Discurso durante a 114ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Réplica ao pronunciamento do Senador Aloizio Mercadante.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EXPLICAÇÃO PESSOAL.:
  • Réplica ao pronunciamento do Senador Aloizio Mercadante.
Publicação
Publicação no DSF de 20/07/2005 - Página 24863
Assunto
Outros > EXPLICAÇÃO PESSOAL.
Indexação
  • CRITICA, ATUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PERIODO, OPOSIÇÃO, GOVERNO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • COBRANÇA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, RESPEITO, CONGRESSO NACIONAL, CRITICA, REFORMULAÇÃO, MINISTERIOS, ELOGIO, ESCOLHA, MARCIO FORTES, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DAS CIDADES.
  • CRITICA, ENTREVISTA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, BRASIL, PAIS ESTRANGEIRO, FRANÇA, COBRANÇA, ESCLARECIMENTOS, SITUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, EFEITO, CRISE.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Para uma explicação pessoal. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Líder Aloizio Mercadante faz uma análise de tempos passados que contém meias-verdades. S. Exª de fato prima pela elegância no trato e teve momentos de efetiva colaboração com o Governo passado, quando se tratou, por exemplo, de juntos lidarmos com uma greve que precisou da intervenção de S. Exª para que chegasse ao fim. Mas não tenho dúvidas de que S. Exª deve ter se excedido, sim.

Não vou ficar aqui cascavilhando discursos, mas com certeza S. Exª não discordou de fatos insultuosos, como, por exemplo, estarmos privatizando serviços esclerosados do Estado brasileiro - e que hoje são serviços brilhantes - com cheques exibidos pelo PT, como se fôssemos nós - os que queríamos as reformas estruturais - vendilhões da Pátria. V. Exª se lembra disso, Senador Flávio Arns. Falávamos sobre Telebrás e os cheques eram exibidos como se nós...

(Interrupção do som.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - ... por termos uma visão ideológica do mundo, fôssemos vendilhões da Pátria.

Descobri que minha mãe sofria de Alzheimer. Primeiro, ela teria arteriosclerose; depois, Mal de Parkinson - nunca teve essa doença. Quando soubemos que ela sofria de Alzheimer, fui ao Rio de Janeiro. E fui apupado no aeroporto pela CUT. Quando voltei, fui apupado novamente pela CUT. Depois, houve corredor polonês - o que nunca fizemos - para tentar interferir na votação dos Srs. Deputados. No dia seguinte, encontro um querido amigo meu, o Deputado Jair Meneguelli, do Banco do Brasil. E o Jair me disse: “Arthur, você foi tão duro conosco! Nós gostamos tanto de você! Você dizer o que disse para a gente!”. Eu disse: “Jair, fui apupado na ida, fui apupado na volta, mostraram cheque quando eu falava. Quando eu disse que a atitude de vocês era fascista, ditatorial, desonesta, falei o que, na verdade, me vinha ao coração e ao cérebro. Você age como se a vocês assistisse todo o direito, a vocês, petistas ungidos por Deus para serem postos acima do bem e do mal, e nós outros, mortais míseros, temos que nos conformar com as migalhas da compreensão eventual de uns e de outros”.

Vejo que às vezes o que parece exagero depois não o é. Estou aqui com a interpelação judicial do PT contra o Senador Tasso Jereissati, quando S. Exª dizia: “PPP do jeito que está é roubalheira para o Delúbio deitar e rolar”. Parecia, na hora, um achincalhe; hoje ninguém ousaria dizer que o Senador achincalhou quem quer que fosse.

Eu hoje li, Senador Fernando Bezerra, eu li frase de Senadores nossos, como Pedro Simon, de articulistas, como Clóvis Rossi, do jornal inglês Financial Times. Eu tive o cuidado, hoje, de ler frases com expressões mais duras do que aquelas que eu usei contra o Presidente Lula e fiz questão de dizer que eu endossava todas, mas não era responsável por nenhuma.

Em outras palavras, se o Presidente Lula quer se credenciar ao respeito com que começou a lidar com esta Casa, Sua Excelência, primeiro, deve se dar ao respeito e respeitar esta Casa.

