutamente estranha a própria entrevista? De um lado, tem-se um presidente que, alegando estar no exterior, se negou a falar de assuntos domésticos aos jornalistas brasileiros que cobriam a visita e só quando assediado por um deles, que conseguiu atravessar o bloqueio armado ao seu redor, disse que “o Brasil não merece o que está acontecendo” (sem se dar conta do duplo sentido da frase).

De outro lado, tem-se um presidente que, pouco antes de voltar ao Brasil, aceita ser entrevistado para uma TV francesa indefinida por uma desconhecida free-lancer brasileira que conseguiu entrar no palácio onde ele se hospedava sem a companhia de um cinegrafista.

Depois, a delicada entrevista de 7 perguntas é comprada pela Rede Globo para exibição no Fantástico. Em suma, Lula escolheu uma forma de se dirigir aos brasileiros sobre a qual tinha absoluto controle e que não o sujeitaria ao risco de um embaraço. E isso para afirmar, em óbvia sintonia com Delúbio e Valério, que “o PT está sendo vítima do seu crescimento”, que as atuais denúncias “não chegaram ao governo”, que depois de ser eleito não pode mais participar das decisões do partido e que “a direção ficou muito enfraquecida” (porque os “melhores quadros” foram para o governo) e “possivelmente por isso cometemos erros que outrora não cometeríamos”. É o caso de invocar o ditado do “pior a emenda”.

Pois com essa entrevista Lula se associou pessoalmente a uma armação cuja fragilidade é gritante (daí o rótulo Operação Paraguai) e que será desmanchada, se não pela oposição, com certeza pela mídia - para não falar na CPI. Daí não se infere necessariamente que o presidente tivesse parte com os escândalos.

A hipótese mais plausível é a de que ele aceitou ser “poupado dos detalhes”. Se um governante precisa se esforçar para saber o que os seus colaboradores não querem que saiba, que dirá então quando dá a impressão de que não quer saber. No caso de Lula, a única dúvida é se agiu assim para se proteger ou por autêntico desinteresse em conhecer como funcionam as coisas no seu governo.

O nome disso é formação de quadrilha

Fabiano Rampazzo

            Dentro do Governo: Para o senador Pedro Simon (PMDB-RS), os escândalos que envolvem o governo e o PT são mais graves do que os fatos que levaram ao impeachment do presidente Fernando Collor. "A coisa lá, Operação Uruguai e tudo mais, foi bem inferior. Lá eles usaram dinheiro das empresas, fizeram garantias, só que isso aconteceu com eles fora do governo. Agora, o partido está dentro do governo, e foram usadas empresas públicas como o Correio e Furnas para fazer transações ilícitas, favorecendo essas empresas em troca do dinheiro dado ao partido", afirmou o senador, em entrevista à Rádio Jovem Pan. "O nome disso é peculato, é formação de quadrilha. Tudo o que se pode imaginar de corrupção política eleitoral está somada nessa questão."

            
Simon afirmou ainda que a cada dia que passa as acusações feitas pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) envolvendo o PT se confirmam. "E a CPI tem de parar de ouvir tanta gente. Pessoas que vão lá e contam a história que querem e, como a comissão não tem o levantamento do sigilo bancário, não pode contestar. Temos de fazer esses levantamentos de uma vez por todas, mas acho que isso deve acontecer essa semana", concluiu.

Na coletiva, Lula não quis falar de crise  
Logo depois de atender a repórter, ele não quis tocar no tema com imprensa brasileira

            Reali Júnior Correspondente Paris

O presidente Lula mentiu na última sexta-feira, em Paris, quando afirmou durante entrevista coletiva à imprensa brasileira e francesa que só trataria de questões políticas quando retornasse ao Brasil. Essa declaração foi feita por volta de 13 horas. Duas horas antes, o presidente Lula havia recebido no Hotel Marigny, residência de hóspedes do governo francês, a jornalista Melissa Monteiro, à qual falou, à vontade, sobre política brasileira, principalmente para limitar toda a recente crise aos malfeitos do PT.

O acesso ao Hotel Marigny, onde o presidente se hospedou, é dos mais controlados por seguranças franceses e, desta vez, também por brasileiros. No momento em que Lula dava a entrevista, os demais jornalistas estavam no pátio do Palácio do Eliseu, aguardando-o para o encontro com Chirac.

