Discurso durante a 123ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Cobranças para a agilização das obras de restauração da Ponte Presidente Dutra, que liga Petrolina/PE e Juazeiro/BA. Homenagem pelo transcurso do octogésimo aniversário de criação do jornal O Globo.

Autor
Marco Maciel (PFL - Partido da Frente Liberal/PE)
Nome completo: Marco Antônio de Oliveira Maciel
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES. HOMENAGEM.:
  • Cobranças para a agilização das obras de restauração da Ponte Presidente Dutra, que liga Petrolina/PE e Juazeiro/BA. Homenagem pelo transcurso do octogésimo aniversário de criação do jornal O Globo.
Aparteantes
Ney Suassuna.
Publicação
Publicação no DSF de 02/08/2005 - Página 26123
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES. HOMENAGEM.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, LIBERAÇÃO, RECURSOS, AGILIZAÇÃO, OBRA PUBLICA, RESTAURAÇÃO, PONTE, LIGAÇÃO, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), ESTADO DA BAHIA (BA), ATENDIMENTO, DEMANDA, TRANSITO, TRANSPORTE DE CARGA, GARANTIA, DESTINAÇÃO, RECURSOS ORÇAMENTARIOS.
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, JORNAL, O GLOBO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ELOGIO, HISTORIA, CONTRIBUIÇÃO, IMPRENSA, BRASIL.

O SR. MARCO MACIEL (PFL - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente desta sessão, Senador Sérgio Guerra, Srªs e Srs. Senadores, venho ferir, nesta tarde, de forma muito breve, dois assuntos que devem ficar registrados aqui, nesta Casa.

O primeiro deles, Sr. Presidente - já que V. Exª é, como eu, também pernambucano -, diz respeito a uma cobrança ao Governo Federal no sentido de que agilize as obras de restauração e ampliação da ponte sobre o rio São Francisco, no trecho Petrolina-Juazeiro, na Bahia, a chamada Ponte Presidente Dutra. Como V. Exª sabe, ela é fundamental para a ligação Nordeste-Sul-Sudeste do País.

Concluída há 61 anos, a ponte já não atende às demandas do momento, visto que cresceu muito o tráfego na BR-407 e por ela transitam, por dia, pelo menos 30 mil veículos, que transportam grande densidade de carga. Assim, a sua recuperação é fundamental, posto que as eventuais interrupções da ponte, uma das maiores do País - se somarmos a ponte e seus acessos, obteremos mais de 1km de extensão -, provocam grande prejuízo econômico à Região, não somente para receber produtos de outras procedências e exportar a produção do Nordeste, sobretudo do Vale do São Francisco, para o Sul e Sudeste e até para o exterior, porque muito do que ali se produz segue para os portos do Recife, principalmente o de Suape, ou para os portos da Bahia, de modo especial os situados na região metropolitana de Salvador.

Em 2001, a ponte já apresentava restrições para suportar o elevado fluxo de tráfego. Por isso foi decidida a sua restauração e ampliação pelo Governo Federal, através do extinto DNER, hoje DNIT. O certame licitatório foi feito naquele mesmo ano.

No Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, como sabe V. Exª, foram alocados recursos e as obras foram iniciadas. Para surpresa nossa, elas perderam velocidade, sobretudo a partir de 2003, e estamos preocupados, porque, para este ano, ainda é reduzido o volume de recursos que constam no Orçamento para a realização da referida obra. Vou mais além: esses recursos não foram alocados pelo Poder Executivo. Eles foram incluídos pelo Congresso Nacional, graças a trabalho de Parlamentares na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização. Além da recuperação e restauração, cogita-se também da sua ampliação, porque a ponte não tem mais condições de atender ao fluxo de veículos. Uma ponte concluída há mais de 60 anos, obviamente não foi dimensionada para o rumo de desenvolvimento que tomou o País. Portanto, certamente, além da restauração, temos que insistir em ampliá-la, como está sendo feito, de 10 metros para 20 metros, ou seja, praticamente dobrar a sua capacidade de escoar o tráfego, cada vez mais intenso.

Para que a ponte seja restaurada e ampliada, são necessárias duas providências. Em primeiro lugar, empenhar e liberar o restante da verba constante do Orçamento Geral da União de 2005. Uma pequena parte dos R$18 milhões foram liberados, o que imprime ritmo muito lento à obra - esses recursos permitiriam a normalidade da execução para um período de apenas quatro meses. Urge também garantir para o Orçamento de 2006 alocação de pelo menos R$10 milhões para que a obra seja concluída no próximo ano.

Faço, portanto, esse apelo por entender que se trata de algo essencial não somente para o Nordeste, sobretudo para Pernambuco e Bahia, mas também fundamental para que possamos continuar a crescer. Com isso estaremos homenageando o esforço do Senador José Coelho, ao tempo em que aqui esteve, convocado ao exercício do mandato de Senador da República, em virtude de o Senador José Jorge haver sido alçado à condição de Ministro de Minas e Energia no Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, trabalho que também é desenvolvido na Câmara dos Deputados pelo Deputado Osvaldo Coelho.

