O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Pela Liderança do PSDB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, neste momento, a Srª Simone Vasconcelos está depondo na CPMI dos Correios. Ela é Diretora Financeira de uma agência de publicidade que movimenta milhões de reais.

Evidentemente, não é o pronunciamento ou depoimento dela o que interessa neste momento, uma vez que, pelo depoimento, a impressão é a de que ela é transportadora de volumes, e não Diretora Financeira. O que faz, na realidade, é entregar pacotes de reais sacados da boca do cofre do Banco Rural a políticos ou a prepostos desses políticos no Planalto Central.

Sr. Presidente, apesar do fato de negar sempre, de manipular as informações, de sonegar elementos importantes para a investigação, o que importa destacar é que essa senhora assinou um documento que é prova material irrefutável para o indiciamento de diversas pessoas. Mais do que isso, Srs. Senadores: é prova material irrecusável, que nos possibilita remeter à Mesa da Câmara dos Deputados um pedido formal para instauração de processo, a fim de que mandatos Parlamentares possam ser cassados como decorrência da prática da corrupção. Se o Presidente da Comissão desejar, ou seu Relator, esse procedimento poderia se antecipar. Não há mais razões para aguardar a finalização dos trabalhos a fim de adotarmos essas providências, que são, a meu ver, inadiáveis. A antecipação dos procedimentos em função das provas materiais indiscutíveis nos permitiria evitar algumas renúncias que poderão ocorrer, para a preservação de direitos políticos, renúncias essas que permitiriam a candidatura nas próximas eleições.

De outro lado, há um relatório ainda mais abrangente e significativo do Sr. Marcos Valério, que, em depoimento ontem ao Procurador-Geral da República, encaminhou farta documentação, também provas materiais subsistentes que nos autorizam a afirmar: a CPI tem já todas as condições para indiciar um número expressivo de pessoas que se envolveram, lamentavelmente, neste deplorável momento de corrupção governamental no País. Além das provas materiais consistentes permitirem providências, há o desmonte de uma fantasiosa versão articulada a partir de Delúbio Soares, Marcos Valério, com o aval do próprio Presidente da República, em patética entrevista concedida recentemente em Paris. A versão pretendia restringir à prática da corrupção eleitoral todo o escândalo, razão das diversas investigações em curso, tanto na área política quanto na área judiciária. Destruiu-se de forma definitiva essa versão fantasiosa. Não há como restringir à corrupção eleitoral os acontecimentos que deram origem a este escândalo de corrupção já apontado como o maior da história do nosso País.

Na verdade, estamos investigando um gigantesco esquema de corrupção na Administração Pública, que vinha dilapidando o patrimônio do povo brasileiro, com saque aos cofres públicos por meio de contratos superfaturados, de licitações fraudulentas, de irregularidades gritantes, comprovadas até mesmo pela Corregedoria-Geral da União, além de outras constatações já verificadas pelo Tribunal de Contas da União. É evidente que se disséssemos que estamos diante de um gigantesco esquema de corrupção, o maior da nossa história, seríamos suspeitos porque somos da Oposição. Não somos nós que estamos fazendo essa afirmativa. A afirmativa é insuspeita e vem de longe. Vem de New York, estampada nas páginas do grande jornal The New York Times, que considera este, sim, o maior escândalo de corrupção da história do nosso País.

Ainda hoje pela manhã, denunciamos um esquema de evasão de divisas oriundo do repasse de recursos das contas de Marcos Valério no Banco Rural a uma empresa denominada Guaranhuns, no Estado de São Paulo, que é propriedade de uma empresa no paraíso fiscal em Montevidéu de nome Export Trading que, por sua vez, tinha conta no paraíso fiscal de Gran Cayman, exatamente numa agência do Banrisul, Banco do Estado do Rio Grande do Sul. Repasse de valores através de esquema já conhecido de todos os brasileiros em razão do escândalo Banestado, através da Beacon Hill, de Nova Iorque, do Citibank para a conta na agência do Banrisul em Gran Cayman.

Sr. Presidente, é mais um lance nesta lamentável história de corrupção, com o Governo...

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Alvaro Dias.

O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR) - ...aberto para a prática da corrupção, com a área empresarial, vendo as portas do Governo escancaradas para a corrupção...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha)

O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR) - ...associando-se ao Partido do Governo para, num esquema articulado por algumas lideranças - e com razão o Senador Suplicy pede que não se generalize -, implantar realmente aquilo que se chama já internacionalmente, Senador Mão Santa...

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Alvaro Dias...

O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR) - ...de o maior escândalo de corrupção da nossa história.

Concedo a V. Exª o aparte rapidamente.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Eu queria deixar aqui, Senador Alvaro Dias, e quis Deus estar na minha mão um jornal muito antigo dos autênticos do PMDB. E tem fotografia. V. Exª está mais novo, está bem novinho! Fernando Lira, Freitas Nobre, Freitas Diniz, Alvaro Dias, Alencar Furtado...

O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR) - Senador Mão Santa, eu era o mascote da turma.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Eu gostaria de dar testemunho da sua luta no momento mais difícil pela redemocratização do País. E V. Exª agora, inspirado naquelas vitórias, vai combater a corrupção que se alastra neste Pais.

O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR) - Obrigado, Senador Mão Santa. Todos nós temos esse dever. O Brasil será um País mais rico, mais justo, quando espancarmos definitivamente a corrupção na proporção em que se encontra no nosso País. V. Exª será sem dúvida um dos artífices dessa luta.

Muito obrigado, Sr. Presidente.