Melissa Monteiro, que furou centenas de jornalistas brasileiros - os quais, durante 30 meses tentaram uma exclusiva e receberam sempre um "não" presidencial -, é responsável por uma pequena empresa de produção, a Melting Pot, e trabalha, eventualmente, como operadora de câmera para a TV Globo. Ela faz serviços também para o canal francês France 2, mas a direção dessa emissora e do programa Oeil sur le Planéte (De Olho no Planeta) diz que não a contratou para nenhum trabalho ultimamente. Até ontem à noite, esse canal - cujo nome ela mencionou para conseguir a entrevista - não divulgou sequer uma imagem da conversa e já anunciou que não está interessado nela.

Melissa, ao falar da sua "feliz aventura", revelou ontem que há tempos tentava fazer um programa sobre o governo Lula para as emissoras francesas e chegou a viajar ao Brasil com tal objetivo. Nada conseguiu, mas reativou a idéia às vésperas da visita de Lula a Paris. A Embaixada do Brasil informa, porém, que o nome dela não constava na numerosa lista de pedidos de jornalistas franceses encaminhada ao presidente.

Essa lista inclui as duas principais emissoras de TV, France 2 e TF1, que queriam o presidente brasileiro no jornal das 8 - mas ele rejeitou. Também os jornais Le Monde e Le Figaro reivindicaram exclusivas, igualmente sem sucesso. Mais que isso: a própria Embaixada do Brasil chegou a pedir que Lula falasse ao canal France 2, que havia dado generosa cobertura ao Ano do Brasil na França. A resposta à Embaixada: não.

Tantas negativas, seguidas de um "sim" a uma free lance que não representa nenhum órgão de comunicação, só podiam complementar-se com um trabalho que, montado para ser vendido a uma TV francesa, nada perguntou sobre relações Brasil-França, nada sobre conversas de Lula com Chirac, nada sobre subsídios agrícolas ou apoio francês ao Brasil no Conselho de Segurança da ONU. Por sinal, a palavra "França" não aparece uma única vez na conversa. Por fim, é um caso intrigante de entrevista para a TV francesa exibida primeiro em um outro canal, de outro país. SP Entrevista de Lula causa desconfiança Declarações do presidente coincidem em conteúdo com versões apresentadas ao "Jornal Nacional" por Valério e Delúbio OPERAÇÃO PARAGUAI Ariosto Teixeira BRASÍLIA A entrevista concedida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a uma jornalista brasileira, em Paris, pode ter sido parte de uma articulação entre o governo e a nova direção nacional do PT. As declarações do presidente, transmitidas domingo pelo "Fantástico", da TV Globo, coincidem em conteúdo com as entrevistas dadas ao Jornal Nacional pelo publicitário Marcos Valério de Souza, na sexta-feira, e no sábado pelo ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares.

Lula falou a Melissa Monteiro pouco antes de meio-dia de sexta-feira, nos jardins da Résidence Marigny, e atribuiu a crise no Brasil a erros do PT e ao sistema de financiamento das campanhas eleitorais, que seria permeável à corrupção.

A constatação de que a entrevistadora é uma cinegrafista e produtora de vídeo independente, e não uma repórter da TV francesa, deixou a impressão de que Lula pode ter participado de uma estratégia destinada a amenizar as implicações judiciais dos escândalos. De acordo com fontes diplomáticas ouvidas pelo Estado, não é usual que chefes de governo concedam entrevistas a jornalistas independentes. Melissa, no entanto, passou à frente dos centenas de jornalistas brasileiros, além dos europeus, que há 30 meses vêm tentando, sem sucesso, uma exclusiva com Lula.

A desconfiança aumentou ao se constatar que Lula gravou a entrevista quando eram 7 horas no Brasil - bem antes, portanto, da entrevista que Valério daria à noite, na TV Globo, e da Delúbio, que falou no sábado.

A cientista política Lúcia Hipólito percebeu a coincidência: "Na entrevista concedida em Paris, o presidente Lula indica que sabia do caixa dois do PT ao afirmar que isso era feito sistematicamente pelos partidos" disse ela à Agência Estado.

            SEM MENSALÃO

Embora pouco veraz - a ponto de ter sido comparada à farsa da Operação Uruguai, inventada em 1992 para explicar os gastos pessoais do ex-presidente Fernando Collor -, a versão de que não existe nenhum mensalão, mas apenas o uso de empréstimos bancários para financiar campanhas eleitorais, parece ter um objetivo claro: se o que Valério e Delúbio fizeram foi transgredir regras do sistema político, eles não podem ser punidos se também os outros não o forem. Ou então, que todos sejam inocentados e que o sistema de financiamento das campanhas seja reformado.

