Discurso no Senado Federal

Críticas ao Ministro Ciro Gomes.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Críticas ao Ministro Ciro Gomes.
Publicação
Publicação no DSF de 20/07/2005 - Página 24859
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • REGISTRO, INICIATIVA, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, ABERTURA, PROCESSO, REU, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL.
  • COBRANÇA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL, ATUAÇÃO, DEFESA, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Para uma explicação pessoal. Com revisão do orador.) - Srª. Presidente, o Senador Jefferson Péres tem completa razão quanto à questão tática, quanto a dirigir o que chama de “metralhadora giratória” para adversários. Tenho por ele estima, admiração e carinho pessoal e familiar. Se trouxe à baila os seus números e os do Senador Bernardo Cabral, aliás, meu compadre, foi precisamente porque, a serem completamente exatos aqueles, os meus seriam exagerados. A serem exatos os meus, estariam subavaliados supostamente os outros dois.

O Senador me lembrou da campanha de 94. Começou lá detrás, eu ao seu lado, de maneira muito firme, muito crente, me indispondo com aliados para defender a sua candidatura, candidatura também amparada no Plano Real e em toda aquela conjunção de fatores que ofereceram ao Senado o belo e expressivo Senador que V. Exª é.

Em segundo lugar, eu quero dizer algo que, a meu ver vai absolvê-lo completamente. Eu insisto em que V. Exª concordou comigo que o preço de uma campanha de Senador não é cento e tantos mil, até porque tem aquilo que teria sido coberto pelo Governador do Estado. Insisto. em que V. Exª concordou comigo de que o preço de uma campanha de Senador não é cento e tantos mil, até porque tem aquilo que teria sido coberto pelo Governador do Estado. Insisto. E se algo absolve V. Exª é que V. Exª...O que eu imagino? Se eu entro no avião do candidato a Governador, eu estou, de certa forma, assumindo compromissos políticos com aquele candidato a Governador. E esse candidato a Governador entrou - e aí vem algo que vou dizer em favor de V. Exª - ele entra e, no primeiro momento, inventa lá uma calamidade pública, inventa lá uma licitação, uma inexigibilidade de licitação que não cabia, e V. Exª. se afasta dele.

V. Exª, então, mostrou que, apesar de ter sido ajudado por ele, que, apesar de ter feito uma campanha que não foi barata...Do seu bolso saiu pouco, mas foi uma campanha cara, uma campanha com todo o aparato de um candidato favorito ao Governo, porque era o candidato apoiado pelo Sr. Amazonino Mendes, candidato oficial. V. Exª mostrou que era capaz de manter o seu compromisso com o que é o seu ideal de vida. Mas nós não estamos aqui discordando. V. Exª diz: “Eu declarei isso, mas eu sei que a minha campanha custou mais”.

Eu estava uma vez andando com minha mulher em Manaus. Eu já não tinha mais por onde andar na cidade. E um dia, ela, menos experiente do que nós, disse: “Puxa. Todas as casas daqui deste lugar têm pinturas com o nome do Jefferson e do Bernardo. E você?” Eu disse: “Olhe, eu estou usando as minhas pernas”.

Quer dizer, se V. Exª tem um exército invisível, eu até faço parte desse seu exército invisível porque já votei em V. Exª. Mas eu vi também um outro exército, que era o exército do Governador Eduardo Braga - uma campanha cara - muito visível, chegando com pinturas a casas que eu não atingia. Ou seja, V. Exª concorda comigo que a campanha não era aquilo, ou seja, ninguém se elege, com cento e poucos mil reais, Senador em nenhum lugar deste País. Agora, se elege com o dinheiro do governador, talvez ignorando que custa caro a sua participação na televisão, que é dispendiosa sua participação naqueles anúncios naqueles spots que são fundamentais para uma vitória - e V.Exª sai sempre tão bem na televisão. E na hora em que era para assumir um compromisso com algo que não parecia ético a V. Exª, V. Exª pulou fora. Isso é que me faz dizer que V. Exª tem inteira razão. Não vejo, portanto, discordância.

