Discurso durante a 125ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários ao artigo publicado no jornal Correio Braziliense de 31 de julho último, intitulado "O Ianques estão Voltando". (como Líder)

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA.:
  • Comentários ao artigo publicado no jornal Correio Braziliense de 31 de julho último, intitulado "O Ianques estão Voltando". (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 04/08/2005 - Página 26343
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • LEITURA, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), DENUNCIA, PRESENÇA, MILITAR, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), REGIÃO, AMERICA DO SUL, MOTIVO, APREENSÃO, SOCIALISMO.
  • COMENTARIO, NECESSIDADE, ATENÇÃO, FRONTEIRA, PAIS, REGISTRO, PRESENÇA, EXERCITO ESTRANGEIRO, PAIS ESTRANGEIRO, COLOMBIA, PERU, EQUADOR, PARAGUAI, LEITURA, OPINIÃO, ESPECIALISTA.
  • ANUNCIO, APRESENTAÇÃO, SITUAÇÃO, COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DEFESA NACIONAL, SENADO, POSSIBILIDADE, CONVITE, EMBAIXADOR, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA).
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), REGISTRO, PERDA, CANDIDATO, BRASIL, BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO (BID), MOTIVO, INFLUENCIA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA).

O SR. MOZARILDO CAVALVANTI (PTB - RR. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, gostaria de abordar hoje um tema fora dos que vêm dominando a opinião pública nacional, que são os escândalos de corrupção para todo lado.

Tenho em mãos uma matéria publicada no Correio Braziliense, em 31 de julho, cuja a manchete é “Os ianques estão voltando. Incomodados com a ascensão de governos de esquerda, EUA reforçam presença militar em áreas estratégicas”. Esse artigo faz referência ao fato de que os Estados Unidos estão enviando militares para o Paraguai e, ao mesmo tempo, “estão escolhendo posições para entrar nos focos principais da América Latina”.

Diz, ainda, a matéria:

Sob os olhos da águia.

Onde estão instaladas as bases e agências dos EUA na América do Sul.

1)     Colômbia.

Desde 2000, com o Plano Colômbia, é o maior foco de atenção da Casa Branca fora do Oriente Médio. Os EUA mantêm no país pelo menos 500 assessores militares, que ajudam no combate à guerrilha e ao narcotráfico e operam bases de radares em Tres Esquinas e Arandia, no sudeste, perto da fronteira com o Equador.

2)     Peru.

Os EUA operam radares fixos na região amazônica e desenvolvem programas de assistência e treinamento para militares peruanos.

3)     Equador.

Segundo acordo firmado em 1999, com prazo de dez anos, os EUA operam uma rede de radares fixos e aviões-radares na base naval de Manta. A finalidade específica da operação é o combate ao narcotráfico pela fronteira pela Colômbia. O atual governo se diz contrário a renovar o acordo.

Mas o acordo tem o prazo de dez anos. Portanto, vai até 2009.

E continua:

4)     Paraguai.

Transformado por traficantes internacionais em entreposto para negociações de drogas e armas, o país autorizou em junho a entrada de tropas dos EUA pelo prazo de um ano e meio. Os primeiros 500 americanos chegaram neste mês e se instalaram na base de Mariscal Estigarribia, próxima à fronteira com o Brasil, Argentina e Bolívia.

Então, Sr. Presidente, veja que em quatro países fronteiriços com o Brasil os Estados Unidos já estão fisicamente presentes. É essa, principalmente, a preocupação da diplomacia externa do Brasil.

Há um trecho aqui bastante interessante:

Desde os atentados de 11 de setembro de 2001, que mataram mais de três mil pessoas, os Estados Unidos declararam guerra ao terror e concentraram sua política externa no Oriente Médio, especialmente no Afeganistão e Iraque. Os críticos chegaram a acusar o presidente George W. Bush de ter “abandonado” a América Latina. Mas o envio de tropas para o Paraguai, no início deste mês, foi percebido na região como sinal de que a maior potência do mundo parece determinada a ocupar militarmente espaços estratégicos na América do Sul.

Sr. Presidente, eu gostaria de pedir a transcrição, na íntegra, desse artigo.

Quero, ainda, ressaltar a opinião de um brasilianista, Larry Birns, que disse o seguinte:

A “aliança de fato” entre governos de esquerda, refratários à política norte-americana, é uma das preocupações que movem a instalação das bases militares dos EUA na América do Sul, avalia o estudioso Larry Birns, diretor do Conselho para Assuntos Hemisféricos, centro de estudos sediado em Washington. Em entrevista ao Correio, por telefone, Birns diz que a Casa Branca trata de recuperar terreno no continente, enquanto “saboreia o enfraquecimento do Presidente Lula”.

Especialmente no que tange ao Brasil, ele frisa:

Com tudo que se tem falado sobre o Brasil emergindo como superpotência no final deste século, é como se o Governo americano estivesse dizendo: “Ôpa! Nós somos a superpotência agora e queremos respeito!” Isso se aplica à recusa brasileira a aceitar observadores norte-americanos na cúpula com os países árabes (em maio último), assim como à derrota dos candidatos apoiados pelos EUA para a direção da OEA.

Assim, Sr. Presidente, quero levar este tema - que parece passar desapercebido pela maioria dos brasileiros e principalmente pelas autoridades brasileiras - para a Comissão de Relações Exteriores, para que seja discutido, debatido. Quero, inclusive, ouvir o Embaixador dos Estados Unidos, convidá-lo para vir aqui falar sobre este assunto.

Coincidentemente, há aqui também uma publicação do jornal O Estado de S. Paulo, do dia 1º de agosto, que fala da derrota do candidato do Brasil no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Diz a manchete: “Derrota no BID mostra que o País está isolado”. Quer dizer, os Estados Unidos conseguiram impor um candidato colombiano, o qual realmente interessa a eles do ponto de vista estratégico e político, pois, na prática, a Colômbia já está ocupada pelos Estados Unidos, que, com essa história de combater a guerrilha e o narcotráfico, jamais sairão de lá. E o Governo colombiano também não terá força para retirá-los.

Faço este alerta à Nação. Peço, Sr. Presidente, a transcrição desses dois artigos e aproveito para reiterar que levarei este assunto para debate na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado.

Muito obrigado.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR MOZARILDO CAVALCANTI EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

“Derrota no BID mostra que o País está isolado”;

“Os ianques estão voltando”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/08/2005 - Página 26343