V. Exª, Sr. Presidente, que neste momento dirige os trabalhos desta sessão, também conhece, posto que é membro da Comissão de Orçamento, o quanto significa para nós a liberação desses recursos. Dizem que a pátria começa no solo em que se habita, e eu faço essa manifestação na condição de pernambucano, preocupado com os problemas do nosso Estado. Eu diria que esse é um problema que não interessa apenas à nossa terra, à Pátria como um todo.

O segundo assunto que gostaria de suscitar hoje à Casa diz respeito ao transcurso, ocorrido sexta-feira passada, do 80º aniversário do jornal O Globo, que nasceu de uma iniciativa do pai do Dr. Roberto Marinho, o jornalista Roberto Irineu.

Lançado em 29 de julho de 1925, a partir daí se converteu num dos maiores jornais do País.

Há um fato que não gostaria de deixar sem o registro. Tão logo o jornal começou a funcionar, pouco mais de vinte dias após, faleceu Roberto Irineu. A mãe de Roberto Marinho o procurou e pediu=lhe que assumisse a direção do jornal. E ele, jovem, se recusou por, certamente, não ter a necessária experiência. Sugeriu, então, que o redator-geral, Eurycles de Mattos, assumisse a direção do jornal, ficando em segundo plano.

Com esse fato, quero destacar a percepção aguda que tinha Roberto Marinho. Ele sabia que não estava habilitado ainda para dirigir o jornal, muito jovem que era, e Eurycles de Mattos ficou na direção do jornal durante aproximadamente cinco anos, até que Roberto Marinho assume a direção do jornal. E o fato é que O Globo se consolidou e pôde celebrar os seus 80 anos num momento de festa que, entre outros eventos, contou com uma missa solene, celebrada pelo Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro Dom Eugênio Salles.

É curioso, Sr. Presidente, destacar que o editorial do jornal, que circulou, como já disse, no dia 29 de julho de 1925, dizia o seguinte:

      “O sucesso de um jornal depende de um grande número de circunstâncias; e é nisso que um jornal se parece com outra empresa qualquer”.

            Mas um jornal tem suas peculiaridades.

      “A essência mesmo do jornal é a curiosidade, sexto sentido que tem por órgão o repórter, misto de ouvido, olho e faro, com mãos para escrever e pernas para andar depressa. Por pouco um habitante de marte em caricatura”.

E, naturalmente, à época, era muito difícil fazer jornal. E foi graças à visão de um homem como Roberto Marinho que esse jornal se consolidou.

O Sr. Ney Suassuna (PMDB - PB) - V. Exª me permite um pequeno aparte?

O SR. MARCO MACIEL (PFL - PE) - Pois não, ouço o nobre Líder do PMDB, Senador Ney Suassuna.

O Sr. Ney Suassuna (PMDB - PB) - V. Exª fala de dois assuntos muito importantes: o primeiro deles, uma ponte que é vital para o Nordeste. Quero me solidarizar com V. Exª em sua solicitação. No segundo, V. Exª faz uma louvação a um órgão de imprensa que completa 80 anos de idade e que tem uma importância muito grande em nosso País. Quero também me solidarizar com V. Exª nessa louvação a O Globo. Parabéns.

O SR. MARCO MACIEL (PFL - PE) - Muito obrigado, nobre Senador Ney Suassuna.

            Quero, neste momento, dizer, ao tempo em que felicito todos os que fazem O Globo pela passagem dos 80 anos de existência do jornal, aproveitar a ocasião para ler um pequeno trecho do discurso que proferiu João Roberto Marinho, na cerimônia ocorrida sexta-feira passada.

Disse ele:

Na segunda-feira, ao visitar a exposição “80 anos de história nas páginas do Globo”, no Centro Cultural Banco do Brasil, eu fiquei satisfeito ao me deparar com uma antiga frase de meu pai, Roberto Marinho. Bem ao estilo dele, a frase resume tudo o que disse aqui:

“Sempre considerei que o jornal, enfrentando quaisquer pressões, tem o dever de expressar com nitidez, em seus editorais, a sua opinião sobre os fatos que sejam alvos de debate público. E ao mesmo tempo cuidar para que sua tomada de posição não se estenda às páginas de informação, cuja imparcialidade atende a um elementar direito dos leitores.”

É esse o compromisso que hoje reafirmamos.

Portanto, Sr. Presidente, encerro o meu discurso, solicitando à Mesa que, ouvido o Plenário, aprove um voto de congratulações ao jornal O Globo pelo transcurso de seu 80º aniversário de existência e, ao mesmo tempo, festejando o fato de termos no País uma imprensa que vive momentos de crescente afirmação. Sabemos que a imprensa é indispensável à prática da democracia. Não foi por outra razão que Ortega Y Gasset afirmou que o jornal é uma “praça intelectual”, na medida em que, do noticiário que contém, da opinião que expende, o jornal converte-se em um grande fórum de debate dos problemas do País e da sociedade.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR MARCO MACIEL EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

“O Globo será sempre um jornal informativo”;

“Os inimigos natos”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/08/2005 - Página 26123