A linha de defesa adotada coincide com a do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ): a culpa pela vida partidária nebulosa é inerente a um sistema corrompido na origem. "Somos todos iguais", disse ele na CPI dos Correios, mostrando a mala onde estariam as declarações de gastos de campanha de todos os membros da comissão.

Valério confessou, de fato, um crime eleitoral advindo de empréstimos feitos a pedido do ex-tesoureiro do PT. Delúbio confirmou as declarações e ressaltou que estava assumindo uma irregularidade perante a lei eleitoral.

Além disso, a fala de Lula no domingo coincide quase literalmente com parágrafos inteiros do artigo que José Genoino publicou no sábado, no Estado. Lula disse: "Houve um tempo em que os melhores quadros da política de esquerda no Brasil eram dirigentes do PT. (...) grande parte desses quadros vieram para o governo e a direção (partidária) ficou muito fragilizada (...) possivelmente por isso cometemos erros que outrora não cometeríamos".

Genoino escreveu: "O PT cresceu muito em sua estrutura política e administrativa. (...)Não adequamos o PT aos novos desafios que se apresentaram a partir da vitória de 2002. E, como muitos dos seus quadros dirigentes históricos assumiram tarefas no governo, o partido se enfraqueceu em sua capacidade dirigente".

 
            Para Financial Times, é o pior quadro desde a queda de Collor

O jornal britânico Financial Times destaca, na edição de ontem, que a crise política enfrentada pelo governo Lula - "a pior desde o impeachment do presidente Fernando Collor" - aprofunda-se a cada dia e arranha cada vez mais a imagem do partido. "A percepção da corrupção é particularmente danosa para um partido que prometeu mais ética na política", avalia.

O artigo lembra desde o vídeo do ex-diretor dos Correios Maurício Marinho recebendo propina à prisão do petista cearense José Adalberto Vieira da Silva com US$ 100 mil na cueca. "A cada dia, surgem novas e mais estranhas acusações." Segundo o FT, a maioria das denúncias abala o PT e aliados, mas "políticos de oposição também estão sob fogo cerrado".

"Foi uma grande surpresa para nós", comenta, na reportagem, o editor-chefe do Estado, Flávio Pinheiro. "E acho que teremos novas surpresas."

A extensa cobertura da imprensa brasileira é destaque no artigo, que alerta para o risco de uma onda de acusações não comprovadas. "Há a tendência de divulgar acusações sem nenhum acompanhamento", diz Alberto Dines, do Observatório da Imprensa. Pinheiro considera importante trazer à tona casos de corrupção, mas também alerta contra o "denuncismo".

Segundo o FT, a relação do governo com a imprensa "não é boa". Ressalta que, ao surgirem as denúncias, a primeira reação do PT foi acusar a mídia de inspirar "uma conspiração de direita". E lembra que Lula deu apenas uma entrevista coletiva em três anos de mandato, embora falasse constantemente com jornalistas antes de ser eleito.

 

Para que a visita de Lula seja tranqüila, sem acesso dos manifestantes, pelo menos cem policiais militares foram escalados para ajudar o Exército na segurança da comitiva. Policiais civis também participam do esquema de segurança. A visita de Lula está marcada para às 14 horas. Em Taubaté ele inaugura a fábrica de telefones celulares da LG Electronics, que teve um investimento de US$60 milhões e vai criar 950 empregos diretos e indiretos. Depois, Lula participa das comemorações dos 50 anos da Alston

Simon: 'O nome disso é formação de quadrilha'

Fabiano Rampazzo

            URUGUAI: Para o senador Pedro Simon (PMDB-RS), os escândalos que envolvem o governo e o PT são mais graves do que os fatos que levaram ao impeachment do presidente Fernando Collor. "A coisa lá, Operação Uruguai e tudo mais, foi bem inferior. Lá eles usaram dinheiro das empresas, fizeram garantias, só que isso aconteceu com eles fora do governo. Agora, o partido está dentro do governo, e foram usadas empresas públicas como o Correio e Furnas para fazer transações ilícitas, favorecendo essas empresas em troca do dinheiro dado ao partido", afirmou o senador, em entrevista à Rádio Jovem Pan. "O nome disso é peculato, é formação de quadrilha. Tudo o que se pode imaginar de corrupção política eleitoral está somada nessa questão." Simon afirmou ainda que a cada dia que passa as acusações feitas pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) envolvendo o PT se confirmam. "E a CPI tem de parar de ouvir tanta gente."


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/07/2005 - Página 24841