Aquela cena bufa do sofá nos jardins de França, em frente a um castelo, corroborando a versão de Delúbio e de Silvio, aquela cena não credencia o Presidente ao nosso respeito, e as línguas vão ficando mais destravadas. Nós pedimos do Presidente a verdade, nós pedimos do Presidente que acerte por vias não travessas.

Por exemplo, Sr. Presidente, sou obrigado a dizer que a melhor escolha - e o que vou dizer vai deixar pasma a Casa, vai surpreender à Imprensa -, a melhor escolha nesta reforma ministerial do Presidente Lula, o que me parece, Senador César Borges, um gol de placa, porque vai dar certo, é precisamente aquele que, indicado ou, não aquele que representará o PP, o Partido Progressista, a figura íntegra, competente, preparada do diplomata, empresário e executivo público Márcio Fortes.

Por incrível que pareça, uma reforma pífia, uma reforma que não veio para reformar, uma reforma que não escalou nenhum Maradona escala, de repente, um jogador de primeiro nível, que vai fazer um belo trabalho no Ministério das Cidades, como faria no Ministério da Previdência, como faria no Ministério do Desenvolvimento.

Não estou aqui para ver apenas defeitos. Há uma crise e essa crise exaspera o País. Há meses que a crise se arrasta e há meses - daqui para frente, vou tomar muito cuidado com minhas palavras - que, de inverdade em inverdade, de inveracidade em inveracidade, de aleivosia em aleivosia, de inexatidão ...

(Interrupção do som.)

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - ... aqueles que são como eu era diriam de mentira em mentira e eu digo que de falácia em falácia, os outros diriam que isto é que está afundando a credibilidade do Presidente.

Sua Excelência precisa recuperar toda a majestade da Presidência da República, e isto se faz com a apuração do que está acontecendo de equivocado, do que está acontecendo de desonesto. Não se faz isto fingindo que não se conhece o dirigente do PT. Não se faz isso jogando companheiros na água. Não se faz isto fingindo que não tem nada a ver com uma situação da qual só ele se beneficiou, até porque, se houve “mensalão”, foi para, supostamente, arranjarem votos para garantir a governabilidade a ele, Presidente Lula. Então, um pouco de coragem, um pouco de generosidade em relação aos seus companheiros, um pouco de solidariedade não lhe farão mal, até por que ele acaba perdendo os seus companheiros e não ganhando a solidariedade efetiva da Nação.

Portanto, estou muito disposto a ouvir Sua Excelência dar sinais positivos para a Nação.

Foi a primeira vez que eu vi sofá no jardim. Eu nunca vi sofá em jardim. Aquilo é grotesco, aquilo foi pífio. Na primeira vez em que vi sofá em jardim, o Presidente faz uma aparição que não honra o múnus presidencial. Não honrou. Aí, depois, ele quer o quê? Vejo o Delúbio Soares dizendo uma coisa que combinou com o Valério e o Presidente Lula falando algo parecido com aquilo que o Delúbio combinou com o Valério, e ele quer que eu saia daqui e diga que Sua Excelência se portou como estadista? Não posso. Não posso dizer que foi nem um estadista de sofá naquele momento. Não posso dizer que foi o estadista do castelo, não posso dizer que foi o estadista do jardim. Não posso. Eu posso dizer é que Sua Excelência está devendo à Nação as explicações cabais que a Nação está a lhe exigir.

De minha parte, Senador Aloizio Mercadante, como prova de boa vontade em relação a V. Exª, devo registrar o fato positivo: brilhante e correta a nomeação, por mais irônico que pareça, do Dr. Márcio Fortes para Ministro das Cidades. Finalmente um acerto. E como este Governo erra tanto e enviesa tanto, é precisamente pelo PT, que despertava tanta desconfiança em todos os setores da imprensa e da sociedade, que sai a melhor nomeação desta leva da pífia reforma ministerial, aquela que eles chamam de reforma ministerial, do Presidente Lula.

Desejo ao Dr. Márcio Fortes todo êxito, toda vitória, porque sei que, na sua carreira vitoriosa e honrada, ele saberá, mais uma vez, obter os êxitos a que faz jus.

Aliás - não é ironia -, o Dr. Márcio Fortes serviu com muito brilhantismo ao Governo passado. É dali que o conheço, é dali que conheço a sua competência, a sua capacidade de produzir, a sua capacidade de gerenciar bem e com honradez a coisa pública.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/07/2005 - Página 24863