Discurso durante a 124ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Exame das conclusões do Seminário promovido no dia primeiro de agosto corrente, pela Internews, em São Paulo, sobre os impactos da atual crise política sobre a economia.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Exame das conclusões do Seminário promovido no dia primeiro de agosto corrente, pela Internews, em São Paulo, sobre os impactos da atual crise política sobre a economia.
Publicação
Publicação no DSF de 03/08/2005 - Página 26237
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, RESULTADO, SEMINARIO, EFEITO, CRISE, NATUREZA POLITICA, ECONOMIA NACIONAL, BRASIL, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), PARTICIPAÇÃO, AUTORIDADE, ECONOMISTA, ESPECIALISTA.
  • CRITICA, ATUAÇÃO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, NEGLIGENCIA, CRISE, NATUREZA POLITICA.

O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, as conclusões do seminário promovido ontem, dia 01 de agosto, pela Internews, em São Paulo, para debater os impactos da atual crise política sobre a economia, merecem ser examinadas e trazidas ao conhecimento das Srªs e dos Srs. Senadores.

Entre os participantes do evento, Eduardo Guardia (secretário da fazenda de São Paulo), Ibrahim Eris (ex-presidente do Banco Central), deputado Antonio Delfim Netto e Luiz Gonzaga Belluzzo (Unicamp), uma frase foi alçada à condição de consenso entre os economistas: “a ganância venceu o medo''. A frase é de autoria do economista Ibrahim Eris, que assim a justificou: ''entre o medo e a ganância, venceu a ganância e a expectativa de ganhos elevados no Brasil”.

A reflexão corrente entre os economistas é que seria difícil blindar ainda mais o País neste momento de juros e superávits primários elevados. Pouco alentador, contudo, foi a previsão de que a crise pode tornar inviável uma redução mais rápida dos juros. Essa faceta cruel da análise dos especialistas é mais uma fatura a ser debitada aos promotores dos atuais desmandos na vida púbica.

Foi ressaltado que, na comparação com outros países emergentes, a turbulência também vai deixando o Brasil para trás. Enquanto a Bolsa de Valores brasileira praticamente não teve valorização nos últimos dois meses (a Bovespa subiu só 1,35% no período), a alta média nos mercados emergentes foi de 15%.

Gostaria de mencionar, Sr. Presidente, no campo político, uma notícia, em especial, divulgada pela mídia escrita de que o presidente Lula atribui ao tesoureiro Delúbio Soares a responsabilidade pelo sepultamento da legenda petista.

Na verdade, Srªs e Srs. Senadores, a preocupação do presidente da República deveria ser direcionada no sentido de expressar preocupação com as exéquias do seu governo - sitiado e incapaz de reagir às denúncias que vieram à tona a partir das declarações do Deputado Roberto Jefferson.

Um governo acuado e um presidente da República que cumpre uma agenda como se o país estivesse vivendo em plena normalidade. Pouco afeito à rotina de trabalho palaciana, o presidente Lula “desembarcou” do palanque de uma solenidade esvaziada com os taxistas, no dia de ontem, segue amanhã para Garanhuns (PE) e Teresina (PI) e, na quinta-feira, novamente Piauí: as cidades de Floriano e Eliseu Martins.

Até quando, Sr. Presidente, o presidente Lula insistirá em adotar essa postura dissociada da realidade? A imagem da “orquestra do Titanic” que executou acordes até ao naufrágio final, não pode ser invocada, afinal não há orquestra, muito menos maestro em ação.

São tantas as anomalias que estamos assistindo que a frase atribuída ao vice-presidente José Alencar poderia muito bem resumir o momento atual: “A coisa tá ruim. Tá tudo esquisito. Até a vaca está estranhando o bezerro.”

Era o que eu tinha dizer.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/08/2005 - Página 26237