Terrível foi dizerem ontem aqui que a campanha Duda Mendonça cobrou em São Paulo um milhão e novecentos mil. Eu sei que ele cobrou mais para a campanha de 2002 do PT. E Lula teve a coragem de dizer que em 98 gastara apenas 3 milhões na sua campanha derrotada, mas eu, insistindo que só de camisetas ele gastou mais de 3 milhões de reais. Se há a figura do superfaturamento, no caso de Lula houve o subfaturamento.

V. Exª se refere a Manaus interior. Fundamental mesmo a sua ida ao lado do Governador, a quem V. Exª deu um grande aval na Capital. V. Exª deu aval a ele, para que ele - que sempre teve votos - tivesse votos a mais, para evitar um segundo turno que poderia ter sido danoso a ele. E ele deu a V. Exª os votos necessários para que V. Exª suplantasse o Senador Bernardo Cabral.

V. Exª é muito bem votado. Recebi uma pesquisa em Manaus muito explicativa, por características até diferentes nossas - V. Exª, essa figura ponderada. Recebi uma pesquisa nas vésperas da eleição. Meus votos eram quase todos... V. Exª teve 54% dos votos em Manaus, e eu tive 51% dos votos. Os seus divididos: 1º voto e 2º voto. Os meus, até por essa metralhadora giratória, talvez, os meus quase todos de 1º voto. Ou seja, se eu não conseguir convencer alguém no primeiro voto, eu não consigo, de jeito algum, dobrar no segundo, talvez por um defeito que já está tarde demais para que eu o corrija.

Mas, Senador Jefferson Péres, vou lhe dizer que concordamos aqui: a campanha não custa cento e poucos mil reais e V. Exª não honrou os compromissos que seriam danosos ao Amazonas em relação a quem custeou a outra parte da sua campanha. Saiba que eu saí daqui com algum peso. Eu disse “puxa vida, qual é a lógica?” A lógica foi: eu citei o Jefferson e citei o Bernardo para atingi-los? Não, não. Eu estava muito zangado. Eu citei para mostrar que era legítima a minha declaração, para mostrar que era inveraz.

Ontem eu vi o Senador Eduardo Suplicy, figura que não me agradou nem um pouco atingir. Saí daqui muito preocupado com isso. Se tem alguém que eu não gostaria de forma alguma atingir era V. Exª. E hoje, quando V. Exª me avisa cortesmente que ia falar, eu fiquei aqui completamente imobilizado, sabendo, ao mesmo tempo, que deveria prevalecer o cavalheirismo de V. Exª e amizade que nos une. Mas V. Exª podia estar indignado como eu podia estar. E o melhor que V. Exª fez foi ter esse gesto cavalheiro e permitir-me chegarmos aqui a corroborarmos, os dois, uma denúncia em conjunto. Uma campanha de Senador não custa cento e tantos mil reais! E V. Exª ainda tem uma coisa extra em seu favor. V. Exª não tem nada pago pelo PT, que se diz caixa 2 e que, portanto, ilegitimando mandatos. Alguém diz “gastei R$7,00, mas recebi R$3 milhões” de um dinheiro que veio das mãos do Delúbio e o Delúbio diz que é caixa 2 e V. Exª está coberto de legitimidade até por suas atitudes posteriores. Portanto, saiba que eu vou... eu tento domar essa metralhadora giratória, mas em relação a V. Exª eu sinto que, mais do que tirar as balas, eu devo aprender a não acioná-las, porque tenho por V. Ex.ª carinho pessoal. E vou lhe dizer algo que já lhe disse algumas vezes, que foi tão importante que não lhe agradeci na hora, nem por escrito. Não sei se fiz por escrito, não fiz pessoalmente. V. Exª fez o artigo mais bonito sobre o meu pai quando ele morreu.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/07/2005 - Página 24859