O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo a tribuna neste momento para fazer o registro do artigo intitulado “A mula-sem-cabeça do PT”, de autoria do articulista Vinicius Torres Freire, publicado no jornal Folha de S.Paulo, em sua edição de 11 de julho do corrente.

A cúpula do PT caiu pelo fato de ter sido pega em muitas mentiras e com muitas malas na mão. Essa visão já faz parte do quadro da corrupção da mesma maneira que a mula-sem-cabeça faz parte do folclore. É tão grotesco o caso que o Presidente deveria fazer mais pelo seu País que apenas nomear alguns amigos do PMDB.

Sr. Presidente, requeiro que o artigo acima citado seja considerado parte integrante deste pronunciamento, para que passe a constar dos Anais do Senado Federal.

Como segundo assunto, Sr. Presidente, quero dizer que o País assistiu ao publicitário Marcos Valério e ao ex-tesoureiro Delúbio Soares apresentarem, em dueto, a mais risível das versões para justificar a origem da dinheirama que veio à tona a partir das denúncias do Deputado Roberto Jefferson. A versão engendrada nos faz reportar à malfadada “Operação Uruguai” da era Collor. As características da farsa montada em 2005 - os desmentidos reiterados; o falso testemunho de Marcos Valério à Comissão Parlamentar Mista dos Correios; as alegações de uma trama da direita para derrubar o Governo, apresentada inicialmente pelo Sr. Delúbio Soares; as cifras bilionárias envolvidas -levam-nos a acreditar que o esquema armado de corrupção é seguramente o mais sofisticado de que se tem notícia na República. A “opção” de assumir crime eleitoral como “mal menor” possui outra faceta: um tesoureiro não toma empréstimos “vários” sem que suas decisões sejam partilhadas e chanceladas pelos responsáveis pelo projeto de poder em curso. O que ficou caracterizado: houve formação de quadrilha para a prática de crime eleitoral. Existem muitas “verdades” a serem reveladas. O que veio à tona é apenas a ponta do iceberg do sofisticadíssimo esquema de corrupção montado a partir do quarto andar do Palácio do Planalto, com suporte nos fundos de pensão das empresas estatais.

As irregularidades se acumulam a cada instante. O Sr. Marcos Valério, por exemplo, ofereceu contrato de publicidade com os Correios como garantia de um empréstimo de R$15,9 milhões no banco BMG, sem mencionar empréstimos obtidos junto ao Banco do Brasil, subvertendo toda a lógica financeira existente.

Rompendo o compromisso de só tratar da crise no seu retorno ao Brasil, o Presidente Lula concedeu, em Paris, entrevista a uma repórter brasileira local, cujos direitos de transmissão foram comprados pela Rede Globo de Televisão. Foi patético e desolador assistir ao Presidente Lula afirmar que o Partido dos Trabalhadores fez o que todos os partidos fazem, como se essa lógica fosse capaz de eximi-lo de responsabilidade. A forma como o Presidente Lula tenta se dissociar do PT é frágil e não resiste ao exame imparcial dos acontecimentos. Foram engendradas tantas mentiras até a apresentação da fantasiosa versão apresentada pela dupla Delúbio e Marcos Valério que, daqui por diante, só a verdade poderá restaurar a dignidade perdida.

Nesse contexto, Sr. Presidente, eu gostaria de solicitar a transcrição na íntegra, nos Anais desta Casa, também do editorial do jornal O Estado de S. Paulo, edição do dia 19 de julho de 2005, intitulado “Lula endossa a farsa”. O referido editorial retrata com fidelidade a conjuntura política atual.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado.

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ALVARO DIAS EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

“A mula-sem-cabeça do PT”, Folha de S.Paulo;

“Lula endossa a farsa”, O Estado de S. Paulo.