Pronunciamento de Mozarildo Cavalcanti em 03/08/2005
Discurso durante a 125ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Comentários ao artigo publicado no jornal Correio Braziliense de 31 de julho último, intitulado "O Ianques estão Voltando". (como Líder)
- Autor
- Mozarildo Cavalcanti (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
- Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
POLITICA EXTERNA.:
- Comentários ao artigo publicado no jornal Correio Braziliense de 31 de julho último, intitulado "O Ianques estão Voltando". (como Líder)
- Publicação
- Publicação no DSF de 04/08/2005 - Página 26343
- Assunto
- Outros > POLITICA EXTERNA.
- Indexação
-
- LEITURA, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), DENUNCIA, PRESENÇA, MILITAR, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), REGIÃO, AMERICA DO SUL, MOTIVO, APREENSÃO, SOCIALISMO.
- COMENTARIO, NECESSIDADE, ATENÇÃO, FRONTEIRA, PAIS, REGISTRO, PRESENÇA, EXERCITO ESTRANGEIRO, PAIS ESTRANGEIRO, COLOMBIA, PERU, EQUADOR, PARAGUAI, LEITURA, OPINIÃO, ESPECIALISTA.
- ANUNCIO, APRESENTAÇÃO, SITUAÇÃO, COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES E DEFESA NACIONAL, SENADO, POSSIBILIDADE, CONVITE, EMBAIXADOR, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA).
- COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), REGISTRO, PERDA, CANDIDATO, BRASIL, BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO (BID), MOTIVO, INFLUENCIA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA).
O SR. MOZARILDO CAVALVANTI (PTB - RR. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, gostaria de abordar hoje um tema fora dos que vêm dominando a opinião pública nacional, que são os escândalos de corrupção para todo lado.
Tenho em mãos uma matéria publicada no Correio Braziliense, em 31 de julho, cuja a manchete é “Os ianques estão voltando. Incomodados com a ascensão de governos de esquerda, EUA reforçam presença militar em áreas estratégicas”. Esse artigo faz referência ao fato de que os Estados Unidos estão enviando militares para o Paraguai e, ao mesmo tempo, “estão escolhendo posições para entrar nos focos principais da América Latina”.
Diz, ainda, a matéria:
Sob os olhos da águia.
Onde estão instaladas as bases e agências dos EUA na América do Sul.
1) Colômbia.
Desde 2000, com o Plano Colômbia, é o maior foco de atenção da Casa Branca fora do Oriente Médio. Os EUA mantêm no país pelo menos 500 assessores militares, que ajudam no combate à guerrilha e ao narcotráfico e operam bases de radares em Tres Esquinas e Arandia, no sudeste, perto da fronteira com o Equador.
2) Peru.
Os EUA operam radares fixos na região amazônica e desenvolvem programas de assistência e treinamento para militares peruanos.
3) Equador.
Segundo acordo firmado em 1999, com prazo de dez anos, os EUA operam uma rede de radares fixos e aviões-radares na base naval de Manta. A finalidade específica da operação é o combate ao narcotráfico pela fronteira pela Colômbia. O atual governo se diz contrário a renovar o acordo.
Mas o acordo tem o prazo de dez anos. Portanto, vai até 2009.
E continua:
4) Paraguai.
Transformado por traficantes internacionais em entreposto para negociações de drogas e armas, o país autorizou em junho a entrada de tropas dos EUA pelo prazo de um ano e meio. Os primeiros 500 americanos chegaram neste mês e se instalaram na base de Mariscal Estigarribia, próxima à fronteira com o Brasil, Argentina e Bolívia.
Então, Sr. Presidente, veja que em quatro países fronteiriços com o Brasil os Estados Unidos já estão fisicamente presentes. É essa, principalmente, a preocupação da diplomacia externa do Brasil.
Há um trecho aqui bastante interessante:
Desde os atentados de 11 de setembro de 2001, que mataram mais de três mil pessoas, os Estados Unidos declararam guerra ao terror e concentraram sua política externa no Oriente Médio, especialmente no Afeganistão e Iraque. Os críticos chegaram a acusar o presidente George W. Bush de ter “abandonado” a América Latina. Mas o envio de tropas para o Paraguai, no início deste mês, foi percebido na região como sinal de que a maior potência do mundo parece determinada a ocupar militarmente espaços estratégicos na América do Sul.
Sr. Presidente, eu gostaria de pedir a transcrição, na íntegra, desse artigo.
Quero, ainda, ressaltar a opinião de um brasilianista, Larry Birns, que disse o seguinte:
A “aliança de fato” entre governos de esquerda, refratários à política norte-americana, é uma das preocupações que movem a instalação das bases militares dos EUA na América do Sul, avalia o estudioso Larry Birns, diretor do Conselho para Assuntos Hemisféricos, centro de estudos sediado em Washington. Em entrevista ao Correio, por telefone, Birns diz que a Casa Branca trata de recuperar terreno no continente, enquanto “saboreia o enfraquecimento do Presidente Lula”.
Especialmente no que tange ao Brasil, ele frisa:
Com tudo que se tem falado sobre o Brasil emergindo como superpotência no final deste século, é como se o Governo americano estivesse dizendo: “Ôpa! Nós somos a superpotência agora e queremos respeito!” Isso se aplica à recusa brasileira a aceitar observadores norte-americanos na cúpula com os países árabes (em maio último), assim como à derrota dos candidatos apoiados pelos EUA para a direção da OEA.
Assim, Sr. Presidente, quero levar este tema - que parece passar desapercebido pela maioria dos brasileiros e principalmente pelas autoridades brasileiras - para a Comissão de Relações Exteriores, para que seja discutido, debatido. Quero, inclusive, ouvir o Embaixador dos Estados Unidos, convidá-lo para vir aqui falar sobre este assunto.
Coincidentemente, há aqui também uma publicação do jornal O Estado de S. Paulo, do dia 1º de agosto, que fala da derrota do candidato do Brasil no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Diz a manchete: “Derrota no BID mostra que o País está isolado”. Quer dizer, os Estados Unidos conseguiram impor um candidato colombiano, o qual realmente interessa a eles do ponto de vista estratégico e político, pois, na prática, a Colômbia já está ocupada pelos Estados Unidos, que, com essa história de combater a guerrilha e o narcotráfico, jamais sairão de lá. E o Governo colombiano também não terá força para retirá-los.
Faço este alerta à Nação. Peço, Sr. Presidente, a transcrição desses dois artigos e aproveito para reiterar que levarei este assunto para debate na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado.
Muito obrigado.
************************************************************************************************
DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR MOZARILDO CAVALCANTI EM SEU PRONUNCIAMENTO.
(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)
************************************************************************************************
Matérias referidas:
“Derrota no BID mostra que o País está isolado”;
“Os ianques estão voltando”.